Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 24
Deixando Zaffre


Notas iniciais do capítulo

Galera, este é o último capítulo da Parte 2!

Animados para o que vem por aí? Sem mais delongas, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/597944/chapter/24

Anteriormente em Pokemon Evolution:

"(...)as tochas atrás do menino se apagaram e toda a luz passou a vir do pequeno traço fino que delimitava o desenho retangular da arena de batalha. Dave se sobressaltou, tendo se esquecido desse comportamento estranho das tochas daquele lugar, e se viu paralisado junto a Eevee no meio do caminho. Do outro lado da arena, uma leve risada atormentou-o.

– Quem está ai? – Disse o menino em voz alta, visivelmente com medo.

– Seja bem vindo ao Ginásio de Zaffre rapaz. Meu nome é Casper e eu sou o líder daqui.

–.-.-.-.-.-.-

– Eu não acredito! - sussurrou Dave, como se para si mesmo, enquanto observava seu Gastly recém capturado se transformar lentamente em Haunter.

Dessa vez fora Mary Jane que lhe trouxera de volta a realidade – Dave, aproveita a chance que você esta tendo! (...)

– Haunter, rápido, Raio Noturno!

O Pokémon entendeu e executou o comando em grande velocidade, lançando raios negros de seus olhos que fizeram seu oponente gemer ao sofrer o ataque. (...)

– O Haunter de Carter está fora de combate. O vencedor do primeira rodada é Dave, de Grené – disse a voz de Aya.

–.-.-.-.-.-.-

– Poliwag, pule girando e use o Jato D'agua! (...)

O Pokemon girino obedeceu prontamente logo lançou um poderosoo jato dágua, enquanto rodava no ar, molhando tudo e todos ao seu redor, incluindo os dois treinadores. O que Casper não percebera era que, além disso, ele tinha também molhado o chão.

Todas as pedras que receberam sequer uma gota do ataque de Poliwag se acenderam instantaneamente, de modo que apenas a que o girino caira em cima permanecera seca. (...)

– Poliwag, use a Hipnose!

– O que? – exclamou Casper, surpreso, mas ja era tarde de mais. (...)

O menino se assustou com a explicação do senhor, que agora, de perto voltara a aparentar mais velho em seus cabelos brancos, mas decidiu sorrir e cumprimentou o homem. Com a outra mão, o líder do ginasio tirou um pequeno broche do bolso.

– Tome, essa é a insignia do fogo fátuo. Você mereceu.

Dave pegou o pequeno pedaço de metal e raprou que tinha a forma de uma tocha acesa com uma chama azul brilhante

–.-.-.-.-.-.-

Acompanhados de Jake e Aya que ainda conversavam sobre a Butterfree do garoto, Dave e Mary Jane se dirigiram para a sala dos telefones. O rapaz sentou no mais próximo e discou, com pressa, o numero de seu Professor. Depois de três toques, porém, a ligação foi redirecionada para uma central de mensagens.

– Estranho – disse Dave - isso nunca aconteceu comigo. Quando o Professor não esta, normalmente ele deixa pelo menos a Dra. Susan como responsavel pelo laboratório. Mary, Isso já aconteceu com você?

– Não – respondeu a menina, com a mesma expressão de incompreensão (...)

De repente a voz de Rusty surgiu ao fundo, enquanto o menino caminhava na direção deles cruzando o salão principal do Centro Pokemon. (...)

– Então você decidiu vir aqui importunar a gente? – dessa vez foi a vez de Mary Jane responder

– Não, na verdade eu vim aqui responder ao desafio que me foi feito hoje mais cedo. Acontece que, agora, eu tenho tempo para enfrentar a ralé na arena e mostrar a vocês o que é um verdadeiro treinador de Pokemons... E então Hairo? Com medo?

Um sorriso brotou ao canto do rosto de Dave enquanto Eevee se ajeitava em seu ombro. A exitação que os dois sentiam era dificil de disfarçar.

– Bem que você queria que eu estivesse, Rusty.

E agora:

Capítulo 24 – Deixando Zaffre

Dave seguiu apreensivamente seu rival até a entrada do elevador, com Mary Jane, Jake e Aya poucos passos atrás. Se o grupo podia sentir o peso do ar que os rodeava, Dave mal tomava conhecimento do fato de ainda estar respirando. Sua cabeça estava completamente fora de controle com a situação inesperada. Passara todos os meses de viajem, desde que conhecera Rusty, o primo de Mindy e neto do aclamado Professor Noah, esperando para poder enfrentar o garoto de cabelos vermelhos e nariz empinado.

Ainda podia ouvir ressoar nos seus ovidos as palavras do ruivo no primeiro dia em que o conhecera: "Ha! Que tipo de Pokémon iniciante é esse? – Disse Rusty – Um Eevee? Eu tenho pena de você". Naquela época Dave pouco sabia sobre a capacidade de Eevee, mas hoje ele já estava mais acostumado com todas as surpresas que seu primeiro amigo podia apresentar. Se alguém ficaria com pena hoje, talvez fosse o próprio Dave.

A caminhada até o elevador pareceu mais longa do que nunca, e a espera por ele era torturante. Nada se movia tão rápido quanto as batidas do coração de Dave naquele momento, a não ser, talvez, o de Eevee. O treinador podia sentir a eletricidade correndo por cada pelo de seu amigo Pokémon, que agora se apoiava em seu ombro sem tirar os olhos dos cabelos vermelhos de Rusty, a sua frente.

Quando o alto som anunciou a abertura das portas de metal, todos entraram com um passo lento, quase como se tivessem se esforçando um pouco de mais para não correr. O único que parecia não se importar com o ambiente pesado era Rusty, que se mantinha calado, aparentemente relaxado, sem deixar com que o meio sorriso lhe fugisse dos lábios. Dave não sabia se o rival estava realmente calmo ou apenas fingindo realmente bem, mas aquilo o incomodava profundamente.

Quando as portas do elevador se abriram novamente, Dave e seus amigos arregalaram os olhos, pegos de surpresa com a imensidão da área de treinamento do Centro Pokémon. Somente ao observar a vastidão do espaço Dave percebeu que o elevador tinha descido em vez de subir. Eles estavam agora no subsolo, frente a um espaço repleto de arenas de terra batida para todos os lados. Eles nem ao menos conseguiam enxergar o final das arenas, que estavam surpreendentemente ocupadas. Algumas poucas se encontravam vazias e Dave se viu pensando em quantos treinadores poderiam estar treinando ali naquele momento. "Eu sabia que esse Centro era grande, mas nunca imaginei quanta gente tinha nele. Devem ter mais de 200 treinadores aqui..."

– Vamos Dave, não vai dizer que está repensando a nossa luta agora não é? – provocou Rusty, já fora do elevador.

Dave sacudiu a cabeça e percebeu que tinha passado tempo de mais observando tudo. Teve que impedir as portas do elevador de se fecharem com as mãos enquanto ele, Mary Jane, Jake e Aya saiam. Rusty os guiou por entre as arenas que estavam sendo usadas e Dave não conseguia deixar de observar os treinadores lutando. Alguns praticavam sozinhos ataques e movimentos enquanto outros lutavam entre si em lutas amistosas. Dave viu ali mais Pokemons do que ele já tinha visto em toda sua vida. O ambiente se enchia de sons que variavam desde as vozes doces de Clefairys até os gritos fortes de Electabuzzes.

– Acho que essa aqui será suficiente – finalmente declarou Rusty, depois de alguns minutos de caminhada. O elevador já estava longe, menor do que um dedo à visão deles.

Dave se posicionou em sua área de treinador, diretamente oposto a Rusty, e encarou-o de frente. O meio sorriso havia crescido e agora ocupava todo o rosto do garoto, enquanto ele brincava de jogar uma de suas Pokebolas para cima. Os outros estavam parados a borda da arena, bem na linha que definia o centro.

– Está pronto Hairo? Ainda da tempo de desistir...

– Nem se você implorasse.

Rusty deu uma leve risada de prazer e se virou para os três espectadores.

– Será que um de vocês se incomodaria em ser o nosso juiz?

Aya, com seus cabelos verdes, rapidamente se postou a frente, sorrindo.

–Acho que posso fazer-lhes esse favor...

– Ótimo. – Rusty virou-se novamente para Dave, deixando a mulher um pouco perplexa, ainda a espera de um agradecimento. – ouvi dizer que você possui apenas 5 Pokemons não é? O que acha de uma batalha 5 contra 5?

– Perfeito – responder Dave, automaticamente, enquanto balançava a cabeça em agradecimento em direção a Aya. A mulher de cabelos verdes entendeu o pequeno gesto e sorriu.

– Pois bem, a batalha entre Dave Hairo e Rusty Noah, ambos da cidade de Cardo, não terá limite de tempo. Cada um terá direito a usar 5 Pokemons. Comecem!

Dave foi o primeiro a sacar a sua Pokebola e jogá-la ao ar. Sabia o que tinha que fazer e estava completamente concentrado na luta. Não importa a coleção que ele tenha, eu vou vencê-lo!

– Vai Sandslash!

Rusty observou com pouca surpresa enquanto o Pokémon terrestre de Dave se liberava da Pokebola e se posicionava no campo de batalha, com suas garras e espinhos preparados para a batalha. Sem esmorecer, o ruivo jogou a Pokebola com que brincava para o alto enquanto rapidamente sacava uma segunda do cinto, pegando a outra com a mão livre, em um movimento que muito lembrava malabarismo. Em seguida, o ruivo lançou uma delas em direção ao campo.

– Kingler, você começa essa...

– Nossa, um Kingler! – Exclamou Dave, sacando rapidamente a sua Pokedex.

"Kingler, a forma evoluída de Krabby. Um Pokémon caranguejo, que vive em áreas de praia. Sua garra maior pode prender inimigos com uma força de até 10.000 cavalos, além de ser uma das principais formas de comunicação desse Pokémon."

– Sandslash, nós teremos que ser rápidos e ficar atento as garras dele está entendendo? Vamos começar com um giro rápido!

O Pokémon de Dave obedeceu prontamente, se enrolando em seu próprio corpo e iniciando um rápido movimento de rotação, se projetando com velocidade de encontro ao adversário. Rusty sorriu.

– Kingler, rápido, use a rajada de bolhas.

O caranguejo se posicionou de forma que suas duas garras estivessem esticadas em frente ao seu corpo e abriu-as, lançando uma poderosa rajada de bolhas na direção do adversário. Aparentemente o movimento não parecia afetar o alvo significativamente, uma vez que todas as bolas estouravam ao encostar nos espinhos de Sandslash, mas a força do golpe ajudou a refrear o movimento do Pokémon terrestre, além de ter lhe causado uma quantidade considerável de dano, devido a desvantagem de tipo.

Dave só percebeu a armadilha em que havia caído quando viu seu Pokémon se aproximando perigosamente da garra maior de Kingler, esticada a frente de seu corpo. Com o giro em velocidade reduzida, ele seria uma presa fácil para seu oponente.

– Sandslash, cuidado com a garra dele! – gritou Dave, mas era tarde de mais. Kingler, em um movimento surpreendentemente rápido, acertou uma forte pancada em Sandslash, usando sua garra como um bastão para repelir o adversário. O roedor terrestre foi lançado longe, caindo perto dos pés de seu treinador, mas se levantando logo em seguida. Ele não seria vencido assim tão facilmente.

– Seu Pokémon parece ser resistente Hairo, pena que é tão mal treinado...

– Vamos ver quem é mal treinado aqui. Sandslash, rápido, cavar!

Antes que Rusty pudesse pensar em uma estratégia para impedir o movimento de Dave, Sandslash já havia desaparecido de baixo da terra, tornando impossível saber de onde lançaria seu próximo ataque. O menino ruivo, entretanto, não pareceu se incomodar com a iminente surpresa. Em vez disso, resolveu surpreender Dave ele mesmo.

– Kingler, use o raio de gelo à sua volta até congelar o nosso lado do campo. – ordenou ele, em um tom sereno.

Dave arregalou os olhos com o movimento inteligente de seu oponente, que com um simples ataque tirou a vantagem que Dave pensava ter conseguido. O gelo certamente não impediria que Sandslash voltasse a superfície, mas com certeza retardaria o movimento, tornando ele mais previsível. A única questão que restava a ser respondida era se o retardamento seria o suficiente para que o pesado Kingler evitasse o ataque adversário.

Mesmo não sendo tão rápido, Sandslash ainda vai ser mais rápido que esse caranguejo gigante pensou Dave, tentando se convencer de que ainda tinha vantagem.

– Agora Sandslash, use as suas garras para acabar com ele!

Imediatamente os sinais do ataque do Pokémon de Dave apareceram na arena, tentando quebrar o gelo no espaço atrás de Kingler. Rusty, porém, voltou a sorrir enquanto ordenava seu próximo movimento.

– Kingler, esmague ele!

Sandslash havia finalmente conseguido saltar para fora do gelo, mas Kingler fez um movimento que Dave não esperava. Com a sua garra menor, o caranguejo se prendeu ao gelo em que pisava, e com um movimento rápido, deslizou suavemente pela superfície lisa, desviando do primeiro ataque de seu adversário e ficando frente a frente com ele. Instável no chão escorregadio, o Pokémon terrestre foi uma presa fácil para a poderosa garra de Kingler, que o cercou e prendeu com tamanha força, que o grito de dor foi ensurdecedor.

– SLAAAASSH!

Dave, assustado pelo movimento rápido e pela nova situação desesperadora, se viu sem saída se não chamar seu Pokémon de volta.

– Sandslash, volte!

O raio vermelho da Pokebola trouxe o roedor terrestre de volta, mas Rusty sorriu ainda mais.

– Você ainda tem muito que aprender Dave. Tem muito que treinar se quiser me enfrentar.

– Isso é o que você pensa! – disse Dave claramente irritado. Não acreditava que pudesse ter cometido erros tão infantis, como se expor a ataques contra os quais tinha desvantagem, ou tentar se aproximar de um Pokémon maior e mais forte. Aquele oponente claramente mexia com a sua cabeça.

–Rusty Noah é o vencedor do primeiro round. – declarou Aya, em um tom oficial.

Tentando segurar o riso, Jake virou para Mary Jane, em um sussurro – não me diga...

A ruiva esboçou uma risada leve, mas voltou a se concentrar em seu amigo, que parecia bastante pensativo quanto a sua próxima escolha para a batalha.

O chão ainda está congelado, apesar de que com a luz e o ambiente, o gelo logo deve derreter. Pensava o garoto de Grené, tentando analisar qual seria a sua melhor escolha para a próxima luta. Ele pensou em Poliwag, mas preferia esperar e dar mais tempo para seu amigo descansar, já que há pouco tempo ele tinha participado da tensa batalha contra Gengar, que lhe valera a insígnia do fogo fátuo.

– Bom trabalho Kingler, descanse um pouco – disse Rusty, chamando seu Pokémon de volta e pegando Dave de surpresa. O garoto olhou para Aya em busca de alguma repreensão dela, mas logo compreendeu que aquele não era um movimento ilegal. Rusty podia, de fato, trocar de Pokemons entre os rounds. Não demorou muito para que o ruivo reparasse na irritação de seu rival.

– Façamos o seguinte Hairo, quando você vencer um round, eu escolho o meu Pokémon primeiro.

Dave não se deu ao trabalho de responder, e, ainda pensando no chão escorregadio em metade da arena, lançou sua segunda Pokebola ao ar.

– Pidgeotto, vai!

O pássaro saiu da Pokebola com velocidade e rapidamente sobrevoou toda a extensão da arena, batendo as asas com força. Rusty olhou para o chão pensativo antes de escolher seu próximo Poké o ar de confiança de sempre, ele sacou mais uma de suas Pokebolas e a lançou para o campo.

– Vai, Pikachu!

O roedor elétrico pegou Dave de surpresa não apenas por colocá-lo, mais uma vez, em desvantagem de tipo, mas também por ser um Pokémon que dependa tanto de sua movimentação no chão. Com metade do terreno transformado em gelo pelo próprio Rusty, se mover ali poderia se mostrar mais difícil do que o normal para o pequeno Pokémon amarelo.

Pidgeotto sobrevoou o espaço em volta de seu adversário algumas vezes, mas sem que nenhum comando fosse proferido por seu treinador, nada fez a não ser se concentrar em seu adversário que também parecia relutante em fazer o primeiro movimento. Estudando um ao outro, os Pokemons permaneceram inertes, até que, desistindo desse jogo de espera, Dave cansou de esperar.

– Pidgeotto, ataque de asas!

– Pikachu, apenas deslize.

O ataque de Dave passou muito perto do ágil Pokémon elétrico, mas ele não precisou fazer muito esforço para deslizar suavemente pelo gelo, desviando do primeiro ataque de Dave com facilidade.

– Pikachu, use o choque do trovão!

– Cuidado! Evasiva Pidgeotto!

A descarga elétrica comandado por Pikachu era incrivelmente forte, mas, com um movimento de asas e um mergulho inesperado para o chão, o pássaro de Dave conseguiu uma manobra evasiva impressionante, que fez com que Rusty arregalasse os olhos pela primeira vez. Do outro lado da arena Dave também se surpreendera com a potencia do ataque de Pikachu, que por pouco não acabara com mais um round dessa luta. Se ele me acertar é o fim do Pidgeotto.

Enquanto isso, o gelo derretia cada vez mais e a placa já se mostrava alguns centímetros mais fina do que antes. Tentando se aproveitar do terreno, o ruivo fez outro movimento inesperado.

– Pikachu, use a cabeçada para quebrar o gelo ao seu pé, e pise no chão! Em seguida, volte a usar o choque do trovão!

Sem entender o motivo daquela ordem Dave observou enquanto, com um único golpe o roedor conseguiu romper a placa de gelo e alcançar o chão. Mais uma vez Pidgeotto teve que se esforçar, mas desviou da descarga elétrica liberada pelo oponente. E então Dave teve uma idéia. Eu não sei o que ele quis com esse movimento, mas ele acabou de me dar uma vantagem pensou o menino, vendo Pikachu dentro do raso buraco no gelo que ele mesmo havia criado.

– Pidgeotto, ataque rápido agora!

Dave esperava ver Rusty surpreso por se ver preso no buraco, dificultando assim qualquer movimento de defesa, mas, mais uma vez, seu oponente o surpreendeu.

– Pikachu, aguarde o momento certo.

Assim que ouviu essas palavras o treinador de Grené percebeu a armadilha em que havia caído. O buraco de gelo lentamente se enchia de água, uma vez que o chão continuava a derreter a sua volta, e Pikachu seria muito mais resistente a eletricidade do que seu Pokémon voador. Quando Dave se preparava para refrear o ataque, percebeu que era tarde de mais. Seu Pidgeotto de fato fora rápido.

– Agora! – ordenou Rusty

Assim que Pidgeotto encostou-se a seu alvo, recebeu uma enorme descarga elétrica, mais poderosa ainda, uma vez que em contato com a água e o gelo. A corrente percorreu toda a placa de gelo, fazendo com que a fina camada se quebrasse, e tamanha a sua força fez com que a luz de todo o espaço subterrâneo de treinamento piscasse por alguns segundos. Todos os treinadores pararam as suas atividades para tentar entender a causa daquilo, enquanto Pidgeotto caia no chão, inconsciente e vencido.

– Ora Dave, parece que eu venci de novo. – gabou-se o rapaz, observando risonhamente o seu atônito rival do canto oposto da arena. Jake e MJ também estavam impressionados com a esperteza de Rusty, e até Aya demorou alguns segundos para conseguir anunciar o vencedor, como se fosse necessário.

– Rusty e Pikachu venceram essa rodada – Disse a mulher, de cabelos verdes.

Sua voz parecia ter liberado Dave do choque que a força do oponente lhe causara. Ele fora pego de surpresa mais uma vez. Tinha ficado claro que Rusty pretendia explorar as vantagens de tipo naquela batalha, mas ele não tinha compreendido também que estava em desvantagem no campo. Tudo o que fora necessário foram alguns minutos de agitação para que o gelo se derretesse e se transformasse em água, aumentando a força do Pokémon elétrico. Rusty era mais inteligente do que Dave se permitira admitir. E esse sorriso que não sai da sua cara está me tirando do sério...

– Olha Hairo, para facilitar um pouco pra você, eu não vou mudar de Pokémon essa rodada ok? Escolha qualquer um dos seus para lutar com o meu Pikachu.

– Pika, pika! – exclamou o rato amarelo, pulando e soltando pequenas faíscas de suas bochechas vermelhas.

Dave olhou para suas Pokebolas restantes e percebeu que tinha ali um problema. Haunter e Poliwag tinham ambos lutado grandes batalhas a pouco e não estavam em suas melhores condições. O Pokémon aquático, talvez ainda pudesse lutar e apresentar um bom desafio, mas Haunter tinha sido derrotado por Casper. Não havia possibilidade de colocá-lo para lutar tão brevemente.

Porque eu não pensei nisso antes de aceitar o desafio? Estúpido! Estúpido! Pensou o rapaz, se contendo para não bater na própria testa.Não lhe restavam opções, se não apostar em Eevee. A raposa, como sempre, pareceu entender muito bem o seu treinador e deu-lhe um olhar de confiança antes de entrar na arena.

Rusty soltou uma sonora gargalhada.

– Porque eu sabia que você ia escolher essa bola inútil de pelo? Ainda não entendo como você pode preferir esse a um dos iniciantes do meu avô, Dave. Se bem que, vendo a sua habilidade num campo de batalha, o que mais me surpreende é que você tenha realmente ganho essas insígnias que carrega.

Eevee franziu o rosto na arena.

– O que quer dizer com isso Rusty?

– Ora, você não disse de onde conseguiu o seu Eevee para ninguém não é mesmo? O que me garante que conseguiu essas insígnias lutando de modo justo?

Agora Rusty tinha ido longe de mais. Dave ficara vermelho e dera um passo à frente, pronto para partir para cima do rival, mas foi a vez de Aya se intrometer.

– Você está acusando Casper e o Ginásio de Zaffre de terem dado sua insígnia injustamente? Quem você pensa que é garoto?

A reação da mulher foi tão inesperada que até o ruivo foi pego de surpresa, apagando o sorriso do rosto ao mesmo tempo em que lembrava que tinha ali um membro do ginásio da cidade, o qual ainda precisava enfrentar.

– Eu estava lá! Fui eu quem coordenou a luta entre Dave e Casper e eles lutaram de modo justo! Nunca mais se atreva a fazer acusações desse tipo! – esbravejava Aya, mais vermelha que o cabelo do menino de Cardo.

– Tudo bem, me perdoe senhorita, não quis insultá-la ou ao seu ginásio, – respondeu Rusty, mudando seu tom de voz para um mais doce e calmo – mas vendo o desempenho do meu oponente, pode se ver como minhas suspeitas nascem. Quem sabe então não foi um golpe de sorte quem lhe garantiu essas insígnias Hairo.

– Golpe de sorte? Golpe de... – Agora era a vez de Dave tremer de raiva, enquanto Eevee começava a rosnar instintivamente para o oponente. Ouvindo o desafio da raposa, Pikachu rapidamente se colocou a frente de seu treinador, soltando faíscas como se pronto a defendê-lo de um possível ataque. Fora Mary Jane que lembrou os dois que ainda tinham uma luta a travar, enquanto Jake observava tudo apreensivamente.

– Garotos, lembrem-se que ainda estão em uma batalha. Que tal decidirmos isso na arena?

– Tudo bem por mim – disse Dave, tentando controlar a respiração.

– Uee! – bravou Eevee, claramente furioso.

Rusty se limitou a rir.

– Comecem! – ordenou Aya, ainda tentando recuperar o ritmo de sua respiração.

Eevee não esperou o comando de Dave e, assim que Aya terminou da falar, já avançava em um ataque rápido em direção a Pikachu. As placas de gelo quebradas no chão se derretiam rapidamente e não se mostraram um grande obstáculo para o pequeno Pokémon que, em menos de um segundo, atingia o oponente e o jogava a distancia.

– Boa Eevee! – comemorou Dave, vendo o sorriso de Rusty vacilar pela primeira vez aquele dia. Ainda assim, o ruivo não deixou que sumisse.

– Pikachu, preste mais atenção nele! Quando se aproximar, use o choque do trovão!

– Pika! – Concordou o rato amarelo, se colocando novamente de pé.

Dave entendeu rapidamente a precaução tomada por Rusty, que deixava com que ele tomasse a iniciativa do combate, esperando vencê-lo enquanto se defendia. A idéia era boa, o garoto tinha que admitir, mas ele conhecia seu Eevee suficientemente bem para saber que se Rusty deixasse, aquela batalha já estaria ganha.

– Eevee, continue com o ataque rápido!

– Você é mesmo estúpido – respondeu o ruivo – Pikachu, use o choque do trovão!

Dave riu pela primeira vez – Eevee, mude de direção!

Enquanto Eevee se aproximava em grande velocidade, o ataque elétrico do Pokémon de Rusty se lançou em sua direção, mas, obedecendo a seu treinador, a raposa usou-se de sua agilidade para dar um pequeno salto para o lado, desviando da corrente lançada contra ele sem perder muita velocidade. Mais uma vez, Pikachu fora lançado longe sobre a terra molhada, se levantando com mais dificuldade dessa vez. Rusty, finalmente, dava leves sinais de apreensão.

– Pikachu, eu disse para prestar mais atenção! Use agora sua agilidade combinada á cauda de ferro!

Dave olhava Pikachu em um segundo, e no outro ele tinha virado um borrão amarelo que corria, mudando de direção a cada segundo, mas sempre em direção a Eevee. O garoto perdeu um precioso segundo pensando no que fazer, ouvindo seu coração batendo rápido em sua garganta, e quando percebeu, já era tarde de mais. Pikachu já estava a menos de um metro de Eevee, quando Dave percebeu o que estava acontecendo. Eevee estava quase desaparecendo pela terra, que agora mais parecia lama, cavando profundamente para se esconder. Ele é genial! Pensou o menino, orgulhoso se seu Pokémon.

– Ótimo trabalho! Usou muito bem o Cavar, Eevee! – exclamou o menino, enquanto Pikachu passava por cima do buraco que seu oponente cavara e parava repentinamente, tentando compreender o que tinha acontecido. Rusty cerrara os dentes.

Eevee saiu do subsolo a poucos centímetros de Pikachu, olhando-o diretamente nos olhos, agressivo, confiante e decidido. Ele viu o susto e o medo correrem os olhos do pequeno Pokémon enquanto ele fazia um rápido movimento com a cauda, já brilhando, desferindo o golpe que o próprio Pikachu planejara usar contra ele. O rato elétrico foi jogado longe com uma longa exclamação de dor, caindo na parte seca e dura do campo com um baque.

Corajosamente, ele ainda tentou se levantar por alguns segundos, enquanto Rusty tentava desesperadamente esconder a surpresa em seus olhos, sem pronunciar uma palavra sequer. O silêncio seria perturbador, não fossem os leves sons do esforço do pequeno roedor ferido. Claramente, ele não tinha mais condições de continua a luta.

– Eevee e Dave venceram esse round – disse Aya, arrancando um grande sorriso do garoto de Cardo. Ela mesma se permitiu sorrir por Eevee.

– Volte seu Pokémon estúpido! Vamos ter que treinar muito essa sua velocidade – disse Rusty, sacando a Pokebola e recolhendo seu Pikachu, claramente desapontado. Virando-se para Dave, o garoto Noah continuou – Devo admitir Dave, seu Pokémon foi bastante rápido nessa luta. Vamos ver por quanto tempo ele agüenta. Vai continuar com ele?

– Claro! – concordou Dave, ainda com o sorriso da vitória no rosto.

– Uee! – exclamou Eevee, não se deixando amaciar pelo elogio inesperado. Seu olhar ainda era decidido e concentrado.

– Tudo bem, então eu vou escolher o meu Pokémon iniciante. – Sacando a Pokebola, Rusty olhou para ela e murmurou – Não me decepcione dessa vez. Vai Bulbassauro!

Aya deu o sinal, e a batalha começou como a última, Eevee fez o primeiro movimento com grande velocidade, mas, dessa vez, Rusty não foi pego de surpresa.

– Bulbassauro, use seus chicotes como proteção.

O Pokémon de planta rapidamente lançou seus chicotes e os movimentos, de modo que girasse verticalmente a sua frente, impedindo por completo que fosse atingido de modo frontal. Eevee teve que se refrear bruscamente para não ser atingido e parou a poucos centímetros do raio em que giravam os cipós verdes do oponente, dando sorte por já estar na parte molhada da arena, usando a lama como um fator a mais para diminuir a sua velocidade. Foi a vez de Rusty tentar tirar vantagem da situação, enquanto Dave parecia ter uma idéia diferente.

– Bulbassauro, aproveite sua chance e prenda o Eevee!

– Eevee, ataque de areia!

A raposa foi mais rápida que o oponente e jogou com as patas traseiras a areia molhada na direção do seu oponente, que agora para de girar os cipós para atacá-lo. A areia molhada ficara muito semelhante a lama, que atingiu diretamente o rosto de Bulbassauro, fazendo com que sua visão fosse muito prejudicada. Isso, porém não impediu que os chicotes alcançassem Eevee e os prendesse com força.

– Ueeee! – exclamou o Pokémon enquanto apertado pelo oponente, que estava desesperado tentando enxergar alguma coisa.

– Bulbassauro, esqueça os olhos! Bata com Eevee no chão!

Dave, mais uma vez, se viu perdido e sem idéias, tomado de surpresa pela desvantagem que tinha. Eevee estava imóvel e incapacitado de atacar Bulbassauro, que, mesmo cego, parecia ter a luta nas mãos. Ele precisava achar um jeito de desprender seu amigo, ou então eu poderia...

Mas Eevee foi mais rápido que seu treinador, pensando na mesma estratégia e a colocando em prática. Enquanto Bulbassauro se preparava para lançar seu corpo contra o duro chão, a raposa se deixou apertar e abriu a boca, concentrando, rapidamente, uma forte energia roxa a sua frente. Enquanto tomava velocidade para sofrer o impacto, o ataque foi desferido contra o adversário.

Não fora suficientemente rápido para evitar o impacto, sofrendo uma forte queda, mas assim que a bola das sombras atingiu o alvo, Eevee foi liberado dos cipós que o prendiam e se levantou rapidamente, sacudindo a areia molhada do corpo. O Pokémon de planta, por outro lado, parecia ter sofrido um grande dano, sendo lançado aos pés do seu treinador e mostrando grandes dificuldades para se levantar. A areia ainda incomodava os seus olhos, visivelmente irritados, enquanto suas pernas tremiam tentando reerguer seu peso.

– Seu Pokémon idiota! Você é inútil! Levanta logo! – Bradava Rusty, agora visivelmente irritado.

Bulbassauro olhou tristemente para seu treinador, claramente ferido e com dores, mas, apesar disso, reuniu o que restavam de suas forças e se reergueu, olhando fixamente para Eevee.

– Bulba, bulbasaur! – Bravou ele, como um desabafo.

Naquele momento, porém, uma voz inesperada fez com que Dave esquecesse momentaneamente da luta.

– Tudo bem primo, não precisa mais lutar, já falei com a mamãe – disse Mindy, surgindo repentinamente na arena.

Dave olhou para a menina completamente perplexo enquanto Mary Jane e Jake a olhavam preocupados. Os olhos dela pareciam levemente inchados e vermelhos, como se estivesse chorando a pouco, porém ela tinha uma expressão decida.

– Tudo bem prima. Volte seu Pokémon inútil! Você não serve para nada mesmo... – disse Rusty, enquanto retornava seu triste Bulbassauro para a Pokebola, enquanto deixava sua área de treinador.

–Ei, espera ai, estávamos numa luta! – disse Dave, sem saber para quem queria olhar. Sua cabeça estava completamente perdida. Foi Mindy quem se deu ao trabalho de explicar.

– Desculpe Dave, mas eu vi vocês entrando no Centro Pokémon e indo para os telefones, mas eu precisava ter uma conversa muito particular com a minha mãe...

– Vocês voltaram a se falar? – perguntou Dave, agradavelmente surpreso.

– Pode-se dizer que sim – respondeu a morena, forçando um sorriso – E eu sabia que se vocês me vissem, iam me fazer perguntas. Não queria isso. Portanto, pedi que Rusty os distraísse para que eu pudesse ficar sozinha ao telefone.

– Mindy, mas... – Dave não sabia o que dizer. Sentiu-se magoado por ter sido deixado de fora de o que quer que tivesse acontecendo com a garota. Ela era mais do que uma simples amiga para ele, e depois da viajem até Zaffre, ele achou que também fosse assim para ela. Talvez eu tenha me enganado... Fora Jake a intervir em seguida.

– Mindy, você não precisava ter feito isso tudo! Era só você pedir para que nós deixássemos você sozinha! Não precisava se esconder e nos enganar. Nós somos amigos não somos? Só estávamos preocupados com você. Desde que chegamos você sumiu e nem nos deu explicação. Pediu para irmos ao ginásio sem você. O que está acontecendo? Você está bem? Está pensando em ir ao ginásio? Ah, por falar em ginásio, essa aqui é a Aya. Ela é aprendiz aqui em Zaffre que nem eu era em Auburn. Legal né? Ela...

Mindy deu uma leve risada, dessa vez sincera, que logo foi escondida por uma sombra de tristeza, até que ela recuperou seu semblante decidido, enquanto escutava o discurso do menino. Foi o gesto de se aproximar e bagunçar o cabelo dele que o fez parar de falar, surpreso pelo toque da menina.

– Não se preocupe comigo tudo bem Jake? Já falo com vocês. No momento, preciso mesmo é falar com Rusty. Primo, me acompanha?

– Claro – respondeu o Ruivo, mostrando-se mais uma vez sério, com um ar superior a todos a sua volta.

Dave não se conteu ouvindo as palavras da menina, explodindo antes de ela sair.

– COM O RUSTY? QUER DIZER QUE VOCÊ MANDOU ELE AQUI PARA ME DESTRAIR?

A morena foi pega de surpresa com o garoto, que estava espumando de raiva.

– Mindy, você tem idéia do quanto eu estava preocupado com você? E você fica se escondendo, e agora quer falar com esse ai? Desculpa, mas eu não consigo entender. Eu achei que... achei que...

As beiras das lagrimas, a morena respirou fundo e olhou nos olhos do rapaz.

– Eu sei. Desculpe-me Dave. Eu juro que encontro vocês em poucos minutos, no quarto de vocês, tudo bem?

Dave olhou-a incrédulo, sem saber o que responder.

– Faça o que quiser... – respondeu, dando-lhe as costas e pegando Eevee no colo. A raposa parecia tão surpresa e desapontada quanto ele – Você fez uma ótima luta Eevee, mesmo que ela tenha sido uma farsa.

–.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Quando Mindy entrou no quarto encontrou Dave deitado na sua cama, na parte de cima da beliche, enquanto Jake andava de um lado para o outro do quarto, visivelmente ansioso. O garoto demorou alguns segundos para perceber que ela adentrara o cômodo e, quando finalmente percebeu, paralisou. Dave, em cima da cama, fingiu não ter reparado na visitante, e continuou a acariciar Eevee.

– Oi meninos – disse Mindy, se demorando alguns segundos a mais observando a cama de Dave antes de olhar para Jake. Ela tentava soar o mais natural possível, mas sua voz a traíra.

– Oi Mindy – respondeu Jake, tremendo de nervosismo e ansiedade.

A menina, até então parada a porta, entrou no quarto e sacudiu os cabelos de Jake com um sorriso um pouco mais convincente do que aquele que tentara usar na área de treinamento do Centro. Ela sentou-se na cadeira virou-se para os amigos, tentando parecer casual.

– Então, como foi o ginásio? Fiquei sabendo que o líder daqui não é fácil. Conseguiu a Insígnia Dave?

O garoto de Grené continuou a olhar para o teto, sem a menor intenção de responder. O silencio teria sido constrangedor, se apenas Jake o deixasse reinar, mas o menino mais novo não conseguiria deixar isso acontecer nem que quisesse.

– O Dave foi incrível, e a luta foi de mais! – disse ele, surpreendendo a garota com a sua empolgação. Aparentemente a presença dela ali tinha agitado o rapaz – Você tem que ver esse ginásio Mindy, ele é completamente diferente de tudo o que você imaginar. Não da para descrever, é incrível... - e continuou a explicar cada passo que deram até a luta entre Dave e Carter. A garota parecia se entreter com a descrição detalhada e exagerada do menino, e forçara-se a dar risadas em alguns momentos, mas a expressão em seu rosto não dava pistas do que ela realmente sentia.

Quando o rapaz finalmente terminou, ela puxou um mapa da mochila e o estendeu sobre a mesa.

– Então, quais são os planos de viajem daqui para frente? – Ela perguntou, sem esperar realmente que alguém lhe respondesse. A garota normalmente guiava o grupo, e nunca tinha compartilhado o caminho pretendido com ninguém.

– Ué? – começou Dave, como se por instinto. Esquecera-se de que estava ignorando a menina – Você não quer enfrentar o Carter antes de pensar nisso? Você também precisa de uma insígnia, não?

A morena prendeu a respiração, dando um leve sorriso por finalmente ter conquistado a atenção do rapaz. Mas aquele não era um sorriso de felicidade, mas sim um de alivio. Ela o chamou para baixo, pedindo para que ele se sentasse ao seu lado.

– Não preciso enfrentar o Carter – respondeu ela, fazendo com que a surpresa tomasse conta dos dois garotos – Já digo o porquê... Agora, por favor, vamos ver o mapa?

Nenhum dos dois conseguiu pensar em algo para dizer, tomados de surpresa, e a menina aproveitou para começar o assunto. Com um dedo ela apontou Zaffre, e então continuou.

– Olhem bem. Estamos aqui em Zaffre e já enfrentamos quatro ginásios. O que significa que faltam apenas quatro para as oito insígnias da liga. Minha sugestão é que os ginásios seguintes sejam Celadon, Fuschia, Veridian e Pewter. – Ela guiouos com o dedo pelo caminho sugerido, fazendo-os seguirem o mapa enquanto falava. – a liga Pokémon não é muito longe de Veridian ou Pewter, o que é uma vantagem para quem termina a busca por insígnias lá – disse ela, tentando fazer com que sua voz não vacilasse. Ela estava visivelmente nervosa.

Dave anuiu com a cabeça concordando com o plano, mas Mindy ainda não estava satisfeita.

– Repitam então comigo – disse a menina, voltando com os dedos para o mapa – Celado, Fuschia, Veridian e Pewter.

– Celadon, Fuschia, Veridian e Pewter. – repetiram os garotos em uníssono, enquanto a menina dava um leve sorriso de aprovação.

– Ótimo.

Dave então sacudiu a cabeça, lembrando-se de que, na verdade, nada era ótimo.

– Espera. O que o mapa tem a ver com tudo isso? Você ainda tem que explicar o que está acontecendo! Porque você sumiu? O que você tem feito com o Rusty? Por que você não quer enfrentar o Carter? Comece a se explicar!

A morena suspirou fundo, fitando os olhares apreensivos dos amigos a sua volta, que esperavam nervosamente por uma explicação. Chegou a hora pensou.

– É o meu pai, Dave.

– Seu pai? – Surpreendeu-se Jake – Rusty é o seu pai?

Foi difícil não rir do menino.

– Não! – apressou-se a corrigir a menina, ainda rindo – o Rusty tem lá idade pra ser meu pai Jake? É do meu pai de verdade. O que eu nunca conheci!

– Ah, nossa. Eu não sabia que você não conhecia o seu pai – disse ele, olhando para Dave e entendendo que ele era o único ali que não sabia disso. Por que ela não me contou antes?

– Bom, pois é. Minha mãe sempre me disse que ele estava morto, mas eu descobri que na verdade ela não sabe se ele está ou não vivo.

– Mas o que é que isso tem a ver? O que aconteceu com o seu pai? – Dave ainda estava irritado. Ele imaginara que a causa daquilo era o pai desaparecido da garota, mas isso não era motivo para que ela o excluísse.

– Acontece, Dave, que descobrimos agora que eu não sou a única a procurar por ele.

– Como assim? – perguntou o menino, sem saber se aquilo estava esclarecendo as coisas ou apenas complicando-as mais ainda.

– Meu avô está no hospital Dave, por isso que não atenderam no laboratório. Ele tinha sido seqüestrado e torturado para liberar informações sobre meu pai. Quem ele era, de onde veio, onde estava sua família... Tudo. – Dave não sabia o que dizer. O Prof. Noah? Sequestrado e torturado? – A policia conseguiu libertá-lo, mas ele estava muito ferido. Deve ficar bem, não se preocupe.

– Mas... Quem? Porque? – disse Jake, tão surpreso quanto Dave.

Mindy suspirou profundamente, como se não quisesse responder àquela pergunta. E então, subitamente, Dave soube.

– Foi a Equipe Rocket...

A menina se limitou a balançar a cabeça.

– O que seu avô disse Mindy? Ele não disse que você era filha dele não é? Isso só vai ser mais um motivo para virem atrás da gente! – explodiu Dave, preocupado.

– Calma, meu avô não disse nada a eles. Ele morreria antes de entregar a minha mãe ou a mim. Eles não vem atrás da gente por mim...

Dave e Jake respiraram aliviados, mas Mindy parecia não ter acabado. Seu olhar continuava preso ao chão, sem coragem de olhar os amigos nos olhos. Quando ela o levantou, fixou-se em Dave.

– Mas eu vou atrás deles.

O silencio reinou no quarto enquanto Dave e Jake absorviam as palavras da amiga. Aquilo era de mais para a cabeça deles compreender.

– O QUE?

Mindy não deixou que eles continuassem e se apressou a explicar.

– A decisão já foi tomada. Já falei com minha mãe e vou atrás deles. Rusty disse que há rumores de uma grande base em Saffron... – a expressão de incredulidade de Dave e Jake era indescritível – Eles sabem alguma coisa sobre o meu pai Dave. Alguma coisa! - As lágrimas rolavam do rosto da menina enquanto ela falava – Eles também o estão procurando, mas eu preciso saber por que. Preciso saber quem é o meu pai e o porquê eles estão atrás dele. Se eu puder, eu vou ajudá-lo. Eu preciso disso Dave, PRECISO!

– Mas... – Dave não sabia o que dizer – Isso é loucura Mindy. Loucura! Como você acha que a gente pode fazer isso? E além disso, Saffron nem está no caminho que você acabou de traçar e... – o menino perdeu a fala, perdido em pensamentos. As coisas começavam a se encaixar.

Ela não deixou que ele tomasse as conclusões sozinho.

– Não posso levar o Eevee para a base da Equipe Rocketm Dave. Você sabe disso. Você não pode vir comigo.

– Eu vou! – Disse Jake, pulando da cadeira. Tremia de nervosismo e as lágrimas se seguravam firmemente nos olhos.

– Você é apenas um menino Jake. Não posso levá-lo também. – A menina sorriu carinhosamente para o garoto - Além disso, o Dave precisa de você. Não posso levar uma criança comigo nessa loucura.

Dave ainda estava paralisado de choque, enquanto Eevee observava tudo de cima da cama, tristonho, deixando algumas lágrimas correrem pelo seu pelo marrom.

– Dave, eu juro que não queria deixar você assim, agora, mas eu...

– Então não deixe! – disse ele, se levantando da cadeira e andando pelo quarto, nervoso – O que você quer fazer é loucura, é suicídio! O que você pensa que vai conseguir? Não vai embora, por favor.

– Eu tenho que ir! – disse ela, se levantando e pegando na mão dele, fazendo-o parar – olha pra mim...

O rapaz virou-se para ela, mas fitou o chão. Mindy levou sua mão ao rosto dele e o fez levantar o olhar enquanto se aproximava para um beijo.

Os lábios dos dois se tocaram e eles se abraçaram em um beijo apaixonado, apertado, com o salgado das primeiras lágrimas a temperar o sabor triste que tomava conta dos dois. Eles se apertavam fortes um contra o outro, perdendo a noção do tempo e do espaço, tentando ao máximo esquecer que talvez aquela fosse a ultima vez que estariam juntos. Quando finalmente se separaram, Mindy voltou a falar.

– Eu tenho que ir Dave. Por mais que eu queira ficar. Acredite se eu pudesse, eu não saia mais do seu lado, mas eu não posso deixar que meu pai seja capturado sem fazer nada. Eu preciso saber quem ele é, contar pra ele que ele tem uma filha... Eu não pretendo que você me entenda, mas pelo menos respeite o que eu tenho que fazer.

O menino já não tinha palavras e limitou-se a chorar copiosamente. Ela limpou as lagrimas dele com os dedos.

– Se você continuar no caminho que eu disse, eu te encontro. Não sei quando, nem em qual das cidades, mas eu te encontro...

– E se eles te pegarem?

– Eles não vão me pegar.

– E se...

Ela calou-o estendendo um dedo e colando-o nos lábios dele. Depois encostou de novo os seus, em um beijo carinhoso, porem rápido, se liberando, em seguida de seus braços.

Olhou então para Jake, que estava sem ar, mas havia parado de chorar. Alguma coisa nele não estava certa, mas a menina não tinha tempo para se estender mais.

– Conto com você para cuidar dele, ok Jake? – disse rindo – e cuide-se você também. Você foi um grande amigo esse tempo todo e tenho certeza que vai ser um grande pesquisador. A gente se vê ok?

Ele não respondeu, mas ela não esperava que respondesse. A emoção era muita até mesmo para ela. Eevee pulou da cama em seus ombros, e ela o agarrou e abraçou forte.

– E você seu peludinho esperto, vê se não se mete em confusão. E cuida desse seu treinador direito ok? Não quero ver você nem perto da Equipe Rocket, se não vou ter que salvá-lo também!

– Uee, Ueeee! – disse o Pokémon, deixando agora as lágrimas correrem. Quando ela o soltou, ele pulou de volta para a cama.

Agora, era a vez de Dave. Ela olhou-o mais uma fez, no fundo dos olhos.

– Continue no caminho que eu disse, e eu vou encontrar você ok? Eu prometo.

– Você ta pedindo que todos cuidem de mim, mas quem vai cuidar de você?

– Eu nunca precisei que ninguém cuidasse de mim, mas o Rusty vem comigo. – disse ela

Dave não gostou do que ouviu, mas sua rivalidade com Rusty não tinha espaço ali.

– Não se preocupe. Eu sei me virar muito bem sozinha.

– Eu sei... – ele teve que admitir.

– Não saia do...

– Do caminho, eu sei... – disse ele, sorrindo para ela – você vai fazer falta...

– Você nem imagina – ela completou, dando mais um beijo rápido em sua boca. Tremia de nervosismo, e as lágrimas voltavam a brotar – Eu te...

– Eu sei – ele completou – eu também.

E com isso, ela se liberou, virou as costas e saiu do quarto, em uma direção na qual Dave não podia segui-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Qual a opinião de vocês? O que vocês acharam disso tudo?

Espero sinceramente que tenham gostado. Foi um prazer imenso repostar essa história, que pediu muito do meu tempo e da minha dedicação, mas de que não posso sentir outra coisa se não orgulho.

Espero vocês nos cometários!

P.S.: Não se assustem, ainda temos um breve epílogo nessa parte 2, que vai ser postado no sábado! =)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Evolution: Parte 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.