Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 13
Coisas do Coração, Coisas da Vida


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é para respirar e se envolver um pouco mais com as personagens...
É a hora para introduzir algumas coisas importantes sem muito alarde. E assim, de pouquinho em pouquinho, a história vai evoluindo

Boa leitura!



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Capítulo 13 – Coisas do Coração, Coisas da Vida

O sol havia se levantado há pouco e as nuvens pareciam abrir espaço para sua passagem dentro da imensidão de azul que elas encobriam. A noite havia sido nublada e fria, mas à medida que o tempo passava, a temperatura voltava a subir gradativamente. Dave, Mindy e Jake caminhavam ainda tentando sacudir o sono recém interrompido, enquanto observavam a paisagem até então severa começar a dar sinais de melhoria.

A terra ainda era dura e o calor que vinha castigando o grupo durante os últimos dias de viagem ainda não dava sinais de querer abandoná-los, mas os arbustos e as pequenas árvores começaram a aparecer mais freqüentemente uma vez que eles cruzaram o rio que cortava a região. De acordo com as coordenadas habitualmente precisas de Mindy, não muito distante dali existia um Centro Pokémon, onde eles pretendiam parar para comer e descansar.

– Na verdade, esse Centro fica muito próximo de Brass. Um dia de viagem até lá, no máximo.

Dave arregalou os olhos ao ouvir a notícia. Não esperava que a cidade estivesse tão próxima e sentia a ansiedade crescer à medida que se aproximava de seu próximo desafio. Na verdade o menino ainda não tinha nem certeza da data exata do torneio, a não ser pela referencia da foto encontrada na cabana do velho Sr. Walter. Mesmo assim, ele estava apreensivo. Já estamos chegando e eu nem treinei direito...

– Mindy, esse Centro Pokémon é muito longe? – perguntou.

– Não, não é. Devemos chegar antes do horário do almoço.

– Ótimo – disse ele, enquanto sacava sua Pokebola – Continuem nessa estrada até o centro. Eu e o Machop vamos correr até lá e voltar pelo mesmo caminho para encontrar vocês. Assim a gente aquece para a tarde de treinamentos.

– O que?! – Jake arregalou os olhos – Você tá maluco, vai ter que correr mais de uma hora para alcançar esse lugar! E voltar!

– Eu sei, mas se o Machop consegue, eu também tenho que conseguir. Não posso pedir dele algo que eu mesmo não consiga fazer.

– E que papo é esse de tarde de treinamentos? Nós vamos passar o resto da tarde viajando! – Mindy olhava o amigo como se não entendesse o que ele dizia. Ela estava cada vez mais de volta ao seu estado normal e não queria perder tempo. Mas, dessa vez, Dave estava decido.

– Não, não vamos. Passaremos a noite no centro Pokémon para que eu possa treinar – E, sem dar tempo para respostas, o garoto lançou sua Pokebola no ar liberando seu Machop e começou a correr – Vamos Machop. Está na hora de treinar!

– Chop! – disse o Pokémon animado. Ele não recusava um desafio e adorava treinar, portanto, seguiu seu treinador sem pestanejar. Eevee por sua vez, desceu do ombro de Dave e também se postou a acompanhá-lo, animado.

E assim eles partiram correndo pela estrada, debaixo de um sol que continuava a esquentar a cada minuto, procurando o centro Pokémon que eles não sabiam ao certo a quanta distancia estava. Enquanto as figuras do menino e de seus companheiros diminuíam até sumir de vista, Mindy e Jake ficaram mais uma vez sozinhos, observando enquanto o amigo seguia seu caminho.

– Ele é doido – Mindy falou em voz baixa, como para si mesmo. Ela balançava a cabeça negativamente, mas tinha uma sombra de sorriso escondido no rosto. Jake por sua vez, apesar de não gostar do tom do amigo, gostou de se ver mais uma vez a sós com a menina.

– Doido não... Completamente pirado! – Os olhos do garoto ainda estavam arregalados – e também, quem é ele para decidir que vamos passar a noite toda naquele Centro? Eu concordo com você Mindy, devemos seguir viagem!

– Eu sei Jake, obrigada pelo apoio. Mas se a gente pensar, no final não vai fazer diferença. Chegaremos a Brass provavelmente antes do torneio e só sairemos de lá depois dele de qualquer maneira. Não precisamos ter pressa para chegar lá.

Ainda surpreso com a atitude repentina de Dave, a resposta de Mindy causou outro impacto inesperado no jovem menino. Ele não se lembrava de tê-la visto ceder a uma vontade dessa maneira tão simples, sem discussão. Em algum nível de consciência, ele tinha esperanças de vê-la falando contra Dave e imaginava que os dois poderiam curtir bons momentos juntos criticando o menino, como ela parecia adorar fazer sozinha. Mas, pelo visto, quando era outra pessoa a fazê-lo, a garota defendia seu amigo.

– O que foi Jake? – perguntou a menina.

– Nada, nada – disse ele, disfarçando o desgosto que se esquecera de esconder antes. Por um momento ele chegou a pensar em sugerir que os dois deixassem Dave em Brass e seguissem viajem a sós, para ser mais rápido, mas achou que talvez o momento não fosse oportuno. Decidiu então, desconversar – Só estava pensando na maluquice do Dave.

Sorrindo, ela não se conteve em imaginar o amigo correndo lado a lado com seus Pokemons, derretendo naquele calor e secando as gotas de suor na testa, mas ainda assim animado a continuar por quanto tempo fosse necessário – Ele é maluco sim... – disse ela, dessa vez sem tentar esconder o sorriso. Mas é o meu maluco...

***

Duas horas se passaram desde que Dave saíra para a corrida de aquecimento com seus Pokemons e ainda não havia sinais de onde o garoto estava. Depois de algum tempo em um silencio anormal, enquanto Jake se acostumava com a idéia de que a menina de temperamento forte estava, de fato, cedendo alguma coisa à vontade de Dave, Mindy e ele voltaram a conversar normalmente, seguindo pela estrada e esperando por qualquer sinal da volta do amigo.

A garota já começava a ficar preocupada, tendo em vista que logo eles estariam no Centro Pokémon e o amigo ainda não havia aparecido no horizonte. Mas, como de costume, Jake estava em um de seus intermináveis discursos, o que a mantinha distraída.

– Sabe... Eu realmente estou ficando preocupado, não sei por que está demorando tanto. Ele evoluiu já tem algumas semanas e nada de virar Butterfree. Nunca tinha visto um Metapod demorar tanto para evoluir. Será que eu to fazendo alguma coisa errada, Mindy? Eu nunca vou conseguir ser um pesquisador Pokémon não é? Sou um fracasso total! Não consigo nem ajudar meu Pokémon a evoluir! – Mindy tentava interromper o amigo, para lhe dizer algumas poucas palavras de incentivo, mas o discurso do rapaz não dava espaço para tal – E sabe o que é pior? Ele é muito frágil assim! Eu sei que a casca dele é dura e ele ainda pode usar o endurecer para se defender melhor, mas mesmo assim ele fica muito vulnerável. Não pode nem desviar de ataques! Não sei o que eu vou fazer para ele evoluir. Estou começando a ficar desesperado...

Naquele momento, porém, ao olhar para frente, a única coisa que parecia poder calar o desolado aspirador a pesquisador surgiu ao longe no horizonte. Duas sombras em movimento, ainda pequenas vistas contra o céu azul, despontaram na ponta da estrada e pareciam correr em direção aos dois amigos. Ao seu lado, uma terceira sombra, bem menor, acompanhava as outras duas, enquanto iam se aproximando. Não havia duvidas de quem poderia ser.

– Ah, olha! É o Dave, o Eevee e o Macho voltando. – disse Mindy, animada por não ter mais que ouvir sozinha os longos monólogos de seu companheiro mais novo.

– Ah, é... – disse Jake desanimado.

E, em alguns minutos, enquanto a dupla observava calada a aproximação dos amigos, eles finalmente se reencontraram. Ao se aproximar, Mindy percebeu que Eevee e Machop estavam animados e felizes, cheios de energia e prontos para mais, apesar do calor. Dave, por outro lado, assim que chegou próximo a amiga, que era um pouco mais baixa, apoiou suas duas mãos nos ombros da menina com um olhar de desespero, enquanto tentava recuperar a respiração. As gotas de suor escorriam de sua testa como se o menino estivesse acabado de sair do banho, suas roupas estavam encharcadas e chegavam a pingar, e ele mal conseguia falar.

– Vocês... Vocês estão... chegan...chegando... – terminou ele, finalmente.

– Ai! Sai para lá Dave! – disse a menina, dando um tapa em cada mão do menino e o deixando sem apoio. – Você está todo suado! Que nojo!

Jake sorriu ao ver a cena e se segurou para não rir, se limitando apenas a dizer o famoso e irritante – Eu te avisei que era maluquice.

Dave, com esforço, sorriu.

–Pois... Pois é, talvez eu... Eu devesse te ouvir mais vezes Jake...

– Chop, Chop! –Machop ainda mexia as pernas, correndo parado em seu lugar. Eevee ria de seu treinador.

– Vamos, estamos chegando mesmo. Faltam apenas cerca de trinta minutos de caminhada até alcançarmos o Centro – disse a menina, consultando o mapa, enquanto uma sombra de preocupação passava pelo seu rosto, sendo rapidamente escondida.

– Não... Eu não agüento...

– É claro que agüenta Dave. Esse é só o aquecimento para sua tarde de treinamentos esqueceu? – Mindy sorria ironicamente, enquanto botava sua mão no braço do menino para puxá-lo pelo caminho. Assim que o tocou, porém, se arrependeu. – Eca! Esqueci que você está intocável! Acho bom que esse centro tenha um banheiro para você tomar um banho...

– Acho bom esse centro ter uma boa cama... – completou o menino, se dando por vencido e dando os primeiros passos sofridos dos que prometiam ser os mais longos trinta minutos de caminhada dos últimos tempos.

***

À medida que o grupo se aproximava do Centro Pokémon, o rosto de Mindy demonstrava mais preocupação. Se Dave não estivesse arrastando os pés a alguns metros atrás dos amigos, ele teria visto claramente que a menina parecia travar uma batalha contra si mesma para se manter normal, sem demonstrar nada.

Jake, que caminhava ao lado dela, continuava a discursar sobre sua preocupação com o Metapod, o que o distraia. Já Eevee, sempre atento, pulou do chão para o ombro da menina, onde ela passou a acariciá-lo, se distraindo.

Ao passar pela porta de entrada, a menina logo se encaminhou para o balcão para requisitar o quarto normal para o grupo, junto à enfermeira Joy. Quando fez o pedido, porém, até Jake teve que parar de falar para compreender o que estava sendo dito.

– Dois quartos, por favor. Um individual e o outro para duas pessoas.

Dave ainda entrava devagar no centro, bem atrás dos amigos, e quando finalmente alcançou-os no balcão. Demorou um pouco para entender o que estava acontecendo.

– Dois quartos? Quem mais está com a gente?

– Não, não tem ninguém mais não Dave... – disse Jake, assustado. A menina havia ignorado sua primeira tentativa de perguntar o porquê daquilo.

– Ué? se não tem mais ninguém, por que você pediu dois quartos Mindy?

A menina estava de cara amarrada, mas era perceptível que aquilo era apenas uma defesa. Alguma coisa estava acontecendo e ela estava usando de seu temperamento forte para disfarçar.

– Ai não é nada! Sou uma menina e só quero ficar um pouco sozinha... Posso?!

Dave e Jake se entreolharam preocupados, tentando entender o porquê daquela súbita necessidade de espaço.

– Mas você sempre dividiu o quarto com a gente... – disse o mais novo, um pouco triste.

– Bom, para tudo tem uma primeira vez não é?

Sem mais fôlego e forças para discutir, Dave finalmente assentiu com a cabeça, se dando por vencido.

– Tudo bem então... – disse ele, cansado – vou para o nosso quarto Jake, preciso de um banho. Mindy, quando for ligar para o seu avô bata na nossa porta e me avise. Quero dar a notícia do Machop para ele.

Ao ouvir a menção do avô, a menina não conseguiu mais disfarçar e deixou seu rosto corar, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Fazendo força para não deixá-las escorrer, ela se virou, andando com velocidade para o corredor que levava aos quartos, deixando os meninos sozinhos. A única resposta que deu foi:

– Não vou ligar para casa...

Perplexos, tanto Dave quanto Jake olharam um para o outro sem a menor pista do que acabara de acontecer. Até mesmo Eevee parecia surpreso com a volta tão repentina da depressão da menina, justo quando eles achavam que ela estava melhor.

– Você tem idéia do que aconteceu? – perguntou Dave a seu amigo, que parecia assustado e preocupado.

– Não tenho a menor idéia...

Dave olhava assustado para o corredor por onde Mindy havia sumido. Em um minuto tudo o que ele estava pensando desapareceu de sua cabeça e a única coisa que ele via era a imagem das lágrimas escondidas da menina, enquanto ela virava a cara e sumia. Seu coração estava batendo rápido e ele se sentia mais do que nervoso, mas angustiado por querer ajudá-la. Pensou em segui-la e chegou começar a andar em direção ao corredor, mas então a enfermeira Joy apareceu e lhe deu uma chave na mão.

– Tome rapaz, essa é a chave do quarto de vocês. Acabei de deixar sua amiga no quarto dela. Você devia tomar um banho sabia? O almoço será servido logo...

A mulher de cabelos rosa parecia ter acordado o rapaz de seu transe preocupado e ele se lembrou das palavras da amiga alguns momentos antes. Só quero ficar um pouco sozinha... Posso?!

– É talvez eu devesse deixá-la um pouco sozinha... – deixou escapar o menino, em um sussurro quase inaudível.

– O que você disse? – perguntou Jake, que não conseguira entender o que o rapaz disse.

– Não, nada Jake. Vou tomar meu banho... – Dave deu um pequeno sorriso sem animação para o amigo e saiu em direção a seu quarto, para o tão esperado banho, deixando o garoto mais novo plantado no hall de entrada do Centro Pokémon.

Eu não acredito que ele não vai atrás dela. Pensou Jake, irritado. Será que ele não viu que ela estava chorando? Será que ele não se importa? Tudo o que ele quer é treinar e falar para o avô dela sobre seu novo Pokémon! Eu não acredito nisso! O jovem rapaz ficava mais vermelho à medida que esses pensamentos passavam por sua cabeça. Bom, se ele não vai atrás, eu vou! É a minha chance de mostrar para ela quem se importa mais.

***

Quando Dave saiu do banho, por mais que tentasse, não conseguia pensar em outra coisa se não no choro da amiga. Ainda nervoso por querer fazer alguma coisa, ele decidiu que talvez o avô da menina entendesse melhor o que estava acontecendo. Será que eles brigaram? Tudo o que o rapaz precisava era de alguma indicação do que a incomodava tão profundamente, para que ele pudesse tentar ajudá-la, mesmo que indiretamente.

Eevee dormia na cama do rapaz, mostrando que apesar de disfarçar bem, sentira a corrida que fizeram aquela manhã. Dave, por sua vez esqueceu-se da fome, do torneio e dos músculos cansados e se arrumou rapidamente, rumando para a central telefônica do Centro Pokémon. Discou o número do laboratório em Cardo e esperou, nervosamente, os dois toques se completarem até o Professor finalmente atender o chamado. Ele parecia ter vindo correndo, preocupado e não escondeu a decepção ao ver o rosto de Dave na tela.

– Ah Dave, é você! Como você está?

– Estou bem senhor, obrigado. Escuta, eu queria falar com o senhor...

– Pode falar meu jovem, o que aconteceu? Capturou um novo Pokémon?

– Sim capturei, mas não é... – o menino foi interrompido

– Capturou?! Nossa meus parabéns, até que enfim! Qual foi?

– Foi um Machop, mas isso não importa. Eu queria mesmo...

Mais uma vez interrompendo, quase como de propósito, o Professor voltou a falar com animação – Um Machop? Eu não acredito! Que ótima captura Dave! Mas não pode parar por ai, queremos mais movimentação aqui em Cardo. O povo cobra garoto.

– Tudo bem senhor eu vou me esforçar, mas eu queria mesmo falar de... – o professor tomou ar mais uma vez, mas o menino, começando a se irritar, foi mais rápido – Não me interrompa, por favor!

– Tudo bem, Dave... Diga o que quer – disse o pesquisador, se mostrando mais preocupado.

– É sobre a sua neta senhor, a Mindy – O rosto do professor pareceu murchar – ela vinha muito triste desde que saímos de Cardo. Estava até se animando nos últimos dias, mas assim que chegamos aqui no centro, ela piorou de novo. O senhor, por acaso, sabe o que está acontecendo?

– Olha Dave... Eu não sei se deveria te falar, rapaz.

– Por favor, professor. Eu estou muito preocupado com ela, e ela está tão frágil. Queria poder fazer alguma coisa...

– Olha rapaz, eu agradeço a sua preocupação, mas não sou eu quem deve te falar o que incomoda ela. O que eu posso lhe dizer é que ela precisa de alguém, agora. Alguém que esteja do lado dela, um amigo...

– Mas senhor...

– Por favor, não insista rapaz. Fale com ela. Se ela quiser, ela vai te contar tudo. E por favor, diga a ela que, mesmo que esteja chateada com a gente, nós a amamos muito.

– Tudo bem – disse o rapaz, desanimado – Acho que vou procurá-la então.

– Isso. Acredito que é o melhor a fazer... – O professor estava sério, mas claramente preocupado. – Ah, e Dave... Muito obrigado por se preocupar tanto.

– Não há de que senhor... – e com isso, ele desligou o telefone. Em que quarto será que ela está? Acho que vou perguntar para enfermeira Joy...

Enquanto isso, observando de longe, em um canto escondido do Centro Pokémon, Jake viu Dave se levantar da cadeira do telefone e ir para o balcão da recepção. Inacreditável. Ele ligou mesmo para a casa dela, mesmo ela falando que não queria... E agora deve estar indo perguntar sobre o almoço. Se ela ao menos tivesse me atendido quando bati na porta eu podia mostrar como ele realmente não se importa...

***

Mindy estava deitada na única cama de seu quarto, olhando fixamente para o teto enquanto tentava não pensar em nada. Sua mochila estava jogada em um canto do quarto de qualquer maneira e seus sapatos estavam um em cima do outro, prova clara de que eles tinham sido descalços sem o menor cuidado ou paciência. Ela tentava não se lembrar da última vez em que estivera em um Centro Pokémon, mas não conseguia afastar da cabeça a imagem da revelação que seu avô fizera a ela, quando se falaram em Etton. A raiva que ela sentia de sua mãe voltara a borbulhar em seu estomago e ela segurava as lagrimas orgulhosamente. Eu não vou mais chorar... Não vou, chega! Nesse momento ela ouviu leves batidas em sua porta trancada.

– Vai embora Jake! Já disse que quero ficar sozinha!

– Sou eu, Mindy, o Dave. Abre a porta, por favor.

A menina foi pega de surpresa e perdeu um pouco do ar. Jake havia tentado tantas vezes que ela já estava cansada de repeli-lo, mas Dave ainda não havia vindo. O Jake deve ter desistido e ido chamar ele.

– Não, Dave... Quero mesmo ficar sozinha – disse a menina, enquanto pensava, triste: Por que você não veio antes?

– Vamos Mindy, eu também quero ficar sozinho... Me deixa ficar sozinho junto com você...

Ela não conteve um breve sorriso com as palavras do rapaz, enquanto a primeira lágrima teimosa escorria. Só você para me fazer sorrir nessas horas pensou.

– Você é um bobo sabia? – disse, enquanto se dava por vencida e levantava, destrancando a porta. Ao ver a porta aberta, o rapaz viu o choro escorrendo pelo rosto pálido da garota e entrou, passando logo os seus braços pela cintura da menina, prendendo-a em um forte abraço. Ela, por sua vez, passou os braços pelo pescoço do rapaz e chorou, copiosamente, aconchegada em seu peito

Ali, preso naquele forte abraço enquanto a menina se apertava contra ele, Dave se sentiu estranho. Mas era um estranho diferente, gostoso, como se ele não precisasse de mais nada. Se ela não estivesse chorando, ele com certeza estaria mais feliz do que jamais estivera. Mas, passando por cima desse sentimento novo, a preocupação com o que a incomodava tomou rapidamente o seu lugar, e ele a encaminhou de volta para dentro do quarto, fechando a porta.

Mindy sentou na cama com o amigo ao seu lado. Ela descobriu que olhar para frente era mais fácil do que olhar para diretamente para o rosto dele, e, portanto, se interessou subitamente por um ponto especifico da parede.

– Então – começou Dave – Eu não me lembro de ter te visto chorar assim nenhuma vez. O que está acontecendo?

– Ah Dave, é uma longa história...

– Eu tenho o dia inteiro...

– Não, não tem... Você tem que treinar...

Ele nem ao menos se lembrava que tinha separado a tarde para treinar para o torneio, mas agora isso parecia ser uma preocupação boba, sem emergência. Toda sua cabeça estava voltada para a morena ao seu lado. Lembrando-se de Eevee dormindo em sua cama, ele não achou dificuldades para pensar em uma desculpa.

– Olha, depois daquela corrida, já foi uma dificuldade eu vir andando até aqui. Você realmente acha que eu consigo treinar?

Ela sorriu de novo.

– Você não tem jeito...

– Não, não tenho... Mas talvez você tenha. Agora me diz, o que houve?

Respirando fundo, ela resolveu que não tinha mesmo outra saída.

– Então tudo bem. – ela suspirou, como se tomando fôlego - Dave, você conhece o meu avô, pai da minha mãe, não conhece?

– Claro...

– E você também conhece a minha Mãe, certo?

– Certo...

– E então... O que você acha que está faltando?

Dave prendeu a respiração ao ouvir o que a menina tentava lhe dizer. Ele entendera finalmente o que a vinha incomodando, e não acreditou que não havia deduzido isso antes. Como é que eu nem nunca perguntei sobre isso para ela?

– Eu não conheço o seu pai... – disse ele, baixinho, tirando pela primeira vez os olhos da menina e deixando sua cabeça cair um pouco. O problema era mais sério do que ele imaginava.

–Exatamente, nem eu... – Mais lágrimas escorreram pelo rosto da menina e Dave passou mais uma vez o braço em volta dela, puxando-a para si em outro abraço. Ela apoiou sua cabeça no ombro do menino, o apertando forte em seu abraço. Dave não sabia o que dizer e, em meio ao choro, ela continuou.

– Minha mãe sempre me contou que ele havia morrido, quando eu era bem pequena, mas ela nunca gostou de contar muitos detalhes. E eu aprendi a viver sem nunca ter tido um pai...

– Ah Mindy... Eu sinto muito...

– Obrigada. Mas o problema maior não é esse – disse ela, soltando o abraço do menino e olhando para ele – O problema é que quando estávamos em Etton eu liguei para casa, e meu avô me contou uma história diferente.

– Como assim?! – perguntou Dave, surpreso.

– Ele me contou que meu pai desapareceu antes mesmo de minha mãe descobrir que estava grávida. Eles trabalhavam juntos, os três, no laboratório, mas meu pai foi embora para trabalhar em outro lugar, sem nem explicar por que, antes de minha mão saber que estava grávida. E quando ela foi procurá-lo para contar sobre mim, não o encontrou em lugar nenhum.

– Ele simplesmente sumiu?! – disse o rapaz, surpreso.

– Pois é... Por isso que a minha mãe disse que ele estava morto! Mas ele pode não estar, você está entendendo? Ele pode estar vivo! - Ela havia agora se levantado e começou a andar de um lado para o outro dentro do pequeno quarto, nervosa. – Sabe o que isso significa Dave? Eu posso ter um pai. Ele pode estar por ai e nem sabe que eu existo. E minha mãe disse para mim que ele tava morto esse tempo todo?! Como ela se atreve...

– Calma Mindy. Ela deve ter tido seus motivos...

– Mesmo assim, Dave! Ela mentiu para mim a minha vida inteira! E ainda brigou com meu avô quando ele me contou... Disse que podia estar me dando esperanças falsas... Quem ela pensa que é?! Aquela... Aquela...

Dave pegou a menina pela mão e a sentou na cama mais uma vez, enquanto ela tremia de raiva e nervosismo.

– Olha, eu não to falando que ela está certa. Ela errou, e feio. Eu sei. Mas você não devia falar assim com essa cabeça quente. Tente se acalmar...

Ela respirou fundo, tentando controlar o ritmo de seu coração, mas viu que estava difícil. Logo depois Dave passou uma das mãos pelos seus cabelos negros, tirando uma mecha da frente do rosto da garota e prendendo-a por trás da orelha. Ele deixou sua mão fazer uma leve caricia no rosto da menina e os dois se olharam profundamente nos olhos. A menina sentiu seu rosto ficar vermelho, mas não de raiva. Seu coração, que estava acelerado, repentinamente pareceu parar e os segundos pareciam ter diminuído a velocidade, enquanto seus olhares estavam presos um ao outro. Nenhum dos dois pensou e, por um instante, não havia nada entre eles. Era como se todo o resto tivesse desaparecido totalmente. Não existia vergonha, nem medo, nem ao menos tristeza, apenas um e o outro, ali, tão perto. Eles prenderam a respiração, e então, ouviram fortes batidas na porta.

Com um susto eles se soltaram, voltando a respirar. Mindy olhou para a porta cheia de raiva.

– QUEM É?!

Dave, que parecia estar assustado consigo mesmo, tomou outro susto com o grito da menina.

– É o Jake! Abre por favor, Mindy. Eu sei que você precisa de ajuda.

– Eu não preciso de nada Jake! DESAPARECE! – berrou a menina, assustando Dave mais ainda.

– Ei, calma Mindy, ele só está tentando ajudar... – disse Dave. O rapaz ainda parecia tentar entender o que acontecera ali, segundos antes.

– Ele está é me irritando...

– Quem está ai? – disse o menino do lado de fora do quarto.

– Não lhe interessa Jake! Eu mandei você ir embora! – A menina continuava enfurecida.

– Mindy, respira e se acalma. Eu vou lá falar com ele ok? – disse Dave se levantando.

Vendo a amiga bufando, o rapaz abriu a porta e saiu fechando-a as suas costas. Ao sair ele se deparou com seu amigo vermelho de raiva, sem ação ao ver o outro menino saindo do quarto de Mindy.

– O que você está fazendo aqui?! – disse Jake, como se acusando o amigo.

– Eu só estou tentando ajudar ela Jake. Mas ela não queria muita gente em volta sabe...

– Muita gente? Eu e você somos muita gente?

– Não é isso, mas é que...

Jake olhou incrédulo para o rapaz e nem deu chance dele responder direito, saindo em disparada pelo corredor, enfurecido e bufando. Vendo que o amigo também não estava bem, Dave o seguiu.

– Jake, o que houve?

– O que houve?! Não vem com essa, Dave! Não vem fingir que você se importa. Você só quer saber de você e do seu torneiozinho de luta! Você não se importa com seus amigos!

– O que?! - disse Dave, se assustando com a reação do amigo. – Do que você está falando? De onde isso tudo surgiu?

– Não se faz de desentendido ok? Você só está tentando se aproveitar das coisas... – disse o jovem menino, dando as costas e se afastando do amigo que estava paralisado no corredor, tentando entender o acontecido. Antes de sumir pela porta do quarto, Jake se virou para o garoto e atacou. – Volta logo lá para fingir que se importa... Ela deve estar te esperando para ficar “sozinha”... – e, com isso, bateu a porta.

Sem saber o que fazer, Dave sentiu-se magoado e demorou alguns segundos para conseguir digerir as duras palavras do jovem menino, até se encaminhar de volta para o quarto de Mindy.

– E ai? – perguntou a garota, quando ele entrou.

– Ele já foi... Mas ele estava estranho – O menino de Grené ainda estava perplexo.

– Estranho como?

– Não sei... Ele começou a falar umas coisas sem sentido e parecia realmente muito chateado. Eu não entendi de onde veio aquilo tudo. Sabe se tem alguma coisa incomodando ele?

Dave se sentou na cama realmente abalado com o que havia ouvido de seu amigo e Mindy percebeu imediatamente.

– Olha, não fique preocupado... Ele estava preocupado que o Metapod ainda não evoluiu... Vai ver é isso.

– É... Talvez seja isso. – E se voltando para a menina, ele voltou a falar – e você, como está?

– Um pouco mais calma. Muito obrigada por vir Dave. Eu acho que precisava mesmo desabafar...

– Não precisa agradecer, eu estava realmente preocupado com você. Gosto de lhe ver sorrindo...

A menina riu e, na mesma hora, a barriga dos dois soltou um alto ronco.

– Acho que esta na hora de comer – disse Dave, envergonhado.

A menina riu e o pegou pelo braço, puxando-o para fora do quarto.

– Vem, vamos almoçar.

***

Dave e Mindy almoçaram tranquilamente, sem nem ao menos tocar no assunto do pai desaparecido da menina. Conversaram sobre tudo enquanto comiam e riram juntos enquanto saciavam a fome que até então eles não haviam percebido que sentiam. O único ponto que não foi discutido, como em uma espécie de acordo não falado, que ambos pareciam concordar, era o momento que Jake havia interrompido no quarto.

Dave descobriu que ainda faltava uma semana de inscrição no torneio de Brass, e como eles estavam apenas a um dia da cidade, se sentiu mais aliviado. Quando voltaram a falar do amigo mais novo, que ainda estava recluso no quarto dos meninos, Mindy lhe contou que o garoto passara a manhã inteira falando sobre o seu Metapod e como ele não sabia o que fazer para ajudá-lo a evoluir. Disse também que ele teria ido repetidas vezes ao quarto dela, mas que, como ela queria um pouco de privacidade, não o deixou entrar.

– Talvez eu deva ir falar com ele – Disse Dave, terminando sua sobremesa – Ele pode ter se sentido excluído.

– Talvez seja uma boa idéia... – Mindy concordou.

– E talvez você devesse ligar para casa sabe? Seu avô parecia estar preocupado.

– Eu sei, mas ainda não quero falar com a minha mãe.

– Quando eu liguei, ela não estava lá. Pelo menos não apareceu para falar comigo. Talvez, se você pedir para o seu avô, ele não fale para ela que você está no telefone e ela não apareça.

– Talvez... – disse a menina, hesitante.

– Vamos Mindy, liga! Vai ser bom para você também. No final de tudo, eles são sua família e amam você! – Dave se levantou e a menina o seguiu – eu vou procurar o Jake e você liga para Cardo combinado?

– Tudo bem, obrigada Dave – concordou ela mais uma vez, dando um rápido abraço no rapaz.

– Não há de que...

Com isso eles se separaram, e enquanto Mindy se direcionava para o telefone, Dave respirou fundo e se encaminhou para seu quarto. Ele não havia falado para a menina exatamente tudo o que Jake havia dito, pois não queria causar mais confusão no grupo, mas ele sabia que precisaria tomar uma atitude mais forte em relação ao garoto. Ele tentara conversar e o menino só havia tratado ele mal. Algo a mais seria necessário. Não queria desculpas nem ao menos uma retratação do jovem garoto, mas sabia que ele precisava mostrar para o menino que ele fazia sim parte do grupo. Que ele não era um excluído.

Sem bater na porta, uma vez que tinha a chave, Dave simplesmente entrou no quarto usando uma expressão séria no rosto. Eevee já estava acordado e pulara para seu ombro, mas Jake, que estava deitado na cama, sequer olhou para o rapaz quando ele entrou. As coisas do menino mais jovem estavam espalhadas pelo quarto, incluindo as duas Pokebolas, largadas em cima da mesa. Dave se encaminhou para elas e as tomou nas mãos, assustando o menino deitado.

– Vem comigo... – disse Dave.

– Ei, onde é que você... – mais era tarde de mais. O menino mais velho havia saído do quarto levando as Pokebolas e Jake se viu obrigado a ir atrás.

Os dois saíram pela porta dos fundos do Centro Pokémon, que dava para uma das áreas designadas para o treinamento dos treinadores que ali passavam. Dave jogou as Pokebolas que não eram suas de volta para o legitimo dono e tomou posição em um dos cantos da arena de treinamento. Ele observou suas próprias Pokebolas por um instante como se estivesse decidindo qual delas sacar. O Machop precisa de mais treinamento, mas acho que o Sandslash cairia melhor nessa batalha. Ele então liberou o Pokémon terrestre para o campo e olhou fundo nos olhos do perplexo Jake, que ainda não havia entendido o propósito de tudo aquilo.

– Eu desafio seu Metapod para uma batalha. – Eevee sorriu e entendeu o que seu treinador estava tentando fazer.

Já o jovem menino não conteve a surpresa com o que seu amigo havia acabado de dizer. Nunca ele iria imagina que fosse ser desafiado para uma batalha depois de tudo o que ele havia dito. Aquela era a sua chance de se vingar de Dave, de botar toda a sua raiva para fora. Então é assim que os meninos de verdade resolvem seus problemas pensou ele, sorrindo.

– Desafio aceito – respondeu o garoto, enquanto torcia para que o plano que acabara de surgir na sua cabeça desse certo. Essa é a hora de você evoluir Metapod!

Jake liberou seu Pokémon casulo e encarou seu desafiante do outro lado, que também sorria. No fundo, Jake sabia que Dave escolhera desafiar Metapod de propósito, mas ainda não se permitia admitir o fato.

Como Metapod não tinha habilidades ofensivas, Dave fez o primeiro movimento.

– Sandslash, vamos começar com o arranhão!

– Endureça, Metapod!

O Pokémon de Jake brilhou ganhando mais resistência enquanto seu adversário se aproximava com o ataque. Ao ser atingido, o inseto quase não se mexeu, enquanto a garra de Sandslash doía com o impacto.

– Muito bem, ele é mais duro do que eu pensei – disse Dave – Use o Rasgar!

Jake se assustou com o ataque mais forte que vinha e ordenou que seu Pokémon endurecesse o máximo, torcendo para que ele agüentasse o impacto. Vamos Metapod, por que você não evolui?

O ataque atingiu o alvo movendo-o um pouco para trás, mas Sandslash também sentiu o impacto em suas garras.

– Não pare! Continua! – ordenou Dave, e o seu Pokémon obedeceu. Um atrás do outro, ataques e mais ataques Rasgar atingiam Metapod, que se endurecia cada vez mais, mas ainda sim sentia o impacto. Jake começava a ficar nervoso vendo que talvez seu Pokémon realmente não fosse evoluir, e até mesmo Dave estava começando a se preocupar com o estado das garras de seu Pokémon, que deviam estar se machucando bastante.

Foi então que Dave conseguiu seu objetivo. Em um dos ataques de Rasgar ele viu um pequeno rasgo surgir na casca do casulo que lhe servia de alvo. Imediatamente mandou que seus ataques cessassem e respirou mais aliviado. Jake, por sua vez, demorou um segundo a mais para perceber o que estava acontecendo, e estava pronto para perguntar por que o adversário havia parado quando viu o brilho saindo de dentro de seu Pokémon. O rasgo foi aumentando gradativamente e aos poucos asas brilhantes começaram a sair.

Os olhos do menino também brilhavam, mas de felicidade, enquanto ele observava seu Butterfree sair aos poucos de dentro do casulo que a segurou por tanto tempo. Quando parou de brilhar, ele notou que ela estava voando bem acima de onde Metapod estava, mas que não era normal como as outras. Suas asas tinham uma leve coloração bege-amarelado e seu corpo era de um verde bem claro, ao contrario do tom roxo azulado que marcava a espécie.

– Ele evoluiu! Ele finalmente evoluiu! E que cor é essa?! Inacreditável – disse o menino esquecendo-se de tudo que o cercava.

– Parabéns Jake. Seu Pokémon é sensacional! – disse Dave, feliz do outro lado da arena.

Jake correu e seu Butterfree se aproximou dele, voando em volta enquanto o menino pulava de alegria clamando.

– Tenho um Butterfree! Tenho um Butterfree!

Nesse momento Mindy apareceu pela porta que saia do centro Pokémon e viu o menino pulando enquanto observava a borboleta Pokémon voando sob a arena. Na outra ponta, ela viu Dave acariciando as garras de seu Sandslash, que havia se aproximado do seu treinador depois da evolução. Sem chamar atenção, ela sorriu e se sentou no canto para observar a cena.

– Ei Jake, ainda estamos no meio de uma batalha, não? – Disse Dave, soltando seu Sandslash, que parecia pronto para mais uma luta.

– Ã? Ah sim! Me esqueci, desculpe – disse ele, correndo de volta para sua posição.

– Tudo bem. Agora que consegui te ajudar a evoluir,vamos lutar direito.

Jake não conseguia mais esconder a gratidão pelo amigo. Ele não gostava de admitir, mas tinha ficado extremamente feliz com a ajuda que recebera e não conseguia mais ficar enraivecido com o rapaz. Sorrindo, ele apenas continuou.

– Então vamos lá. Esporos Paralisantes Butterfree!

– Sandslash cavar!

– Butterfree, acelere os esporos com a ventania!

O movimento de Jake foi esperto e pegou Dave desprevenido. A Butterfree soltou uma leve carga de esporos e rapidamente agitou as asas, fazendo com que eles encontrassem seu alvo mais rapidamente, antes que ele desaparecesse pelo subterrâneo. Sandslash ficou paralisado instantaneamente, não conseguindo mais se mexer.

– Agora, use a Confusão!

Os olhos da pequena borboleta verde começaram a brilhar intensamente e Sandslash foi envolto por uma espécie de aura, enquanto começava a levitar. Ele foi jogado três vezes seguidas contra o chão antes que Dave parasse a luta.

– Tudo bem, tudo bem, já chega! – disse ele, rindo – não precisa acabar comigo Jake! O Sandslash não pode mais lutar. Você venceu.

– O que?! Eu venci?! Eu venci! – O menino pulava de alegria.

– Parabéns – disse Dave, se aproximando do amigo – foi uma grande batalha.

– Obrigado! Muito obrigado por me ajudar Dave!

Jake o abraçou e se sentiu estranho quando o fez. A raiva pelo menino tinha sumido, mas ele não entendia por que. Não gostava disso e se sentia confuso. Por que ele tem que ser tão legal? Por que eu não posso simplesmente odiar ele?

– Parabéns! – disse Mindy, finalmente se levantando e denunciando a sua presença para os outros dois – Seu Butterfree é linda Jake!

Ambos se surpreenderam quando ouviram a voz da menina, e Jake rapidamente correu para abraçá-la, rindo. Eu não acredito que ela me viu vencendo o Dave!

– Obrigado Mindy! É de mais não é?! Olha só essa cor! Eu tenho que estudar por que ele nasceu assim! Vai ser meu primeiro desafio como pesquisador! Será que foi por isso que demorou tanto? De qualquer jeito, valeu muito a pena não acha?

O menino começou um de seus intermináveis discursos enquanto a menina ria dele. Disfarçadamente olhando para Dave, que se aproximava por trás do menino mais novo com Eevee do volta ao ombro, ela mexeu os lábios devagar, sem emitir som, mas deixando que ele lesse o que ela dizia: “Você é incrível”

Dave sorriu com o elogio e simplesmente balançou a cabeça negativamente, como se dissesse que não fez nada de mais. Mexendo os lábios da mesma maneira ele perguntou “Você está bem?”

A menina fez que sim com a cabeça e ele se deixou sorrir, voltando então sua atenção para Jake, que continuava a falar feliz sobre sua Butterfree, agora pousada sobre sua cabeça.

– Bom, eu vou treinar um pouco com o Machop – disse Dave, se voltando para a área de treinamento – Jake, será que você poderia levar a Pokebola do Sandslash para a enfermeira Joy? Acho que ele machucou as garras.

O menino riu e concordou com a cabeça.

– Claro!

– Eu vou entrar também – disse Mindy – está muito quente aqui fora...

E, com isso, Dave se voltou para arena, liberando o seu Machop para um duro resto de tarde de treinamentos, depois das conturbadas horas que se passaram depois que chegaram ao Centro Pokémon. No fim de tudo, ele se sentia satisfeito consigo mesmo, tendo conseguido ajudar seus dois melhores amigos. Mais tranqüilo, agora o treinador podia se concentrar no seu próximo desafio, que daqui a uma semana chegaria. O torneio de Brass estava muito próximo e ele não podia perder tempo. Eu não entro para perder! Pensou ele.

E começou a treinar.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?

Espero vocês nos comentários



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