Dont Be Away escrita por GabiLavigne


Capítulo 3
Laço Interminável


Notas iniciais do capítulo

Não tenho palavras os suficiente para conseguir emitir uma desculpa decente. Eu compreendo que extrapolei todos os limites e entendo caso não leiam mais a história. Ainda assim eu estou tendo alguns problemas e por isso estou bem atrasada. Se ainda houver alguém capaz de continuar a leitura, espero que goste e não me jogue pedras kkkkkk

Boa Leitura!



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O coração se rebela constantemente em meu peito, enquanto corro com todo o pânico que ainda habita em meu interior. Minhas pernas doem em resultado ao esforço e minha respiração me deixa em rajadas desesperadas e frágeis. Desço a rua, pensando apenas naquela estranha mensagem. Sentindo apenas o cheiro enferrujado do sangue, que manchara aquele aviso horrendo.

Meus pais.

Um medo incontrolável aperta-me o peito. O que está acontecendo? O que significa toda essa situação desesperadora?

Subo as escadas que agora, são as únicas coisas que me separam do apartamento em que meus pais repousam. Se é que o sangue que vi não lhes pertencer... Balanço a cabeça em visível desprezo por essa ideia. Tenho que manter a calma.

Bato cautelosamente na porta à minha frente, uma tempestade por dentro. Aguardo alguns instantes em agonia. Outra vez bato meu punho contra a porta, dessa vez com mais força. Quando ainda assim recebo apenas o silêncio como resposta, minhas investidas se tornam mais violentas e tento arrombar a porta. Com o esforço que exerço, sinto o meu cabelo despenteado cair sobre minhas costas. Lágrimas de puro medo, escorrem pela minha face.

Então, de forma repentina, a porta simplesmente se abre, como se nunca estivesse trancada. Com um forte impacto, despenco sobre o chão de madeira do apartamento. Do chão, consigo ver o contorno do sofá azul e do tatame* estirado delicadamente no piso. Estico a minha mão, para erguer-me. Um calafrio toma conta dos meus sentidos, quando sinto algo molhar a minha mão. Não. Não é nada, penso.

Prendo a respiração por alguns terríveis segundos. A tensão alastrando-se de forma dolorosa e imprevisível. Meu coração martela e sinto minha estatura se tornar trêmula. Reúno coragem e outra vez tateio o chão. Novamente algum liquido estranho entra em contato com a palma da minha mão. Apesar da sensação desagradável coloco mais força e afasto minha bochecha do piso.

Engulo em seco e olho na direção da minha mão.

Um grito de terror se liberta e com um salto sou arremessada para trás pelo meu próprio pânico. Meus olhos analisam primeiro o sangue que escorre pelo chão. Em seguida minha atenção volta à minha mão, manchada pelo mesmo. Lágrimas marcam a presença e intensificam o medo que surge inevitavelmente. Me afasto da parede sobre a qual estou apoiada e ouso dar alguns passos para o interior da residência escura e sangrenta. Não evito outro grito, quando vejo mais sangue ressurgir sobre o tatame tão prestigiado pela minha mãe.

– Mãe? - balbucio em desespero, ainda sentindo o choque - Pai?

Bastam apenas alguns passos para que eu os interrompa. Diante de mim jaz uma foto. Nela reconheço uma versão menor minha - da época em que vivi aquela loucura - e junto à mim, estão meus pais. Gotas de sangue se encontram respingadas sobre a imagem e com olhos marejados, esticando a mão trêmula, pego-a do chão. Mancho meus dedos com o sangue que a envolve.

A foto treme em minha mão, enquanto corro meus olhos por ela. O que isso significava? Estou tendo um pesadelo?

Desespero se crava como uma garra em meu peito, quando vejo momentaneamente o sangue formar uma mensagem. "Retorno". Grito a plenos pulmões e lanço a foto para longe. Os olhos marejados embaçam a minha vista e me agacho com as mãos sobre a cabeça.

Isso é um pesadelo. Estou sonhando. Estou sonhando. Por favor acorde. Acorde!

Fecho meus olhos com toda a força.

"Isso não é um sonho, Chihiro."

Arregalo meus olhos em silêncio absoluto. Eu reconheço essa voz que ecoa.

"Por favor, me escute."

– Haku? Haku? - murmuro, completamente perdida.

"Volte ao lugar onde tudo começou."

Olho em volta, o medo como um combustível em minhas veias, porém não há nada. Fora essa voz fruta da minha imaginação? Estaria eu imaginando coisas? Ainda assim aquela voz, pertencente à pessoa que me recuso a esquecer, aparenta real.

"Se deseja ajudar seus pais, eu lhe imploro. Vá."

Outra vez a voz ecoa de maneira firme entre meus pensamentos. Apesar de tonta e perdida em meio aos devaneios que se estabeleceram, decido seguir essas instruções. Preciso entender o que tudo isso significa, mas salvar meus pais tem mais importância.

Com uma velocidade uniforme, alcanço a rua onde estaciono meu carro. Sem pensar agarro o bolso da minha calça. Alívio me preenche quando sinto o toque gélido da chave. Adentro o carro e em meio à desespero e pressa, dirijo pelas ruas mal iluminadas. Em meio à todo esse caos e todo o tempo que passei assustada na casa dos meus pais, nem notei que a noite havia chegado.

O medo se sobrepõe sobre a minha determinação, quando o meu carro atravessa a pequena trilha que tanto temo. O caminho em direção àquele mundo. O caminho em direção ao perigo incerto que me espera. As pedras com rostos, parecem brilhar com a luz do luar que se infiltra através das árvores densas. O único som que capto é o do meu coração. Firme e assustado. Diante da pedra velha e da entrada velha e sombria, forço o carro a parar. A escuridão cerca todo o ambiente e tudo que tenho são as luzes emitidas pelo farol do carro. Com os pensamentos à mil e as mãos trêmulas, desço do veículo. O ar noturno invadindo-me. Uma sensação mista de desconforto, medo e saudade me acometem. Arrepios me perseguem, enquanto corro meus olhos por todo o lugar, esperando que algum monstro revele a sua presença.

Uma estranha presença se apossa dos meus sentidos e uma silhueta se distingue das sombras.

– Olá? - a voz me escapa em forma de sussurro. Não consigo reprimir o pânico que ela exala.

A sombra se aproxima e pisco os olhos. Por alguns segundos penso reconhecer os traços.

– H-Haku? - revido em total desesperança. Frio penetra em meus poros e medo infesta meu coração.

A sombra não se revela e nem profere uma única palavra. Sinto apenas um impacto contra a minha cabeça e desabo sobre a terra da qual me despedi há não muito tempo. Confusão é a última coisa que sou capaz de absorver, antes de ser levada pela escuridão. Carregada pela sombra.

Sou apenas uma menina novamente. Estou caindo na água. Estou caindo no rio. Estou me afogando. Socorro, grito. Uma mão me puxa para a margem. Reconheço o garoto ao longe e corro até ele. Porém parece que quanto mais eu corro, mais distante fico. Prossigo, insistente. Então ele se vira. Olhos vermelhos que não reconheço me fitam e então ele corre em minha direção, pronto para matar-me.

Desperto com um grito, em meio a lágrimas. Assim que me acalmo, olho em volta. Será que tudo isso não passou de um sonho? Incrédula fito as luzes que surgem ao meu redor. Ergo-me completamente desnorteada e olho para vista que processe as escadas sob quais estou. Vejo a água que se estende para longe, mantendo-me distante do mundo. Uma balsa iluminada se aproxima portando criaturas indistintas. A construção com aquela entrada está ao longe. A água respinga em meus pés e um aperto se forma em meu peito. Estou de volta a aquele lugar.

Eu só posso estar sonhando. Isso é um pesadelo. Eu quero estar sonhando.

Mas não estou.


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Notas finais do capítulo

Tentarei postar o mais breve possível. Obrigada por lerem.



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