Dont Be Away escrita por GabiLavigne


Capítulo 4
Por entre sorrisos e olhos gélidos


Notas iniciais do capítulo

Levei um ano e trouxe um capítulo pequeno desses. Desculpem-me. Sim sei que não tem desculpa e que quase ninguém (eu disse quase, tá?) continua lendo isso. Mas enfim, saibam que não estou disposta a desistir da fic. Bem, 50 dias depois eu consegui atualizar e agora vou estabelecer o prazo de 2 semanas para entregar os capítulos. Pois entendo como é acompanhar uma fic tão enrolada. (Acredite, tem várias.)

Bem, boa leitura.



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De olhos arregalados, analiso o ambiente ao meu redor. A escuridão que emerge sob mim, no céu. A luz serena que emana da balsa esquisita, que aos poucos alcança a terra. Sinto um calafrio invadir-me e me abraço, como se estivesse me protegendo contra uma brisa inexistente. Dou um passo para trás e tropeço no degrau, caindo na escada de pedra. Invocando uma nuvem de sujeira, que se prende às minhas vestes. Um ardor infesta a palma da minha mão e incrédula, tento manter minha sanidade enquanto criaturas indistinguíveis desembarcam da balsa.

Isso é real.

Balanço a cabeça, em negação. Ainda assim é inevitável reconhecer a situação a qual estou exposta. Realmente voltei. Estou de volta ao local que tanto me provocou pesadelos. Enterro o rosto nos joelhos e espero passar despercebida.

Por quê?

Qual o motivo para voltar? Respiro fundo e procuro organizar meus pensamentos.

Nesse instante, por entre todos os devaneios de loucura, a lembrança do sangue dos meus pais ecoa em minha cabeça. Eles estão em perigo.

Ergo-me abruptamente e cerro os punhos em sinal de determinação.

Eu não queria ter voltado, nada disso foi o esperado. Mesmo assim, se essa for a maneira para descobrir o que aconteceu com meus pais, me esforçarei o máximo possível. Eles não deveriam ser puxados para dentro dessa loucura outra vez. Inspiro e expiro de forma trêmula, antes de me agachar e tentar subir as escadas dessa forma. Escondida no escuro, enquanto formas e sombras caminham majestosamente, em direção ao local para onde eu terei que ir.

A Casa de banho.

Na primeira vez em que estive aqui, procurei abrigo na casa de banho comandada por uma bruxa poderosa. Pedi por trabalho e passei por diversas dificuldades, enfrentando esse estranho mundo e tentando sobreviver nele. Porém, quem me guiou até lá e me auxiliou quando eu estava perdida foi Haku. Meu coração pesa em pensar naquele tempo. Um aperto imensurável é ocasionado por tais lembranças. Será que ele está bem?

Interrompo a confusão que se manifesta em minha mente, quando capto uma reação repentina em minha pele. Observo minha mão atentamente e percebo que ela está se tornando transparente. As luzes atravessam o meu corpo e arregalo os olhos em reconhecimento.

Preciso comer algo deste mundo ou desaparecerei por ser humana. Lembro-me de como quase me entreguei à inexistência dessa forma, mergulhada em desespero. Rapidamente corro pela escadaria e atravesso a estrada, ignorando as sombras e as criaturas com olhos desmembrados.

Está tudo bem, Chihiro.

Com passos ágeis, me oriento por entre as criaturas sombrias que me envolvem e parecem me encarar intensamente. Calafrios percorrem o meu corpo, enquanto prossigo trêmula. Olho em volta, iluminada pelas luzes ofuscantes dos restaurantes. Finalmente avisto o local que procuro.

Fico envolta na calmaria das sombras serenas de um pequeno jardim e lembro de como quase esqueci o meu verdadeiro nome. Nesse mundo isso costumava ser precioso. Se esquecesse seu nome, nunca mais poderia partir.

Isso me lembra de quando descobri o nome de Haku e o libertei. Meu interior se encolhe em tristeza ao pensar nessa possibilidade. Será que ele foi embora?

Balanço a cabeça para me concentrar. Não posso preservar pensamentos inúteis agora. Agarro uma fruta semelhante a uma amora, que está presa nos arbustos. Coloco-a na boca e mastigo cautelosamente. O gosto doce e ácido se espalha e alivia a tensão que havia se expandido pelo meu corpo. Assim que termino, dou uma conferida na minha mão. A transparência está começando a se dissolver e voltar ao normal.

Suspiro em sinal de alivio e decido que está na hora de ir embora dali.

Para onde?

Como um tiro, a lembrança do caminho que fiz com Haku até a Casa de banho, se ilumina em meus pensamentos. Preciso ir para lá.

Por um instante, desconcentro-me do meu objetivo e paro para ver as sombras se locomovendo pela rua. De alguma forma elas parecem tensas. Há algo de errado nessa atmosfera. Algo de sóbrio que não consigo reconhecer, que não existia quando estive aqui antes.

Sinto um arrepio desabar sobre mim e prossigo o caminho. Decido traçar a mesma trilha pela qual Haku me guiou. Preciso encontra-lo. Preciso compreender o porquê de estar com esse estranho sentimento. Com essa estranha sensação no peito.

Prossigo através da cidade sobrenatural. Caminho por entre objetos esquisitos e amedrontadores, guiada pelas lanternas brilhantes. Preciso manter a calma. Não sou mais aquela criança assustada que fui, está na hora de lidar com isso.

Depois de esforçar-me bastante e conseguir - de alguma forma - passar despercebida, alcanço a escada que me levará até a ponte. Respiro fundo e dou alguns passos em direção à ela. Foi aqui que tudo começou. Neste local encontrei o Haku pela primeira vez.

Como presumi, criaturas indo e vindo preenchem o espaço da ponte. Prendo a respiração, enquanto me camuflo nas sombras. O que farei para entrar? Será que serei bem-vinda ou terei de lutar pela minha vida outra vez?

Fecho os olhos e tento esquecer o medo inconsciente. Fecho as mãos em punhos e então prossigo. Olhares se voltam em minha direção. Alguns possuem um olho, outros possuem 9 pares. E ainda há aqueles sem olhos. Isso me faz pensar no sem rosto e me pergunto como ele estará agora, após tanto tempo. Continuo firme e um alivio extenso se intensifica em meu interior. Até que não está tão difícil.

Dou um passo no começo da ponte, quando um arrepio firme se espalha. Sinto meus dentes tremerem e envolvo meu corpo com meus braços. Ergo a cabeça com uma sensação estranha. Por entre sombras sem cabeça, criaturas gosmentas e sem olho ou espíritos com seis braços, algo me chama atenção.

Algo que parece me congelar por inteiro. Em seguida uma sensação quente ameniza todo o pânico e causa um estranho sentimento de conforto.

O cabelo firme agora desce até seus ombros, emoldurando os traços marcantes de seu rosto. A estatura se alterou de certa forma e algo parece estar diferente. Ainda assim, seria impossível não reconhecer a figura misturada em meio à multidão. Seria impensável. Haku. É ele. Lágrimas confusas se acumulam em meus olhos e não consigo evitar o sorriso que surge em meu rosto. Depois de tanto tempo. Depois de tanta desilusão envolvendo a promessa que nunca seria comprida. Depois de tantos anos sem a esperança de um reencontro. Nesse instante, há poucos metros de distância, está Haku.

Com uma visível fagulha de esperança e alegria, ergo a mão e abro a boca, prestes a chamar-lhe pelo nome.

No entanto, as palavras morrem antes de nascerem.

Um frio penetrante e doloroso se arrasta sob todo o meu corpo, quando reconheço que o olhar dele já repousava sobre mim. E ao contrário da alegria em me rever ou de qualquer reação que eu esperava, seus olhos estão inexpressivos e frios. Um olhar gélido como aço. Ao contrário dos olhos calorosos que esperei receber, tudo que me espera são olhos gelados, revestidos por uma frieza compacta.

Não há um traço de emoção.

Meu sorriso desmancha aos poucos e medo começa a tomar forma em meu interior.

Haku? – Sussurro, incrédula. Os olhos arregalados em choque.

Seus lábios formam um sorriso.

Mas não.

Não é um sorriso amável.

É um sorriso obscuro. Como um predador encurralando sua presa.

É um sorriso sombrio.

Um sorriso que dá medo.

E ele me faz ter certeza de que agora é a hora de correr.


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Notas finais do capítulo

Não me joguem tijolos tá? Acalmem-se que eu não vou demorar, DESSA VEZ É SÉRIO, para postar o próximo e explicar umas coisas. Umas coisas bem loucas. Preparem-se para sofrer pq eu não apenas fiz essa fanfic para fazer o Haku e a Chihiro se encontrarem novamente (apesar de isso ser o motivo principal) é para algo maior :3 Bem é isso.

Boa noite.



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