Dont Be Away escrita por GabiLavigne


Capítulo 2
Alucinações de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Olá, desculpem só aparecer depois de um século ~desvia das pedras
Prometo tentar se mais pontual em relação às postagens, se ainda tiver algum leitor por aqui kk

Boa Leitura



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As rachaduras, que percorrem minuciosamente o telhado que encaro, me causam certo desconforto em relação ao local. Para falar a verdade, ainda não me acostumei ao fato de viver sozinha agora. É um vasto mundo para apenas uma adolescente. O sentimento que se embrulha em meu estômago toda vez que recobro a consciência disso não é algo fora do comum. Afinal, medo do desconhecido é algo pelo qual as pessoas passam quando enfrentam mudanças bruscas.

Ao menos a cama sobre a qual me deito é macia, penso em meio a um suspiro insignificante. O sol me saúda através da pequena janela do apartamento que consegui. Quente e incômodo seu brilho luminoso cobre minha pele e fecho os olhos, ainda de braços abertos sobre a cama.

Talvez eu esteja paranoica. Qual seria a outra razão para não ter simplesmente esquecido toda aquela loucura que enfrentei, me mudado para o mais longe possível e continuado com uma vida normal? A verdade é que os pesadelos ainda me assombram durante a noite. As sensações de terror ainda me perseguem entre minha monótona rotina. Meu coração ainda acelera quando penso nisso.

Pensei que voltar àquele lugar ajudaria, que assim, finalmente um adeus poderia selar esse acontecimento e tudo que fora provocado por ele. Eu poderia dormir tranquila e viver sem pensar nele.

Estava enganada. Aqui estou, pensando nisso nesse exato momento. Outro suspiro se liberta e coloco uma mão sobre a testa. O pior é estar sozinha nisso. É algo que posso apenas compartilhar comigo mesma. Levanto-me com pesar e estreito os olhos para a luz. Verifico o relógio na parede branca e identifico que ainda é muito cedo.

Corro os olhos pelo espaço minúsculo. Um quarto branco e sem graça, fundido à sala de estar, com uma cozinha em um canto. A melhor coisa que pude me oferecer. Arrasto os passos até o armário da cozinha, em busca de um pouco da comida esquentada de ontem.

Nenhum vestígio se quer.

Frustrada, percebo que está na hora de ir ao mercado. Ou passarei fome.

Troco minha roupa e deixo o apartamento, pesarosa, com um rastro de cansaço despencando de meus ombros. Mantenho os olhos na calçada durante todo o percurso, pois qualquer direção para onde eu olhe despertará lembranças daquele lugar. Não compreendo isso. Nunca irei.

Nas prateleiras meio vazias de um mercado aberto em pleno domingo, encontro o suficiente para me virar. Pago pela mercadoria e retorno para lado de fora. As ruas estão vazias. Talvez eu tenha perdido algum evento ou algo assim. Não que eu me importe.

Cansada, penso ver uma versão jovem de Haku, escondida nos arbustos. Pisco freneticamente os olhos e o desespero me devora. Essas alucinações me perseguem desde o dia que escapei. Por que não podem apenas me deixar em paz? Estou prestes a correr para casa, quando o meu telefone desperta em meio ao silêncio daquela insanidade.

– Alô? - murmuro, controlando minha respiração alternada.

– Ch-Chihiro? - balbucia a voz frágil da minha mãe.

– O que houve, mãe? Eu estou bem, garanto que dessa vez não esqueci de fazer compras. - minto, reprimindo um sorriso travesso.

– Chihiro - sussurra ela outra vez, a voz com menos intensidade.

– Mãe? - uma preocupação me esmaga o peito, enquanto continuo a caminhada, aproximando-me do meu apartamento - Mãe? Está tudo bem?

– M-me ajude - o sussurro inaudível se prende ao meu ouvido, enquanto subo as escadas com a testa franzida. - Socorro!

E é então que o meu batimento cardíaco dispara, expandindo gelo em minhas veias.

– Mãe? O que está havendo? Já estou indo ai.

Antes que eu complete o meu enunciado, a ligação é encerrada e para o meu espanto, medo me atinge em cheio. Irei até ela, para ver o que a fez pedir ajuda, porém antes preciso deixar essas compras em casa.

Inclino a maçaneta para o lado e cautelosamente, avanço para dentro da minha residência em direção à cozinha. Deposito as sacolas lá e vou até a cama, ainda remoendo a conversa em minha mente. O que será que aconteceu? Por que não poderia pedir ajuda ao papai?

Nesse instante eu tenho o primeiro vislumbre. À primeira vista aparenta ser um papel como qualquer outro, porém ao toque sinto algo estranho em sua composição. Foco no que está escrito. A impressão dos símbolos registrada de maneira estranha. Uma mancha vermelha está respingada abaixo da mensagem e o cheiro enferrujado de sangue invade minhas narinas.

Arregalo os olhos e sou acarretada pelo pânico absoluto e cortante.

"Sen,

Punimos seus pais. Porém dessa vez não apenas os transformamos em porcos. É melhor se apressar."


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam? :) Até o próximo!



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