Exílio Soturno escrita por Kirialini


Capítulo 5
À Margem da Queda




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27 de outubro de 2014.

Ponto de Vista Fred:

Estou feliz em colocar tudo sobre a mesa com a turma, tenho fé de que, com tudo claro, possamos manter o foco no caso e desvendar esse mistério de uma vez por todas. É um alívio saber que o restante da turma lidou bem com a revelação de meu relacionamento com a Daph. Bem até demais. Mas do que eu poderia reclamar? O único motivo de termos guardado esse segredo foi pelo medo de que o grupo se despedaçasse com a revelação.
Após falar o que tinha de ser falado, o clima ficou estranho no quarto, comigo, Daphne e Velma se entreolhando. O silêncio se desfaz, sequer faz quatro minutos que Salsicha e Scooby saíram e a porta volta a se abrir.
— Eu sei que vocês não são daqueles que comem devagar — eu começo sem ao menos averiguar se eram eles. — Mas esse deve ser um novo recorde... — eu paro quando percebo que não estou totalmente certo. São eles de fato, mas tem companhia. — Beau — eu estendo minha mão em cumprimento. - O que faz aqui?
— Estou trabalhando no caso dos órfãos desaparecidos — ele nos conta. — Descobri uma conexão entre este caso e o dos universitários. Quando fui atrás de informações com a Reitora, ela me disse que um grupo de jovens já estava investigando e... — ele nos encara.
— Você deduziu que fôssemos nós — Daphne completa o pensamento dele.
— Bem — ele dá uma risada. — Eu não conheço muitos jovens detetives, vocês conhecem?
— Olha — Salsicha diz levantando o indicador. — Tem uma banda de garotas...
— Salsicha — eu o repreendo e ele fica em silêncio.
— E como descobriu onde estávamos hospedados? — Velma olha para ele com os olhos semicerrados.
— Após tudo que passamos juntos você ainda não confia em mim, não é Velma? — ele dá uma risadinha convencida. — Eu não sou um detetive à toa e, além do mais, um furgão azul e verde com flores laranja não é nada discreto.
— Mas tem estilo — eu complemento, enquanto Velma parece convencida.
— Enfim — ele tira um pen drive do bolso. — Acho que podemos trabalhar juntos de novo, consegui essas imagens das câmeras de segurança da Universidade, posso usar seu notebook? — ele se dirige a Velma, que consente.
— Oh — Daphne exclama. — Era disso que precisávamos!
— Não temos nenhuma pista concisa ainda — eu falo com descontentamento. — A não ser um livro que sequer possuímos, as imagens podem ser a chave do mistério.
Começamos a análise das filmagens pelo dia do primeiro desaparecimento na universidade, já que o orfanato não possui câmeras de segurança. Kimberly Brooks, filmada pela última vez no refeitório, se dirigiu ao seu quarto e não foi mais vista desde então. A política de privacidade impede as câmeras nos dormitórios, então não temos como saber o que houve lá, mas tínhamos certeza de que não foi algo bom. O mesmo ocorria com os outros desaparecidos: Jane Wiedlin, Jennifer Hale e Tress MacNeille. Elas simplesmente pareciam evaporar dentro do quarto.
— Parece algo mágico para mim — Salsicha nos encara. — Tipo uma teoria que algum de nós mencionou. — seus olhos estão semicerrados.
— Agora não, Salsicha — eu digo para ele num tom autoritário.
— Do que ele está falando? — Beau vistoria Salsicha dos pés à cabeça.
— Nada importante — Daphne diz a ele. — Só Salsicha sendo Salsicha — sorri e ele parece esquecer o assunto com o desenvolvimento da conversa.
— Alguém mais notou que as vítimas são só mulheres? — Velma dirige seu olhar para nós, que estamos em pé atrás dela, enquanto ela está sentada na escrivaninha com Beau agachado ao seu lado. — Se for algum tipo de pervertido? Nunca lidamos com alguém desse tipo.
Sinto Daphne gelar as palavras de Velma e a envolvo com meus braços enquanto ela repousa sua cabeça em meu peito.
— Agora temos a polícia ao nosso lado — eu encaro Beau, sinalizando com a cabeça. — E prometemos à reitora que encontraríamos a sua filha, vamos dar um jeito. Eu nunca deixaria algo acontecer com Daphne e nem com você, Velma — essa é uma das poucas vezes que consigo enxergar coragem estampada nos rostos de Salsicha e Scooby, pois eles concordam firmemente comigo.
— Você está certo, Fred — Beau fala e alisa o ombro de Velma com a mão, ela recua rapidamente. — Bem...como você lembrou, só nos resta analisar a filmagem da filha de Mirabelle Brunhild, Joanne. Velma coloque as imagens do dia 23.
Finalmente vemos algo diferente, fora do padrão. Joanne sai cedo de seu quarto, deveriam ser umas 6 horas da manhã, com uma mala aparentemente pesada, já que é notável sua dificuldade em carregá-la, e segura uma bolsa de mão.
— Isso é uma mala bem cheia para quem vai passar apenas três dias fora - Daphne fala e todos olham fixamente para ela. Não é uma observação tola, mas quem está falando é a Daphne. — Que foi?
— Daphne, você levou três malas grandes, uma média e duas bagagens de mão para Hanahuna — eu digo para ela com um olhar de deboche. — E só passaríamos uma semana lá.
— Mal tivemos espaço para levar nosso estoque de biscoito sabor nozes da Austrália — Salsicha diz com um olhar de ressentimento e Scooby lamenta ao seu lado.
— Sim, vocês estão certos — Daphne revira os olhos. — Mas ainda acho muito suspeito.
Com as imagens da entrada, vemos Joanne saindo da universidade, ela passa na guarita e conversa com o vigia e o portão eletrônico logo se abre. A câmera exterior consegue capturá-la entrando num taxi e indo embora.
— Voltem o vídeo — Daphne parece concentrada e Velma acata seu pedido e para a filmagem no momento desejado. — O que ela está carregando? Pensei que fosse uma bolsa, mas nesse ângulo...tem como aproximar a imagem?
— Fred, quer assumir daqui? — Velma olha pra mim e eu assumo o computador.
— Eu não gosto dessa ideia — Salsicha engole seco.
— Nem eu — Scooby está com um olhar de espanto.
— O que foi agora, rapazes? — Velma suspira.
— Você ainda pergunta? — Salsicha se afasta um pouco e posiciona as mãos nos ombros e começa a esfregá-los como se estivesse frio. Scooby está atrás dele agachado com um olhar sombrio e começa a arranhar a parede com sua garra. — Corta! Quem abriu a janela? — sua voz parece taquara rachada, numa tentativa falha de soar feminina.
— Devem temer que seus ajustes revelem um fantasma como da última vez, Fred — Beau diz e dá uma breve risada.
— Oh, o espírito de Morgan Moonscar — eu digo com convicção. — Devo confessar que foi uma boa imitação.
— Sério, Fred? — Daphne olha com um olhar de repreensão para mim. Ops...tinha desconsiderado a imitação que Salsicha fez dela.
Fiz os ajustes necessários e aproximei a imagem, focando no objeto que Joanne segurava. A imagem foi se revelando em meio aos mosaicos, pixels se renderizavam e finalmente vemos o que a menina carregava.
— O livro! — Velma diz entusiasmada.
— Olhem — eu chamo a atenção deles e aponto para o livro na tela do computador. - Conforme o vídeo toca, ele muda de coloração. Que bug bizarro!
— Então esse é o plano — eu falo com convicção. — Voltaremos à universidade, investigaremos a fundo o interior do prédio, faremos algumas perguntas aos mais próximos dos desaparecidos. Não sairemos de lá até descobrirmos alguma pista sobre Joanne!
— Quero ficar aqui — Velma surpreende. — Acho que serei mais útil analisando outra vez essas filmagens.
— Posso fazer companhia a ela, não deixarei nada acontecer com a sua amiga — Beau me encara, transmitindo confiança em seus olhos.
— Tudo bem para você, Velma? — eu pergunto e ela aceita sem hesitar.
Ponto de Vista Salsicha:
— Por que não posso ficar com o Scooby? — eu pergunto indignado, enquanto esperamos o elevador para descer ao térreo.
— Scooby se voluntariou para cuidar de Velma — Fred me responde. — Ele não confia muito em Beau.
— Nem eu — Daphne tem preocupação no rosto. — Não depois da forma com que ele tratou Velma da última vez.
— Mas vocês o trataram tão bem — estou meio confuso, não pode ser só impressão minha.
— Eu sei, mas não podemos deixar assuntos mal resolvidos do passado interferirem nesse sério caso - Fred me explica, enquanto entramos no elevador que tinha acabado de abrir as portas. — E ele ainda trouxe uma pista, além da sua influência policial.
— Mas isso não muda o fato de eu estar aqui só para segurar vela — os dois saem rapidamente da pose de casal que estavam, com os braços de Fred nas costas de Daphne e a mão dela acomodada sobre o peito dele.
— Olha, Salsicha — ele pensa um pouco nas palavras. — Eu e Daphne já conversamos sobre isso, não deixaremos nosso relacionamento atrapalhar os mistérios, isso é algo de toda a turma. Então você não precisa se sentir como ketchup num sundae de Fred e Daphne, tá certo? — ele estende o punho esperando um cumprimento, mas eu não participo e ele abaixa a mão sem jeito.
— Fred, isso não faz o menor sentido — Daphne balança a cabeça em concordância comigo. — Eu me sinto totalmente o contrário disso, me sinto deslocado. Todo mundo sabe que ketchup e sundae combinam perfeitamente! — Daphne para de balançar a cabeça e me encara com repulsa. Fiquei sem entender o porquê.
— E você não têm o que temer — Daphne sorri para mim. — Dessa vez, você só precisa fazer algumas perguntas e prestar atenção em alguns detalhes. Não tem essa de fantasmas, múmias ou monstros aquáticos...
— Sim, só um possível pervertido e homicida, que pode nos matar! — eu rio histericamente.
— Pense positivo! — Daphne me repreende.
— Matar rapidinho — tenho a impressão que já disse algo assim antes.
— Então, Salsicha — a porta se abre e seguimos em frente, enquanto Fred fala comigo em direção a saída do hotel. — Você acha que pode fazer isso?
— Contanto que eu não tenha que interrogar a secretária velha do dedo ossudo — dou uma gargalhada tímida.
Fred e Daphne sentam em seus lugares no furgão e eu vou para trás como de costume, apesar de ter um espaço ali na frente, eu acho mais aconchegante nos fundos, apesar não ser tão seguro. Fred gira chave, eu me seguro firme e então ele acelera. O impacto com o carro que estava a poucos metros estacionados ali é tão forte que, se não fosse pelo banco que eu acertei em cheio com a barriga, eu teria voado pelo vidro, mas a única coisa que acontece é eu cair no chão da van. O alarme do carro atingido toca sem parar, estou um pouco tonto e esse som não me ajuda a pôr as ideias no lugar.
— Fred, o que foi isso, rapaz? Parece até eu dirigindo — eu falo enquanto me levanto para ver se os dois estão bem, torcendo para que respondam.
Ponto de Vista Velma:
Não posso negar que essas imagens que Beau trouxe consigo são de grande ajuda, mas isso não muda as coisas que aconteceram após deixarmos a Ilha Moonscar. Daphne havia convidado ele a relatar todos as situações bizarras que enfrentamos naquele dia, além do que havia descoberto no tempo que havia se infiltrado como jardineiro, na estreia de seu programa "América Assombrada". Porém, depois de muita discussão e reflexão, concluímos que o melhor caminho a seguir era esquecer tudo isso. Me propus a falar com Beau, informá-lo da decisão, contar que não precisaria mais aparecer na TV. A única palavra que ouvi sair da sua boca foi um indiferente "Não me procure mais" com a expressão do mesmo Beau petulante e irritado depois de eu acusá-lo de plantar elefantes. Depois disso só o vi dando-me as costas e se afastando, e ele nunca mais falou com qualquer um de nós desde então. Será que minha primeira impressão sempre esteve certa? Que Beau não passava de um arrogante e egoísta? Será que fui tão tola por ter julgado aquele pequeno papo ao pôr-do-sol tão significativo?
Daphne foi a que mais sofreu com a decisão de manter as coisas em sigilo, ela amava a TV e amava seu programa. Mas não foi o fim dele, podemos dizer que foi um renascimento. Depois de meses construindo o site, finalmente o terminei e no dia do aniversário dela (e do aniversário de um ano da volta da turma) foi ao ar o primeiro episódio do webshow "Gente! É a Daphne...", uma versão bem mais moderna do antigo "Daphne Blake: Costa a Costa".
E aqui estou eu. Para quem jurou a si mesma que sequer pensaria nos "casos irracionais", aquilo não saia da minha mente. Por mais que tentasse, ultimamente tudo remetia àquilo: Salem, os rapazes e suas neuras, e agora Beau. Desde que o restante da turma saiu, não trocamos uma única palavra. Apesar de gostar de um bom suspense, interrompo o silêncio que havia se instalado.
— Então, o que lhe fez sair de Nova Orleans e lhe trouxe para tão longe de lá? — eu começo o meu interrogatório secamente.
— Vamos continuar com esse jogo? — ele está estressado. — Não podemos conversar normalmente?
— Assim como você conversou normalmente comigo naquele dia? — eu não me deixo levar pelo calor do momento, estou assustadoramente calma.
— Peço desculpas — ele começa, sua voz está mansa. — Por tudo o que fiz, nunca deveria ter agido daquele jeito. Podemos recomeçar? — Apesar de achar esse convite inconveniente, eu suspiro e aceito.
— Posso tentar — eu o observo por alguns instantes. — Anda escrevendo alguma coisa?
— O quê? — ele está confuso.
— Uma vez você me disse que gostaria de escrever livros de detetive. Pela sua confusão, imagino que não aconteceu.
— Não, acho que não nasci poeta ou algo do tipo — ele ri e tenta colocar sua mão sobre a minha, mas eu não permito.
— Devemos focar nesses vídeos — eu tento cortar o clima.
— Olha, Velma — ele coloca as duas mãos nos meus ombros, fazendo me olhar diretamente em seus olhos. — Eu sei que você me evita porque eu sou uma alavanca para memórias indesejadas, como criaturas sugadoras de vida, fantasmas, zumbis ou até bonecos voo doo — ele desliza suas mãos até chegarem nas minhas, eu me levanto da cadeira num pulo desajeitado que quase tropeço nos pés da escrivaninha, confusa, vou até a janela tomar um ar.
— Você fala como se o problema fosse eu, como se fosse extremamente normal e eu apenas tratasse com peculiaridade — eu falo para ele, olhando para janela. — Você não se pergunta o que houve durante os séculos nessa ilha? O quanto essas pessoas sofreram, tendo suas vidas sugadas e seus corpos ressequidos jogados numa valeta qualquer, ou sei lá o quê? São tantas perguntas, o que foi dito para os entes destas pessoas, o que VOCÊ disse para seus superiores sobre esses acontecimentos? - nessa última questão, eu o encaro novamente, ele ainda está sentado, e percebo que o meu tom interrogador está de volta.
— Essas perguntas não são o foco — ele desconversa. — Eu também tentei esquecer essas coisas, eu também não as acho normais. Mas eu não pude apagar isso da mente, eu tenho não tive outra escolha a não ser conviver com essas memórias. Eu...- ele gagueja - Eu poderia esquecer tudo isso, mas nunca conseguiria esquecer a sensação que tive estando ao seu lado, Velma Dinkley.
Suas palavras me surpreendem imediatamente, tento dizer alguma coisa mas não consigo. Será que toda essa minha inexperiência com relacionamentos me deixou tão despreparada para situações deste tipo, a ponto de fazer tudo no quarto começa a girar em descontrole?
Ponto de Vista Salsicha:
Eu chego ao hospital e mal vejo Fred e Daphne após serem levados da ambulância até uma sala distante no corredor por macas. Há só uns poucos arranhões no rosto deles e eu espero que seja só isso, mas tinha que esperar o resultado dos exames para conseguir ficar um pouco mais calmo. Eu sento numa das cadeiras da recepção e não paro de beber água para ver se me distraio. Não ouso olhar para a televisão, apesar de notar que está passando meu programa de confeitaria preferido, não consigo me sentir confortável assistindo isso, não com Fred e Daphne no estado que estão.
Por mais que eu tente contatar Velma, seu telefone não atende de forma alguma. Eu sei que ainda estávamos na frente do hotel quando o acidente aconteceu, não consegui deixar Fred e Daphne sequer por alguns minutos na esperança de que acordassem, porém não aconteceu. Antes de sair com a ambulância, pedi a um dos recepcionistas que havia saído para ver o que acontecia ali, que avisasse a Velma no quarto 19. Mas o recado deve ter sido esquecido, uma vez que tenho certeza que ela estaria aqui em instantes se soubesse o que se passava. Alguns minutos se passam desde que estou sentado com os ombros pesados na cadeira desconfortável da recepção e enfim, Velma chega mas não do jeito que eu desejava.
— O que aconteceu? — eu levanto da cadeira e vou até Beau, enquanto ao meu lado, Velma passa desacordada numa maca. Scoob está ao lado dele cabisbaixo e ganindo.
— Eu não sei — ele gagueja em sua explicação. — Estávamos conversando e de repente, Velma despenca nos meus braços. Quase no mesmo momento, eu ouço um impacto e Scooby entrou instantaneamente no quarto latindo cheio de nervosismo. Quando saímos com os paramédicos do hotel, Scooby uivou para o seu furgão estacionado na rua, com a lataria toda amassada.
— Fred, Daphne... - Scooby chama com a voz trêmula.
— Batemos no carro da frente, eles apagaram e até agora não acordaram — eu digo olhando para o chão, encarando os sapatos de Beau sujos de lama seca.
— Senhor Rogers — me viro e vejo que quem me chama é uma médica, mal pisco e já estou ao seu lado junto de Beau e Scooby. – Sou a doutora Benevolence Glanville, trago uma boa e má notícia sobre seus amigos - ela lê no prontuário os nomes. - Frederick Hermann Jones e Daphne Ann Blake. A boa é que eles não sofreram nenhum tipo de traumatismo, os arranhões no rosto são os únicos danos provocados pelo acidente.
— E a má notícia? — eu digo e engulo seco, apreensivo.
— Eles continuam em coma e as causas são desconhecidas — ela se despede com um olhar condolente e se retira.
Eu respiro fundo, penso um pouco e finalmente digo algo:
— Sinto que o mesmo que ocorreu com eles, ocorreu com Velma — eu digo convencido.
— Por que diz isso? — Beau pergunta desorientado.
— Por que eu sei o que causou isso — eu respiro fundo e, antes que Beau pergunte, eu e Scooby, arrepiados, respondemos em coro: MAGIA!


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