Os Feiticeiros de Grimmauld Place escrita por hadassah


Capítulo 4
Senhores, Senhora e Senhorita Weasley




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Harry adormecera no chão de mármore sem perceber. Assim como ele, os demais que haviam sido atingidos pelo feitiço haviam dormido sem querer, e agora acordavam com a claridade do ambiente. Harry procurou Rony e Hermione com os olhos; eles estavam próximo a ele, parecendo ansiosos para que o amigo acordasse.
- Pensou em alguma coisa? – dirigiu-se à Hermione.
- Bom dia pra você também. – respondeu ela. – Não, nada disso está fazendo muito sentido pra mim. Como um simples feitiço escudo pode ter provoc...
- Isso não importa – cortou Rony, - temos que saber como vamos voltar pro presente. – ele pareceu nauseado. – Onde Malfoy é solteiro e sem filhos.
- Falando nele, não estamos mais na mansão – informou Luna.
Harry olhou para o chão; era verdade. Estava sentado sobre um confortável tapete, num espaço aconchegante, que ele entendeu como sendo uma espécie de ante-sala.
Todos se levantaram quando ele deu o exemplo; corando levemente, lançou um olhar para Gina, e se resolveu a explorar o lugar em que estava. À sua direita, havia uma mesa de madeira de lei disposta com duas poltronas vermelhas; ao lado, uma prateleira com várias fotos que se mexiam, e também fotos paradas; subindo a vista, havia mais fotos, só que desta vez tiradas de jornais do mundo bruxo e do trouxa; à esquerda havia um divã da mesma cor das poltronas. Harry não pode deixar de pensar que o decorador tinha muito bom gosto. Para a frente, subia-se dois lances de escada e chegava-se a um quarto imenso, com paredes pintadas de azul-clarinho; havia sobre uma penteadeira perfumes, cremes e mais fotos. Havia também duas portas, que Harry identificou como sendo a do banheiro e a do closet. Pela janela ele podia ver a Londres dos trouxas, e o rio Tâmisa ao longe. Quando Harry finalmente virou sua atenção para a cama, sentiu seu queixo cair. Uma bela mulher de cabelos castanhos dormia aninhada no peito de um homem ruivo de nariz comprido. Eles estavam simplesmente no quarto de Rony e Hermione.














Depois de certo tempo, Harry achou que toda a saliva que havia em sua boca secara, então resolveu que devia fecha-la. Mas continuava surpreso, e também constrangido; nunca pensara que veria um momento como aquele na vida de seus amigos mais chegados. Não havia nada de mais entre os dois; a mulher estava abraçada ao ruivo, com um leve sorriso no rosto. Harry não ousava olhar para os dois do presente, ou do passado, já não sabia mais. Então um barulho de algum canto da casa fez o casal se mexer na cama, como se tivessem ensaiado.
- Ron?
O ruivo nem se dignou a abrir os olhos totalmente; o braço que envolvia a esposa se moveu de forma a puxa-la para ele, enquanto o outro braço tateava o criado-mudo ao lado da cama, parando ao encontrar um relógio, que ele colocou a certa distância dos olhos.
- É só a Rosa mandando a Meg passear. – informou ele, colocando o relógio de volta no lugar de qualquer jeito.
- Ron! Tenha cuidado! Foi sua mãe que nos deu esse relógio!
- Se ela nos deu ela não se importa mais com ele. – resmungou o marido de volta. – E ela precisa ser mais criativa; já deu relógios pra todos os filhos.
A mulher ficou durante algum tempo observando o marido, boquiaberta; depois começou a acariciar o rosto dele, olhando-o com ternura; o simples toque de sua mão na pele do ruivo o fez abrir os olho pra valer.
- Bom dia, sr. Weasley.
- Oi. – e ele se sentou; a Hermione do futuro o acompanhou, puxou o rosto dele para ela, e se beijaram. Harry sentiu que estava corando, mas não se atreveu a olhar para seus amigos que estiveram no Ministério; sabia que coraria ainda mais.
- Isso é surreal. – disse Rony, quando pararam de beijar pra tomar fôlego. Hermione deu uma gargalhada de prazer e abraçou o marido; ele sorriu, a felicidade tomando conta dele.
- Me dá o seu dia. – pediu ele, corando levemente.
- Meu dia? – ela perguntou, sem desabraçá-lo completamente, olhando em seus olhos azul-límpidos. – Como assim?
- É. – ele sustentava o olhar da esposa. – Sem processos – e deu um beijo na bochecha esquerda dela, - sem ministros – e beijou a outra bochecha dela, - sem causas – e beijou-lhe a testa, - só eu. – e deu-lhe um beijo nos lábios.
- Talvez seja possível – ela fez cara de profunda análise -, talvez os elfos possam se virar sem mim hoje.
- Tenho certeza de que eles conseguem. – riu Rony, e a mulher caiu na gargalhada de novo; iam se beijar novamente, mas o ruído de algo quebrando os fizeram parar.
- Só pode ser brincadeira. – reclamou o homem ruivo, levantando-se e indo para a porta do quarto.
- Hoje chegam as cartas de Hogwarts. – avisou a Hermione que Harry sabia que tinha 40 anos também, embora parecesse ter bem menos idade.
- Não é motivo pra eles quebrarem tudo. – devolveu Rony, que também parecia mais jovem do que realmente era, ao contrário do Draco que eles haviam visto na noite anterior. – Vou descer antes que botem fogo na casa, ou pior, usem magia pra botarem fogo um no outro.
Aconteceu muito rápido; Harry estava ouvindo o amigo pronunciar as últimas palavras e de repente estava em outro lugar completamente diferente; Hermione tinha razão, era como a sensação de estar numa penseira; mas aquilo não era uma lembrança, não havia acontecido ainda...








Ele olhou à sua volta; Rony estava lívido, vermelho como seus cabelos, parecendo que tomara uma tijolada na cabeça; os outros que haviam sido metidos na história pareciam ao mesmo tempo divertidos e espantados. Harry se virou para ver onde estavam agora, mas antes de analisar o ambiente ele notou uma garota bonita, de cabelos castanhos, escrevendo alguma coisa, sentado à uma mesinha que tinha ao fundo uma espécie de minibiblioteca.
A garota se levantou depois do que pareceu uma eternidade; sacudiu os cabelos e dobrou o papel que estivera escrevendo. Fez menção de sair do lugar em que estava, mas seu olhar pousou sobre um tabuleiro de xadrez que tinha um jogo armado. Harry reparou que o nariz dela era comprido e levemente arrebitado, como se fosse uma mistura de características que eram bastante familiares...
- Ahã.
A garota se voltou, sobressaltada; um homem ruivo, alto e sardento estava observando a indecisão de ela modificar ou não a partida de xadrez.
- Eu não ia fazer nada, pai. – ela tentou, sem convicção na voz.
- Hem-hem. – ele fez, imitando Umbridge, propositalmente. – Claro que não. E o que você tem na mão? – ele apontou para o braço direito dela.
- Minha carta de Hogwarts. – respondeu a menina; não tinha mais do que 15 anos, pela aparência, e Harry subitamente percebeu que ela era alta para a idade. – Adivinha o que recebi. – e caminhou em direção ao Rony do futuro, uma expressão de ansiedade delineada nas faces.
Rony pegou o papel das mãos da mão da garota, seu sorriso torto estampado no rosto; passou a vista pelo conteúdo da carta e soltou uma exclamação de prazer.
- UHUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU! – e abraçou a garota, que retribui, feliz como ele.
- Santo grude. – reclamou uma voz jovial de garoto.
Rony e a garota se soltaram, embora ela continuasse abraçada a ele.
- Se não é meu irmão ciumento. – disse a garota.
- Se não é a minha irmã grudenta. – devolveu o menino ruivo, de olhos castanhos, parado em cima da escada. Harry percebeu, afinal, que estavam na sala de estar da casa de Rony e Hermione. – Agarrando o papai, pra variar. – olhou para o papel que Rony segurava na mão. – Também tenho uma coisa pra contar sobre Hogwarts. – e levantou um envelope conhecido no ar. – Agora eu sou...
- Reconhecidamente um gênio retardado. – cortou a garota, com um tom de voz hermionesco.
- Reconhecidamente o aluno mais brilhante da história da Corvinal. – respondeu o menino, na defensiva. - E você, Rosinha, é o que mesmo? Ah, sim – ele fez uma expressão dramática – a melhor aluna do ano, apenas. – e mudou sua cara de defesa pra cara de ataque.
- Sou monitora-chefe. – informou ela; Harry poderia chama-la de Hermione sem querer. – A mais nova da história de Hogwarts. E você não pode estar mesmo achando que só porque está na Corvinal é mais inteligente do que eu.
- Você não pode estar achando que só porque é da Grifinória é mais Weasley do que eu!
- Chega! – cortou o homem ruivo, e os dois se calaram, mas ainda se olhando com olhos de tigre. – Não quero mais saber dessa discussão por causa das casas de Hogwarts e...
- O que nosso progenitor diria – atravessou o garoto, com triunfo na voz – se soubesse que você mantém com Malfoy relações muito menos fílicas do que libidinosas?
- O quê? – ela ficou com as orelhas vermelhas. – E o que nosso núcleo familiar diria se soubesse que você mantém com Potter relações muito menos fílicas do que libidinosas?
- MINHAS RELAÇÕES COM POTTER SÃO EXCLUSIVAMENTE AS CONSANGUÍNEAS! – respondeu ele ficando púrpura. – São as relações exigidas pela nossa sociedade, que nos vê como...
- Co-descendentes diretos de uma mesma linhagem. – completou Rosa; Harry a chamaria de Hermione sem problemas. – E como é que se nomeia isso, de acordo com as regras de nomenclatura biológica internacional? – ela fingiu se concentrar bastante. – Seria agarrus familiaris?
- Parem agora! – ordenou o homem ruivo. – Já proibi vocês dois de discutirem em latim. – E olhou sério para os dois. – Só podem brigar numa língua que eu entenda.
- Rony!
Hermione já estava arrumada, parada em cima na escada, olhando com reprovação para Rony.
- Pare de estimular a competição entre seus filhos, Ronald. – e olhou para os dois garotos. – Vocês se arrumem, vamos ter que ir ao Beco Diagonal. Provavelmente vamos encontrar os Potter lá.
- Os Potter? – riu Rony. – Desde quando chama eles de Potter?
- Desde que Gina nos chamou de Weasley. – e ela sorriu também.
- Eca. – disse o garoto. – Já vão querer se agarrar, e eu nem tomei café ainda.
- Sem essa eca você não estaria aqui. – explicou Rony, subindo as escadas ao encontro de Hermione, que estava dividida entre uma risada e uma repreensão pelo jeito de falar do marido. – Vão se arrumar, porque vamos primeiro para as Gemialidades, e vamos com Pó de Flu, porque estou distraído demais pra dirigir. – e deu um selinho em Hermione.
- Tá bem. – disse o menino fazendo um muxoxo; devia ter uns13 anos, e também era alto para a idade. – Na volta podemos tomar aquela água preta?
- Café, você quer dizer. – corrigiu-o a irmã. – Vão logo, eu quero beber um copo de água antes.
O casal Weasley entrou no corredor e desapareceu de vista; o garoto também subiu as escadas apressadamente, e Rosa Granger Weasley ficou ali parada algum tempo, sem saber que 13 pessoas do passado a estavam observando. Então ela tirou do bolso das vestes de dormir que ainda estava usando o papel em que estivera escrevendo, e caminhou até a janela; assoviou um assovio alto e curto, e uma coruja-do–brasil apareceu e pousou no parapeito da janela.
-Vai, Mégara, essa é pra mansão dos Malfoy.
A coruja pegou a carta no bico e saiu voando, e só então Harry percebeu que haviam mudado de lugar de novo.

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