Eles agora estavam numa casa simples; aparentemente quem vivia lá devia ser trouxa, pois não havia nada que identificasse qualquer tipo de magia naquele lugar. Harry achou a decoração pati demais, com as cortinas rosadas e as porcelanas também, e as molduras das fotos; só não associou o lugar à Dolores Umbridge porque não havia fotos de gatinhos nem aquele ar sufocante de fofura fingida.
- Harry?
O rapaz olhou para Gina, que era a única que parecia no pleno controle das faculdades mentais.
- Temos que pensar num jeito de voltar. – considerou ele. – Temos que acabar com isso, é constrangedor demais. Quanto tempo vai demorar pra que cada um saiba como vai ser daqui a 20 anos?
- Não seria tão ruim. – arriscou Jorge. – Quero saber como está indo as Gemialidades.
- HELLO!!!- berrou Rony, nervoso. – Temos que fazer alguma coisa, qualquer coisa, pra sair daqui. Não é apenas constrangedor, é de matar.
- Não podemos. – avisou Hermione, tristemente. 12 pares de olhos se voltaram para ela. – Se não podemos aparatar, significa que não podemos fazer nenhum tipo de magia. Significa que estamos presos até acharmos outro vira-tempo.
- O QUE? – berraram todos.
- Provavelmente o jato de luz azul não saiu da minha varinha – continuou ela; sua voz tremia, mas ela parecia ter certeza do que estava dizendo. – Saiu do vira-tempo, quando o feitiço ricocheteou e atingiu ele. Não sei como ele nos mandou pro futuro, quero dizer, mexer com o passado já bastante complicado...
- Pelo que você disse não podemos mexer com esse futuro também – falou Lilá, com ressentimento na voz.
-E vamos ficar aqui nos assistindo? Vendo quantas rugas vamos ter? Quantos filhos? Como vai ser nossa casa? – explodiu Neville.
- E aquele grito estranho? – Harry interrompeu, porque via Lilá e Hermione se fuzilando com o olhar. – Parecia de alguém sendo torturado...
- VAI ME DIZER QUE ALÉM DE TUDO VAI APARECER OUTRO BRUXO DAS TREVAS PRA ACABAR COM... – começou Rony, mas parou, suas orelhas ficando da mesma cor que uma beterraba.
Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, uma pessoa entrou na pequena e aconchegante sala. Era oriental e bonita e se dirigiu ao sofá, levando um papel na mão.
- Ah, não. – choramingou Gina.
Cho começou a ler a carta, sua expressão anuviando à medida que avançava na leitura; Harry não pode deixar de notar que ela fora a que menos envelhecera, embora ele soubesse que ela tinha poucos meses a mais que Rony e Hermione.
- Olá querida. – cumprimentou um homem sem expressão; Harry deduziu que ele era o marido trouxa de Cho. – Carta da sua família?
- Talvez. – respondeu ela com voz fraca. Levantara os olhos da leitura e parecia prestes a tomar uma decisão.
- Vamos ao jogo dos Tottenham? – perguntou ele, tentando ser carinhoso.
- Não. Tenho... umas coisas pra arrumar.
- Está bem. – ele pareceu amedrontado, como se tivesse feito algo errado. – Então vou subir e tomar um banho, tá? – e saiu correndo para as escadas, possivelmente com medo de que ela pedisse o divórcio ou coisa parecida.
A Cho do futuro olhou à sua volta, meio desconfiada, depois correu para se sentar à escrivaninha e escrever furiosamente. Então Harry e os outros a deixaram em paz e prosseguiram na viagem maluca.