Sete coisas para se fazer nos últimos sete dias escrita por River Herondale


Capítulo 3
Sete chances de dizer e ocasiocalmente ouvir a verdade


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Obrigada quem comentou nos capítulos anteriores :D este em especial eu adorei escrever, espero que gostem :)



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NOVA YORK – ESTADOS UNIDOS

A humanidade é idiota.

Sabe como sei disso? Porra, porque eu faço parte dessa merda chamada humanidade.

E os inúteis dos cientistas que, adivinha, são humanos, vieram com a subversiva notícia de que o mundo vai acabar. Daqui a sete dias.

Escuta aqui, seus inúteis: nem tudo que é subversivo é bom, e eu não estou disposto a participar da Morte Coletiva da Humanidade. Não mesmo.

– Tenho telefonemas direcionados ao senhor. – minha assistente disse enquanto entrava na minha sala.

– Manda eles se foderem. – respondi impaciente.

– Senhor – ela parecia apreensiva. – É sua ex mulher.

– Então deixa que eu mesmo mando ela se foder! – respondi, sem paciência e peguei o telefone. – Angela? Faça-me o favor de procurar algum homem louco o suficiente para te foder e me deixe em paz que tenho muito trabalho a fazer aqui na empresa.

– Howard! – sua voz estava horrorizada. Pouco me importava, caralho. Fazia anos que a gente não se falava a não ser em extrema urgência. – Não sei se você sabe, mas o mundo vai acabar daqui sete, SETE dias! Eu havia pensado em te convidar para passar os últimos momentos junto com sua única filha, mas vejo que pouco se importa conosco.

– Você é patética! Realmente acredita que o mundo acabará daqui sete dias? Porra, Angela! Faça m o favor de procurar um terapeuta ou um homem de rola grossa, porque está foda. Vou voltar ao trabalho.

Pude imaginar o rosto dela apenas pelo barulho irritado e a respiração que ela deu quando desligou o telefone. Entreguei-o a Kristen, minha assistente.

– Senhor – sua voz era cuidadosa. – Sabe que ninguém da empresa voltara ao trabalho amanhã.

– Bom, sabemos que se não voltarem são idiotas, e depois desses sete dias ridículos provavelmente vão implorar pelo trabalho de volta. Saiba que não darei emprego nenhum para esses cabeças ocas!

– Eu não voltarei também, senhor. Pensa que sou uma cabeça oca?

Encarei Kristen e sua ingenuidade de garota. Se não me engano tinha vinte e cinco anos e trabalhar em uma grande empresa era seu sonho. Minha empresa é uma grande empresa, então por que estava desistindo de tudo?

– É uma cabeça oca sim, por acreditar em tudo que te dizem.

– Senhor, os mais conceituados jornais confirmaram isso. Tabloides, portais, tudo diz e explica minuciosamente a autenticidade do caso. Não podemos ignorar.

Arranquei as fichas de sua mão, irritado. O barulho dos papeis caindo no chão a assustou.

– Não me importo. Saia da minha frente agora. Está despedida.

Eu havia perdido a cabeça. Era ridículo. Todo meu império foi construído em trinta anos de trabalho árduo e não acabaria em sete dias.

Eu tinha meu próprio prédio no centro de Nova York. Isso não é pouco! Eu tenho dinheiro, muito dinheiro. Eu não iria perder nada disso.

Olhei pelas câmeras de segurança que meus funcionários estavam exaltados, um grupo havia parado de trabalhar e pareciam discutir algo. Imaginei se planejavam deixar o trabalho. Eu não suportaria tanta imbecilidade em minha empresa. Decidi fazer um comunicado geral pelo microfone anexado na minha mesa:

– Escutem todos: quem for idiota o suficiente para acreditar em fim do mundo, que saia dessa empresa imediatamente. Quem for inteligente e prese pelo bom emprego que tem aqui, saiba que estamos juntos no mesmo barco. Adiciono que os que continuarem comigo terão um aumento de três por cento no salário.

Vi pelas câmeras de segurança as reações de geral. Todos pareciam confusos.

– E antes que eu me esqueça! – estava me deliciando com a cara deles, devo admitir. – O governo veio com aquela proposta infantil e claramente um modo de “apaziguar” a situação, mas acho que devemos adotar não só para o fim do mundo, mas para toda a vida. Uma lista com sete coisas para fazer, não é? Com quaisquer sete coisas? Bom, eu só desejo uma: que todos se fodam. É isso, tenham uma boa tarde.

Saí do programa em que mostravam os vídeos das câmeras de segurança e abri o site de pôquer online. Me surpreendi com a grande quantidade de pessoas online, e creditei ao fato que muitos já deviam ter abandonado seus empregos. Como se eu me importasse.

Na hora de ir embora foi quase impossível achar um taxi. Por fim tive que optar pelo metrô, cujo não andava há muito tempo. Fiquei surpreendido quando vi que não havia um mísero policial na estação. A segurança estava falhando também? Ótimo. Daqui a pouco teria drogados me atacando. Era só o que me faltava.

Dois adolescentes pichavam a parede do metro. As palavras em letras garrafais vermelhas diziam: “O mundo estava projetado a acabar no “futuro”. Pelo menos esperava que nesse futuro já existissem carros voadores”. A imaturidade desses jovens se supera a cada dia.

Entrei no vagão e ao meu lado sentou uma jovem de uns trinta anos chorando amargamente, segurando o celular. Anote: odeio choros, crianças e dramatização. O resto do mundo eu tolero do meu próprio jeito.

Então ela começou a falar.

– Meu marido está na guerra. Meu filho de apenas oito meses nunca conheceu ele. Nunca vai conhecer. Eu gostaria tanto ele aqui.

Olhei ao redor e concluí que ela falava comigo. Eu não me importava, isso era ridículo. As pessoas estavam agindo de modo mais ridículo do que o usual.

Finalmente chegara ao meu apartamento bem localizado no centro de Nova York, uma cobertura de tamanho grande com dois andares, obrigado. Já ouvi dizerem que riqueza e sucesso vem para os sortudos, mas saiba que não. Vem para os que trabalham duram, e meu trabalho já dura trinta anos.

Quando entro novo que minha empregada também me abandonou. Ela deveria me receber, como o normal, mas não havia sinal dela. Uma dor de cabeça desgraçada alastrou e decidi tomar um banho na minha banheira da suíte especial. Minha banheira comporta três pessoas e é luxuosíssima, as bordas com detalhes em ouro. Joguei meus sais especiais na água e deitei para me relaxar depois desse dia estressante e maluco.

Uma hora depois de todo o relaxamento, meu corpo estava mole e decidi que era hora de algum lazer. Precisava terminar de ler aquele livro de business indicado por um professor de Harvard no começo do mês. Enxuguei minha cabeça na frente do espelho e me encarei.

Cinquenta e cinco anos. Um metro e setenta e quatro. Cabelo setenta por cento grisalho, barba bem aparada. Qualquer sinal do garoto de vinte e cinco anos recém formado da faculdade que decidira começar sua própria empresa de tecnologia mobilista havia sumido. Agora o homem que projetava carros mais leves, seguros e potentes ocupava o lugar. O homem que estava entre os cem homens mais influentes do país pela revista Time. O homem que ainda tem muito o que mudar e revolucionar.

Sentei no sofá da minha sala e peguei o celular para pedir uma comida chinesa. O delivery era o segundo maior invento do mundo moderno, e particularmente meu favorito. Minha surpresa foi que ninguém atendeu. Pelo menos o McDonalds deveria estar funcionando! Boatos de que é movido por zumbis, e acho que acredito. Ligo para lá e descubro que também está fechado.

Pelo menos as empresas telefônicas ainda funcionavam. E a internet. Isso é importante.

Entrei no Youtube e encontrei um vídeo tutorial bem interessante onde ensinava passo-a-passo como fazer um hambúrguer de bacon. Peguei o pão na dispensa e o bacon no freezer e construí o melhor que eu podia. Como um bom autodidata, posso dizer que ficou muito saboroso, melhor que qualquer McCheeze feito por empregados zumbis do McDonalds.

Meu grande erro foi entrar nas redes sociais depois do meu lanche. Todos, até mesmo meus amigos de profissão que eu considerava inteligentes desesperavam-se em status escritos apressados. Steve Burke, um dos mais brilhantes jovens engenheiros mecânicos que eu tive o prazer de conhecer escrevera:

“A lista das setes coisas para fazer nos últimos sete dias me fez notar que há coisas que sempre quis que serão impossíveis de fazer em imediato. Parece que nunca vivi antes. Nunca poderei ter um filho, viajar com ele para a Disney e ensina-lo a jogar Rugby. Também notei que a única coisa da lista que dará para eu fazer será a viagem que sempre sonhei para Tóquio. Antes tarde do que nunca. Desculpa familiares se não passaremos juntos os últimos dias, sei que entendem o que é ter um sonho.”

Eu poderia vomitar todo meu X-Bacon ali mesmo, mas minha empregada não estava em casa para limpar.

As listas diziam sobre se apaixonar, ter uma família, viagens e sonhos que nunca se realizariam, como virar um cantor famoso.

Não que eu goste de perder meu tempo lendo merda, mas preciso dizer que depois disso me senti especialmente inteligente.

No outro dia acordei cedo, fiz minha rotina de exercícios da manhã enquanto assistia o noticiário (Que, claro, só falava sobre fim do mundo. Os noticiários não parariam de trabalhar pelo menos. O índice de suicídio havia multiplicado e os ataques cardíacos também.) e decidi ir trabalhar dirigindo meu carro, já que parecia impossível trabalhar de taxi. Me assustei quando vi que o prédio estava vazio, sem os funcionários. Eu pago essa merda, exijo minha segurança!

Totalmente irado fui trabalhar. Quando entrei vi que estava completamente vazio toda a empresa. Fazia tempo que eu não usava a chave para destrancar a porta da frente já que meu porteiro também desistira do trabalho.

Entrei na minha sala, chequei os e-mails e agradeci por pelo menos uma empresa sã ainda continuar a trabalhar. Trocamos os e-mails, exaltando toda essa maluquice. Perguntei se algum funcionário ainda continuava com eles e a resposta foi que apenas os filhos do dono, já que era uma empresa comandada por toda a família. Me arrependi de não ter feito vários filhos para assim continuar com a empresa.

Como não se tinha muito o que fazer dada as circunstâncias, decidi entrar no Facebook para poder rir um pouco de toda aquela insanidade. Decidi fazer uma postagem.

“A todos os loucos que acreditam no fim, escutem a voz da razão: eu. Vocês são todos uns burros.

Vão se foder, estão precisando.

Atenciosamente: Howard Hewitt

Ps: Segue minha lista de sete coisas para fazer nos últimos sete dias:

Mandar você se foder

Mandar ele se foder

Mandar ela se foder

Mandar todo mundo se foder

O mesmo que o tópico número 1

O mesmo que o tópico número 5

Todos de cima.”

Não me importem com os comentários que viriam e decidi sair para almoçar. Algum restaurante deveria estar aberto, afinal, estamos falando de Nova York.

O único restaurante aberto que encontrei perto de onde eu estava foi um excêntrico restaurante vegetariano. Não que eu estivesse a fim de comer folha, mas a preguiça de cozinhar era maior e todos os supermercados abandonados estavam sendo saqueados e eu não estava com a mínima vontade de enfrentar pessoas libertando os animais em busca de sobreviver. Não estávamos em uma selva.

– Boa tarde, senhor! – uma mulher com um sorriso exageradamente otimista me disse. Nem se a poluição de todo o mundo tivesse acabado de repente meu sorriso seria assim tão grande.

– Quero comer. Vocês não pretendem fechar o restaurante, não é? Não acreditam nessa besteira de fim de mundo?

– Na realidade eu e meu marido temos este restaurante a anos e é tudo o que temos. Se tem um lugar que queremos morrer, é aqui. Além de que poucos restaurantes continuam trabalhando, então temos uma obrigação pessoal em continuar o trabalho.

Ele me entregou o cardápio e uma imagem de Buda estava no topo do papel. Isso explicava o vegetarianismo e seu marido que tinha a cabeça raspada enquanto cozinha. Eles sorriam demais.

Comi meus brócolis e um molho estranho no acompanhamento e me senti devastadoramente sozinho. Aquele casal feliz que me irritava, meus funcionários idiotas que sumiram, minha ex-mulher ligando. A ideia do fim do mundo estava despertando um lado das pessoas que ninguém deveria conhecer.

Decidi não voltar mais trabalhar. Seria como umas férias da empresa, e duraria seis dias, contando com esse. Em casa, recebi uma ligação de minha mãe.

– Howie!

– Não me chame de Howie.

– Querido, me escute. Angela e eu estávamos conversando e ela me contou que estava revoltado com esse negócio de fim de mundo, e que não acredita nisso, meu filho. Mas eu acredito, e tudo que eu mais quero é passar um dia, apenas um último dia com você. Pode visitar sua mãe amanhã? Farei bolo.

– Para com isso, mãe. Mundo nenhum vai acabar e Angela não deveria ter te ligado. – eu não estava com paciência para as ideias da mente de velha da minha mãe. – Passe bem, mãe.

Desliguei e peguei a chave do carro. Precisava falar umas verdades para Angela cara-a-cara.

Cheguei na casa que eu pagava para ela no subúrbio rico de Nova York e toquei a campainha impaciente. Minha filha abriu a porta.

– Pai? O que faz aqui? – seu olhar misturava surpresa e raiva, mas escondia alívio.

– Elizabeth, cadê a louca da sua mãe.

– Não chame mamãe de louca, Howard! – ela falou brava. Aos vinte anos não parecia nem um pouco a garotinha que eu deixara quando me separei da mãe dela doze anos atrás.

– Howard? Desde quando me chama pelo meu nome?

– Howard! O que faz aqui? – Angela descia as escadas apressadamente, ficando entre Elizabeth e eu.

– Papai te chamou de louca. – Elizabeth parecia ter birra de mim, eu não podia entender.

– Não ligue para isso, Lizzie. Pode voltar a assistir seu filme com o Liam.

– Quem é Liam? – perguntei. Estava perdido.

– Meu namorado. Saberia se fosse um pai presente na minha vida.

– Como deixa nossa filha namorar alguém sem antes me dizer, Angela? Preciso ver se aprovo.

– Eu aprovo Liam, e Liam faz bem para Lizzie. Você saberia se importasse o mínimo com a gente, e não apenas com a pensão que tem que pagar.

– Elizabeth, volte aqui! – chamei. Ela não parecia mais minha garotinha de cabelos castanhos amarrados em dois rabinhos. Era uma mulher de vinte anos, e eu não conseguia imaginar algum marmanjo passando a mão nela.

– É Lizzie, não esse nome patético e fora de moda.

– Eu escolhi seu nome e é um clássico. Dá muita credibilidade as moças. E não, não vou te chamar de Lizzie coisa nenhuma! – gritei, frustrado. Ela sempre foi introspectiva e comportada. O que Angela fizera para essa menina ficar assim?

– Que seja. Eu vou com o Liam.

Eu apenas queria entender o que leva uma mãe a colocar o nome de seu filho de Liam. Qual o problema com o nome William? Muito mais chique.

– O que você quer, Howard?

– O que você quer, Angela. Ligar para a minha mãe e encher a cabeça dela de besteiras! A mulher já está velha e gagá o suficiente para você ligar para ela com essas ideias de fim do mundo.

– Ela quem me ligou, seu ignorante! Ela ligou perguntando de Lizzie, que estava na casa de Liam naquele momento. Então me perguntou se eu andava falando com você, e contei a ela toda sua revolta. Se era só isso, pode ir embora. Não temos o que falar.

– Eu vou levar a Elizabeth comigo.

– Não, não vai. Ela não iria.

– Mas ela vai de qualquer jeito. Ela não precisa de mais pessoas malucas ao seu redor dizendo sobre fim do mundo ou algo do tipo.

Fui pisando furiosamente até a sala e encontrei Elizabeth deitada no colo de um rapaz de mais ou menos sua idade e que tinha um topetinho levantado irritante e uma calça cáqui justa demais para se chamar de modelo masculino. Me espantei com a cara de moleque que ele tinha.

– Levante-se, Elizabeth. Você vai para casa comigo.

– Hã? Você está louco? Não vou a lugar nenhum! – ela disse enquanto se levantava do colo do tal do Liam, que segurava o cabelo dela como se quisesse protege-la. A vontade era de tirar aquela mão boba da minha filha.

– Vai sim, vai no meu apartamento onde você pode ter uma vida longe dessa loucura de fim do mundo.

– No seu apartamento, aqui em casa ou em qualquer lugar da Terra o mundo vai acabar. Ainda não percebeu isso? Me deixa em paz!

Eu fui até ela e a puxei pelo braço. Ela gritou:

– Me solta! Está maluco?

Foi quando senti algo vindo velozmente em direção ao meu rosto, e um impacto doloroso.

Liam acabara de me dar um murro? Eu não admitiria isso nem se o mundo acabasse imediatamente.

– Toque nela mais uma vez eu te mato, velhote. – Liam disse entredentes. Vi os músculos feitos na academia marcados pela camiseta listrada que ele usava. Me levantei.

– Tome cuidado, Elizabeth. Se garoto bate em um homem com mais de cinquenta anos, ele pode matar uma menina de vinte. Cai fora enquanto há tempo.

Saí daquela casa sem olhar para trás, sem ver se eles puderam se mover.

Chegando em casa, liguei a televisão para ouvir o noticiário e peguei um saco de gelo na geladeira e coloquei no meu olho roxo. Estava irritado.

Sentei no sofá e um comercial apareceu na TV. Dizia o seguinte:

“Baixe nosso aplicativo de chat e apoio se está se sentindo solitário nestes últimos dias de vida. Saiba que não está sozinho nessa, conheça novas pessoas.”

A campanha era tão ruim que deu vontade de ligar para a tal agência de publicidade que criara esse aplicativo usando a ignorância das pessoas em relação ao suposto fim do mundo como um modo de ganhar dinheiro.

E como faz parte da minha personalidade, já estava com o celular na mão e baixando o tal do aplicativo. Se eu vou criticar alguma coisa, pelo menos que eu critique depois de testar. Aprendi isso com os projetos que apareciam na minha empresa vez ou outra.

Uma voz apareceu no meu celular em uma interface minimalista agradável. Pelo menos um ponto ao designer desse lixo tecnológico. A voz feminina disse:

“Seu nome, por favor”

– Howard Hewitt. – respondi. Pelo menos a tecnologia era inovadora.

“Idade, por favor.”

– Cinquenta e cinco anos.

“Procura se comunicar com homens ou mulheres?”

– Mulheres, claro. – pelo menos eu poderia me divertir um pouco.

“Alguma média de idade?”

– Sim. No mínimo trinta anos. – eu não tinha paciência para mais novas que isso, costumavam ser demasiadamente infantis. Todas minhas companheiras depois de Angela eram mulheres maduras e inteligentes. Não sei se seria possível achar uma assim em um aplicativo tão tolo.

“Tem preferência de região que a pessoa pode viver?”

– Não. O país todo pode ser.

“Vamos te mandar imagens que o senhor deve selecionar para escolhermos uma parceira com os mesmos gostos. Gostaria de fazer isso agora?”

– Sim.

Havia figuras de livros, músicas de estilos diferentes, cidades, profissões, hobbies, cores e outras coisas insignificantes. Escolhi cinco elementos que eles solicitavam e outra tela abriu.

“Obrigada. Estaremos rastreando a parceira ideal ao senhor. Um segundo, por favor.”

Não levou muito tempo para outra voz vir.

– Olá? – a voz carregava insegurança, doçura, mas mesmo assim experiência.

– Oi. – respondi, incerto. Nunca usara nada parecido.

– Qual seu nome?

– Howard. E você?

– Samantha. – o modo que ela falava o “th” era adorável.

– O que faz, Samantha?

– Eu era programadora em uma empresa grande de tecnologia até toda essa maluquice de fim do mundo. E você?

– Eu sou dono de uma empresa em Nova York. Uma empresa de automóveis. Você não acredita nesse negócio de fim do mundo, né?

– Na verdade, sim, eu acredito. Mas escolhi não me desesperar ou fazer coisas loucas como todo mundo anda fazendo. Minha mãe decidiu começar a usar cocaína, acredita? E meu irmão decidiu se matar no último dia, caindo de um prédio. O problema é que todo mundo considera isso normal.

O irmão dela tinha se matado? Eu não conseguia absorver a bizarrice disso.

– Então você não fez aquela lista de sete coisas?

– Não! É ridículo demais fazer qualquer coisa do tipo. Não há nada que eu queira e consiga ter até o fim do mundo.

– E o que faz neste aplicativo?

– Minha mãe me obrigou a instalar o aplicativo. E como eu estava louca para falar mal do aplicativo, decidi testar para falar com credibilidade.

– Que estranho, porque eu também estou aqui apenas para falar mal do aplicativo.

Conversamos por mais uma hora, e nos demos muito bem, já que pensávamos de modo muito parecido. Na hora de me despedir, perguntei antes que me esquecesse:

– De onde você é, Samantha?

– Califórnia, próximo ao Vale do Silício. Mas não pense que sou uma loira bronzeada escultural! Quando você passa dos trinta e ainda está solteira, você só pode supor que ou é muito chata, ou é muito feia. Ou os dois.

– Eu acho que a alternativa correta é muito inteligente. Você me surpreendeu com uma conversa muito prazerosa, Samantha. Foi um prazer.

– O prazer é todo meu, Howard. Nos vemos amanhã?

– Sim. Eu ou você chama?

– Eu chamo.

– Perfeito. Tchau.

– Tchau.

Nesse aplicativo eles não deixam enviar arquivos, ou seja, não posso saber como Samantha parece. A proposta é que não estreitemos a intimidade para que assim não fiquemos mal caso a gente perca contato. Achei bem interessante.

No outro dia acordei e fiz minha rotina de exercícios. Meia hora depois de esteira, recebi a chamada de Samantha.

– Cedo demais?

– Não! Estou me exercitando, será bom conversar ao mesmo tempo.

– Então tudo bem. É que eu precisava te contar isso.

– O quê?

– Sonhei com você! Eu sei, é estranho, mas sonhei. Não sei como era o rosto, mas sei que era você, Howard. Estávamos dançando entre os ossos de muitas pessoas, e eu tinha a consciência de que só sobrara nós dois depois do fim do mundo. Desculpa, é estranho. Não deveria ter contado.

Eu ri. Não era pra ser engraçado, mas toda aquela situação era bizarra.

– Você poderia ser minha alma gêmea, Samantha. E poderíamos recomeçar o mundo.

– Sim! Começar a cultura do zero. Não haveria Adão e Eva, mas Howard e Samantha.

– Preciso dizer que é uma ideia maravilhosa. Eu já tenho uma filha, Elizabeth. E então poderíamos ter mais outros dois garotos.

– Kai e Aaron, não Caim e Abel. E quando Kai matasse Aaron, teríamos outro filho, Seth.

– O mundo será bem melhor nessa nossa versão, Samantha! – eu estava rindo, e ria do jeito que não fazia a muito tempo.

– Vamos para o inferno com essa difamação.

– Mas eu não acredito em Deus mesmo. Você acredita, Samantha?

– Minha avó era muito religiosa, e eu fui criada dentro de uma igreja. Sei o bastante sobre a bíblia e já pedi muitas vezes a Deus um marido.

– Você não está falando sério, né? – eu ria ainda. Era tudo tão ridículo.

– Estou sim! Algum problema?

Quando eu vi, já era hora do almoço e ainda conversávamos. Parecia que o assunto nunca acabava e que sempre tinha algo para nós contarmos um ao outro.

– Samantha, vou colocar os fones de ouvido e vou ir almoçar no único restaurante perto de casa aberto, um vegetariano de um casal risonho budista. Você me acompanha durante o percurso?

– Vai a pé?

– Vou. Se o mundo acabar, que eu pelo menos esteja no meu melhor físico. – isso a fez rir.

Era como se ela estivesse ao meu lado. Mesmo que eu não soubesse o rosto dela, a presença dela era muito grande.

– Agora vou desligar, ok? Preciso fazer o pedido.

– Deixe-me ficar na linha com você? Prometo ficar quieta. Quero ouvir você fazendo o pedido.

– Por quê?

– Quero ver como é sua vida sem ser falando comigo.

Aceitei. Não havia problema nenhum nisso.

– Tubo bem.

– Obrigada, Howie.

– Howie?

– Não gosta? Eu gosto de te imaginar sendo chamado de Howie.

Só minha me chamava de Howie. Sempre proibi minhas namoradas a me chamar assim. Mas ouvir Samantha falar assim era estranhamente bom.

– Pode me chamar de Howie.

– E você pode me chamar de Sam. Todo mundo me chama de Sam.

– Tudo mundo? Então continuarei te chamando de Samantha então. Não quero ser todo mundo e acho Samantha um nome muito bonito. Gosto do som do “th”.

– Do mesmo jeito do som do “th” de Elizabeth?

– É, você me descobriu. – eu ri. – Minha filha se chama Elizabeth porque gosto de dobrar a língua para falar o “th”.

– Bom dia, senhor Hewitt! – a mulher do restaurante me cumprimentou. Seu nome era Peggy se eu não me engano. – Vai querer aquele prato com brócolis?

– Sim, por favor.

– Infelizmente acabou todo nosso estoque de brócolis, senhor. Procuramos nos supermercados, mas pouca coisa resta já que a maioria anda sendo saqueada. Deseja o que no lugar?

Olhei para ela que sorria e para seu marido, Anthony, que também sorria. Era intimidador como eles eram simpáticos.

– Quer saber? Me surpreendam. Façam o que quiserem.

Peggy me entregou o prato minutos depois e disse para mim:

– Está com um sorriso bonito no rosto, senhor Hewitt! Diria que é um sorriso apaixonado.

Ouvi Samantha rindo pelo fone de ouvido.

– Diria que o fim do mundo trouxe pelo menos uma coisa boa para mim, Peggy. E por favor, me chame de Howard.

Seu sorriso ficou maior ainda quando ela ouviu eu dizer seu nome.

Enquanto eu comia, vi Anthony abraçando-a e dando-lhe um beijo na testa. A voz de Samantha surgiu no meu fone:

– Está mesmo com um sorriso apaixonado?

Eu não me importei com as consequências que as palavras que eu diria teria. Pela primeira vez cogitei na possibilidade de o mundo acabar. Se acabasse, queria que Samantha soubesse a verdade.

– Anthony, o cozinheiro budista, e Peggy, sua mulher sempre estão sorrindo. Ele a abraçou agora mesmo e a beijou. Fiquei com inveja deles e de se amarem tanto, e juro que me imaginei te beijando do mesmo jeito.

– Como você me imaginou?

– Não sei. O físico não importa quando se destaca o coração.

O resto do dia não escondemos que estávamos apaixonados um pelo outro. Eu sei que não é natural se apaixonar por alguém que você nunca viu e por tão pouco tempo. Mas o tal do aplicativo prometia encontrar alguém compatível a nós, e ele havia conseguido mais do que isso: conseguira encontrar minha alma gêmea, que até então achei que era fantasia.

Não sei se você já ouviu falar de sexo virtual. É bem patético dizendo, mas posso dizer que funciona muito bem. Basicamente você apenas vai sussurrando o que faria com a pessoa pelo telefone, e vocês vão imaginando. Antes de dormir, não tenho receio em dizer:

– Acho que já te amo.

E ela então respondeu:

– Eu não acho. Eu amo.

~~~

Hoje o mundo vai “acabar”.

As pessoas estão desesperadas, os casos de suicídio estão altíssimos, todos desesperados para se despedirem ou fazer mais coisas malucas. Dizem que a procura por sedativos para morrer dormindo também é muito grande. Ninguém quer morrer com dor. Lembro que quando eu era criança dizia que quando eu morresse, gostaria de morrer dormindo.

Samantha me ligou desesperada. Não era nem sete da manhã.

– Howie, estou com medo.

– Por quê? Não precisa ter medo!

– Mas eu estou. Acho que o mundo vai acabar agora.

– Não vai. Confie em mim, ok? Eu te amo, confie em mim.

Ela soluçava entre lágrimas. Eu queria enxugar seus olhos.

– Eu não quero morrer sem te ver antes. Sem poder tocar em você.

– Não vai. Estamos planejando uma visita sua para daqui duas semanas, lembra? Vai dar tudo certo.

– As coisas estão estranhas aqui. Eu tenho o pressentimento de que tudo vai acabar e nunca me engano. Howie, se eu morrer, quero fazer isso com você.

Todo o desespero dela passou para mim. Costumo ser totalmente cético, mas quem consegue ser quando ama? Nem com Angela foi assim, que até então creditei a ela como a única mulher da minha vida.

– Ligo pra você mais tarde, ok? Tem um amigo meu tocando a campainha. – menti. Nem era sete da manhã, como ela cairia nessa? Mesmo assim, continuei sustentando a mentira.

– Não me deixe, Howie! Por favor, preciso de você. – ela chorava mais agora.

– Me desculpe. Eu te amo, mas já te ligo.

Eu não costumava tomar medidas precipitadas, mas pela primeira vez decidi seguir totalmente meu coração. Preparei tudo e entrei no meu helicóptero que ficava na cobertura no prédio.

Meu interesse por transportes é antigo, e há vinte anos eu dirijo helicóptero. Engraçado, foi assim que conheci Angela. Seu pai era dono de um clube de aviões e ela era uma das únicas garotas que pilotavam. A primeira vez que vi ela foi nas alturas, ela pilotando um helicóptero e eu também.

Deixei tudo para trás, minha casa, minha filha, minha empresa e meus dois amigos vegetarianos. Tudo para ir atrás de Samantha.

Durante o percurso, liguei para Elizabeth. Ela atendeu, e na sua voz notei que ela estivera chorando.

– Um segundo, Liam. – ouvi ela dizer. - Pai?

– Filha, papai quer que saiba que, se o mundo acabar hoje, eu te amo tanto. Você é a melhor coisa que já fiz em toda minha vida. Nenhum carro, nenhum projeto, nada é mais perfeito que você.

Ela chorava.

– Te amo, papai. Não queria que as coisas tivessem acabado assim. Queria ter podido ter mais um dia com você, e queria que você me visse formada na faculdade, e trabalhando na sua empresa. Queria que você visse seus netos, e que os amassem. Queria ter um filho com seu nome.

Uma lágrima caiu de meus olhos. Elizabeth era tão jovem para passar tudo isso.

– Diga a sua mãe que agradeço. Por ser mãe da melhor filha, e ter criado um ser humano incrível. E diga que peço desculpas por ter sido um pai e marido horrível. Te amo filha.

Desliguei o telefone antes que caísse no choro. Eu estava dirigindo, não podia me desesperar.

Um tempo depois liguei para minha mãe.

– Mãe?

– Howie! Filho, vai vir me visitar? Fiz o bolo para você, mas você não veio. Mas tudo bem, eu faço outro hoje.

Ela tinha feito o bolo.

– Mãe, eu não estou mais em Nova York. Estou no helicóptero, indo até Califórnia.

– O quê? Howie! Você não vai vir me ver?

Engoli em seco. Eu não podia lidar com isso.

– Não, mamãe. Estou indo atrás da mulher que amo, quero passar meus últimos segundos com ela. A senhora entende isso, não é?

Ela ficou em silêncio por um momento. Então disse por fim:

– Qual o nome dela?

– Samantha.

– Diga a Samantha que gosto dela. Não a conheço, mas se ela te faz tão bem assim, gosto dela. Diga a Samantha que eu gostaria que ela experimentasse meu bolo.

Ri, mas não feliz. Ri emocionado.

– Tchau, mamãe. Te amo.

– Te amo ainda mais, filho. Nos vemos do outro lado.

Meus amigos budistas disseram não ter medo do fim do mundo. Que quando morressem, iriam reencarnar novamente, mas desta vez eu um outro mundo. Um melhor. Que se a Terra iria morrer, era porque chegara vez dela de renascer também. E eles estavam preparados para isso.

Se eles estavam certos, o que no fundo do meu ser eu desejava que sim, gostaria de reencarnar nesse mundo ao lado de Samantha. E que tivéssemos nossos filhos que se chamariam Elizabeth, Kai, Aaron e Seth. E faríamos de tudo para Kai não matar Aaron como na nossa história.

Eu estava chegando no Vale do Silício. Não era a primeira vez que pousava ali, já que com meu trabalho eu vivia viajando para esses centros tecnológicos.

Olhei o relógio. Eu não tinha nem duas horas para encontrar Samantha.

Parei meu helicóptero no topo de um prédio qualquer e liguei para ela. Estava afobado. Ela atendeu depois de três toques.

– Howie! Howie, por que demorou tanto?

– Eu estou aqui, Samantha. Eu cheguei, eu estou aqui!

– Aqui onde? Ai meu Deus, não brinca! Você está aqui na Califórnia?

– Sim, estou! Acabei de pousar meu helicóptero.

– Não me disse que pilotava. Nem me disse que tinha um helicóptero!

– Eu sei, eu sei. Desculpa. Onde posso te encontrar?

– Eu estou no aeroporto. Eu ia pegar um avião para ir até você, mas não tinha voo. Mesmo assim não iria dar tempo de chegar até você e fiquei tão frustrada que perdi a vontade de voltar para casa. Decidi ficar aqui.

– Eu já estou indo, ok? Não saia daí por nada que eu chego a tempo.

– Ok. Eu não acredito ainda que você tem um helicóptero! Qual é seu sobrenome?

– Hewitt. Howard Hewitt.

– Não brinca! Você é o CEO da Transportes HH.

– Eu sei. Me desculpe se não disse nada, não queria que me julgasse por isso.

– Eu não poderia te julgar, Howie. Estarei te esperando. Tem muita gente aqui, mas é só você procurar por uma mulher de jaqueta vermelha que sou eu.

Não podia esperar mais nem um segundo. Olhei meu relógio, o tempo parecia escorrer por minhas mãos.

Samantha, Samantha, Samantha. Só podia pensar nela.

Eu podia levantar voo com o helicóptero e voar até o aeroporto, mas não conseguia me concentrar. O painel de controle parecia estar escrito grego, minha visão estava embaçada. Estava nervoso demais para qualquer coisa e precisava chegar até Samantha o mais rápido possível.

Desci correndo pelas escadas do prédio que era bem alto e saí em disparada pelas ruas. Nem canseira em conseguia sentir. Meu corpo de cinquenta e cinco anos não oscilava, por mais incrível que pareça, já que eu só queria era chegar até Samantha.

Fui seguindo as placas. Parecia que nunca chegaria até o aeroporto. Parei uns segundos, me apoiando na parede de um McDonalds, exausto. Não se conseguiria dar mais um passo.

Foi então que um carro estacionou bem na frente da calçada onde eu estava.

– Ei, amigo. Quer uma carona?

Era um homem de uns setenta anos com um bigode espesso. Eu não podia recusar.

– Sim, por favor. – eu arfava, meu coração doía. – Ao aeroporto o mais rápido possível.

Eu não pensava direito enquanto ele dirigia. Ele então sorriu.

– Conheço esse tipo de desespero. É do tipo dos apaixonados.

– Já me disseram que eu estava do tipo dos apaixonados.

– É porque está na cara. – o velho era habilidoso no volante. – Qual o nome da pessoa?

– Samantha. Ela se chama Samantha.

– Sabia que hoje eu levei uma Samantha até o aeroporto? Ela parecia apaixonada como você. Perguntei o nome da pessoa e ela me disse Howie.

Meu Deus, era ela.

– E como ela era?

– Muito bonita. Passava segurança e maturidade, mesmo com o desespero dos apaixonados no olhar.

– Mas fisicamente?

– Você não sabe como sua Samantha parece?

– É uma longa história. Como ela é?

– Meu filho, a vida inteira fui taxista. Quando disseram que o mundo iria acabar, continuei trabalhando. Sabe aquela lista das sete coisas para fazer? Tudo o que eu queria era fazer os outros felizes, com amor e esperança. Comecei a dar a viagem de graça para os desesperados como você... olha, chegamos!

Nem tive tempo de perguntar novamente como ela era. Nem tive tempo de agradecer. Apenas saí do taxi correndo e peguei o celular para ligar para ela.

– Howie?

– Samantha, estou aqui no aeroporto! Onde você está?

– Na plataforma três. Onde você está?

Olhei em volta e vi que estava na oito.

– Oito. Não saia daí porque a gente pode se desencontrar. Um homem de uns setenta anos me trouxe aqui. Disse que tinha feito o mesmo com você.

– Sério? Não brinca! Isso é muita coincidência. Onde você está agora?

Olhei para cima.

– Plataforma seis. Não sai daí.

Olhei o relógio. Eu tinha minutos.

O que eu faria com tão pouco tempo? Eu a beijaria. E diria que a amo, e a abraçaria bem forte e o que mais desse.

Plataforma quatro.

Eu estava cansado de tanto correr, mas não desistia e nem oscilava.

Plataforma três. Eu gritei com o resto do ar que me sobrava:

– Samantha! SAMANTHA!

Nada.

– Samanthaaaa!

Tinha muita gente nas plataformas, como se toda Califórnia tivesse decidido morrer no aeroporto. No mar de gente não conseguia enxergar a tal jaqueta vermelha que seria de Samantha.

– Howie! HOWIIIIIE!

Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Meu coração parou naquele momento. Eu estava todo suado, mas quem se importa? Eu veria Samantha.

– Samantha, aqui!

– Howie!

Várias pessoas passavam na frente de mim, meu caminho cortado. Eu tentava achar uma brecha, mas parecia impossível.

– Howie?

Quando eu, ela estava ali na minha frente. Era tudo que eu imaginava, era melhor que eu imaginava.

– Samantha.

Um claridão atingiu meus olhos, banhando Samantha com sua luz. Estávamos sendo engolidos, absorvidos para a eternidade. E estávamos juntos.


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Notas finais do capítulo

E aí? Reviews? Me contem como seria a lista de vocês ^^