O Reflexo escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Tô achando que esse plano da Liz vai babar. E vocês?



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Eu e Liz ficamos no quarto pensando em várias hipóteses até chegar a uma conclusão.

– Você conhece bem esses dois, Wes, alguma atitude que podemos esperar?

– Mary Ann vai acordar cedo amanhã.

– Pra quê?

– Pra trabalhar.

– Ela trabalha nos domingos?

– Não todos os domingos. Mas ela comentou que vai trabalhar amanhã. Ela deve acordar mais cedo do que de costume, porque vai ter que passar em casa para se arrumar.

– Ela usa uniforme?

– Acho que não.

– E quanto ao Artie?

– Do jeito que ele bebeu, eu duvido que acorde cedo.

– Entendi. E já sei o que vamos fazer. Teremos que montar duas cenas, uma para cada um deles.

Assim, planejamos tudo e colocamos um despertador para acordar antes de Mary Ann. Dormimos na mesma cama, e não aconteceu nada. Quando acordamos, preparamos nosso figurino. Eu fiquei só de calça e Liz colocou um roupão preto transparente por cima da lingerie. Errado? Não. Ela estava na casa dela, ora. Ela foi para a cozinha fazer café, e eu fiquei no quarto bagunçando os lençóis e jogando roupas por aí. Então, fiquei de olho no meu celular e de ouvido na porta. Mary Ann fez uma ligação pra mim e escondeu o celular. Eu fiquei ouvindo ela fazer café. Pouco mais tarde, ouvi a voz dela.

– Ah, bom dia, Mary Ann! Já de pé tão cedo?

– Pois é... – Mary Ann parecia um pouco desconcertada. – É que eu tenho que trabalhar.

– Você trabalha aos domingos?

– Não todos os domingos. Só quando meu chefe atende algum cliente especial.

– Entendi. Eu fiz café, vai querer? – Disse Liz, e pelo barulho, deu pra perceber que ela estava dando um gole em sua xícara.

– Eu aceitaria, mas estou atrasada. Ainda tenho que passar em casa para me arrumar. – Eu estava feliz por tudo estar dando certo.

– Ah, deixa disso! Aposto que vestimos o mesmo tamanho. Eu posso te emprestar alguma coisa – nessa hora, eu torci pra ela aceitar. E pra ela não usar uniforme.

– Obrigada. Estou mesmo em cima da hora. – Mary Ann deveria ter, de alguma forma, deixado transpassar seu desconforto por Liz estar sem roupa, pois ela teve uma reação.

– Ah, desculpe por isso. Imaginei que você e o Artie fossem acordar mais tarde, então não me importei.

– Eu não vejo problema nisso, mas fico preocupada com o Artie. Acho que seria desconfortável para vocês dois.

– Com certeza. Bom, - disse Liz, e eu ouvi os barulhos de louça, como se ela estivesse colocando coisas na pia - vamos lá ver o que eu posso te emprestar. E vou aproveitar para vestir alguma coisa. Ah, quase esqueci. Melhor eu ir antes de você. Eu não sei como o Wes está – Liz deixou um risinho escapar.

– Ah, o Wes. Achei que ele dormiria no sofá.

– É, ele dormiria, mas nós começamos a conversar e deu no que deu. Mas eu não me arrependo, foi uma noite maravilhosa. Vou ver como ele está.

Hora de eu entrar em cena. Abri a porta do quarto e andei até a cozinha.

– Tudo bem, meninas, eu já estou vestido. Não se preocupem. Bom dia, Mary Ann. - Fui para trás do balcão, onde Liz estava. A abracei de lado e beijei seu rosto. – Bom dia, querida. - Toda a situação estava sendo bem difícil pra mim. Liz era uma garota de calcinha e sutiã, pretendente do meu melhor amigo e colega de trabalho. Mas, ela também era minha amiga, e eu estava muito seguro do que queria. Tratar tudo como uma brincadeira na minha cabeça me ajudou muito naquela hora. Era tudo um teatro entre amigos. Liz estava tratando tudo com seriedade, o que aliviava a minha consciência e me dava a certeza de que ela realmente gostava de Thomas. Em nenhum momento ela demonstrou insegurança quanto a isso.

– Bom dia, meu am... Ah! - Liz abaixou do nada e se escondeu atrás do balcão. Eu olhei para trás de Mary Ann, para onde Liz estivera olhando, e ela também. Lá estava Artie, boquiaberto, sem entender nada.

– Artie, já de pé? – Perguntou Mary Ann.

– Eu acordei de um pesadelo, amor.

Liz levantou a mão por trás do balcão.

– Foi mal, Artie! Achei que você ia acordar mais tarde.

– Tô de boas. Tem café?

– Tem – disse ela.

– Bem que eu senti um cheirinho de café.

– Wes, - sugeriu Mary Ann – que tal levar o Artie pra dar um passeio? – Eu não entendi a sugestão maluca (apesar de que adoraria dar um passeio com Artie) até ela sinalizar com os olhos, indicando que Liz precisava se vestir.

– Ah – eu disse. – É uma boa ideia. - Eu peguei duas xícaras de café e fui para fora, com Artie me seguindo. Nós dois ficamos de pé na escada. E tomamos café sem dizer nada. Até que ele finalmente se pronunciou.

– É uma bela moça, a Liz.

Eu olhei para ele, meio espantado. Ele estava mesmo dizendo que Liz era bonita, depois de vê-la sem roupa?

– É mesmo? Legal que ache isso. Mary Ann também é... Interessante.

– É. Ela é sim. Fico feliz que a noite não tenha acabado cedo pra você. Eu estava tão bêbado que eu e Mary Ann nem pudemos nos divertir.

Eu estava quase explodindo, mas segurei mais um pouco.

– É uma pena. Mas vocês terão outras oportunidades.

– Com certeza teremos. Mary Ann é uma garota incrível, sabe? Ela entende todos os meus sentimentos. É paciente, nunca me culpa pelos erros dela e até assume os meus. Ela cuida do meu gato, e se preocupa com ele quando nem eu, que sou o dono, penso nisso. Ela é atenciosa, sabe. E, além de tudo. É linda. Muito linda. Eu amo fotografá-la e conversar com...

Artie parou de falar. Mas não porque ele percebeu que tinha chegado ao limite. E sim porque eu cheguei ao meu limite. Deixei a xícara cair no chão, e o café espirrou em nossos pés.

– Wes? Você está bem?

– Não. Eu não estou bem. Eu não estou bem! Qual é a sua, hein? Por que não abre o jogo? Por que não diz logo quem você realmente é?

– O quê? Eu não sei do que você está faland...

Mais uma interrupção. Mas dessa vez, muito mais brusca. Eu havia dado um tapa no rosto dele.

– Você é um idiota! Um grande idiota! Eu não sei como eu pude... – me apaixonar. Era isso o que eu diria. Mas não tive coragem. Ele não parecia mesmo ser o Reflexo. Então eu corri e o deixei ali, possivelmente sem entender o que acontecia. Ele não veio atrás de mim, provavelmente por estar confuso demais. Minha cabeça me dizia para ficar feliz por ele ter ficado lá. Mas meu coração estava chorando. Meu coração queria acreditar que aquele era o Reflexo. Mas essa não parecia ser a verdade, e isso estava me estilhaçando.

Então eu só chorei e corri.


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Notas finais do capítulo

Acabou que a cena foi ótima, mas não suficiente para trazer um resultado. Mas será que existe mesmo esse resultado? Como ele seria? Bom, até que enfim o Wes explodiu, perdeu a cabeça, e isso é algo que todos estavam esperando. Mas qual será o preço desse descontrole?
Comente o que você achou do capítulo, mas antes disso, me diga: Você está bem? Tá tudo bem? Tudo certo? Tudo OK? E a escola? E o trabalho? Quero saber de vocês, queridos leitores, como anda a vida de vocês. E depois disso, o que vocês acharam do capítulo. Eu espero que todos estejam bem. Bjus!



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