O Reflexo escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Wow! A manutenção terminou! Tadinho do Seijinho, teve vários pepinos nessa manutenção. Que bom que ele finalmente conseguiu. Agora, podemos ler esse capítulo, não é mesmo?
O que será que vai acontecer nessa noite, hein?



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Artie e Mary Ann amaram a proposta. Eles me revelaram que sempre quiseram ir a um Speakeasy, mas nunca tiveram uma “oportunidade”. Mary Ann me sugeriu que eu levasse mais alguém, provavelmente estava querendo me dizer que não gostaria que eu ficasse de vela. Cuidei de todos os detalhes. Liguei para Jeff, meu amigo que era bartender no Please Don’t Tell. Ele disse que se certificaria que, no último sábado do mês, haveria uma reserva para quatro pessoas em meu nome. Então, eu só precisava ligar para a quarta pessoa.

~

– Deixa eu ver se entendi. Você me convida para um jantar em um Speakeasy, me deixa toda feliz porque alguém finalmente está sendo legal comigo... E aí eu descubro que você quer fazer ciúme em outra pessoa, e que se não fosse por isso, nem lembraria de mim.

– Para de ser dramática, Liz.

Liz era uma garota morena de cabelos curtos e cacheados que trabalhava na cozinha do Cafe Boulud. Por incrível que pareça, depois que eu cresci, fiquei bem melhor na arte de fazer amigos. Eu, Liz, Thomas e mais alguns formávamos um certo grupo de funcionários que saia para tomar sorvete nos dias de folga comum. O último sábado do mês era uma folga comum entre eu e Liz, e ela era muito bonita e divertida, além de ser uma grande amiga. Na verdade, ela era a única pessoa, fora Thomas, que sabia dos meus problemas. Eu sabia que Liz e Thomas estavam se olhando havia um tempo, então eu não correria perigo de ela se apaixonar por mim quando estivesse me fazendo esse favor. Além de tudo, eu sabia que Liz gostava de aventuras, boa gastronomia e também conhecia o Jeff. Ir ao PDT já era uma aventura. Fazer o que íamos fazer tornava tudo ainda mais divertido.

– Tá, parei de brincar. Eu não esperava isso de você, Wes, mas pra quem ama vale tudo – ela riu. Ela levaria tudo numa grande brincadeira, e eu sabia disso. - Você vai conhecer os meus incríveis dotes em artes cênicas, senhor Wes Ferreira.

~

Tudo foi combinado direitinho. No último sábado do mês, Lizzie me mandou a foto do vestido que ia usar. Ele era curto, decotado e banhado em paetês dourados.

– Não é pra parecer uma prostituta, Lizzie.

– Eu sei, eu tô zoando. Fica tranquilo.

Mais tarde, quando eu estava quase pronto, ela veio à minha casa usando um belo vestido azul de alça fina e que ia até a metade da coxa.

– Que tal?

– Melhorou bastante, Liz, muito obrigado.

Liz ficou vendo TV – como se a casa fosse dela – enquanto eu terminava de abotoar a camisa. Pouco depois, fiquei completamente pronto e fiquei vendo TV com ela até eu receber a mensagem de Mary Ann, que dizia que eles estavam lá embaixo. Eu respondi, dizendo que já estávamos descendo. Eu e Liz saímos juntos e pegamos o elevador até o térreo. Depois, saímos pela porta da frente, que sempre ficava aberta, e descemos mais alguns degraus. As caras de Artie e Mary Ann estavam impagáveis. É, nós dois estávamos arrasando no visual, galera. Mesmo que eles estivessem dentro do carro, dava para ver que estavam impressionados. Eu não sabia com o que exatamente eles estavam impressionados, mas esperava que estivessem achando a Liz linda. Eu esperava que o Artie, se fosse mesmo o Reflexo, estivesse a odiando por estar em seu lugar, e me odiando por estar dando o troco.

– Boa noite – eu disse ao entrar no carro. Todo mundo falou boa noite, como são os bons modos nova-iorquinos. – Esta é Liz, minha colega de trabalho. – Eu tinha dito a Mary Ann que Liz era um pouco mais do que uma colega de trabalho e estava torcendo pra ela ter comentado com Artie. – Liz, esses são Artie e Mary Ann.

– Prazer – disse Liz, toda simpática. Mary Ann e Artie se entreolharam, sorrindo.

E Artie dirigiu em direção ao Crip Dogs.

~

Depois de muita luta para estacionar, nós finalmente paramos em frente ao Crip Dogs.

– Achei que o nome do lugar era Please Don’t Tell – disse Artie.

– Calma – eu disse. – Ainda não chegamos.

Apesar de nunca termos ido ao lugar de verdade, eu e Liz sabemos o que fazer. Entramos no Crip Dogs, sendo acompanhados de perto por Artie e Mary Ann, e chegamos a uma cabine telefônica dentro do restaurante. O telefone tem um bilhete que diz: “Bem-vindo. Esse telefone é nossa campainha. Por favor, toque uma vez e nós estaremos com você. Obrigado”.

Toco o telefone uma vez. Alguém me atende. Eu informo que sou Wesley Ferreira, e que fiz uma reserva para quatro pessoas. Em pouco tempo, estamos em um lugar mais escuro e aconchegante. Logo avistamos Jeff atrás da bancada. Ele sorri para nós, nos cumprimenta, e pede a um garçom que nos mostre a mesa que estava reservada para nós.

Sentamos e conversamos baixo sobre o que vamos pedir. O Please Don’t Tell tem algumas regras, como falar baixo, não fazer ligações e não ficar bêbado. Finalmente, decidimos, e pedimos a mesma refeição para todos.

– Quatro Oyster Dogs e quatro C Cups. – Digo ao garçom. – Ah, e Torres Tots.

Enquanto esperamos a comida, conversamos.

– Então – disse Artie – você é do Boulud? Nunca vi você por lá.

– Mas com certeza já experimentou algo que teve a minha mãozinha. Eu trabalho na cozinha.

– Ah, então você faz parte da produção de delícias – disse Mary Ann. – É uma honra conhecer quem está por trás do melhor restaurante de Nova York. E esse lugar não fica muito atrás. Deve ser muito difícil fazer uma reserva.

– É, mas eu tenho os meus contatos. – Digo. – Jeff, o bartender, é nosso amigo.

Depois de mais um pouco de conversa, nossa comida chegou. O Oyster Dog era um cachorro-quente frito, envolto em bacon, coberto com batatas fritas de cordas de calçado e cebolinha. Era delicioso. Comemos e bebemos o tal drink. Depois, Jeff veio em nossa mesa trazer dois drinks azuis.

– The Shark – disse ele. – Um drink famoso no PDT, quero ver qual de vocês aguenta. Por conta da casa.

Artie rapidamente pegou o drink, como se quisesse demonstrar que ele é corajoso. E eu... bem, eu não perderia uma oportunidade dessas. Nós dois viramos, e as meninas ficam se contendo para não gritar. Afinal, não era permitido gritar nem jogar, então, mesmo que estivéssemos tentando beber rápido, não poderíamos tratar aquilo como um jogo.

Terminamos mais ou menos ao mesmo tempo. Pouco mais tarde, pagamos a conta, nos despedimos de Jeff e fomos embora. Mas a noite estava longe de acabar. Eu e Artie gostamos da parte da competição, e decidimos fazer de verdade. As meninas acharam que seria divertido. Nós passamos em um supermercado e compramos duas garrafas de alguma coisa que eu não sabia o que era. Mas Artie disse que era bom. Fomos para uma praça um pouco vazia e sentamos nos bancos. As meninas se prepararam para torcer, e nós começamos a virar. A bebida era forte demais, e a competição não era terminar a garrafa, mas ficar bebendo por mais tempo. Eu não costumava beber (e ainda não costumo), então parei logo. As meninas estavam rindo da coisa toda.

– Você é muito fraco, Wes – ele me disse. Eu quase explodi tudo o que eu tinha pra dizer na cara dele, mas sabia que ainda não havia chegado a hora.

– Eu sou um degustador de vinhos. Fazer isso é deprimente. Por que não brincamos de adivinhar a década do vinho...

– Andem, vamos andando – disse Liz. – O carro está longe. E eu também quero isso – ela apontou para a garrafa.

– Eu divido com você.

Andamos em passos lentos até o carro, compartilhando as garrafas. Ups, carros e garrafas não deveriam estar na mesma frase. Ainda bem que nos demos conta quando Artie não conseguiu colocar a chave na ignição de tão bêbado que estava. Felizmente, ele parecia estar lúcido o suficiente para entender o que estava acontecendo, e para não vomitar. Todos nós estávamos meio grogues.

– Vamos chamar um táxi – ele disse.

– Eu moro perto daqui – disse Liz. – Meu irmão está viajando, então temos dois quartos.

– Pode ser uma boa ideia.

Saímos do carro e Artie o fechou. Depois, continuamos andando e terminamos com as garrafas antes de chegar à casa de Liz.

– Foi uma noite incrível – disse Mary Ann, entre suas risadas. Ela estava rindo muito sob os efeitos do álcool. – Obrigada por tudo, Wes.

Dentro da casa, a coisa toda desandou. Artie e Mary Ann começaram a se beijar do nada. As coisas estavam tão loucas que Liz teve que leva-los ao quarto para impedir que eles fizessem qualquer coisa ali na sala mesmo. Eu me sentei no chão da cozinha, e Liz sentou do meu lado.

– É – eu disse. – É isso. Acho que não adiantou nada.

– O quê? Você vai chutar o balde assim?

– E o que mais eu posso fazer?

– Não desistir. Ainda temos amanhã de manhã. Vamos fazer uma cena.


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Notas finais do capítulo

Liz ainda não desistiu. O que vocês acharam dela? Ela está bem empenhada em ajudar Wes, né? E o que vocês acharam do comportamento do Wes? E de Artie e Mary Ann? Até semana que vem, meus lindos!