Lembranças de Elisa escrita por Rebeca Maia


Capítulo 21
Capítulo 21




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– Fique quieto Jonas, assim irá acordá-los. - Minha avó cochicha para o vovô que abrira a porta para ver se estava tudo bem.

Achando que eu estava dormindo, vovô Jonas deixa alguns pães e um café fresquinho em cima da mesinha de centro que havia no nosso porão.

– Oi vovô. - Falo enquanto ele estava nas pontas dos pés prestes a sair pela porta baixa e estreita do porão.

– Olá querida. Você está bem? - Vovô beija minha testa. - Que bom que voltaram. Eu sabia, eu sabia.

– Eu o amo vovô. - Digo depois o abraço. Ele diz que me ama também e, vai embora cuidar das suas preciosas plantas.

Tuti estava dormindo como uma criança e eu não queria acordá-lo, fomos dormir tarde e ele parecia cansado e sonolento, então com um pouco de esforço fui me inclinando e me levantei, depois sentei na beira do sofá. Estava com muita fome e angustiada de tanto ficar deitada. Depois de um tempo resolvi tentar me levantar sozinha, então usando a força dos braços consegui me colocar de pé. Me sentia radiante por ter conseguido levantar sozinha, queria que Tuti tivesse uma surpresa quando acordasse e me visse, então, dei o primeiro passo.

– Ok Elisa, está tudo bem. Você consegue. - Digo para eu mesma em voz baixa.

Dei então o segundo passo, depois o terceiro e o quarto e, por fim consegui chegar até o outro canto do porão, que não era tão difícil pelo fato de ser minúsculo, mas era um grande começo.

Vejo Tuti abrir os olhos lentamente, se estica para alongar-se e em seguida se vira para mim.

– Elisa! - Ele se senta rapidamente no sofá. - Você?

– Sim, eu andei e sozinha! - Respondo extremamente animada.

– Meu amor, que ótimo!! - Enquanto Tuti se levanta para me abraçar eu também sigo em sua direção.

Ao dar o segundo passo tropeço com o pé que ainda não estava tão firme e caio para frente em direção de Tuti que rapidamente me segura antes até mesmo que meus joelhos se espatifem no chão.

– Você está bem?! - Ele pergunta.

– Estou, não foi nada. - Digo.

– Você ainda vai me matar. - Tuti respira aliviado e me leva até o sofá novamente.

– Eu vou voltar a andar como antes Tuti. - Falo enquanto colocava meus sapatos.

– Com certeza sim, e eu vou estar lá garantindo que não caia. - Ele senta do meu lado me dando uma xícara de café.

Era domingo e estava um dia chuvoso e frio. Tuti pediu para que fossemos á casa da sra. Madalena para almoçarmos com ela e a Maria. Quis muito ir e matar a saudade dessas pessoas tão amáveis.

Tuti para o carro e reparamos que havia alguém na casa de sua mãe.

– Mamãe não avisou que teria visitas. - Diz ele.

– Você não reconhece este carro? - Pergunto.

– Não conheço ninguém que tenha esse carro. - Ele responde.

Nós então descemos do carro e fomos até a porta. Tuti toca a campainha e sua mãe abre a porta com cara de choro.

– O que houve mamãe? - Tuti pergunta preocupado para ela.

– Ela esta aqui. - Ela sussurra em seu ouvido mas consegui escutar.

– Ela quem? - Eu pergunto.

Então nós entramos e sentada no sofá havia uma mulher loira e alta de costas para nós.

– Amanda?? - Tuti muito indignado diz. - O que faz aqui??

A mulher se vira e era ela, Amanda Medeiros, a megera que abandonava crianças indefesas e um pai amoroso.

– Eu vim ver a minha filha. - Ela responde e coloca um cigarro na boca para acender.

– Nós não fumamos aqui querida, por favor, fume lá fora. - Diz a sra. Madalena que pelo seu rosto estava por aqui com a Amanda.

Eu fiquei apenas calada, pensando comigo mesma que se pudesse andar direito nem sei o que faria.

– Então você acha que pode ir embora, abandonar minha filha e depois volta como se nada tivesse acontecido? - Tuti fala. - Você me dá nojo.

– Eu senti saudades. - Ela responde com uma voz extremamente irritante. - Quero minha filha de volta.

Nesse momento nós nos olhamos, muito preocupados porque o que ela estava dizendo era sério demais ao ponto de nos deixar completamente aflitos.

– Amanda, escuta. Você sabe que isto que está fazendo é como se estivesse me matando, por favor, você nunca quis saber da Maria e agora que somos mais apegados do que nunca quer nos separar? - Diz Tuti.

– Eu tenho o direito de ter minha filha também. E se for preciso, levarei ela comigo para Brasília. - Diz Amanda sabendo que aquilo machucaria muito todos que estavam na sala.

Sem que percebêssemos Maria estava ouvindo toda a conversa e ela vêm chorando em direção ao seu pai.

– Eu não quero ir com essa mulher papai!! Não quero!! - Tuti pega ela no colo e eu acaricio sua perninha tentando acalmá-la.

– Se for preciso vamos fazer de tudo para que você não a leve. - Eu digo olhando diretamente para os olhos dela.

– Veremos. - Amanda pega sua bolsa e sai batendo a porta com força.

– E agora o que faremos? - Pergunta a sra. Madalena.

– Fique calma, ela abandonou a Maria. Não pode achar que vai tomá-la de nós.

O dia ficou péssimo depois disso, mas não saí de perto da minha segunda família, que no momento precisava muito de mim. Se depender de todos nós, Maria ficará onde está, com quem a ama de verdade.


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