Road Trip escrita por Machadinho e De Assis


Capítulo 8
Corações aquecidos pela luz da manhã


Notas iniciais do capítulo

Por: Machadinho



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“Lily...”
A mente de Emma viajou entre suas memórias desbotadas, alcançando o dia em que conhecera Lily. Seus olhos e cabelos escuros, suas palavras e gestos afáveis, sim, ela era uma garota especial. Não precisava de uma marca para provar isso. Mas o destino e suas reviravoltas cruéis, se encarregara de distancia-las.
Talvez, ao menos se Emma Swan a tivesse perdoado, seus caminhos poderiam ser escritos juntos. Engraçado e trágico, era pensar em “escrever caminhos” durante uma busca pelo autor.
‘Perdão’ pensou pesarosa ‘Não custava muito perdoa-la’
Fora sua família e, principalmente Regina, que haviam ensinado a dádiva do perdão a Salvadora. Passar por cima de seu orgulho e raiva, para não perder quem ama. Emma perdeu-a, isso jamais mudaria, contudo o tempo parecia estar trilhando um reencontro.
‘Um reencontro com....Meu primeiro amor”
>......................
Regina observava sua companheira de quarto intrigada. Emma parara por alguns segundos mantivera-se em silêncio. Não era um silêncio pesado ou tenso, era reflexivo. Pesarosamente reflexivo.
“Swan? Desculpe-me se invadi sua privacidade. Talvez seja melhor dormimos” Tentou amável.
“Não, você não invadiu” Sorriu doce “Somos amigas, certo? E amigas contam as coisas uma para outra.”
Regina continuou fitando o teto, pensou em murmurar um “claro”, mas achou desnecessário. Colocou as mãos para fora das cobertas e depositou-as vagarosamente sobre o tórax. Perguntou cínica:
“Você contava seus segredos para a Rainha dos picolés?”
Emma gargalhou e ajeitou-se na cama.
“Elsa? Não tivemos muito tempo para conversar, mas tínhamos uma conexão especial”
A morena revirou os olhos enojada, desejou que Swan não tivesse notado o ato.
“Mas com você é diferente...” As sílabas saltaram vagarosas dos lábios da Salvadora, como se procurassem um sentido a seguir. Regina assustou-se com o termo, sentiu-se terrivelmente culpada pelas palavras que usara horas atrás.
“Diferente?’
Emma acendeu seu abajur e sentou-se na cama, cruzando suas pernas como uma verdadeira indígena. Regina limitou-se a encara-la desconfiada.
“Bom, nós temos um filho” Começou sagaz “E esse tipo de conexão, eu não terei com mais ninguém. Mesmo daqui há cem anos, você ainda será mãe. Nunca poderei expressar a minha gratidão, por você ter salvo...Nosso filho”
Regina sorriu emocionada. Era um daqueles sorrisos largos e sublimes, que apareciam raramente e iluminavam ao redor.
“Um ponto para mim” Disse Emma desconcertada, enquanto tirava uma mecha da frente de seu rosto. Foi a vez de Regina sentar-se, deteve-se ao encostar na cabeceira. Pigarreou levemente e fitou profunda os olhos da Xerife.
“Emma, eu nunca te agradeci.”
“Pelo que?” Indagou intrigada
“Pelo Henry” Sua voz embargou-se “Eu sei, você se arrepende de muitas coisas. Todos nós erramos, talvez eu tenha errado mais. Mas eu te agradeço por ter-me dado a chance de ser mãe, por tanto tempo, a única mãe. No começo eu desejei que você fosse fulminada por um raio...Mas hoje agradeço”
“Regina...” Tentou a loira, mas voltou a ser interrompida pela prefeita.
“Sim, eu te agradeço por superar meu passado sombrio, e permitir que o Henry continuasse fazendo parte da minha vida” As lágrimas correram pesadas “Obrigada por me perdoar”
Perdão, essa era palavra da noite.
>.............................
Após secar suas lágrimas, notou que Emma perdera-se novamente em seus pensamentos. O ar ganhava um tom íntimo e familiar, uma sensação que Regina presenciava poucas vezes. Assustou-se quando a Xerife iniciou tristonha:
“Uma vez eu perdi uma pessoa. Bom, na verdade eu já perdi muitas pessoas” Dizia sem olha-la nos olhos.
“Parece que além de um filho, temos mais algumas coisas em comum”
Emma suspirou. Seus olhos cerraram-se por alguns instantes, como num sonho a face de Lily veio a sua memória.
“Eu a perdi, Regina. Perdi porque não consegui perdoa-la.”
“Quem? Eu a conheci?”
Emma olhou-a indefesa, enquanto gotas salgadas desciam por suas bochechas. Queria não ter dito nada daquilo, mas não poderia continuar a esconder. Ela negara sua vida inteira aqueles sentimentos. Sempre fora diferente, desencaixada, uma peça avulsa no quebra-cabeça. Quando conheceu Lily, um misto de alegria e terror invadiu sua mente.
Feliz por finalmente sentir-se amada, contudo aterrorizada por amar outra garota.
Ao perder Lily, pensou estar livre daqueles sentimentos terríveis. Desejou ardentemente nunca mais se apaixonar.
Os anos passavam e, ao encontrar Neal, decidira começar uma nova família, daria ao seu filho a família que nunca teve. Uma mãe e um pai, um casal perfeito. A pessoa que ela precisava ser.
Porém a vida voltaria a derruba-la, para uma solidão que só cessaria com a chegada de Henry e finalmente...Regina. Regina havia reacendido aquela paixão, algo incontrolável e belo, que Emma jamais admitiria. Cada segundo com sua amada, era um martírio e uma benção. Não amava Hook, sentia-se lisonjeada por seus agrados e afagos, mas quando a noite caía e voltava a ficar só, ela sabia que não era ele quem seu coração clamava. Não eram seus olhos que ela procurava na multidão, não era sua voz que soava discreta em seus sonhos, não era seu gosto que procurava nos beijos.
Amava Regina, e temia nunca poder revelar isso.
“Você não a conhece. Não ainda”
“É essa tal Lily, não é?”
O silêncio respondeu sua pergunta.
“Emma, eu já lutei contra muitos fantasmas. E se aprendi algo foi que, se ainda dói, a ferida continua aberta. Quando encontrarmos essa Lily, você irá resolver isso”
Emma surpreendeu-se com o tom de Regina. Autoritário e resoluto, uma rainha.
“Okay...Acho que isso foi uma ordem.”
Regina maneou a cabeça arqueando as sobrancelhas.
“Você me prometeu um final feliz. E não vai consegui-lo chorando...”
O sol já raiara por todo o quarto, iluminando-o completamente. Pela luz que lançava-se entre as janelas, observava-se os fragmentos e grãos de poeira dançando pelo ar. Ao fundo, entre a porta do banheiro e a escrivaninha de mogno, a poção descansava numa mesinha antiga.
Regina levantou-se repentinamente espreguiçou-se, Emma riu ao ouvir alguns estalos, provavelmente das articulações da prefeita.
“Chegue assim aos 60 anos, Miss Swan.”
Swan desejou retrucar a alfinetada, mas a outra adiantou-se.
“Levante e arrume-se, Emma. Quero que você veja uma coisa”


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