Road Trip escrita por Machadinho e De Assis


Capítulo 13
S.o.s


Notas iniciais do capítulo

Escrito por: Machadinho



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_Como ela ficará?_ Sua voz soara preocupada pelo corredor frio do hospital.
O médico levantou os olhos cinzas da prancheta antes de murmurar.
_ Ela estava muito desidratada, não me surpreende ter desmaiado no banheiro da...Sua suíte. Está reagindo bem ao soro, apenas dormindo agora. A pressão e os índices glicêmicos caíram muito...Estamos monitorando-os aos poucos.
_Ótimo_ Dizia balançando a cabeça como se compilasse as informações_ Acha que ela terá alta ainda hoje?
_ Sra. Mills, primeiramente queria deixar claro que seu plano não oferece cobertura há alguns exames necessários, uma ressonância da cabeça seria interessante para vermos se a queda gerou algum tipo de dano...
Ela suspirou com desdém.
_Eu pago qualquer coisa...Inclusive o quarto particular, espero que ela seja removida da enfermaria ainda hoje.
O doutor olhou-a receoso, deu alguns passos pelo piso branco e pediu que Regina o acompanhasse. Abaixou o tom de voz, como em segredo, e começou:
_ Infelizmente, Sra. Mills, o hospital está sofrendo algumas expansões, a grande maioria dos quartos estão ocupados. Não acho que seja necessário remove-la da enfermaria. Lá, sua amiga tem toda a assistência necessária.
Foi a vez de Regina fitá-lo, porém enraivecida.
_ Sim, assistência com mais 15 pacientes. Eu quero um quarto particular para ela, não importa quanto custe_ Recuperou seu tom mais calmo_ Ela é uma pessoa muito importante para mim... E para todos os nossos.
O médico ergueu os braços em sinal de desistência. Ficara claro o quão importante era a remoção da mulher loira o quanto antes. Apertou as mãos delicadas da bela dama, e retirou-se para falar com a enfermeira ruiva e roliça.
Regina sentou-se na poltrona bege não muito confortável do saguão. Estava cansada, extremamente exausta. Desde o momento em que escutara o som abafado da cabeça de Emma batendo no chão do banheiro, não sentara por um minuto. Tivera que arrastar Emma até a cama, tarefa dificil pois esta era muito mais pesada do que realmente aparentava. Com muito cuidado, enquanto aguardava a ambulância, trocara a loira... Apesar de muito constrangida, pois Emma não usava sutiã, estava nervosa o suficiente para ignorar a visão dos seios da Salvadora.
“Se você morrer Emma Swan...Eu terei sérios problemas. Qual seu problema? Espera atravessar a fronteira da cidade, para cair desmaiada no banheiro de uma suíte de quinta categoria! Eu te odiaria se não te amasse...Como amiga, claro. Boas amigas...Estou realmente explicando para mim mesma essa situação constrangedora?”
Aos poucos sua mente fadigada misturou-se com a voz rouca do médico, seus olhos desejavam cerrar-se, contudo o café era forte o suficiente para detê-los. A voz da apresentadora chamou sua atenção:
“São exatamente oito horas dessa fria manhã, James. Bom dia Chicago!”
A roliça enfermeira sorriu para Regina enquanto desaparecia por uma porta.

_Ministre uma ampola de metoclopramida na Srat. Swan, sim?
A mulher loira de jaleco branco pareceu murmurar algo.
_Claro...Mas onde está Beatrice?_ Ele parecia procurar a outra enfermeira.
Ela voltou a sussurrar vagarosamente, enquanto o doutor parecia acompanhar a linha de pensamento.
_Então espere uns 15 minutos até o soro acabar...Uma ampola é suficiente. Sra. Mills?_ Dirigiu-se a quase embriagada morena, que observava a TV, nada atenta._ Por que não vai para o hotel? Tome um banho e volte com os documentos da Srat. Swan.
Regina não protestou, estava cansada e sabia que ficar ali não mudaria nada. Levantou-se e vestiu o casaco bege que trouxera.
_ Certo doutor, só...Cuide dela.
_Farei o melhor_ Disse levemente distraído.
Regina atravessou o portal do centro médico. Já na rua, encontrou o fusquinha amarelo parado próximo ao estacionamento. Ficou aliviada ao ver que um dos garçons do Hotel atendera seu pedido, antes de subir na ambulância junto com os paramédicos.
“Aonde eu estava com a cabeça? Dei a chave do fusca para um total desconhecido.”
A chave estava depositada sobre o pneu esquerdo da frente, era um verdadeiro milagre ninguém tê-lo roubado. Mas pensando bem, quem em sã consciência roubaria aquela lata amarela?
Destrancou a porta e sentou-se no estofado empoierado. Era a primeira vez que estava ali sem Emma. Aquele silêncio era estranho... Swan sempre tinha algo para falar, por mais ridículo que fosse, era um complemento. Um motivo para que ela pudesse revirar os olhos e bufar irônica.
Observou o silêncio desconfortante do carro, ele cheirava à Emma. Uma mistura de creme para cabelo, café, donnuts e aquele perfume levemente adocicado. Olhou a sua volta, os copos de café recostados no canto do banco, a jaqueta vermelha de couro jogada no banco do fundo. Os pacotes engordurados dos hamburgueres frios dentro da sacolinha da loja de conveniencia.
Foi só então que teve a curiosidade de abrir o porta-luvas. Certo, talvez fosse invasão de privacidade, todavia ela tinha salvado a vida dela...E elas dividiam um filho. Nada mais justo do que espiar um porta-luvas inofensivo.
O minusculo compartimento estava literalmente abarrotado. Pelo visto, organização não era um ponte forte da Salvadora. Dezenas de anotações feitas em pequenos papéis amarelos, outras em guardanapos do Granny’s. Não pôde deixar de rir de algumas:
“Pegar Henry na escola, Regina não poderá de novo. Comprar leite e canela...Perseguir Snow Queen e lembrar de jantar com Hook”
“Aprender magia de viajar na fumaça...Encher o tanque”
“Comprar munição e meias pro Neal”
Guardou as anotações em seus devidos lugares. Observou com carinho o distintivo cintilando dourado na escuridão do pequeno espaço, algumas balinhas de menta amassadas e uma rosa seca.
_Que tipo de pessoa guarda uma rosa num porta-luvas?_ Murmurou como se comentasse com alguém_ Só você mesmo Emma.
O silêncio parecia cada vez mais desolador, só então percebeu que estava sentada no banco do passageiro.
“Minha motorista está meio ausente...”
Sentou-se rapidamente em frente ao volante e bateu levemente o porta-luvas. Quando estava prestes a girar a chave, a porta do compartimento abriu novamente. Bufou impaciente e bateu, desta vez com um pouco mais de força. A porta permanceu fechada por mais alguns segundos antes de abrir novamente soando um pequeno rangido.
_Maldito carro velho_ Dizia ao fechar a portinha escura com sua furia conhecida._ Fique fechada!
Como se zombasse de Regina, o porta-luvas abriu-se com o rangido conhecido. Ela estava exausta da viagem, das emoções, de arrastar corpo pesado de Emma. Desejava dormir, como numa maldição do sono e só acordar com um café da manhã farto: ovos, torradas, frutas, suco e um café extremamente forte.
Reclinou sua cabeça sob o volante frio, seus cabelos negros deslizaram despenteados. Pensou em fechar seus olhos, mas um pequeno reflexo chamou-lhe atenção. Inicialmente pensou ser o distintivo, mas logo notou que tratava-se de um brilho prateado que emanava do fundo do porta-luvas. Um raio de sol atingia o objeto em cheio. Regina esgueirou-se soltando o cinto e empurrando alguns CD’s para finalmente pegar o metal.
“SOS”
Agarrou uma delicada pulseirinha prateada, de onde pendia um pingente redondo e pesado com a silgla SOS. A prefeita percebeu tratar-se de uma pulseira usada por pessoas com alergias severas, seu coração estremeceu no mesmo instante. Pressionou com força o pingente até escutar um “clic”. A parte superior do objeto soltou-se, deixando aparecer um papel enrolado engenhosamente, leu rapidamente com o coração aos pulos:
“Emma Swan – 22/10/1983 – Exame realizado na data 11/07/1998 diagnosticou:
Alergia SEVERA a CIPROFLACIOCIN E CLORIDATO DE METOCLOPRAMIDA”
Sua mente viajou há alguns minutos atrás, quando ainda estava sentada na desconfortável poltrona do hospital. A voz rouca e tediosa do médico soou novamente em seu ouvidos, como se um alguma forma espectral a sussurasse:
“_Ministre uma ampola de metoclopramida na Srat. Swan, sim?
Então espere uns 15 minutos até o soro acabar.”

_Não_ Levantou o casaco observando o relógio_ Oito e nove! EMMA!
Faziam exatamente nove minutos que Regina havia deixado o hospital. Ela estava desesperada, se a enfermeira aplicasse aquela substância com a fragilidade atual de Emma...Não, não queria pensar. Bem dizendo, não pensou. Girou a chave e acelerou manobrando, o mais rápido que pôde. O fusca amarelo saiu em disparada pelos duzentos metros de distância entre a vaga e a porta do hospital.
Ao virar a esquina deparou-se com tremendo empecilho: Um caminhão parecia manobrar para entrar num depósito próximo ao hospital. Isso gerara um trânsito infernal, se continuasse seguindo o ritmo talvez fosse tarde demais. Pensou em largar o carro ali mesmo e ir a pé, contudo seria idiotice só gastaria tempo...E esse era precioso demais para isso.
Regina Mills, a rainha, a prefeita...Não era questão de escolha, salvar Emma era seu dever e ela não se daria ao luxo de não cumpri-lo. Deu ré cantando pneus e manobrou na contramão, quase acertando um carro dos correios. Não havia jeito, calculou o espaço e subiu na calçada larga, o fusca espremia-se entre os postes que cortavam a passagem.
_MALUCA!_ Gritou uma velha.
A prefeita não estava prestando atenção, desceu da calçada e lançou-se pela outra rua, desejando profundamente estar na mão certa. Não estava. Desviou de duas motos que surgiram no caminho, o sinal estava fechado para sua sorte, ou azar.
O trânsito era impossível de ultrapassar para chegar na rua do hospital. Foi quando notou uma ambulância saindo vagarosamente por um portão branco extenso. Ali deveria ser a entrada dos carregamentos do hospital, Regina não pensou duas vezes, atirou o carro sobre a entrada estacionando praticamente na porta. Fora do carro, um homem parecia gritar irritado.
_ Louca! Você quase me atropela!
Regina desceu do fusca e bateu a porta.
_ Se eu te atropelasse já estaríamos na porta do hospital, não reclame._Redarguiu raivosa.

Caminhou entre os carregamentos, diversas caixas provavelmente com lençóis, agulhas e ataduras. Apertou o passo, o barulho de seu salto batendo no piso frio ecoava por todo o depósito,precisava alcançar Emma, precisava evitar...

“Eu preciso de tempo, eu preciso que os segundos deixem de passar...Eu preciso, meu Deus, preciso passar por aqueles seguranças”
A porta de acesso, provavelmente para o resto do hospital, estava guardada por dois seguranças altos. Ela demoraria muito tentando explicar a situação para eles, tinha que agir rápido. Cada momento era um centímetro a menos entre a agulha e a pele pálida da Xerife.
>.................
Do meio do depósito surgiu esguia, uma silhueta feminina com belas pernas e cabelos negros, carregava uma caixa aparentemente pesada. A mulher de jaleco branco aproximou-se dos guardas com um sorriso não muito natural no rosto.
_Bom dia rapazes, será que vocês podem abrir a porta pra mim, sim?
O segurança mais alto devolveu o sorriso com rapidez e abriu a porta rapidamente. Enquanto a dama passava, o outro silabou rápido.
_Doutora?
Ela paralisou-se no lugar.
_Deseja ajuda com a caixa?_Inferiu solicito.
_Obrigado, mas acho que aguento até a enfermaria._ E saiu deixando os dois para trás.
_Muito bonita_ Disse o primeiro
_Sim, parece ser nova por aqui_ Respondeu o segundo.
Regina, já nos corredores do hospital, soltou a caixa no chão e jogou o jaleco que achara no deposito por cima. Estava lá dentro, Emma estava salva, só precisava chegar a enfermaria a tempo. Correu o mais rápido que pôde usando aqueles saltos e antes de virar o corredor praguejou por um dia tê-los comprado.
>................................
Quando leu sob a porta em prata “enfermaria”, suspirou aliviada. Adentrou ainda correndo pelas portas azuladas. O silêncio pavaroso dominava o local, que agora parecia ter sido evacuado. Não havia sequer um paciente acordado, todos dormiam em seus respectivos leitos, o estomago da prefeita gelou-se. Caçou esbaforida o leito de Emma.
_Emma?!_ Sua voz ecoou pela sala vazia.
Sua visão alcançou há alguns metros a Salvadora, deitada de olhos fechados e cenho calmo, a situação parecia a mesma. Ela observou-a de longe.
“ELA ESTÁ BEM! Eu cheguei a tempo! Você está salva, Swan. Ninguém vai fazer mal a você.” As lágrimas correram quentes e lentas enquanto sua respiração controlava-se.
“Emma, eu te...”
Seus olhos arregalaram-se, duma sombra atrás das cortinas surgira uma enfermeira loira carregando a fátidica seringa na mão. Ela inclinava-se um pouco enquanto passava o algodão esterilizando a pele da Salvadora. Os pulmões de Regina inflamaram-se, sua garganta seca rasgou-se num grito gutural:
_ NÃO FAÇA ISSO!
A enfermeira parou assustada e virou-se rapidamente, ainda empunhando a seringa. Regina caminhou até ela.
_Por Favor, você é a enfermeira que falava com o Dr. Hains agora há pouco, não é?
_Sim_ Respondeu gélida a loira.
Regina retirou do bolso o pingente de onde pendia o papel amassado.
_Veja, eu encontrei isso nos pertences da Srat. Swan. Parece que ela é alérgica a esse componente...Veja aqui_ Disse entregando o objeto nas frias mãos da mulher_ Alergia severa, acredito que no caso é realmente perigoso, ela está muito fraca...
A mulher a sua frente parecia não ouvir absolutamente nada. Abriu um sorriso alucinado e jogou o pingente contra a parede, no canto esquerdo da sala. E quase gargalhando virou-se novamente para Emma, aproximando a agulha de sua veia dilatada.
_ O que você está fazendo?_ Regina indagou desesperada segurando com força o braço da enfermeira_ Você não ouviu o que eu te falei? Se você aplicar essa susbtância ela pode morrer!
Uma gargalhada diabólica brotou estridente na boca da loira, enquanto continuava a aproximar a agulha do braço de Swan. Regina forçou ainda mais seu braço, mas ela parecia determinada a fazer a aplicação.
_ PARE IMEDIATAMENTE! _ A prefeita redarguiu ameaçadora enquanto seus olhos incendiavam-se_ Você vai mata-la!
A enfermeira deixou de gargalhar e limitou-se a virar o pescoço encarando os olhos odiosos da morena. E antes que Regina pudesse ameaça-la novamente, o loiro da mulher transformou-se em ruivo e as poucos a verdadeira aparencia do algoz foi revelada.
_ Talvez eu queira mata-la, irmanzinha.


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