Who We Are escrita por Moonlight, Redbird


Capítulo 6
Carta V-Querido Matt, eu acredito


Notas iniciais do capítulo

Hey meus lindos! Primeiro desculpa a demora. Tia Rafa deu pane, mas voltou para vocês. Espero realmente que gostem do capitulo. E só uma coisa.... Matt... se declare para a garota!!!,



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O edifício não era um dos maiores da Capital. Era mais um daqueles prédios grandes, mas não imenso como a nova prefeitura ou a sede da presidência. Com a revolução, milhares de novas emissoras tinham surgido em Panem. Todas elas disputando uma entrevista com o tordo ou o prêmio de reportagem mais esdrúxula (na opinião de Mags). Ela sabia que a mãe fugia das entrevistas como os tributos fugiam de bestantes. Era como se Katniss ainda estivesse presa aos jogos. A garota lembrava o jeito que ela ficava quando algum repórter entrava em contato pedindo entrevistas.

Era engraçado. Ali, esperando para ser chamada, ela lembrou de como a mãe agia com a imprensa. Mags nunca se sentiu tão filha de Katniss Everdeen como agora. Toda vez que alguém ligava da capital, principalmente quando era algo envolvendo a mídia, Katniss começava a tremer. Peeta ia buscar a torta de chocolate favorita dela, Mags começava a lhe contar sobre uma família de esquilos que ela vira na floresta, enquanto Matt a rodeava de perguntas bobas mas que a faziam rir como louca. Então Haymitch aparecia. Os dois se encaravam e começavam a conversar sobre algo interessante que tinha acontecido no distrito. Era assim que os Mellark lidavam com a dor. Juntos. Mas não agora.

–Lembre-se querida. Rápido como um band aid- susurrou Effie colocando mais uma camada de pó nela enquanto as duas esperavam. Apesar daquela maquiagem horrível, Mags sorriu para mulher. talvez não estivesse sozinha apesar de tudo.

Effie verificou mais uma vez o dispositivo que tinha preso no pulso e fez uma cara desgostosa. Mags sabia que a amiga entrara no modo profissional e que ela se tornava tão teimosa quanto sua mãe quando assumia essa postura.

–Calígula já deveria estar aqui não?-Perguntou ela para uma mulher loira que tinha uma expressão totalmente entediada na mesa da recepção.

–O senhor Calígula já vai recebê-las. Ele está numa reunião que se estendeu um pouco mais do que o previsto, mas logo virá para entrevistar Martielle...

Effie olhou para a mulher furiosa, como se pudesse arrancar o gloss da loira com as próprias unhas. Mags teve uma visão clara de Effie pulando para cima da moça. Poderia até ser divertido, mas não seria bonito de olhar.

–É Margareth! E ela é a filha do Tordo. O que pode ser mais importante do que a entrevista com a filha de Katniss Everdeen? Francamente... em que planeta você vive?- A voz de Effie estava oitavas abaixo quando respondeu para mulher.

Mags achou melhor intervir antes que uma tragédia Effiana pudesse acontecer.

–Effie....- Mags pegou a amiga pelo braço e gentilmente fez com que ela sentasse novamente- A filha do Tordo não se importa.

–Mas devia. Sua mãe nunca aceitaria isso. Você devia....

Margareth segurou as mãos de Effie.

–Minha mãe não está aqui. Relaxe. Ele está nos punindo por fazê-lo esperar tanto. Não lhe dê o gostinho de saber que isso a afetou.

Effie olhou para a garota e suspirou vencida. Pela primeira vez Mags conseguiu ver o quanto a amiga envelhecera. Por de baixo de todo aquele rosa havia uma senhora que não só tinha que se acostumar com todo um mundo novo, mas também com o fato de estar envelhecendo e não ser mais a mesma. De alguma forma, embora soubesse que a raiva de Effie era totalmente sem sentido, Mags compreendeu. Ela sorriu de forma protetora, o que fez a raiva da senhora abrandar. Era estranho começar a ser o adulto da relação.

Pouco mais de dez minutos depois uma porta abriu e um homem que não parecia ter mais do que 26 anos, extremamente magro e de cabelo laranja saiu pela porta. Ele vestia um terno dourado e os sapatos prateados brilhavam no assoalho completamente branco. Mags não precisava imaginar o que as pessoas no seu distrito diriam. Ela definitivamente tinha que mencionar o homem para Matt na próxima carta, porque por todos os pães de Panem, ele era esquisito.

–Senhorita Mellark, por aqui por favor- disse ele, fazendo um sinal para que a garota o seguisse com um sorriso acolhedor.

Assim que entrou na sala, Mags se viu rodeada por luzes estranhas na frente de um papel verde. Haviam duas poltronas que ela imaginou serem para ela e Calígula. Uma mulher de terno que parecia a personificação da palavra "profissional" se adiantou até Mags, falou algumas rápidas frases e a levou diretamente para uma das cadeiras.

Mags já falara com imprensa várias vezes. Sendo a filha do tordo era meio impossível que ela não estivesse nos holofotes. No entanto, o foco nunca fora realmente ela. Era sempre a relação dela com os pais, o quanto ela crescera e como ela, representante de toda uma nova geração do país, vivia. Panem necessitava acompanhar seu crescimento para acreditar que as coisas estavam bem. Mas agora, quando ela estava aqui sozinha, não podia imaginar que tipos de perguntas o homem iria fazer.

Ela estava tão nervosa que nem reparou que Calígula havia entrado. Fisicamente ele não era bem o que Mags esperava. Tinha uma certa idade, mas o cabelo era de um preto brilhante que chamavam atenção para os olhos azuis, não como os de Mags, mas de um tom mais fraco. Ele não era gordo. Instintivamente Mags percebeu que o homem era um dos antigos Capitollinos, pessoas que secretamente odiavam a revolução. Ótimo, pensou ela, que comecem os jogos.

–Senhor Calígula- cumprimentou Mags educadamente enquanto o homem apertava sua mão e sentava, parecendo extremamente confortável na cadeira da frente. Calígula deu um sorriso e Mags pode jurar que viu um pedaço de ouro em um dos dentes.

–Fico feliz que finalmente tenha decidido conversar comigo senhorita Mellark . Panem tem ansiado por isso.

Mags achava que Panem tinha coisas mais importantes do que a entrevista de uma garota de 20 anos com que se preocupar, mas achou que seria muito rude comentar então apenas sorriu.

–Obrigada senhor - Uma resposta fraca, mas era a melhor que ela podia dar.

Onde estavam todos os conselhos de Effie sobre a imprensa quando ela precisava deles? Anos aguentado o refrão "sorria, erga a cabeça e seja mais esperta do que eles" não tinham servido para nada. Phoebes e Nash estavam certas. Apesar de tudo, Mags ainda era uma garota do interior.

o homem falou algumas amenidades, confirmou que a entrevista estaria em diversas mídias: na televisão, nos jornais e nos rádios. Mags fez o possível para prestar atenção no que ele falava. Quando ele perguntou se estava pronta ela apenas confirmou com um aceno de cabeça.

–Ótimo- ele fez um aceno positivo para alguém. Por sua experiência prévia, Mags sabia que isso significava que a partir daquele momento todas as câmera estavam ligadas.

–Então, estamos aqui com a filha do Tordo, o símbolo da Esperança de Panem. Margareth Mellark, agora com 20 anos.

Mags sorriu, tentando parecer o mais simpática possível.

–Obrigada Calígula. É uma honra estar aqui no Panem News- Mags podia até ver o sorriso de Effie . Ela a tinha feito decorar essa frase milhares de vezes. "Seja adorável", recitava ela toda vez que preparava Mags para uma entrevista.

–Ficamos surpresos ao ver que a filha do tordo é tão tímida quanto a mãe. Conte-me o que está achando da capital?

Mags sentiu o alívio a invadir. As perguntas começaram simples.

–Bom.... eu visitei várias vezes a capital quando era criança, mas é muito diferente ser moradora. A Capital com certeza tem seus encantos.

O homem deu uma gargalhada.

–Imagino que sim. O que mais te encantou? Você já encontrou algum garoto, algum amante desafortunado que possa chamar de seu?

"Algum amante desafortunado que possa chamar de seu?" O que, por todas as amoras da floresta, essa pergunta deveria significar? Mags lembrou da mãe falando sobre a imprensa várias vezes durante sua vida. Lembrou que muitas vezes ela disse que as garotas eram bombardeadas com esse tipo de pergunta. "Mesmo durante a revolução, quando eu estava lutando uma guerra", a voz da mãe veio clara em sua mente "Tudo o que eles queriam saber era se eu ainda estava apaixonada pelo seu pai e se Gale era meu amante secreto". A única coisa que ele pode fazer foi sorrir da forma mais inocente possível.

–Ainda não tive essa sorte- disse da forma mais polida possível;

O homem assentiu compreensivo, como se Mags tivesse revelado um segredo de máxima importância.

–Você se mudou para a Capital para estudar química não foi? Interessante. Todos nós imaginaríamos a filha do tordo em algum cargo militar ou político. Mas você decidiu ser cientista. Seus pais ficaram desapontados com sua escolha?

Claro, minha mãe saiu chorando, perguntando porque não me voluntariei para pegar numa arma, como é a tradição da família.

–Eu diria que eles ficaram aliviados- respondeu Mags sorrindo de forma divertida para a câmera.

O homem soltou uma gargalhada.

–Voltando a sua vida amorosa, que é o que todos os garotos e garotas de Panem querem saber. Seus pais, com sua idade, já estavam casados. Sua mãe foi para a segunda arena grávida. Você já iniciou sua vida sexual? O que o candidato ou candidata precisa ter para conquistar a filha do tordo?

Oh não. Mags gostaria de se enterrar no buraco mais fundo agora. Ela lançou um olhar para Effie. "Mantenha a calma. Mantenha a calma", sussurou Effie com o olhar. Mags deu um sorriso amarelo.

–Acho que esse é um dos mistérios com os quais Panem tem que sobreviver- Riu Mags, tentando se manter divertida.

O homem sorriu.

–Oooh essa garota está em chamas- Respondeu ele piscando para as câmeras.

Oh não, sério?

–Agora. Vamos falar sobre seus pais. Você não teve uma infância fácil. Deve ser uma responsabilidade e tanto ser a filha do tordo.

Mags assentiu pensativa.

–Bom, foi. Mas eu sempre tive suporte dos meus pais e do meu irmão, então, tudo foi mais ou menos tranquilo.- Respondeu ela aliviada que ele tivesse mudado de assunto.

O homem então se ajeitou na cadeira, Mags podia sentir que ele estava se preparando para fazer as perguntas difíceis.

–Há boatos de que seus pais não se recuperaram totalmente da guerra e dos jogos. É verdade que seu pai, nosso adorado Peeta Mellark, sofre com crises de raiva por que foi vitima do veneno e Teleguiadas enquanto estava sob custódia de Snow durante a revolução? Como você lidou com isso durante a infância.

Agora Mags queria gritar e sair dali correndo. Ela sempre se sentia acuada quando falava sobre esse assunto. Ela odiava quando alguém fazia qualquer menção negativa aos seus pais. Principalmente a Peeta. Além disso, ela estava morrendo para saber como Calígula sabia sobre isso. Toda Panem sabia que os amantes desafortunados tiveram problemas de adaptação depois da revolução. Mas dai a saber toda história....

–Isso não é verdade. Meu pai... bem eles estão bem se é o que Panem quer saber.

–Mas ele realmente foi, como nossos especialistas afirmam... telessequestrado?

–Não isso é...

–Você tem veneno de teleguiada no seu sangue senhorita Mellark?

Mags sentiu seu sangue virando gelo. Essa pergunta era a que ela se fazia todos os dias desde que soubera sobre os jogos e a revolução. A pergunta que ela se fazia todas as vezes que seu pai tinha um surto.

–Não acredito que eu tenha veneno de teleguiada no sangue- respondeu ela tentando manter a compostura. Ela não ia deixar Calígula se aproveitar mais dela- De qualquer modo, foi uma honra falar com o senhor.Muito obrigada.

–Nós não terminamos ainda- disse Calígula lançando um olhar entre enfurecido e divertido para ela.

Mags devolveu o olhar dura.

–Ah terminamos sim. Obrigada- E sem pensar ela saiu dali em direção a porta de saída do estúdio.

Entrou no banheiro e finalmente conseguiu respirar normalmente. Foi como tirar um enorme peso de suas costas. Não ficou surpresa quando uma senhora de piruca rosa entrou no banheiro atrás dela.

–Aquele band aid estava bem grudado- falou amarga.

–Mags, você tem um problemão- disse Effie parecendo a beira de um colapso nervoso- Você acabou de ofender o todo poderoso da mídia.

Mags sentiu todo o estresse tomando conta dela.

–Eu não estou nem ai....aquelas perguntas.... Effie foram horríveis. Como ele sabia do telessequestro? Todo mundo achava que meu pai já estava recuperado. Mas como aquele homem sabia que ele ainda sofre com crises.... se eu já tinha iniciado minha vida sexual... Pelo amor de Deus Effie!... aquela entrevista foi feita para me humilhar.

–E é isso que eu tenho tentado colocar na cabeça de vocês todo esse tempo. Se você não joga o jogo deles você perde. A coisa vai ficar feia Mags. Calígula não é homem que leve desaforo para casa.

Mags sentiu o corpo pesando de cansaço. Ela não tinha nem completado um mês na Capital e já tinha se tornado inimiga de um dos homens mais poderosos de todo o país, seus colegas e professores a consideravam uma piada. " Não é nada fácil ser uma Mellark", pensou Mags amarga.

–Venha- disse Effie da forma mais doce possível- Vamos para casa.

Mags ficou feliz em se deixar guiar por Effie. Não havia muita gente na saída do prédio. E quando ela saiu percebeu que Calígula e Effie estavam certos. Aquilo ainda não tinha terminado.

Felizmente ao chegar em casa ela recebeu do porteiro do pequeno prédio a única coisa no mundo capaz de animá-la. Uma carta de Matt. Deu um obrigada apressado e saiu correndo para o apartamento com Effie em seu encalço. Chegou no quarto, tirou aquele maldito vestido, colocou o pijama e começou a ler. Matt, oh deus, como ela sentia falta daquele bom humor. Ela sorriu ao ver a referência a Amy. Mags gostava da garota e conseguira uma confissão da paixonite de Matt um pouco antes de se mudar (não tinha sido fácil, ela tivera que contar que tinha tido uma paixonite por um dos colegas durante os anos iniciais). E ela nunca deixava de se impressionar. Ontem mesmo ela estava contando uma história qualquer para um Matt de 6 anos dormir.

Querido Matt

Você não sabe o quanto fico aliviada em saber que todos estão bem. Fico feliz que mamãe esteja ajudando o pessoal do distrito. Isso vai fazer bem a ela. Ajudar o 12 sempre foi o que ela fez de melhor. Você tem razão, a Capital tem me feito bem. Tenho aprendido algo todos os dias.

E, meu caro irmãozinho, a lição mais difícil, a que tenho que rever todos os dias é... aceitar quem eu sou. Sabe, é preciso aprender que nem todos terão o mesmo apreço pela torta maravilhosa que é o "Especial à Mags', que nem todos vão entender suas escolhas e que, na maioria das vezes, a dúvida é o que você vai receber de volta quando decidir acreditar nos seus sonhos. Mas tudo bem, porque no final das contas, você aprende a aceitar que não é perfeito, aprende a se perdoar e a perdoar os outros.

O que quero dizer com isso Matt é, quando eles começarem a falar sobre os jogos na escola, não se esconda. Você tem um jeito único de mostrar a verdade a todos e nós sabemos que eles não entendem o que foi a revolução ou os jogos. Para eles tudo isso é passado. Não para nós, não para a vendedora de leite do lado da padaria do papai que perdeu os 3 filhos, nem para seu Karl, que não pode salvar os irmãos no bombardeio porque era muito criança. Mostre isso a eles Matt. Mostre a verdade.

Não tenha medo quando eles mencionarem a mamãe ou o papai. Eles fazem parte da história. Nós fazemos parte da história (acredite em mim, tenho vivido isso na pele aqui na Capital). Então, lá vem aqueles ensinamentos bobos mas que no final das contas aparecem quando mais precisamos, não fuja do passado. Se você não aceitá-lo nunca conseguirá entender o presente nem transformar o futuro em um lugar melhor.

Fico feliz que sua cabeça tenha começado a funcionar (já era hora) e que você esteja descobrindo quem é e o que quer. Vou ver se consigo alguma coisa aqui na Capital sobre a história de Panem. Dizem que eles vão abrir um museu . Talvez eles tenham colocado coisas de antes de Panem se transformar no que é, talvez até da antiga América do Norte.

Se eu acho que somos feitos para algo mais? Eu acredito nisso Matt. E acredito com todas as minhas forças. Nunca teria vindo para a Capital se não acreditasse nisso. Acredito que fomos feitos para seguirmos nossos sonhos, para lutar todo o dia por alguma coisa que seja inteiramente nossa e não apenas herdada.

Acredito também que todo mundo nasceu com essa crença. O fato de não a perdermos é o que nos torna diferentes, precisamos continuar acreditando Matt. Precisamos buscar o que parece impossível.

Cuide de Haymitch, você sabe como ele é. Fica bem até que a gente descubra que ele estava fingindo o tempo todo. Convença papai a mandar o especial à Mags para a Capital ao invés de ficar gastando farinha com quem não sabe aproveitar essa obra prima.

Agora, francamente Matt, já está na hora de você se declarar para Amy. Nem todos os garotos tem um jogos vorazes para se declarar e ela pode acabar achando que você não está disponível (sem pressão) .

Com amor

sua irmã que está aprendendo a acreditar

Mags


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Notas finais do capítulo

Genteee, seus lindos. Amamos vocês, mas estamos nos sentido abandonadas :(. Por favor, nos digam o que estão achando da história. Beijoos seus fofos :*



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