Who We Are escrita por Moonlight, Redbird


Capítulo 5
Carta IV - Querida Mags, isso é um primeiro passo para o futuro.


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vão? Espero que bem! mais um cap p vcs! :D
~~Thay



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Matt sentiu seu sapato se desamarrar depois de quase ter caído pela terceira vez. E sim, definitivamente, ele deveria praticar mais exercícios do que carregar sacos de farinha de um lado para o outro, pois aquela corridinha ja estava começando a lhe causar cansaço.

Ele mal acreditava que estava mesmo atrasado no primeiro dia de aula do último ano escolar. Quer dizer, era o último ano escolar, ano de teste de aptidão, ano de futuro pela frente e ano que, se tudo der certo, ele vai olhar nos olhos de Amy e falar “Vem cá, você é minha!”, e tascar logo um beijo nela.

Mas como a vida não é fácil para ninguém, lá estava Matthew, descumprindo o primeiro de seus muitos objetivos daquele ano: Não chegar atrasado a compromissos importantes. Não como na vez que ele chegou à festa surpresa de seu amigo de infância Dylan exatamente 10 segundos depois de Dylan chegar e todos gritarem surpresa. Não como na vez em que ele deixou Amy esperando durante uma hora num encontro que eles marcaram na padaria de seu próprio pai. E muito menos como naquele fatídico dia em que ele se atrasou dez minutos e perdeu o trem para o distrito 7, viajando logo depois sozinho e tendo que encontrar seus amigos Fiama, Dylan, Chuck e Amy no distrito quase 3 horas depois. Dia triste, foi esse.

Naquela manhã, Matt chegou ao único prédio com fachada escrita “District Twelve High School”,e cumprimentou tão rapidamente o porteiro da escola que este mal viu Matt passar correndo e subir as escadas do terceiro andar, onde ficavam as salas do terceiro ano. Agora, só basta saber qual das dez salas ele realmente deveria entrar. Droga.

Era a 8° sala em que ele batia na porta e interrompia as aulas, tendo olhares de todos os alunos dirigidos a si.

— Matthew, que bom que resolveu se juntar a nós hoje! — Disse o Sr. Redmayne.

Matthew nunca havia mal entendido com nenhum de seus professores durante a vida toda. Como todos eles também deram aulas a sua irmã mais velha, Matt mantinha respeito e certo carinho por eles. Pela professora de física, Sra. Bleydmon, pelo professor de matemática, Sr. Hiddleston e, mesmo que tentasse não sentir, tinha um ponto de antipatia pelo professor de Química, Sr. Fleury (sabe-se Deuses como é que Mags era a queridinha dele).

E então, vinha a estranha relação com o Sr. Redmayne. Ele não era velho – com toda certeza um tanto mais novo que seus pais – porém era claramente sábio, acima de inteligente. Matt e Sr. Redmayne eram amigos, mesmo com troca divergentes de opiniões e a pequena incontrolada rebeldia do Mellark.

E para piorar, Redmayne era professor de história. Claramente, a matéria com mais influência sobre Matt. Portanto, as aulas de história eram 50 minutos de discussão e logo depois um combinado para um café na padaria Mellark. Ah, e como era de se esperar, Matthew nunca tirou uma nota menor do que a máxima nessa matéria. Nunca MESMO.

Naquele primeiro dia de aula, Matt sorriu com a brincadeira do professor – ao menos ele esperava que fosse uma – e se sentou na cadeira vaga ao lado de Amy, que o olhava como se ele tivesse um corte sangrando no meio da testa.

Porque você chegou meia hora atrasado na aula de história, Matt? É história! — Amy sussurrou, enquanto Professor Redmayne explicava para os alunos a grade de história daquele ano (grade, aliás, que ele e Matt já haviam discutido em um dos cafés na padaria).

— Eu acordei atrasado. — Respondeu, prestando atenção do que o seu professor tinha a dizer.

Você sonhou outra vez? Digo aqueles sonhos... ruins? — Perguntou Amy, dessa vez fazendo com que Matt lhe dê toda a sua atenção.

Amy achava que Matt tinha problemas constantes com pesadelos, o que não era verdade. Sua mãe tinha. Seu pai tinha aqueles malditos ataques que duravam anos e que talvez nunca parassem, pelo menos era o que parecia, já que o chá de ervas que Mags preparou acalmou lhe tanto que há meses não se via rastro dos venenos de teleguiada. E Mags mesmo tinha seus problemas com lugares fechados, e Matt sabia que eles remetiam os armários que em que eles se escondiam durante os ataques de seu pai. Mas Matt não tinha problemas com venenos, pesadelos ou lugares fechados. Matt não fazia parte da tradição trauma em família.

Não tive nenhum sonho ruim, Amy. E você, anda sonhando o que? No quão bacana ficaria “Amy Mellark” enquanto você rabisca no seu caderno...? — Amy deixou a risada escapar, alta demais, no entanto, chamando a atenção do professor Redmayne pela segunda vez na mesma aula. A moça desculpou-se, e quando este prosseguiu coma aula, Amy deu um leve tapa no braço de Matt, ainda rindo. Às vezes era duro de acreditar que ela só o via como amigo.

— E por fim... Jogos Vorazes. — Disse o professor Redmayne.

O cérebro de Matt deu uma pausa em qualquer outra distração quando sentiu olhares de toda a classe dirigidos a si e o professor aumentando o tom de voz quando prosseguiu o que quer que esteja explicando.

— Nosso segundo ou ultimo bimestre será todo sobre Jogos Vorazes. — Continuou o professor, olhando alarmadamente para Matt. Algo quase similar a um “Me perdoe, mas você sabe que é necessário”. — Sim, sabemos vocês já viram muito sobre os jogos, que sabem que foram 75 anos de jogos, 1.724 crianças, 75 edições, 75 vencedores e que somente duas crianças conseguiram o feito de ganhar em uma mesma edição dos jogos com aquilo que hoje, historicamente, chamamos de “O truque das amoras” — Redmayne escreve “truque das amoras” no quadro negro eletrônico, onde tecnologicamente surge um pequeno texto em resumo e foto das “amoras cadeado”. Ao lado, escreve “Katniss Everdeen e Peeta Mellark” em letras garrafadas, surgindo no quadro feito pela tecnologia do Distrito 13, as imagens de seus pais como tributos. Era mesmo constrangedor ter o nome de seus pais como lição de casa. Sério mesmo? Matthew pensava.

— Vocês também já sabem o que era massacre quaternário e como no ultimo, 6 tributos saíram com vida da arena para início da guerra, e que hoje, dos 75 Vitoriosos, somente 7 ainda estão vivos. — Continuou Redmayne. O rosto de Matt esquentava toda vez que esse assunto era tocado em público. Mags uma vez comentou o quão constrangedor foi fazer uma lição de casa que se baseava em perguntar para os seus pais ou avós ou parentes mais velhos vivos o que eles faziam quando a guerra estourou. – lição que Katniss respondeu: “Brincando de Gato Louco” e fez Mags zerar a atividade. — Dessa vez vamos adentrar mais no tema do que somente os jogos em si: Vamos estudar toda a corrupção em volta dos Jogos. Toda sua crueldade e a estratégica política em volta dele. Sobre o golpe militar do Distrito Treze, sobre como os objetivos do Tordo e do D13 eram, mesmo que aparentemente “unidas”... — Redmayne faz as aspas no ar, na palavra ‘unidas’. Sua mãe uma vez lhe dissera, portanto Matthew sabia o que aquilo queria dizer: Que sua mãe pensava no seu pai enquanto o Distrito 13 estava disposto a sacrificar civis (inclusive seu pai) para ganhar a guerra. — Eram, de verdade, quase distintas uma da outra durante a Guerra e recapitularemos novamente os Dias Escuros pré-jogos e a Primeira Guerra. Alguma dúvida?

Sobre algo que eu sei desde os 6 anos? Não, obrigado” pensou Matt.

Talvez você possa pensar que é difícil para uma criança de 6 anos entender tudo o que se passou com seus pais, especialmente quando esses foram o centro do país tanto em forma de entretenimento, distração, quanto política. Mas Matthew Mellark sempre fora uma criança esperta demais, atenciosa demais, curiosa demais e boa demais do resto das outras. Quero dizer, que para Katniss Everdeen e Peeta Mellark, ter um filho como Matthew fora uma compensa por tantos anos de sofrimento e tristeza.

Matthew tinha exatamente seis anos quando Peeta Mellark lhe disse que seus pais estiveram num lugar ruim chamado arena, ganharam jogos que ninguém nunca deveria ganhar e que sua mãe era um mockingjay e seu pai um dente de leão. Peeta lhe disse sobre como o “suco do mal” fez Peeta odiar Katniss, mas tudo ficou bem no fim. E, naquele momento, a maior duvida de Matt aos seis anos fora porque seu pai não era o “Garoto em Chamas”. Hoje em dia, com quase 17 anos, Matt sabe o quão pior, mais cruel e desumana fora a história com seus pais. Por isso, todas as vezes em que alguém dizia: “Se estivéssemos nos Jogos Vorazes, eu...” ou coisa parecida, ele gostaria de cavar um buraco e sumir.

Ninguém, tirando sua família, sabe como é acordar a noite e ver o alivio em estar na cama.

— Não? — Perguntou Redmayne, enquanto a sala jazia em silêncio. — Tudo bem então. Faltam dez minutos para acabar minha aula, então sintam-se livres para conversar em tom baixo.

O silencio da sala de aula foi quebrado com um único e coletivo suspiro e logo pode-se ouvir o barulho de vozes, risadas e cadeiras movidas.

— Você está bem? — Perguntou Amy, inclinando-se para apoiar nos ombros do amigo da carteira ao lado.

— Estou. — Respondeu. — Não é nada demais, acredite.

Não é nada que ele já não fora alertado pela irmã e pelos pais durante parte da vida. Nada que fosse pesado demais para lidar com. Ele sabia que ainda tinham aqueles que resistiam a nova democracia, sabia que havia aqueles que odiavam a nova política, o tordo e todos aqueles que se procuram distancia e fazem comentários maldosos dos vitoriosos mentalmente desorientados. E carregar todo o peso do sobrenome não era nada, nem ao menos o mínimo, do que ele poderia fazer pelos pais.

Amy assentiu e despediu-se por hora, indo conversar com a melhor amiga, Fiama.

— Tá, agora você pode me dizer quando você vai falar com essa garota? —Perguntou seu melhor amigo, Dylan.

Dylan e Matt tem uma história de cumplicidade desde pequenos. Quanto tinha 7 anos, a mãe de Dylan se suicidou, por depressão, deixando o filho e o marido. Ainda muito pequenos, e com poucos conhecimentos sobre a vida, ambos aprenderam rápido o significado de lealdade quando não se abandonaram. Matt seguiu apoiando e sendo amigo nas horas mais difíceis. E Dylan não se afastava do “filho do tordo que supostamente teria veneno de teleguiada no DNA”, como diziam as pessoas.

— Eu estou planejando ainda. Tenha paciência, caro amigo. — Matt respondeu, enquanto Dylan dava seu melhor sorriso de “não caio nessa”.

— Ótimo, Matt. Ainda hoje? — Perguntou, enquanto os dois miravam Amy conversando com sua amiga Fiama nos fundos da sala de aula.

— Não, hoje eu to ocupado. — Respondeu Matt, respondendo o tchauzinho que Fiama e Amy fizeram com as mãos. — Vou à padaria, e depois vou convidar minha mãe pra sair um pouco...

— Porque convidar sua mãe é bem mais fácil, não é mesmo?

Eles riram.

Matt e Dylan se sentaram próximo as garotas e conversaram até a próxima aula chegar, e depois a próxima, e a próxima, até o tempo de sair da escola parecesse infinito. Quando o sinal da ultima aula tocou, o alívio em pegar o material pesado e jogar sobre os ombros dentro da mochila fora coletivo.

Matt de fato fora a padaria, porém acompanhado de seus amigos – que ganharam bolinhos especiais Mellark feito pelo próprio pai de Matt – e logo depois de muitas horas e algumas despedidas, seguiu até a sua casa para convidar sua mãe para caçar.

Caçar não era uma atividade comum para eles. Ela uma vez fora, quando Katniss precisava alimentar sua família e quando seus filhos eram menores, mas agora que não era mais necessário, poucas vezes o fazia. Sua mãe sempre ia a floresta, e como Mags, a cúmplice oficial de caçadas havia se mudado, Matt pensou que não gostaria de fazer aquilo sozinho. E por deuses, qual foi a ultima vez que caçou com sua mãe?

Ele foi, mas não sem antes passar na casa de Haymitch, como faz diariamente, em busca da resposta de sua irmã.

Mags lhe mandara uma carta contando sobre o real sentimento de felicidade. Falava de pessoas novas, de uma vida nova, e ela demonstra muito claramente que ainda anda preocupada com ele. Então, lhe restou apenas acalmá-la fazendo o que faz de melhor: Escrever.

Querida Mags

Vou começar te dando as notícias:

A começar, mamãe está bem. Do contrário de antigamente, em que ela passava mais tempo do que necessário na floresta, agora ela quase não o vai. Não sei explicar, mas nós não vamos caçar muito (mesmo que essa seja minha intenção agora). Porém, agora, mamãe vive procurando coisas. Ela anda pelo distrito ajudando pessoas que precisam: Ela dá pão as mais pobres, ensina crianças a caçar alimentos e recentemente ajudou a neta do Sr. Valdez, nosso antigo vizinho, a erguer sua própria casa. Isso faz com que ela se sinta mais viva, e até seu rosto fica um tanto mais jovem. Papai continua na padaria, e fez aquele doce “Especial a Mags” outra vez, mas acho que ele esqueceu que você é a única do distrito que gostava dessa estranha mistura de pasta branca com nozes e uva passa, então ele teve que dar aos cachorros (sinto muito). Já tio Haymitch, passa o dia em casa dormindo, vendo televisão e alimentando gansos, até se cansar e sair com mamãe só pra manter seu máximo de contato possível com seres humanos.

Todos eles ainda te amam, e sentem sua falta.

Mags, eu... Eu só quero te dizer que eu estou bem. Eu sei o quanto você se preocupa comigo. O que eu quis dizer, naquela carta, é que eu estou aprendendo a andar sozinho, e do contrário do que possa parecer, é algo bom. Então não ache que estou perdido. Ou mais confuso do que aparento. Eu tenho algumas certezas, e sei que parte delas serão quebradas com o tempo, mas por enquanto, tenho certamente orgulho delas. Eu vou aprender sozinho, Mags. Assim como você aprendeu, ou no caso, está aprendendo...

Amigas, hm? Sempre achei que você fosse bem mais tímida com gente desconhecida. Acho que a tia Effie ou algo neste lugar possa estar fazendo bem para você – quem sabe seja a felicidade em estudar o que você sempre quis. Viu? Isto é felicidade, Mags. Não tão difícil (quanto falar com Amy. Isso sim é difícil, você sabe).

Coração é uma coisa complicada, mas ta aí outra coisa que aprendemos sozinhos.

De qualquer forma, eu estou feliz porque minha cabeça está começando a funcionar, e uma vez eu disse à você que este dia chegaria com força. Minha cabeça está rodando, por causa da aula de história. Por que a matéria deste ano é Jogos Vorazes, como você disse que seria. E eu estou meio chateado porque não é esta a história que eu quero saber. Quero saber a história sobre o 12. Sobre Panem, e sobre o que quer que fosse a nossa antiga America do norte. Quero as histórias dos livros antigos que tia Alba, a esposa de Gale, tem.

E isso é um primeiro passo para o futuro. Com toda certeza do mundo!

Por outro lado, eu aceito sua visão de que não preciso saber quem sou aos 16 anos. Aceito mesmo. Aceito também que o mundo precisa de pessoas confusas, e que elas que fazem esta coisa em que vivemos rodar, e elas decidem parte das coisas que vamos seguir. Pessoas confusas, que pescam as oportunidades que surgem, crescem, e orientam outras pessoas confusas. Pessoas confusas que lideram revoluções. Somos rodados de confusão, Mags, essa é a nossa certeza. E olha, que jeito de seguir a vida, hein.

Eu não acho de todo ruim, porque se eu soubesse que amanhã meu passo seria torto e eu o fizesse certo, como eu saberia lidar com os erros dos próximos passos? Eu só sei que especial-a-mags é ruim porque eu já provei. Você também o provou e o ama. É o mesmo doce, duas opiniões diferentes, e dois resultados satisfatórios. Está confuso para você? É, eu sei. É disso que estou falando. A vida é estranha, com mais de uma visão e é toda essa divergência de seres que nos fizeram bons. E ruins. Foi isso que construiu a história de tudo, principalmente a história que quero saber: Divergências. Aceitemos.

Mas agora Mags, falando sério, você acha que talvez, (eu só digo talvez) nós dois nascemos para alguma coisa grande, mas diferente do que fora cogitado a nós? Eu estava pensando nisso. Eu acho que sim, e que não só nós, mas que todos podem mudar o mundo de sua forma. E se sim, você acha que vamos conseguir lhe dar com a responsabilidade?

Olha, me perdoe pela carta confusa e quase sem nexo, mas se tem uma pessoa que vai ler e entender tudo, esse alguém é você.

Ah, e antes que eu me esqueça: Eu sei o que felicidade significa.

Com amor, do seu irmão de água doce

Matt Mellark.


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Notas finais do capítulo

Poxa leitores do Nyah, eu não creio que não tivemos nenhum comentário ainda! Justo nós, que amamos o Nyah!! vocês leitores deveriam ser mais colaborativos. NÃO MORDEMOS! amamos falar com vocês e tudo!
COMENTEM! :D



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