Who We Are escrita por Moonlight, Redbird


Capítulo 7
Carta VI - Querida Mags, As pessoas são relativas.


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁ!
Gente, os capítulos da rafah sempre me deixam tonta, senhor.
Por isso estou aqui, domingão, três dias depois daquela entrevista (genteeeee) pra mais um cap!
O que me resta é voltar aqui no alto da minha inspiração e dar esse Matty pra vocês + novidade na vida de Matt. Tem notas finais importantes, tá legal?
Beijos e até o próximo!!



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— Então o fluxo de calor é igual à 20. — Conclui Dylan.

Ele e Matt estavam na biblioteca do colégio, lugar que naquele momento estava propicio a suicídios, por parte de Matthew, exatamente.

— Olha, quer saber? Eu desisto. Eu realmente desisto. Quero dizer, isso é útil a quem? Quem nesse mundo gosta de Física? — Resmungou, debruçando-se sobre a mesa onde seu amigo Dylan tentava lhe explicar os exercícios.

— Isso depende da sua concepção de mundo. — Dylan rebateu.

Aqui vai a explicação: Ocasionalmente, Matt explicava a seu melhor amigo Dylan, sua irmã e à Amy as diferenças entre as concepções de cada pessoa sobre a palavra “mundo”. O fato é que, segundo ele, antes da revolução, mundo para as pessoas do Distrito 12 significava apenas o Distrito 12, e o mesmo, sucessivamente, com outros distritos e Capitol. Esse exemplo é mais aplicável ao Distrito 13, que realmente isolou-se por 75 anos e não via a luz do sol. Mas agora, no presente atual, para Matt, cada um tem sua concepção do que vem a ser mundo: Seus pais consideram mundo apenas o Distrito Doze. Amy, por exemplo, considera mundo toda a Panem, e essa é uma visão compartilhada de mundo entre muitas pessoas. Já para Matt, mundo era algo muito maior do que isso, mais grandioso, inexplorado, sem fronteiras. Por isso, ele dizia que sua concepção de mundo era algo tão grande que nem se permitia escrever a palavra Mundo sem letra maiúscula, mesmo que seja no meio da sentença.

Ou seja, no mundo de Dylan, física era importante. No Mundo de Matt, física era um pé no saco.

— Tá tudo bem, agora chegam de falar coisas inúteis, vamos nos concentrar aqui em mim, fechado? — Amy chegou a mesa onde Matt estava desistindo e Dylan partira para o próximo exercício com uma pasta vermelha nas mãos e um pouco raiva nos olhos. Em voz alta, ela começou a ler a matéria para seus amigos.

— Panem passou, até hoje, por 4 períodos literários — Começou ela. Oh, Amy, definitivamente não é tão difícil se concentrar em você. — O primeiro é o período Guerriniano, que se passou antes dos jogos e tratava-se exclusivamente dos poetas da Capitol e poetas dos distritos contando sua versão sobre a guerra. Os Capitolinos enalteciam a força da Capitol, enquanto os Distritos relatavam a mão de ferro da Capitol e o desejo de liberdade. O segundo período foi o período de Glória: Ocorria durante os primeiros anos de jogos. Os Capitolinos (únicos poetas reconhecidos do país) abordavam sobre joias, glória, poder e riquezas. Nos últimos anos de jogos e devido aos últimos acontecimentos com amantes desafortunados, os poetas passaram a relatar amores bandidos, incestos, traições e infortúnio no amor. O terceiro período fora a Primavera Escura, que nada mais parecia do que uma releitura do primeiro período da literatura: Guerra entre os Distritos e Capitol, desejo de liberdade, lutas. No entanto, dessa vez,O Tordo era enaltecido pelos Rebeldes e pelos Capitolinos, tornando-o objetificação única para ambos os lados. O quarto e ultimo período é o que presenciamos agora, e o chamado deRomantismo. Este período surgiu, assim como no segundo período, devido a inspiração dos poetas no amor bandido dos vitoriosos. Além disso, os poetas modernos tratam nos amores da Capitol, os amores guerrianos, e o chamado existente amor do povo com sua pátria. O Romantismo atual também serve de estratégia para apologia ao amor e paz, depois de duas Guerras civis e um quase estado de genocídio encontrado em nossa grandiosa nação.

Amy encerrou sua leitura, fechando as páginas do livro e olhou para um Matt ainda deitado na mesa e Dylan com total atenção em sua pessoa.

— Como eu deveria escrever um poema de amor inspirado no atual Romantismo?!? — Exclamou ela. — Tudo bem, eu posso ser uma pessoa romântica, mas eu não tenho ideia por onde começar! Como você fez, Dylan?

— Meu poema deu uma página completa. — Dylan respondeu. — Eu falei sobre o amor ao país, amor aos distritos e etc. Acho que vou tirar uma nota boa só pela estrofe: “Amor é o carvão, e amar é perigo de trabalhar nas minas de carvão. Mas no fim tudo vale a pena, porque carvão te mantém aquecido”. — Sorriu. — Não ficou tão horrível como se pode imaginar.

Amy assentiu ainda confusa em relação ao próprio trabalho e em como faria aquilo. Olhou para Matt, que ainda permanecia imóvel na mesa, e lhe deu um cutucão.

— Matt, por favor, pode levantar a cabeça da mesa e me explicar como você fez? Você é ótimo nessas coisas. — Amy pediu, com a voz chorosa.

— Caramba Amy, não vê que eu estou tentando desistir das lições por hoje? — Caramba Amy, não vê que não quero falar sobre Romantismo com você? Pensava Matt.

— Anda, larga de ser preguiçoso! Como ficou seu poema?

Matt Mellark levantou sua cabeça dos cadernos e seus cachos ficaram ainda mais descontrolados, e os olhos de Amy achavam que ele não poderia ficar mais bonito do que aquele momento. Se ela tentasse escrever poemas com os recorrentes pensamentos sobre a beleza de Matt, com toda certeza tiraria a maior nota da turma. Mas, ultimamente, Amy estava no objetivo de tentar não gostar muito de Matt, pois não queria ser a pessoa que ama numa relação. Explicaremos isso mais tarde.

— Meu poema deu três linhas. — Ele respondeu, esfregando os olhos e bocejando.

— Você não pode estar falando sério! — Gritou Dylan, no alto de sua incredibilidade. Depois olhou para os lados, se tocando de que estava em uma biblioteca, e abaixou o tom de voz. — Três linhas, Matt? Como pode?

— Matt, — começou Amy. — Eu sei que você está tentando desistir de lições ultimamente, mas três linhas não é um poe....

Quando tínhamos dez anos... — Interrompeu Matthew, recitando seu poema. — fizemos um experimento com Energia Eletroestática: Nós esfregamos balões em nossas cabeças e os prendemos a paredes. Beijar você foi mais ou menos assim.

Do contrário do que possa supor, Matt Mellark e Amy Shields se beijaram três vezes em toda a vida: A primeira, ambos tinham sete anos, e Amy estava tentando entender o que os adultos faziam para “Gostar Gostar” uns dos outros e porque seus pais separados já nãogostavam gostavam mais um do outro. Então, ela beijou Matt e infantilmente pura e inocente, disse: “Eu prefiro ficar aqui com você. A gente come amora e joga joguinhos. E agora, você me ensinou o que é gostar gostar. Obrigada, Matt. Por isso que você é meu melhor amigo”.

A segunda vez, ambos tinham doze anos e por algum motivo, Amy queria saber como era beijar. Ela estava com mais amigas garotas nessa idade da vida, e todas diziam – juvenis e mentirosas – como tinham beijado o filho mais novo do sapateiro, o colega de classe, e até o garoto do outro distrito. Obvio que nenhuma dessas garotas eram fiéis a suas histórias, mas Amy – ainda infantil e pura – beijou Matt embaixo da mesma árvore, no mesmo lago de quando tinham 7 anos. Tão rápido quanto da primeira vez, ela saiu correndo e deixou o garoto sem entender nada, e ainda por cima, fez greve de silêncio com o pobre moço por uma semana e meia.

Já a terceira e ultima vez, fora no Réveillon daquele ano. Amy reparou que era o último ano escolar e que provavelmente perderia Matt aquele ano. Reparou que ele iria seguir por aí com aqueles malditos cachos espalhafatosos e que teria uma facilidade incomum em arrumar uma esposa e se esquecer dos amigos do sexo feminino (porque esta certamente seria ciumenta até a morte). Por três segundos, sua vontade de ir embora do Distrito Doze a estrangulou, e foi ali – para variar: Na mesma árvore e no mesmo lago – que Amy e Matt tiveram um diálogo que Matthew se lembra da exata forma:

— Matt, eu vou embora esse ano.

— Hãn....?

— Eu vou embora. Eu vou me formar em eletrônica e trabalhar nas usinas do Distrito 6.

— Mas...

— Eu vou sentir sua falta.

Então Amy dá um último beijo em Matthew e sai correndo, deixando ele – pela TERCEIRA vez na vida – com a mesma cara de tacho sem entender nada. Portanto, essas foram as três vezes que Matt Mellark e Amy Shields se beijaram. Ou que Amy Shields beijou Matt Mellark. Tiveram outras pessoas – Amy não assume, mas já beijou Zaphod no muro atrás da escola e jamais esqueceu o abraço confortável e dos beijinhos de Lawmen do Distrito 7 nas últimas férias. Matt também já teve outros lábios, como a Willow do Distrito 11 e a Diahann do distrito 2 e aquela garota de cachinhos azuis da Capitol que parecia ser muito adorável, mas como vocês devem desconfiar, um beijo nunca é só um beijo. Um beijo entre Matt e Amy (neste caso, foram três) tinha gosto especial, porque eram pessoas especiais. Há sentimento, e há cativo também. Porque os outros beijos de Amy não tinham cachos que batiam no seu rosto, e porque nenhuma das garotas que já beijou Matt saíra correndo logo depois.

— Isso foi incrível! — Disse Dylan, trazendo ambos para a vida real com uma voz alta demais e um sorriso no rosto. — Tipo, agora você finalmente entende física, hm?!

Matt encarou Amy nos olhos, depois desviou o olhar e sorriu engraçadinho para o amigo ao lado.

— É algo relativo.

Então os sinos anunciando a próxima aula de física e depois de história (Com direito a Jogos Vorazes) foram tocados e os três seguiram para sala de aula, onde, naquele mesmo dia, Matt e seu poema de três linhas renderam a maior nota da turma e o prestígio dos seus professores mais tarde.

***

Matt chegou em sua casa logo depois de passar exatamente uma hora tentando fazer Amy se atrasar para seu trabalho de Guia turística, porém sem sucesso. Sua mãe estava lá, com um coque no alto da cabeça (não mais a tão conhecida trança) se preparando para ir para a floresta, mas não saiu sem antes dar um beijo em Matt e lhe avisar:

— Chegou uma carta pra você, meu amor.

Matthew achou que o coração humano não pudesse parar e você manter total consciência até aquele momento.

— Uma carta? — Perguntou.

— Sim. Está em cima da mesa. E... Você quer que eu fique aqui com você hoje?

— Ah... Não mãe. Tá tudo bem.

Katniss pegou sua bolsa de couro e saiu pela porta da frente. Matthew não estava entendendo porque sua irmã havia mandando cartas para ele pelo endereço de seus pais, e não por Haymitch, como costumava ser. Até ver o envelope azul com símbolo de Panem e saber do que se tratava: Era a resposta do estágio mais desejado do país.

E Matt conseguira o emprego.

Matthew correu até a casa de Haymitch e lhe deu a noticia, recolhendo a nova carta da irmã ao mesmo tempo. Fez então, o que sempre fazia quando tinha as palavras de Mags lacradas em um envelope: Ele seguira até seu quarto, as lia e se colocava a escrever. E, mais uma vez, sua irmã parecia ter um mil anos de idade quando lhe escrevera tudo aquilo. Mags era assim: Era sabia e gentil em suas cartas, mas um tomate de timidez em público. E, de vez em quando, Matt ficava feliz em saber que somente ele tinha essa parte maravilhosa de sua irmã disponível para si.

O garoto mal podia esperar pra contar a notícia a irmã e logo depois correr até a padaria e contar a seu pai. Portanto, se pôs a escrever com toda sinceridade.

Querida Mags

Hoje tive mais uma aula de jogos vorazes. Eu sei, está cedo para ter tal matéria, mas os professores decidiram adiantar ela para o primeiro bimestre em vez de colocá-la no último. Eu estou procurando um jeito correto de dizer que eles deixaram matérias importantes para o último bimestre em vez dos jogos, mas isso faria os jogos parecer uma maneira sem importância. E como você já sabe, não é.

Então, hoje na aula, eu segui seus conselhos antes mesmo de ler a nova carta e ver seus conselhos. Eu decidi que usaria minhas palavras, e que essa era a melhor cura. Então, eu contei as pessoas os reais horrores que foram vistos. Eu falei, em poucos detalhes, sobre a garotinha Rue e sobre as crianças que perderam somente pelo fato de ter seu nome vinte vezes na colheita com 13 anos. Contei à eles sobre a dor, sofrimento e loucura. Não contei sobre nossos pais, pois jamais iria expô-los nem nada disso (Aliás, eu assisti sua entrevista. E eu sinto muito pelas perguntas que aquele cara estranho te fez. Mas quer saber? Você se saiu muito bem. E não, ninguém quer saber sobre sua vida sexual).

O fato, Mags, é que eu usei todas as palavras mais tocantes que poderiam ser usadas. E, enquanto eu falava, a turma e o professor silenciavam, como se eles fossem um bando de mockingjays e eu estivesse cantando. E eu me senti bem, porque de certa forma, não somos somente nós que sabemos e compartilhamos desses horrores. As pessoas devem saber também, porque nada disso que aconteceu foi uma tragédia particular da nossa família. Foi o nosso povo, nossos distrito, nosso país. Porque eu ocultaria a verdade, Mags? Não foi por isso que eu fui contratado pelo News of Panem.

Já que estamos falando sobre isso...

Hoje nosso pai me disse que chegou uma carta, e eu gelei, porque achei que era sua. Também estranhei, já que todas as suas cartas vinham pelo Tio Haymitch (que acredite, está mesmo bem). Foi instantâneo a minha reação, e foi curiosa por ela ser tão diferente da sua ao abrir a carta de seleção do Departamento de Química. Lembro-me que você olhou para mamãe e ela foi a primeira pessoa que você abraçou, procurando por um abrigo. Então papai abraçou vocês, e eu não podia ficar de fora. Formamos um casulo naquela tarde, e passamos dois minutos protegidos de qualquer coisa.

Então, quando eu abri meu envelope, e vi um contrato com a News of Panem e uma outra carta escrita a mão pelo editor chefe, eu comecei a dizer algumas palavras feias em voz alta e eu corri para casa do tio Haymitch e quase pulei no colo dele como se tivesse seis anos. Tá, não leve a mal. É que as pessoas são relativas, Mags. Alguns escrevem poemas de uma página completa, e outros de três linhas, e outros escrevem poema algum, porque não conseguem transmitir na folha de papel o que sentem.

E, aliás... Eu ainda não falei com Amy.

Então vamos encerrar por aqui, não é mesmo? Tchau Mags!

Com amor, de seu irmão relativamente trouxa.

Matthew Mellark.

PS: Uma vez, quando éramos adolescentes, a esposa do tio Gale, tia Alba, me deixou ver os seus livros antigos enquanto dava banho no Tobias, o filho do casal. E, nos quase dez minutos que eu estive com aqueles livros nas mãos, só consegui ler um nome: Abraham Lincoln. Agora Mags, preciso de um favor: Preciso que você procure qualquer coisa sobre esse cara, e preciso também que não se assuste se ver este nome no jornal daqui a algum tempo. E caso tenha duvidas, só, por favor... confie em mim.


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Notas finais do capítulo

Primavera escura foi inspirada na onda de protestos da Primavera Árabe.
E o poema de Matt NÃO é um poema de Matt, infelizmente. :( É o começo do poema desse cara que é MUITO FODA, chamado Neil Hilborn e esse é o video do poema: https: //www. youtube.com/watch?v=xpH9fj0Wpz0

PS: Só pra falar que vocês do Nyah que acompanham, leem e não comentam me deixam muito tristes, mesmo.



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