HEVILA’S POV

— Porque você tem que ser tão chato com eles? – perguntei a Draco quando nos afastamos de Nynha e o resto do pessoal.

— Porque eu detesto o Potter e os amiguinhos inúteis dele! – respondeu ele.

— Até entendo você não gostar do Potter, mas os outros são legais. – falei observando o castelo. – Onde fica nosso salão comunal?

— Nas masmorras. – ele disse e olhou para mim. – O que eles tem de legais? Um bando de grifinos idiotas que andam com o patético do Potter testa rachada!

— Testa rachada?! – e então comecei a rir. – Gostei! – falei enxugando as lágrimas enquanto Draco me olhava como se eu fosse louca.

— Você é estranha. – ele disse enquanto descíamos umas escadas.

— Eu sei. – falei e dei de ombros. – Bom, eu gosto da Nynha, ela me parece legal, e a irmã dela também, apesar de eu achar ela meio marrenta. Os Weasley’s eu não sei se gosto muito e a Granger até que é legal.

— Tanto faz. – Draco deu de ombros. – A gêmea nanica é meio...

— Nem vem falar dela Draco, acha que não vi você rindo da careta dela lá no salão principal, e quando você olhou pelo canto do olho pra ela agora a pouco? – falei levantando a sobrancelha e o olhando cínica. – O que tá rolando entre vocês?

— Não tem nada rolando com a gente! – Draco falou ficando irritado.

— Eu sei quando as pessoas estão mentindo, e você está claramente mentindo. – falei cruzando os braços e o olhando. Ele coçou a cabeça, fez uma careta e respirou fundo.

— Se você contar para alguém vai se arrepender! – ele falou me olhando profundamente.

— Não vou contar, prometo. – eu falei e ele balançou a cabeça.

— Todos acham que sou durão, que não tenho sentimentos e essas coisas, mas... eu tenho... tenho sentimentos e... – um aluno vinha em nossa direção pelo corredor então Draco interrompeu o que falava e nos fez entrar numa sala vazia que tinha ali perto, ele fechou a porta e continuou falando. – Eu tenho sentimentos, só não gosto de demonstrá-los. Não gosto de ver garotas chorando, acho que é por causa da minha mãe. Quando ela e meu pai brigam ela sempre chora muito, e eu fico lá, a abraçando e dizendo que está tudo bem. – Draco falava enquanto ia na direção da janela da sala, ficando de costas para mim. – Quando encontrei a McKinnom chorando no trem já foi estranho, e quando ela trombou em mim aqui, chorando de novo por sinal, as lembranças da minha mãe vieram na minha cabeça, e eu só... queria... protegê-la, abraça-lá e dizer que tudo ia ficar bem. - então ele virou para mim com as mãos nos bolsos da calça, envergonhado.

— Essa é a coisa mais bonitinha que já ouvi Draco! – falei sorrindo. – Isso é muito gentil da sua parte.

— Mas eu não posso ser assim! – ele falou com um sorriso de tristeza. – As pessoas vão achar que sou fraco, meus amigos vão rir de mim.

— Ser gentil não é fraqueza, e amigos de verdade nos aceitam do jeito que somos. – falei me aproximando.

— Você não entende! – ele disse cruzando os braços. – Eu terei de fazer coisas e não posso ser fraco ou gentil. – ele disse sombrio. – Ficar perto de mim agora não é uma boa opção, então sugiro que se afaste enquanto pode.

— Não irei me afastar. – falei séria. – Todos precisam de amigos e a partir de hoje eu serei sua amiga. – cruzei os braços e sorri. – E nada do que você fizer ou disser vai me afastar de você. – notei que ele tinha um pequeno sorriso no canto da boca.

— Se você diz. – ele falou me olhando. – Mas tenho certeza que você vai se arrepender.

— Não vou! – falei convicta e ele sorriu. – Então, que tal você me levar para a nossa sala comunal? Eu to morrendo de sono.

— Vamos. – ele disse rindo e abriu a porta da sala, colocou metade do corpo pra fora e depois me chamou avisando que a barra tava limpa.

— Você vai falar comigo quando seus amigos estiverem por perto? – perguntei após alguns minutos em silêncio.

— Porque não falaria? – ele perguntou confuso.

— Sei lá! – dei de ombros. – Porque sou menina?!

— Deixa de bobagem! – ele disse rindo e me empurrando com o ombro. – Você é da minha casa, não tem problema em falar com você. Se bem que a Pancy não vai gostar muito disso.

— Pancy? – perguntei confusa. Que raio de nome é esse gente?!

— Ela acha que é minha namorada ou alguma coisa do tipo. Se eu fosse você tomaria cuidado com ela.

— Ela que tem que ter cuidado comigo querido! – falei piscando o olho e sorri maléfica, o fazendo rir.

Alguns minutos depois chegamos ao nosso salão comunal e ele simplesmente é um luxo. Draco me mostrou onde tudo ficava e finalmente chegamos aos dormitórios.

— O dormitório feminino é ali. – Draco indicou uma porta a esquerda.

— Obrigada Draco. – falei sorrindo. – Amanhã você me espera para ir para o salão principal? Ainda estou meio perdida e não decorei o caminho. – falei envergonhada.

— Claro. – ele falou querendo rir. – Até amanhã Hers.

— Até amanhã Draco. – sorri e quando estava quase entrando no dormitório feminino, Draco me puxa e me abraça. No começo fiquei surpresa, mas depois me retribui o abraço. Mesmo com todas as roupas do uniforme deu para sentir o corpo musculoso e rígido de Draco. Oh céus, não tenho como negar, meu novo melhor amigo é um pedaço de mal caminho.

— Obrigado por querer ser minha amiga. – ele disse em meu ouvido me causando leves arrepios pelo corpo. Okay, o que está acontecendo com você Hevila Vilela?! Draco terminou o abraço, o que me fez sair do meu pequeno surto mental, ele me deu um sorriso e entrou em seu dormitório me deixando com uma cara meio abobalhada no meio do corredor. Balancei a cabeça e fui para meu quarto. Chegando lá, percebi como ele era incrível, as roupas de cama verdes e prata e vários objetos de decoração de cobras. Fui ao banheiro me trocar e rapidamente estava na minha cama. Acabei adormecendo pensando no abraço que Draco me dera.