Efeito Dominó escrita por Snowflake


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui terminar o capítulo VI! *yayyyy* Novamente, me desculpo encarecidamente pela demora. Fiz o melhor que pude, mas, mesmo assim, não está excelente. Bom, deixarei esse julgamento ao seu critério, leitor. Faça bom proveito.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596758/chapter/6

POV Dominique

Comecei meu dia sendo nocauteada pelo Direito Penal. Além disso, minha cabeça estava prestes a explodir, o que extinguia a minha capacidade de raciocínio e me levava a encarar o relógio da sala de aula, sem tirar os olhos dele nem por um segundo. As palavras proferidas por meu professor ecoavam na minha mente, e eu não conseguia uni-las para formar uma frase coerente.

O ruído estridente do sinal ressoou por toda a faculdade, me induzindo a fazer uma careta, logo que tal som fez com que a minha cabeça latejasse. Reuni toda a minha força de vontade e peguei meu caderno e meus livros, os quais ficaram exageradamente pesados de repente, e caminhei a passos largos até o refeitório. Desabei na mesa vazia mais próxima, pegando uma cartela de remédios e engolindo o comprimido no mesmo momento. Não me lembrava da última vez que havia me sentido tão mal, e a impressão de que todos ao meu redor fitavam-me apenas piorava a minha situação. Tentando evitar olhares estranhos, apoiei minha cabeça em meus braços cruzados, os quais serviam como travesseiro. Fiquei assim por incontáveis instantes, até que, por falta de conforto, decidi erguer o rosto. Entretanto, como não há nada ruim que não possa piorar, aquelas íris azuis infelizmente conhecidas se instalaram nas minhas, fazendo com que seu dono sorrisse de canto. Não fiz a menor questão de esperar e descobrir se Van der Bilt vinha em minha direção, apenas apanhei meus pertences e, respirando fundo, deixei a Universidade. Fui direto para casa, onde pretendia passar o resto do dia sem nem sequer pensar no meu acordo com Jude.

Esperava encontrar o apartamento vazio, como de costume. No entanto, avistei meu primo sentado no sofá assistindo a um filme, o qual pude identificar como Mercenários 2. Deixei meus materiais de lado, sentando ao lado de James e apoiando minha cabeça em seu ombro.

– Hey. – Ele saudou. – O que houve?

– Não estou me sentindo muito bem. – Fiz um biquinho, arrancando risadas de James.

– Ah não, nem venha com essa expressão! – Exclamou. – Você não vai mais me convencer a ser seu escravo apenas fazendo uma carinha pidona. Não tenho mais dez anos, Cardumi.

– Ei, eu não te escravizava! Pra mim você era apenas um... serviçal compelido. – Falei entre risos.

– Grande diferença! – Ele revirou os olhos e me empurrou de leve.

Passamos o resto da tarde assim, assistindo Mercenários e agindo como crianças, até que a minha dor de cabeça se dispersou e me senti inteira novamente. Durante esse meio tempo com James, esqueci da desprezível existência de Van der Bilt e de nosso funesto acordo, além do imprevisto monogâmico de meu pai. Sentia-me leve como quando éramos pequenos, e percebi o quanto Jay me fez falta nesses anos que esteve fora.

– Então, sobre esse seu lance com o Jude... – Fitei-o com uma carranca amuada, deixando perfeitamente claro que o assunto não me agradava. – Quando é que você pretende conversar com o Tony sobre isso? – Suspirei alto antes de responder sua pergunta.

– Não quero falar sobre isso, James.

– Eu sei, é só que... – E nisso a campainha tocou. Salva pelo gongo, literalmente. Deixando meu primo no sofá, atravessei a sala e cheguei à porta, a qual me revelou uma Megan muito bem arrumada.

– Vá se trocar que nós vamos a uma festa. – Introduzira ela o assunto enquanto entrava no apartamento, parando abruptamente quando notou James, cumprimentando-o com um largo sorriso.

– É claro, pode entrar. Estou muito bem, obrigada por perguntar. – Revirei os olhos, provocando na garota um riso abafado.

– É sério, little D. Fiquei sabendo dessa festa neon e nós já devíamos estar lá. Tudo bem, estou exagerando um pouco, mas você precisa de uma pequena... distração. Pode ficar tranquila, a festa é um pouco mais reservada, então é bem improvável que Jude apareça por lá.

Impressionei-me mais uma vez com a capacidade que Megan tinha de saber exatamente o que se passava pela minha cabeça. De qualquer maneira, concordei e fui me arrumar imediatamente, deduzindo que James faria o mesmo.

POV Jude

É da minha compreensão que a liberdade possui inúmeras filosofias. Liberdade de expressão, conduta, pensamento, crença. Há, por exemplo, a tese que define-a como a ausência de submissão, a autonomia. Todavia, para Descartes, seria o poder da ação sem interferências externas. Leibniz, Marx, Sartre e outros inúmeros pensadores apontaram definições para tal estado de espírito, mas, no momento, tudo o que eu queria era me sentir completamente livre de Dominique DiNozzo.

Era gratificante lembrar que, mesmo que fosse apenas por algumas horas, essa noite eu não me flagraria pensando naquela peste loira. Afinal, estaria demasiadamente ocupado com uma garota qualquer em mãos. Tudo bem, me chame de cafajeste, galinha ou do que quiser, mas eu já estava entrando em abstinência.

Ainda pela manhã, Mike mencionou uma festa que aconteceria no mesmo dia. Era um pouco restrita, por isso aconteceria em um galpão mais afastado do centro. Falávamos sobre isso quando, no refeitório da faculdade, meus olhos encontraram os de Dominique e sorri vitoriosamente, recordando que não precisaria gastar meu precioso tempo ao seu lado. Mantive essa linha de pensamento enquanto esperava por Michael na porta do local. De lá, analisava as garotas que entravam na festa, todas vestidas em cores neon.

– Pare de encarar, dude. – Repreendeu Mike, imitando o meu ato.

– Finalmente! Onde é que você estava? – Perguntei enquanto entrávamos no galpão.

O ambiente estava escuro, iluminado apenas por luz negra, tornando visível somente as cores fluorescentes pintadas nas pessoas ou em suas roupas. Automaticamente, os detalhes em branco da minha blusa passaram para um tom brilhante de roxo. Quando me virei para Michael, ele já caminhava na direção da pista com uma garota de cabelos e lábios luminosos. Dei de ombros, seguindo diretamente para o bar e pegando uma dose da bebida mais forte que tinham, tomando tudo em apenas um gole.

– Vá com calma, gracinha. – Uma voz feminina ressoou perto do meu ouvido, e desviei o olhar no intuito de conhecer sua dona. Para a minha sorte, a garota era extremamente gostosa. Ela reluzia em um nuance cor de rosa, e havia contornos em verde no seu rosto.

– O que acha de me acalmar? – Pisquei pervertido, arrancando-lhe risadas. Após mais uma dose, a morena misteriosa me arrastou para o meio da multidão. Já havia perdido a noção do tempo quando a garota pegou um pincel e começou a desenhar em meu rosto. Ela contornava cada traço do meu corpo com tinta fluorescente, aproximando-se cada vez mais. – Então, você ainda não me disse seu nome. – Faltando alguns centímetros para unir nossos corpos, a menina deixou seus lábios extremamente próximos de meu ouvido, sussurrando uma resposta.

– Pode me chamar de Caitlin. – Afastando-se um pouco e voltando a dançar no ritmo da música, Cait entregou o pincel para outra pessoa. Acompanhei-a, de vez em quando me aproximando demais ou beijando seu pescoço.

– Aliás, eu sou Jude. – A garota assentiu, continuando sua dança que, devo admitir, era excepcionalmente sensual. Minhas mãos já estavam em sua cintura quando notei três pessoas entrando no galpão e uma que, particularmente, chamou a minha atenção.

Congelei no instante que reconheci os cabelos loiros de Dominique, a qual descia os pequenos degraus em direção à pista de dança. Acompanhei-a com os olhos e, em determinado momento, suas íris instalaram-se nas minhas. DiNozzo arregalara aqueles hipnotizantes olhos e estava paralisada no meio do aglomerado de cores gritantes. Usava um short jeans não muito curto e cropped que, à luz negra, ficava roxo, além de uma escura camisa xadrez que o cobria.

– O que foi? – A voz de Caitlin tirou-me da breve hipnose. Contudo, nesse meio tempo, eu havia esquecido completamente que estava com o meu corpo colado no dela, e só fui me tocar quando a morena chamou minha atenção. Acredito que Dominique também percebeu minha posição, logo que revirou os olhos e foi direto para o bar.

– Não é nada. Eu já volto, ok? Não saia daí. – Deixando-a com essas palavras, corri ao encontro de DiNozzo.

POV Dominique

Juro que esperava qualquer coisa dessa festa. Não ficaria surpresa nem se me dissessem que seria uma espécie de rave com muita erva e outras drogas, mas a visão que tive assim que pisei no ambiente acabara com todas as minhas expectativas e esperanças de ter uma noite pelo menos prazerosa.

Não me surpreendi com fato de Jude estar pegando uma garota qualquer, mas sim com a sua presença. Assim que pousei meus olhos nos dois, senti o sangue fervilhar em minhas veias, subindo diretamente para a minha cabeça. Certamente não cheguei a cambalear ou tropeçar com o choque causado pela visão do contato entre os dois, mas tal cenário definitivamente me deixou um pouco incerta. Meu rosto já estava quente e a bebida descia pela minha garganta, queimando. Uma mão tocou meu ombro, fazendo com que eu me virasse imediatamente. Pela primeira vez nessa noite, não fiquei surpresa.

– Van der Bilt, você por aqui? O que aconteceu, enjoou daquela menina? – Acredito que a bebida já falava por mim, ou o ódio apenas me consumia. Jude revirou os olhos com a minha fala.

– Isso tudo é ciúme, DiNozzo? – Sorrindo de canto, continuou sua sentença. – Não sabia que você estaria aqui. – Ri com deboche.

– Não me diga! Escute, eu vim para essa festa com o único objetivo de me divertir, e você está se colocando no meio dos meus planos, como de costume. Por que não volta para a sua acompanhante e me deixa sozinha? – Soltei de uma vez só, sem parar para respirar.

– Isso definitivamente é ciúme. Vamos lá, admita. – A esse ponto, Jude já estava perigosamente próximo de mim. Conseguia distinguir perfeitamente os contornos fluorescentes em seu rosto, o que me irritava ainda mais. Respirei fundo, tentando permanecer em meu ponto de equilíbrio.

– Que tipo de pessoa que se prese sentiria ciúmes de você? – Levantei da banqueta, deixando-o para trás. – Aliás, mesmo que a nossa relação seja, graças a Deus, falsa, chifres não me agradam.

Sem esperar uma resposta, caminhei para o outro lado da pista, onde Megan e James já estavam em um clima que arrancou um largo sorriso de meu rosto. Involuntariamente, virei para localizar Van der Bilt, encontrando-o já nos braços da garota que, de longe, era apenas um ponto rosa. Balancei a cabeça, tentando afastar a imagem que ficara estampada em minha mente. Como último recurso para manter a calma, dispensei meu orgulho e me rendi para o álcool.

POV Jude

Se eu fiquei com a Caitlin? É claro que sim, e mais de uma vez. Admito que foi a única da noite, mas não deixaria de pegar uma garota simplesmente porque Dominique não queria chifres em nosso pequeno teatro. Aliás, sempre que olhava em sua direção, ela dançava com um garoto que não pude distinguir direito, e tal proximidade me deixava furioso, mas isso é irrelevante. O que importa é que eu tinha Cait para me divertir essa noite, sem contar o nível altíssimo de bebida em meu sangue.

Quando dei por mim, já estava saindo do galpão com Caitlin me puxando por uma mão e uma cerveja na outra. Não me perguntem para onde fomos, só lembro de encontrar uma cama e jogar a morena na mesma, arrancando-lhe a blusa assim que tive a oportunidade. É claro que o álcool colaborou para uma excelente performance, da qual, no dia seguinte, não me recordaria de absolutamente nada.

Assim como o previsto, na manhã posterior acordei com uma puta dor de cabeça. Cait dormia ao meu lado, suavemente, com os cabelos bagunçados e as marcas de meus chupões evidentes em seu pescoço. Levantei silenciosamente, procurando pelas minhas roupas que estavam jogadas pelo quarto todo. A julgar pelas fotos espalhadas no ambiente, concluí que estava a casa da garota. Abrindo uma pequena porta, a qual deduzi corretamente ser a do banheiro, entrei no box e liguei a ducha gelada, na esperança de aliviar a ressaca. Não fiquei debaixo do chuveiro por muito tempo, mas assim que voltei para o aposento, Caitlin já estava vestindo sua roupa íntima.

– Bom dia, gracinha. – Ela saudou. – Pelo jeito você encontrou o banheiro.

– Bom dia. – Sentei na ponta de sua cama, passando a toalha em meus cabelos. A dona da casa parou na minha frente, segurando meu queixo e me beijando. Naturalmente, correspondi, e ela sentou no meu colo. Estranhei sua ação, quero dizer, ela realmente acha que eu ficaria ao seu lado para termos um duradouro relacionamento apoiando sua teoria em uma noite de sexo selvagem? – Escute, não sei se passei a impressão errada, mas...

– Você não quer nada comigo, eu sei. – Interrompeu-me. – Só me pergunto da onde é que tirou a ideia de que eu quero algo contigo. – Caitlin piscou, me dando um longo selinho. Pousei minhas mãos em sua cintura e apertei o local.

– Todas querem. – Sorri de canto e ela se levantou, dando-me a chance de fazer o mesmo. – Entretanto, essa é a minha deixa. – A morena concordou com a cabeça, entendendo rapidamente o que quis dizer.

– Ok, siga-me. – Obedeci-a e fomos parar na porta da casa. Ao que tudo indica, ela estava completamente sozinha.

Para a minha surpresa, meu carro estava estacionado na frente da residência. Despedi-me e entrei no veículo, dirigindo até o campus. Chegando lá, deparei-me com Mike e Megan sentados na sombra de uma árvore, e Dominique se aproximava dos dois. A loira alcançou-os antes de mim, posicionando-se ao lado da amiga. Conseguia ver de longe suas olheiras e a carranca amuada em seu rosto, causados pelo consumo excessivo de álcool.

– Bom dia, amizades. Para você também, DiNozzo. – Percebi o habitual revirar de olhos de Dominique, me levando a novos patamares de inspiração. Sendo assim, sentei-me ao seu lado e passei meu braço por seus ombros, levando-a a tirá-lo no mesmo momento. – O que foi, Dominique? Estamos em público, lembra?

– Eu sei, mas isso é desnecessário. – Rosnou, e eu conseguia ouvir seus dentes rangendo.

– Que bom humor é esse, dude? Seria proveniente da sua saída antecipada da festa? – Gargalhei, sendo acompanhado por Mike. As garotas ignoravam, conversando entre si.

Fiquei conversando com Michael sobre a noite anterior e como Caitlin era boa de cama até que aquele primo da DiNozzo aparecera, seguido por alguém que eu não conhecia. A esse ponto, a loira já estava vermelha de raiva, o que arrancou-me um sorriso. James aproximou-se de Meg, dando-lhe um selinho, e foi a vez de Dominique de sorrir. Contudo, assim que o olhar da loira parou no amigo de seu primo, sua testa franziu.

Harrison? – Perguntou, levantando-se abruptamente e correndo para abraçar o garoto.

– Eu mesmo, loirinha. – Confirmou o rapaz, abraçando-a com tanta força a ponto de tirá-la do chão.

Não preciso nem dizer que minha cara se fechou assim que os corpos de ambos se tocaram, e é claro que eles ficaram assim por um bom tempo, até se afastarem e começar a tagarelar sobre o tempo que não se viam e blá, blá, blá. No entanto, o cúmulo foi quando os dois se afastaram de nós para, como dito por Dominique, tomar um frozen yogurt. Deixando-me apenas com um leve sorriso malicioso, DiNozzo saiu de vista, fazendo-me bufar alto.

– Pode não parecer, Jude, – Começou Meg, que estava sendo abraçada por James. – mas a Domi sabe jogar. Muito melhor do que você, por sinal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Efeito Dominó" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.