As Crônicas do Guardião de Mundos escrita por godjjjita


Capítulo 7
Capítulo 7




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O sol brotava no horizonte, sua luz azul clara cintilava e iluminava o caminho por entre as árvores da densa floresta de Illium, as árvores de grande porte eram intimidadoras, o ar estava congelante naquela manhã e o cantar dos pássaros era a única coisa que quebrava o silêncio mortal da floresta.

–Que cheiro é esse no ar? -Falei em uma tentativa de quebrar o constrangedor silêncio que pairava no ar.

–Provavelmente é a grama doce ou os cogumelos shiru.

–comestíveis?

–A grama doce tem um sabor agradável como o próprio nome diz, mas irá torcer suas vísceras e te fazer desejar pela morte, já o cogumelo shiru tem um sabor um pouco amargo, mas pode te sustentar por algum tempo, só não coma muitos deles, em grande quantia são difíceis de digerir.

–Você parece saber muito sobre a floresta, faz jus à sua reputação.

–Quando era criança fui abandonado, não sei se meus pais simplesmente me deixaram ou se eles morreram, mas eu me criei sozinho até os nove, então o ancião me encontrou e me acolheu entre eles, não fui muito receptivo com eles nos primeiros dias, não estava acostumado com a presença de outros Sirians, mas com o tempo eles se tornaram minha família.

–entendo.

Seguimos então calados pela floresta, os cogumelos de fato foram nutritivos. Na verdade eu não precisava me alimentar, mas pensei que após tudo o que Valerik viu seria bom que ele encontrasse semelhanças entre nós afim de gerar alguma empatia, estratégia essa que parecia estar funcionando de uma maneira lenta mas eficaz, o peguei me observando algumas vezes, fingi que estava prestando atenção aos meus arredores, mas o estava observando também, ele se esgueirava como se a floresta e ele fossem um só ser, era bem observativo, durante o dia conseguimos caçar três coelhos imperadores, comemos um deles ao meio dia e deixamos os outros dois para a janta, quando o dia estava em seu fim e o sol já havia se posto o nosso acampamento provisório já estava preparado, recolhemos madeira para a fogueira, naturalmente eu a acendi e apesar da admiração e curiosidade de Valerik pude notar que não mostrava nenhum sinal de medo, o que era bom, significava que se adaptava rápido às coisas, habilidade necessária para a sobrevivência.

–Diga-me Valerik, como iremos achar um Vassar no meio dessa floresta imensa?

–Vassares não são conhecidos por sua discrição, quando acham um lugar que lhes agrada, rapidamente abrem uma clareira, aprontam uma fogueira e marcam território.

–E como eles marcam o território? -tinha visto imagens desses monstros na cabeça do velho, mas ele pouco sabia sobre vassares, só sabia o que foi passado para ele pelos seus pais e pelos pais dos seus pais, a única imagem que tinha do vassar era a de uma sombra levando sua neta nas costas pela madrugada.

–Eles passam o dia inteiro caçando e no fim do dia espalham o sangue pelo chão e pelas árvores, litros de sangue são despejados para que todas as criaturas ao redor saibam à distância que esse é seu território, o cheiro da morte se espalha pela floresta e ninguém ousa se aproximar, acha-lo não deve ser tão difícil, é só procurar pela área em que nem mesmo os insetos ousam habitar e procurar por uma clareira, é uma atividade simples e qualquer um poderia fazer, o desafio é não se perder na floresta, por isso apenas um rastreador deve adentrar a floresta, se um grupo não possuir um rastreador certamente perecerá.

Em qualquer outra situação eu julgaria a atitude de Valerik como arrogante, mas vendo a floresta e como eu fui guiado pela sua maestria e conhecimento pode-se perceber que um rastreador é de vital importância para um grupo.

–Balder está em seu pico e Saga se encontra logo atrás -Disse Valerik se referindo as duas luas de Sirius- Devemos descansar, amanhã acordaremos cedo e precisamos de energia se quisermos enfrentar um Vassar, eu já arrumei minha tenda, aonde está a sua?

–Eu durmo ao relento, não me importo em ter a lua e as estrelas como teto.

É incrível como, mesmo estando do outro lado do universo as estrelas ainda são as mesmas, suas posições mudaram é claro, e muitas não se encontram no céu, mas eu reconheço algumas, posso ver ursa maior, as três marias, e a minha constelação favorita, o cruzeiro do sul, em minhas viagens à África pude ver no céu do hemisfério sul essa constelação maravilhosa, meu professor de astronomia havia me ensinado tudo que se sabia sobre os astros naquela época, e o cruzeiro do sul acalmava meu coração nos momentos de angustias desta viagem, ao olhar para ele me lembrava que havia um Deus nos céus me guiando e orientando sempre, e que não importa em que situação eu me encontrasse, ele me protegeria, e agora, nos céus de Sirius eu ainda tenho a mesma sensação.


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