As Crônicas do Guardião de Mundos escrita por godjjjita


Capítulo 2
Capítulo 2




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Nos dias que se seguiram à criação de meu castelo, os sirians espiavam a construção de uma distância segura, mas sempre que direcionava meu olhar as criaturas elas fugiam.

–As pobres criaturas vivem com o medo de serem atacadas, tudo e todos são uma ameaça em potencial, preciso de uma abordagem mais sutil, mas ao mesmo tempo eficiente, eu posso ter todo o tempo do mundo, mas eles não.

Me dirigi para a floresta, somente duas coisas em toda a minha vida uniu pessoas de vários povos, várias religiões e costumes diferentes, a guerra e a música, como não estava disposto à começar uma guerra e por em risco a vida de milhares de sirians optei pela saída mais razoável e menos sangrenta; resolvi construir um tamborim.

Durante o meu reinado, uma gama imensa de músicos se apresentou na minha corte, muitos vinham com violinos, alaúdes e flautas, mas poucos tinham a coragem de tocar o tamborim, os nobres consideravam um instrumento rústico, diziam que não era necessário possuir qualquer habilidade para toca-lo, porém o instrumento possuía uma sonoridade tribal que despertava sentimentos em mim que nenhum outro instrumento chegava perto de faze-lo, muitas vezes sai as escondidas vestido como plebeu para apreciar um bom tamborim em uma taverna na cidade baixa, pequenos momentos de prazer que por bilhões de anos me fugiram à mente e apenas agora, neste mundo que me foi dado retornaram; não me surpreende é claro, o céu era de fato um lugar melhor que este planeta, o único motivo pelo qual eu não entrei em depressão quando pisei neste solo foi a divina graça que me cobre, eu me sinto muito bem e a conexão que a graça me permite ter com Deus aquece meu coração, mas o êxtase que tinha quando habitava o reino celestial se esvaíra de mim …

–Chega de devaneios Midas, concentre-se na sua tarefa -passei a mão pela minha barba- preciso achar uma árvore boa, com madeira de qualidade; a pele de um animal; e se possível fazer algum tipo de corda rústica, com cipós ou pelo trançado de algum animal coberto com seiva… Preciso também cortar a minha barba.

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Na noite seguinte meu tamborim estava pronto, não foi difícil achar um cervo em uma floresta e muitas árvores antigas se encontravam espalhadas pela floresta, assim só me faltava algo para usar como corda, na falta de algo melhor tive que me contentar com algumas lascas de madeira que usei para prender o couro à madeira terminando assim o tamborim.
Sentei em uma pedra na frente do meu castelo e comecei a tocar, as figuras misteriosas saíram das sombras, mas quando inconscientemente guiei meu olhar em sua direção só consegui ouvir o som de seus passos por entre as árvores.
–Platéia difícil, devo admitir. Com o passar do tempo os conquistarei.
Por várias noites toquei, os mais ousados se aproximaram várias vezes, mas no fim sempre corriam, até que, no sétimo dia um deles criou coragem e se aproximou a uma distância segura e ficou me olhando tocar, quando terminei de tocar virei meus olhos para ele e falei:
–Sabe alguma musica meu amigo?
Seus olhos brilharam de uma maneira que eu jamais vira, era como se ele houvesse encontrado uma estrela brilhante caída no chão, com um tom de admiração e espanto fez seus olhos se encontrarem com os meus e pela primeira vez eu ouvi a voz de um deles.
–Sabe falar? Assim como eu e meus irmãos? É a primeira criatura que fala comigo em uma língua que eu posso entender.
Sua voz era diferente de qualquer uma que eu tivesse ouvido antes, era uma voz grave e profunda, mas ao mesmo tempo suave e melodiosa, eu poderia tentar descreve-la mas seria inútil.
–Eu sei todas as línguas meu amigo, agora responda a minha pergunta, sabes tocar alguma música?
–Aprendi a tocar algo parecido com isso que você possuí -disse ele- posso?
Entreguei-lhe meu tamborim, é incrível como alguém pode se apegar à um objeto com tamanha facilidade, eu nunca fui um grande músico, mas fazer o tamborim me rendeu horas de trabalho, e trabalho era uma coisa que eu não precisei fazer em bilhões de anos; Mas o sentimento humano de se sentir satisfeito ao fazer algo ainda permanecia em mim, então meus olhos grudaram no tamborim enquanto o garoto tocava, ele não era dos melhores, mas a sua música e sua confiança em mim atraiu a atenção dos outros sirians que ainda se escondiam na floresta, eles se aproximaram e formaram um círculo ao nosso redor como se já houvessem feito isso antes, como se nas noites de música se reunissem ao redor dos que cantam e tocam, e ali ficamos, muitos deles tocaram musicas no meu tamborim, ao findar da noite os convidei a passar o próximo dia comigo, pois seria dia de alegria e celebraríamos com carne de caça, música e dança.


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