Tapiando o Destino escrita por caroline_03


Capítulo 7
Capítulo 6- Bond, Jackson Bond.


Notas iniciais do capítulo

Mais um Cap!



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[Maggie]

Estávamos no horário de almoço. Clara, eu e Simon conversávamos sobre o tal menino, o Bryan, que tinha falado comigo durante o acampamento. Clara parecia animada, talvez com a chance de ele me chamar para sair ou quem sabe alguma coisa a mais. Eu apenas sacudia a cabeça, tentando não criar ilusões.

Ele era bonito de mais, querido de mais, amável de mais, perfeito de mais. E eu duvido que alguém dessa forma possa existir.

-na verdade, ele é novo na cidade também... Não como você é claro, ele está aqui há uns três quatro meses talvez. –Clara deu de ombros e eu franzi a testa.

-ah, é? –ela assentiu.

-ele veio de alguém lugar da Califórnia. –Simon completou. –Perto de Los Angeles, parece.

Assenti e olhei em volta. Podia ver ele sentado com alguns meninos que eu também nunca tinha visto, em um canto mais afastado do refeitório. Ele se virou em minha direção e sorriu, acenando com a mão. Sorri fraco e voltei a olhar para minhas mãos.

-vamos combinar amiga, dizer que ele é só um pedacinho de mau caminho é até pecado. –Clara disse antes de levar uma levantada de sobrancelha por parte de Justin. –o que é? Não to mentindo, to? –ri e sacudi a cabeça.

O sinal bateu e todos nós fomos para nossas salas. Tinha aula de francês agora, e estava quase virando o corredor três, quando alguém segurou meu braço. O sorriso Ashton Kutcher continuava ali, mas não parecia me fazer perder o ar que nem o outro dia... Deveria ser a gripe.

-Ei, está melhor. –ele notou, me olhando dos pés a cabeça.

-é parece que sim. –ele riu.

-isso é bom. –assenti desconfortavelmente.

Nesse momento Jackson Bennett passou por mim, olhando em meus olhos com uma expressão que eu não consegui entender. Não era a habitual de malicia, era diferente, quase como se estivesse preocupado com alguma coisa. Dei de ombros, não me interessava de qual quer jeito... Certo? Errado! Atiçou minha curiosidade, é claro.

Bryan deve ter visto para onde eu estava olhando, por que chamou minha atenção limpando a garganta. Ele ainda sorria, mas percebi que sua expressão estava diferente.

-falo com você depois, então. –ele disse e foi caminhando para sua sala no corredor, enquanto eu ia para a minha, na qual teria que agüentar o senhor “não-quero-ser-acusado-de-sua-pneumonia”

Sentei em meu lugar na aula e não olhei para os lados. O professor logo entrou na sala e começou a aula, e eu evitava ao máximo olhar para Jackson no outro lado, tinha medo de como estaria me olhando agora. Será que ele estava pensando em amarrar meu cabelo no balanço do colégio, que nem faziam comigo quando era criança? Ou será que ele estava apenas curioso? E EU QUE VOU LÁ ENTENDER ESSA CRIATURA?

A aula passou rápido, o que eu sinceramente agradeci, já que Frances com toda a certeza não é o meu forte. Levantei, pegando meus materiais quando senti uma sombra atrás de mim. É claro que até minha alma gelou, mas isso não vem exatamente ao caso. Virei letamente apenas para encontrar um par de olhos cor de folha me encarando.

-é... Não fui eu. –me defendi antes que fosse acusada de alguma coisa que com certeza não tinha feito. Ele revirou os olhos.

-não estou aqui por isso. –ele tinha um sorriso bobo nos lábios, mas então o perdeu novamente. –você vai, hm, sair com aquele Bryan? –ergui uma sobrancelha.

-é... Não que isso seja de sua conta, mas não. –ele suspirou, o que me pareceu ser aliviado.

-melhor assim. –ele sussurrou para ele mesmo, mas eu não poderia deixar essa passar.

-por que está tão preocupado? Inimigos naturais, lembra? –ele parecia divertido com a minha frase.

-não estou preocupado com você, só não quero perder a aposta com John. –senti todo meu rosto queimar de raiva.

-o que quer dizer? –perguntei entre dentes.

-John apostou que ele te chamaria para sair, mas é claro que eu apostei contra. Quem iria gostar de você? –ele riu alto, mas parecia feliz e não tentando me provocar.

-alguém já te falou que você é extremamente irritante? –ele riu mais alto, colocando os braços atrás da cabeça e começando a andar.

-na verdade é mais engraçado quando você fala. –fiz careta e fui para a porta também.

-sempre tão insuportável. –ele suspirou sorrindo.

-não seja repetitiva, você já falou isso hoje. –não contive um sorriso.

-posso te chamar de milhares de outras coisas, quer ouvir?! –pisquei os olhos em expectativa, enquanto ele apenas arregalava os seus.

-fica para a próxima.

-foi o que eu pensei. –sorri olhando as pessoas no corredor.

-hm... –ele parou de repente. –foi bom brigar com você, mas tenho que ir.

E antes que eu pudesse responder alguma coisa, ele simplesmente havia desaparecido do meu lado. Apenas um rastro de perfume masculino no lugar e sua sombra correndo pelo corredor, indo até o banheiro. Suspirei frustrada e comecei a caminhar para minha ultima aula, mas novamente fui parada por um braço forte que me puxou.

-olá Maggie. –Bryan disse sorrindo ao meu lado.

-hm, você outra vez?! Oi. –sorri sem graça pelo susto.

-estou incomodando? –sacudi a cabeça negando.

-não, eu só não esperava. –ele sorriu.

-estava pensando, gostaria de jantar comigo no sábado? –ele perguntou como quem diz “bom dia”, com seu sorriso aberto, como se realmente não esperasse um NÃO.

-ahn, eu não sei, é...

-vai estar ocupada? –ele virou para mim rapidamente.

-não, não, mas...

-então está combinado. Passo te buscar as seis e meia, tudo bem para você? –não respondi, apenas continuei o olhando com os olhos arregalados. –Até Maggie.

-tchau... –resmunguei o vendo correr pelo corredor.

Eu hein, que gente estranha.

[Jackson]

-tudo bem, então você está me dizendo que está preocupado com Megan? Megan Fuller? –John disse sentado na pia do banheiro.

-não estou preocupado. É só que eu não gosto desse tal de Bryan. O que nós sabemos sobre ele? –perguntei andando de um lado para o outro.

-na verdade não muito, ele chegou aqui há pouco tempo. –ele deu de ombros e se virou para ver seu reflexo no espelho.

-e ela já vai sair com ele? –eu estava indignado.

-ela disse que não ia, não é? Por que está tão preocupado? Relaxa cara. –John se divertia enquanto eu tentava pensar.

-ela não ia por que ele ainda não tinha chamado, mas se ele o fizer...

-o que você não pode ter certeza, já que ela não te contaria por nada nesse mundo. –uma lâmpada se acendeu em minha cabeça.

-É ISSO! –dei um pulo sorrindo.

-deixe me pensar, você vai se passar por melhor amigo dela apenas para que ela te conte tudo e então vai roubar a noiva do príncipe encantado? –ele chutou suspirando.

-é claro que não, não sou estúpido. –revirei os olhos. –eu vou saber por uma fonte segura e não preciso me envolver diretamente. Eu sou um gênio. –sorri olhando no espelho.

-hm... Vai chamar Clara para sair?

-John, sério, pare de chutar. Você é péssimo nisso. –ele riu.

-hm, desculpa.

-é para isso que temos irmãos. Para eles nos entregar para os outros. –ainda sorria com meu plano magnífico.

-você não tem irmãos. –John parecia confuso.

-não o MEU irmão... John, deixe essa coisa de pensar para mim, pode ser? –ele assentiu.

Fui até a porta do banheiro e a abri um pouco, apenas para ver quem estava passando por ali. Para a minha sorte Eric andava para cima e para baixo com seu amiguinho nerd. Acenei para ele, mas eles estavam em uma conversa sobre o ultimo caso do Dr. House e nem sequer me viram.

-Eric. –chamei e ele se virou para mim.

-ah, oi. –ele sorriu e por mais loucura que me parece, vi pouquíssimos traços de Megan ali.

-o futebol de sábado está marcado, certo? –seu sorriso aumentou.

-é claro que sim. –eu ri um pouco. O menino era mesmo legal.

-então te vejo lá.

Fechei a porta do banheiro e pisquei para John, que ainda me olhava esperando por uma explicação. Contei a ele meu plano, o que o fez rir, mas o que eu podia fazer? Não gostava daquele tal de BRYAN, e alguma coisa me dizia que daria errado. Uma coceirinha atrás da nunca que nunca me enganava.

-tudo bem Bond, você vai vigiar a garota, mas... E daí? O que você pode fazer se eles realmente decidirem sair? Quem pode impedir? –ele jogou as mãos para cima.

-daí, nós vamos fazer alguma coisa. –sorri abertamente para ele, que ergueu uma sobrancelha.

-quando você diz “nós”...

-eu e você. –sorri outra vez, enquanto ele erguia as sobrancelhas.

-olha, estamos falando de Megan Fuller, não acho que seja uma boa idéia irritá-la. –ri alto.

-faço isso todos os dias, e estou vivo. –ele suspirou.

-onde é que eu fui me meter senhor?!

-qual seria a graça se eu não fosse seu amigo? –ele riu.

-com toda a certeza eu teria menos machucados em um futuro próximo. –rimos alto e saímos do banheiro.

(...)

[Maggie]

Sábado, um dia estranho devo dizer. Jackson passou a tarde inteira com meu irmão, ensinando jogar futebol e a passar de fase no vídeo game. Meninos, quem os entende? Clara apareceu no meio da tarde e ficou comigo até a hora de eu me arrumar. Ela parecia se divertir com o fato de Jackson Bennett estar no quarto ao lado.

-desde quando ele se interessa pelos meninos mais novos? –ela perguntou olhando um álbum de fotografias antigo.

-desde quando eles podem passar cola? –dei uma possibilidade, não precisava fazer sentido. Clara riu.

-seu irmão na sétima série passando cola para um menino do ultimo ano? Seria muito engraçado. –ri com ela.

-nunca sabe o que se esperar dele. –ela riu mais.

-Maggie, quem é? –ela apontou para uma fotografia e eu me aproximei, colocando o brinco no segundo furo.

Parei do seu lado e fitei a imagem do homem de olhos azuis. Por um segundo não disse nada, não queria falar com a voz cortada e nem transparecer minha fraqueza por aquele assunto em especial. Apenas em dizer seu nome, muitas vezes já era o suficiente para que um nó se formasse em minha garganta.

-é... –a voz ficou presa e eu precisei desviar o olhar.

-oh, minha nossa. Eu sou uma retardada. Desculpe Maggie eu deveria saber. Como eu sou estúpida. –Clara se estapeava. Sorri para ela e sacudi a cabeça.

-está tudo bem, não tinha como você saber. –ela me lançou um olhar triste.

-é sério Maggie, não foi minha intenção. –seus olhos estavam cheios de lágrimas e eu senti que se não fizesse alguma coisa, as duas começariam a chorar abraçadas no quarto.

-ei, eu sei. Na verdade isso é bem comum, vem me ajude a escolher uma roupa. –sorri outra vez, vendo o sorriso que se formava em seu rosto enquanto ela tentava se re-compor.

Avisei que ia ao banheiro pegar meu estojo de maquiagem e corri do quarto. Não podia culpar Clara por aquilo, na verdade eu não poderia culpar ninguém e isso me doía. Saber que fora apenas um acidente, que poderia ser evitado com um pouco mais de cuidado.

Segurei firme na pia do banheiro com os olhos fechados, tentando voltar ao controle da situação, mas a verdade é que estava difícil. Não era fácil manter uma fachada tranqüila o tempo todo quando tudo o que eu queria era gritar e quebrar coisas. O mundo havia sido injusto comigo ao levar meu pai. Um porto seguro, aquele que eu sabia que poderia confiar por toda a minha vida, que estaria comigo quando eu chorasse ou risse até a barriga doer. A verdade é que ele era muito mais um amigo querido, às vezes era difícil vê-lo com idade o suficiente para ter dois filhos. Mas nem sempre o “PARA SEMPRE” tem um significado tão longo quanto deveria, e a maior prova disso, era que eu havia o perdido.

Um grande medo crescia em mim todos os dias quando olhava em volta e via o que restou da minha família. Eu sabia que um dia minha mãe teria que me deixar, que teria que seguir minha vida e deixar algumas coisas para trás. O mesmo eu poderia dizer sobre meu irmão, que apesar de ser um pestinha, eu o tinha grudado na minha barra o tempo todo. Eu tinha medo de perder todos que eu gostava. Medo de gostar de alguém e então perceber que não vale a pena e perceber que novamente eu perdi. Que eu jogo constantemente com aquilo que eu sei que não posso ganhar. Da vida, nós apenas perdemos. É assim que as coisas são.

-droga. –disse dando um soco na pia.

-você está chorando. –ouvi a ultima voz que queria ouvir naquele momento bem ao meu lado. Quando virei para o lado, percebi que Jackson estava bem ao meu lado, me olhando com os olhos arregalados, como se não soubesse o que fazer ou não acreditasse.

-o que está fazendo aqui? –perguntei me olhando no espelho, tentando manter a calma. Não queria brigar com ninguém naquele momento.

-bem, eu estava aqui quando você entrou, então eu que te pergunto isso. –ele parecia receoso ao dizer aquilo.

-desculpa. –ele deu de ombros e eu lavei o rosto.

-você está chorando. –ele repetiu tentando acreditar.

-não... É só que caiu um pouco de pó em meu olho. –ele ergueu uma sobrancelha e assentiu.

-se estiver acontecendo alguma coisa...

-você será a ultima pessoa que eu vou contar. –ele sorriu abertamente.

-essa é a Maggie que eu conheço. –sorri para ele limpando os olhos com uma mão.

-tudo bem, você finge que nunca viu isso e eu finjo que nunca vi seu zíper aberto. –ele olhou para baixo rapidamente e logo em seguida corou.

-fechado. –rimos e então apertamos as mãos, em um acordo selado.

[Jackson]

Fiz o acordo com Megan apenas para não discutir. Era obvio demais que ela estava chorando, apenas não queria admitir isso. Seria uma coisa que eu perguntaria para Eric depois. Ela parecia estar melhor agora, pelo menos tinha me dado um sorriso, o que raramente acontecia.

Desci para o andar inferior ainda pensando no assunto. O que poderia atingi-la de forma que a fizesse chorar. Lágrimas pareciam ser coisas muito distantes para ela, e eu realmente não conseguia imaginá-la chorando até agora. Olhei em volta na sala de estar antes de sair para o gramado, em busca de alguma coisa que fosse me ajudar a descobrir. Parei meus olhos em uma foto velha. Maggie ainda tinha os mesmos cabelos e olhos castanhos, tinha um sorriso alegre, o que normalmente não usava quando conversava comigo, e estava abraçada com um homem... Um homem que no mesmo instante me lembrou Eric.

-o pai... –sussurrei encostando as pontas dos dedos na imagem do homem.

Nunca tinha me perguntado o que havia acontecido com ele, mas em algum lugar do meu cérebro, eu imaginava que o pai e mãe de Megan fossem no máximo separados, mas aqui, diante da foto velha eu podia apenas dizer que eu estava errado o tempo todo.

Levou algum tempo para eu perceber que não poderia perguntar a Eric também. Imaginei que se Maggie fosse tão sensível a figura do pai, talvez Eric fosse igualmente. Mas outra vez eu estava errado. Eric entrou atrás de mim na casa e me viu olhando para a fotografia.

-o que está fazendo? –ele parecia apenas curioso.

-esse é o seu... –parecia difícil até para eu dizer.

-meu pai, sim. –ele assentiu e sorriu um pouco para a foto. –ele morreu quando eu tinha sete anos, Maggie tinha a minha idade. –ele tocou a foto. –ele era bem legal...

-sério, se não quer falar sobre isso... –eu sacudi a cabeça. Não que eu pudesse sequer imaginar o que ele sentia, nunca perdi ninguém próximo de mim, mas podia imaginar que era difícil.

-não, está tudo bem. Não me incomodo em falar sobre isso se quiser. –ele deu de ombros com um sorriso fraco nos lábios.

-deve ter sido difícil. –eu disse o olhando.

-na verdade, para mim nem tanto. Eu era muito novo, era mais como se “papai foi fazer uma viagem por algum tempo”. Mas Maggie... –ele sacudiu a cabeça. –ela acha que nos engana. Eu sei que ela ainda sente falta dele e que não superou. –ele suspirou pesadamente. Eu queria concordar, mas não podia dizer o que tinha presenciado há pouco.

-ela deve se lembrar dele. –concordei com receio. Eric apenas sorriu e assentiu.

-ela não é pedra que acredita ser Jackson. Ela é tão fraca quando qualquer um de nós, apenas não percebeu isso. –ele deu de ombros. Por um pequeno segundo senti como se eu devesse proteger aqueles dois. Como se eu não devesse deixar que nada de mal acontecesse a eles.

-acha que seria diferente, digo... Se ele ainda estivesse vivo? –era uma pergunta estúpida, mas era como se eu realmente precisasse dizer aquilo.

-eu acho que ela apenas espera por alguma coisa que a prove que a vida continua. –ele falou e então jogou a bola para mim, encerrando o assunto.

[Maggie]

Enquanto Jackson continuava com meu irmão eu voltei para o quarto, já sem resquícios de lágrimas no rosto. Clara tinha separado um vestido em cima da cama e parecia já ter esquecido o ocorrido, o que me deixou realmente animada.

-e então? –perguntei já vestida.

-está linda. –sorri ouvindo a buzina no lado de fora.

-bem, então lá vamos nós. –ela piscou para mim e tirou uma foto.

-estou fazendo um álbum de recordações. Tem fotos de todos. –ela riu me mostrando a foto na telinha.

-é... Depois me passa uma cópia. –ela assentiu sorrindo.

-não se esquece de sorrir. –ela falou me abraçando.

-tudo bem. –nós passamos pela porta, eu indo para o carro de Bryan e Clara indo para o dela.

[Jackson]

-tudo bem, olha só, você tem que chutar com o meio do pé, está vendo? –dei um toquinho na bola para que Eric entendesse. Ele assentiu e pegou a bola tentando, acertando a cabeça do visinho outra vez.

-ME DESCULPA. –ele gritou envergonhado enquanto eu caia na risada. Eric era muito inteligente, mas para esportes é melhor deixá-lo na torcida.

-está melhorando Eric, é só economizar a for...

-Tchau pestinha. –Megan disse passando por nós toda produzida.

Assisti enquanto ela fechava o portão da casa e ia para o... Para o... Para o carro do Bryan. Fechai a cara no mesmo instante enquanto Eric se aproximava de mim com a testa franzida. Eu poderia jurar que ele sentia a mesma coceirinha na nuca com relação aquele garoto.

-ONDE ELA ESTÁ INDO? –gritei tentando ver para onde o carro ia.

-mas que droga! –Eric disse ao meu lado batendo o pé no chão.

-ela não te falou nada? –ele sacudiu a cabeça.

-quando Maggie começar a me dizer aonde vai, o Japão deixa de comer sushi. –ele sacudiu novamente a cabeça e eu bufei.

-droga!

-você está aqui para vigiá-la, não é? –ele perguntou me olhando com os olhos semicerrados. Engoli em seco.

-veja bem, Eric...

-CARA, ISSO É MUITO LEGAL! –ele pulou fazendo um “YES”. Fiquei confuso o olhando.

-você acha legal eu estar aqui para vigiar sua irmã? – indiquei o caminho do carro com o dedão.

-é claro que sim, significa que eu vou poder ir com você ou se não vou contar a ela. –ele sorriu abertamente enquanto eu semicerrava os olhos.

-pilantrinha, você me pegou. –coloquei uma mão na cintura. –mas ainda preciso saber para onde eles vão.

-isso é fácil, ela sempre deixa um recado para minha mãe na secretaria eletrônica dizendo para onde foi. –ele deu de ombros e eu comecei a me sentir um idiota, por não perceber que Eric era muito mais esperto do que eu pensava antes.

-tudo bem, vai escutando que eu vou ligando para o John. –ele assentiu e saiu correndo, enquanto eu pegava o celular e discava o numero do menino.

-alô? –ele parecia sonolento.

-John, operação Bob Esponja para ontem. –ele fez um som enjoado.

-poderíamos trocar o nome do Bryan para Patrick pelo menos? –ele perguntou com a voz rouca.

-não, não. Ele tem mais cara de quem usa calças quadradas. –Sorri olhando Eric com um papelzinho na mão vindo em minha direção. John riu alto do outro lado da linha.

-pelo menos sabe para onde ele vai? –peguei o papelzinho da mão de Eric.

-para o “The Rock”. –pisquei para Eric que deu de ombros, indicando que não tinha idéia de onde era o lugar.

-OH-OUH! Precisamos fazer reserva antes, nunca vamos conseguir. –John avisou, já não parecendo estar com sono.

-não precisamos não... Você vai ver. –ri um pouco Eric sorriu torto. Eu digo que esse menino é do time do mal!

(...)

[Maggie]

Entramos no restaurante lotado e logo fomos levados até nossa mesa. Me impressionou o fato de Bryan ter feito reserva antes, mas resolvi deixar isso passar. Ele sorriu para mim, afastando a cadeira para que eu me sentasse. Sorri para ele como uma idiota e sacudi a cabeça.

-você bebe? –ele perguntou olhando um cardápio. Sacudi a cabeça.

-não, não. –ele sorriu assentindo.

-Jackson estava em sua casa, eu percebi. –ele disse me dando uma olhada rápida.

-sim, ele joga futebol com meu irmão. –dei de ombros e ele riu.

-vocês não parecem se dar muito bem. –ele notou com um sorriso safado no rosto.

-é, acho que me dou melhor com uma porta. –nós rimos.

-isso é bom, não gosto de ter muitos concorrentes e no seu caso... –ele deu de ombros enquanto eu sentia meu rosto corar.

-ah... –ele riu um pouco.

Ao meu lado apareceu um garçom... Mas não era um garçom qualquer, era um garçom quase conhecido para mim. Ele usava um bigode feito com lápis de olho e óculos velhos sem lentes, os cabelos estavam lambidos para o lado com muito gel e ele tinha os dentes da frente grandes de mais para sua boca.

-posssssssso ajudá-los? –ele perguntou estendendo o S mais do que o necessário.

-na verdade... –eu comecei, mas Bryan foi mais rápido.

-pode sim, aqui. –mostrou alguma coisa no cardápio e os olhos do garçom brilharam, um brilho maléfico que fez com que eu me arrepiasse.

-volto logo. –ele tossiu e então correu.

-esse lugar já teve atendentes melhores. –Bryan disse rindo e eu dei de ombros.

-é... –ainda estava desconfiada com o garçom, mas resolvi deixar para lá pela segunda vez na noite.

Começamos um assunto interessante, e quando percebi o garçom estava de volta com uma garrafa de vinho aberta, olhando diretamente para Bryan. Eu poderia gritar e dizer que alguma coisa ia sair errada, mas a verdade é que não tinha certeza do que poderia acontecer.

-aquiiiiii essssssstá sssenhor. –o garçom disse e então derramou todo o conteúdo da garrafa em cima de Bryan. –AH! COMO SOU DESASTRADO. Deixe me ajudá-lo, senhor. –e então o garçom tirou um lenço sujíssimo do bolso da calça e começou a limpar o garoto a minha frente.

Tive que segurar o riso. Apesar daquilo estar sendo um desastre completo, a cara de Bryan, o sotaque forçado do garçom e todo aquele vinho e sujeira envolvidos estavam muito engraçado. Bryan parecia querer arrebentar a cara do pobre homem, que parecia estranhamente divertido. Não agüentei e comecei a gargalhar.

O inevitável aconteceu. Bryan começou a rir comigo enquanto o garçom me olhava espantado, como se esperasse uma reação diferente da minha. No fim até as pessoas das outras mesas começaram a rir também.

-está tudo bem, mas traga outra garrafa, por favor. –Bryan disse ao homem, que saiu pisando duro.

[Jackson]

-essa garota é completamente insssssssssssana. –John falou ainda usando os dentes falsos. Fechei o nariz com a mão para não rir.

-o que aconteceu? –Eric quis saber sentado na pia da cozinha.

-acredita que ela começou a rir? Ela simplesmente RIU! Nem saiu correndo nem nada do tipo. –fechei a cara. Era só o que me faltava.

-bem, temos que fazer com que ele saia correndo de qualquer jeito. –Eric olhou para seus sapatos.

-estou sem idéias. –ele resmungou e eu tive uma ótima.

-Eric, você sabe fazer malabarismo? –perguntei o olhando em especulação.

-na verdade não. –ele parecia constrangido.

-ótimo, venha cá...

[Maggie]

Estávamos mais calmos depois da crise de riso por causa do garçom. Bryan nem parecia se lembrar de sua roupa toda suja, já tinha feito milhares de perguntas que eu fazia questão de me esquivar de todas.

-mas então...

-oi! –uma voz fininha soou ao nosso lado.

Olhei lentamente sem acreditar... O QUE ERIC ESTAVA FAZENDO ALI? E POR QUE ESTAVA VESTIDO DAQUELE JEITO? Ele usava um óculos de sol do tipo abelha com as lentes quebradas, uma bandana na cabeça do Massacration e tinha o sorriso de uma boneca assassina antes de matar alguém. Não disse nada, e nem podia.

-posso me apresentar a vocês? –Bryan me olhou por um segundo e depois assentiu.

Eric tirou do bolso da calça algumas pedrinhas brancas e começou a fazer malabarismo. Tentei me lembrar quando ele tinha aprendido a fazer, mas então a realidade chegou a mim como um raio... Ele não sabia fazer, sempre acertava a cabeça de alguém. E foi o que aconteceu em seguida, deixando que TODAS AS PEDRAS caíssem “acidentalmente” na cabeça de Bryan. E então ele correu, provavelmente pensando que eu o mataria ali mesmo.

-VOLTA AQUI SEU PESTINHA... –Bryan berrou passando uma mão na cabeça. Operação tortura?! –ai doeu mesmo...

[Jackson]

Eu rolava de rir assistindo a cena da janelinha da cozinha. O cozinheiro já tinha berrado comigo mil vezes para que eu saísse de lá, mas estava muito engraçado para que eu obedecesse. Eric entrou rapidamente na cozinha, branco como cera.

-ela me reconheceu. –ele falou e minha boca caiu. FERRO LEGAL!

-SACO DE GELO PARA A MESA TRÊS. –um garçom de verdade gritou e John me olhou de debaixo da bancada.

-essa não é a mesa deles? –ergui uma sobrancelha e Eric assentiu.

-é...

-Droga, como são teimosos. –esmurrei a bancada. –está na hora de jogar pesado.

-por deus “hombre” o que você vai fazer? –John perguntou com os olhos arregalados.

-nada... Apenas me apresentar formalmente para Bryan. –sorri maliciosamente e comecei a me despentear e abrir os botões da minha camisa.

-eu vou ligando para o hospital...

[Maggie]

Já recuperado por causa das pedrinhas na cabeça e com um saquinho de gelo na testa, Bryan começava um novo assunto, tentando deixar para trás o azar que se apoderava dele naquele dia.

-é serio Maggie. Está tudo bem. –ele disse quando eu dei a idéia de ir embora.

-eu acho que isso vai ficar roxo. –eu disse apontando para sua testa com o gelo e ele deu de ombros.

-é apenas mais um para a minha coleção. –ele falou sorrindo e se debruçando sobre a mesa. –e então...

-Meganzinha! –uma voz extremamente irritante soou ao meu lado, fazendo com que nós nos virássemos para ele. Jack estripador estava ali parado, puxando uma cadeira e se sentando ao meu lado. –Estava te procurando, senti tanto a sua falta. –ele me puxou com tudo, tombando minha cabeça em seu ombro.

-o que você está fazendo? –eu sussurrei furiosa. Alguém perderia a cabeça hoje!

-salvando sua vida! –ele sussurrou de volta, passando o braço por meus ombros. –OOOOI... Qual é mesmo o seu nome? Ryan? –ele perguntou olhando para Bryan, que estava branco o olhando.

-Bryan.

-Foi o que eu disse Ryan. –ele pegou o copo do meu acompanhante e deu um longo gole no vinho.

-o que diabos...

-GARÇOM! –Jackson gritou se tornando mais desagradável do que o costume.

O homem de cabeços lambidos, dentes grandes e óculos sem lente veio até nós, trazendo um suco que me parecia de laranja. Jackson deu um longo gole outra vez, e eu dei uma boa olhada para o garçom, que parecia extremamente divertido com tudo o que acontecia.

-escuta aqui seu projeto de Amoeba, o que você pensa que ta fazendo? –eu disse entre dentes o puxando para mais perto.

-você briga comigo, mas eu sei que me ama. –ele fez questão de falar bem alto, ainda com o maldito sorriso malicioso.

-Maggie, eu tenho certeza que Jackson está apenas bêbado, acho melhor nós irmos, não acha? –Bryan começou a se levantar, mas o abestalhado me segurou.

-fica aqui! –ele sussurrou em meu ouvi e depois sorriu cínico para Bryan.

-na verdade, não estou bêbado. Eu levo Megan para casa, eu preciso, é... De ajuda. –ele sorriu, como se nem mesmo ele se convencesse com sua mentira.

-ah é? Para que? –perguntei colocando as mãos na cintura, extremamente divertida em vê-lo se afogar nas próprias mentiras.

-não complica. –ele sussurrou de novo. –trabalho de matemática, é um caos. –ele sorriu e Bryan me olhou com a sobrancelha levantada.

-bem, já que é assim... Vejo você na escola Maggie. –ele se aproximou de mim e beijou meu rosto, enquanto o futuro morto me puxava.

(...)

-EU VOU MATAR VOCÊ! –eu berrei começando a correr atrás dele.

-ah de novo? Já não estão cansados desse joguinho de gato e rato não? –John disse tirando os dentes falsos.

-VOCÊ! VOCÊ! –apontei para os outros cúmplices. –EU VOU...

-Maggie, respira. –Eric disse revirando os olhos. –nós só estávamos tentando ajudar. –ergui uma sobrancelha.

-ENTÃO DA PROXIMA VEZ ATRAPALHEM! –Berrei e John começou a rir.

-eu não mereço. –Jackson sussurrou e abriu a porta da frente de seu carro para eu entrar. Mostrei a língua para ele e entrei, com os braços cruzados. Eric e John entraram atrás rapidamente, sem nem mesmo esperar uma segunda ordem.

Jackson logo deu partida no carro e começou a ir em direção a minha casa. Eu estava tão brava que nem sequer percebia as coisas que aconteciam em minha volta. Não sabia se meu irmão ou um dos meninos tinham falado alguma coisa. Eu estava perdida de mais em meu mundo, brava de mais tentando achar milhares de argumentos que pudessem fazer com que no mínimo ele nunca olhasse para mim. Não me parecia uma má idéia de fato.

Apenas percebi quando cheguei na frente da minha casa. Murmurei um “obrigada pela carona” e então sai do carro, sem parar nem sequer para esperar Eric. Eu sabia que ele deveria ter tanta culpa quando qualquer um ali, mas não estava querendo brigar com ninguém. Subi para meu quarto e liguei para Clara, que eu achava que seria a única pessoa que me entenderia...

-Calma... Ele fez com que John se vestisse de garçom? –ela parecia realmente divertida com a situação.

-sim, e meu irmão acertou umas pedras na cabeça dele. Acho que vai ficar roxo. –foi a deixa para que ela começasse a rir. –ei, isso é sério.

-é verdade, me desculpa. –cinco segundos e ela riu também, na verdade nem eu estava me agüentando, quando percebi estava sentada no chão rindo.

-o pior, é que ficou um galo mesmo, vai estar horrível na segunda. –mais risadas.

-isso é... –risadas – péssimo.

-é... –parei de rir e olhei para minhas mãos.

-hm, desculpe. –ele fez uma pausa para pensar. –mas sabe de uma coisa, não acha estranho que ele tenha tentado te defender de sei lá o que?

-é, ele só se esqueceu que eu preciso ser defendida dele. –Clara riu.

-é melhor começar a pensar em criar um “Repelente de Jackson”, aposto que você vai ganhar um dinheirão. –revirei os olhos rindo.

-não é tão má idéia. –sacudi a cabeça.

-bem, agora tudo o que podemos fazer é esperar e ver o que ele está pensando. –ela suspirou.

-é, e ver o quão ruim vai estar o rosto de Bryan. –Clara riu outra vez.

-tudo bem, vai... Nem foi tão ruim assim. –assenti sorrindo.

-é, já até consigo pensar em maneiras de torturar Eric agora. –sorri para minhas próprias palavras.

-pobre menino. –nós rimos.

E no fim, nós continuamos conversando. Tentando achar mil desculpas e maneiras das coisas não parecerem tão ruins.


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Notas finais do capítulo

Geeente, demorei horrores, me desculpem!!! estava viajando!!
espero que gostem do capitulo!
beeeeijos



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