Tapiando o Destino escrita por caroline_03


Capítulo 6
Capítulo 5 -AH-MEU-DEUS!


Notas iniciais do capítulo

meninas, desculpem a demora.... Mais um cap para vocês!



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[Maggie]

Como o previsto eu acordei com uma gripe daquelas. Era impossível dizer mais de duas palavras sem ter um “ATCHIN!” no meio delas. Clara me olhava furiosa, como se minha voz fanha não fosse castigo o suficiente, ainda tive que ouvir o típico sermão de mãe, mas dessa vez vindo diretamente de minha amiga tagarela.

-se você tivesse ficado dentro da barraca como eu disse, agora estaríamos lá fora dando uma surra em Tifanny e nas outras meninas no vôlei, MAS NÃÃÃÃO! –Ela sacudiu a cabeça bufando.

-é sério, você não ia querer me ver jogando vôlei e depois... ATCHIN!... Eu vou ficar bem, eu juro. –limpei o nariz em um lencinho de papel pela milésima vez no último minuto.

-ah, ta... Como se eu fosse deixar você aqui sozinha nessa situação. –ela sacudiu a cabeça mais uma vez, mas dessa vez sorrindo. Eu parei a olhando, quase emocionada.

-você está... Preocupada... Comigo? –as pausas entre palavras foram apenas por causa dos espirros, mas acho que ela entendeu o que eu quis dizer.

-é claro que eu to preocupada com você, apesar de querer arrancar sua cabeça. É isso, que amigas fazem, não é? –não respondi, estava com os olhos cheios de água, mas diria até a morte que era por causa da gripe.

-isso é... Muito legal. –ela sorriu colocando a mão em minha testa.

-não está com febre pelo menos, vou pegar um remédio para você, já venho. –ela saiu de nossa barraca, me deixando ali sozinha com Justin.

-Oi. –disse para ele, que apenas sorriu para mim. –tudo bem?

Ele sorriu e sacudiu a cabeça como se achasse graça da minha tentativa de tirar alguma palavra dele. Ele assentiu e apontou a cabeça para mim, erguendo a mão como diz “E aí?”.

-ATCHIN! Acho que to bem. –limpei o nariz mais uma vez, enquanto via ele sacudir a cabeça me repreendendo.

Ele abriu a boca e achei que ele finalmente diria alguma coisa, mas bem nessa hora Eric entra na barraca segurando uma caneca que parecia estar quente (por causa das fumacinhas), e me olhando parecendo preocupado.

-eu disse que você ia ficar doente. –ele falou e me passou a caneca.

-eu to... ATCHIN, bem. O que é isso? –perguntei e senti o cheiro de limão.

-chá de limão e mel, disseram que faz bem. –ele deu de ombros e se sentou ao meu lado.

-isso deve ter um gosto horrí... Ei, é bom. –conclui tomando um gole grande. –e quente... Ai.

Ele fez a mesma coisa que Clara, colocando a mão em minha testa e depois em minhas bochechas. Estava começando a me irritar com essas coisas. Eu estava bem, nem estava sentindo dores por todo o corpo.

-eu disse para você ficar na barraca. –ele sacudiu a cabeça me repreendendo. Se ele não fosse tão mais novo do que eu e não me lembrasse da minha mãe grávida, eu diria que Justin e ele foram trocados na maternidade.

-normalmente você é o doente da família, como eu poderia imaginar? –bufei e espirrei.

-eu tenho todos os tipos de problemas respiratórios que você pode imaginar, é mais do que justo que você tenha a imunidade baixa. –ele sorriu radiante.

-ahn... Claro que é justo. –bufei e Clara entrou na barraca.

Ela segurava um pacote com algumas coisas, ainda uma garrafa térmica e uma bolsa no ombro. Me perguntei por que ela precisava de tantas coisas, mas tive a sensação que logo descobriria.

-ah, que bom que Eric já está aqui. Ele me incomodou a manhã inteira para saber de você. –Clara confessou rindo e eu deu um sorriso torto com uma sobrancelha levantada para meu irmão.

-queria já ir pensando em uma desculpa para mamãe. –ele deu de ombros, tímido

 -aqui, Joseph mandou esses remédios para você. –ela me passou a sacolinha. –John me perguntou se você ainda está viva para emprestar a ele seu repelente, Tifanny disse que é melhor passar alguma coisa no rosto para que ele não fique ressecado com o tanto que você passa a mão nele e Jackson... Bem, ele te mandou o café da manha. –ela deu de ombros me passando um pedaço de bolo que me parecia de chocolate e a garrafa térmica.

-está envenenado? –cheirei o bolo.

-não acho que ele chegaria a tanto. –ela riu e Eric ergueu uma sobrancelha para mim.

-Ele é legal Maggie, até disse que vai treinar futebol comigo lá em casa nos sábados. –tentei disfarçar minha careta.

-ahn... Isso é mesmo muito legal. –disse meio sem jeito. Aparentemente o Jack estripador tinha se tornado o ídolo de meu irmão.

-UAU! Essa é nova. –Clara disse colocando o liquido da garrafa térmica em minha caneca. Justin assentiu lá em seu cantinho.

-é... –dei uma mordida no bolo.

Comecei a mastigar lentamente. Meu primeiro pensamento foi: “olha, está bom mesmo”, mas logo minha linha de raciocínio foi cortada e eu cuspi tudo, colocando o copo na boca e percebendo o gosto salgado.

-FILHO DE UMA...

[Jackson]

-o que você fez com o café da manha dela? É sério, parece que ela ta mesmo mal. – John disse passando a bola para mim.

-só tentei ajudar... Dizem que pimenta e sal são muito bons para gripe. –ri alto e vi o Bryan se aproximando.

-Hey, posso jogar com vocês? –ele perguntou com aquele sorriso idiota dele.

-claro. –John respondeu imediatamente, enquanto eu fazia careta.

-é, entra aí. –disse sem jeito. Não gostava dele e daquele jeito de garoto bonzinho. Qual é? Ninguém pode ser tão legal assim.

Passei a bola para ele quando ouvi um grito alto, que foi música para meus ouvidos. John arregalou os olhos e Bryan olhou em volta, procurando de onde vinha.

-SEU DESGRAÇADO! –Megan gritou, vindo em minha direção.

Seu rosto estava vermelho de raiva, ela caminhava duro em minha direção, com os cabelos parecendo um ninho de gatos e usando um pijama de listrinhas rosa. Ela nem parecia se importar com o fato de estar de pantufa de coelhinhos pisando na terra.

-EU VOU MATAR VOCÊ! –ela apontou para mim e começou a correr, só não contava em ainda estar fraca e tropeçar na própria orelha do bichinho em seu pé e quase cair de cara no chão, se não fosse Bryan para segurá-la. CARA, QUE PIA CHATO!

-Ei, cuidado. –ele disse sorrindo para ela.

Megan o olhou com os olhos arregalados, depois piscou três vezes e ficou extremamente vermelha. Ele continuava a segurando, mas ela não parecia estar ciente disso no momento.

-você está bem? –ele perguntou olhando para o rosto dela. Ela assentiu sem jeito.

-é, estou sim. –ela sorriu ainda vermelha.

-qual é o problema dela? –John sussurrou para mim, também assistindo a cena.

-e eu é que sei? –sussurrei de volta.

-você parece não estar muito bem, dormiu bem essa noite? –Bryan perguntou a colocando em pé com cuidado.

-qual é o problema dele? –John sussurrou novamente.

-não faço idéia. –sussurrou para ele outra vez.

-é, hm, na verdade... –ela estava completamente sem jeito, sem saber o que falar ou fazer.

-vem, é melhor você comer alguma coisa. –ele sorriu e começou a levá-la para o refeitório.

Fiquei com uma vontade enorme de gritar “mas ela já comeu, eu dei café da manha a ela”, mas daí eu me lembrei que provavelmente ela estava querendo me matar, e uma coisa que eu aprendi nos últimos dias é que eu não vou querer que Megan Fuller fique com tanta raiva assim de mim. John ao meu lado parecia indignado.

-EI, VOCÊ NÃO VAI MATAR ELE? –John berrou apontando para mim.

-ah, ta... Muito obrigada. –ele deu de ombros como se pedisse desculpa.

-era só uma duvida que eu tinha. –ele riu e jogou a bola para mim.

[Maggie]

-EU VOU MATAR AQUELA LACRAIA AGORA! –berrei me levantando e abrindo a barraca com tudo.

Ignorei completamente os gritos de Eric e Clara para que eu deixasse para lá, estava furiosa e seria exatamente naquele momento em que aquele Jack Estripador barato ia perder a cabeça. Avistei minha vitima jogando futebol e de repente tudo se tornou vermelho em minha visão.

SANGUE, SANGUE, SANGUE.

-SEU DESGRAÇADO! –eu berrei ainda sentindo a boca ardendo por causa da pimenta. –EU VOU MATAR VOCÊ!

Comecei a correr em sua direção com os braços estendidos para esganar ele. Não esperava que minhas pantufas fossem me atrapalhar tanto na hora de correr, pisei na orelha de meu coelho e quando percebi estava indo de cara para o chão. “lá se foi minha ficha limpa na sociedade”, pensei, mas braços fortes me seguraram e impediram que eu fosse ao chão.

Olhei para cima com cuidado. Temia que poderia ser John alguma coisa ou o próprio falecido me segurando, mas não era e ele... WOW! Ele era lindo.

Os cabelos castanhos eram jogados para o lado, parecendo finos fios de lã, emoldurando perfeitamente o rosto. Os olhos castanhos perfeitamente da mesma cor dos cabelos fitavam meus olhos e o sorriso... Ah meu deus, que sorriso. Era um sorriso que eu apenas tinha visto o Ashton Kutcher usar. Aquele sorriso que faz você perder o fôlego, mesmo que seja apenas pela televisão.

-Ei, Cuidado. –ele disse ainda me segurando. Senti meu rosto inteiro pegando fogo e foi praticamente impossível não piscar naquele momento. Eu deveria estar dormindo. Eu não tenho essa sorte. –você está bem?

-é, estou sim. –assenti sem jeito.

-você não me parece muito bem, dormiu bem essa noite? –ele perguntou me colocando em pé ao seu lado.

-é, hm, na verdade... –não estava afim de dizer que sai correndo de barraca em barraca atrás do meu irmão.

-vem, é melhor você comer alguma coisa. –ele disse começando a me levar para o refeitório, com o sorriso perfeito ainda ali em seu rosto.

Escutei alguém gritando alguma coisa, mas não liguei. Também tinha escutado alguns sussurros ao meu lado quando estava lá parada como uma idiota com aquele menino lindo me segurando. Ele sorriu e me olhou cuidadosamente.

-Meu nome é Bryan, a propósito. –ele sorriu e estendeu a mão.

-Maggie... Na verdade Megan. –peguei sua mão sem jeito. Ele a apertou com firmeza e sorriu.

-gosto do nome. –corei novamente. Eu sou uma idiota, oficialmente.

-hm, obrigada. –ele riu e me sentou em uma mesa.

-espere aqui, vou pegar alguma coisa para você. –ele piscou e eu me senti derretida.

Enquanto ele ia, aproveitei para colocar meus pensamentos no lugar. Em que dimensão paralela eu estou vivendo para que alguém dessa cidade fale comigo amigavelmente? Tudo bem, não posso contar Clara, Simon e Justin (tudo bem que ele não fala exatamente, mas ainda assim eu o considerava meu amigo, ou quase), mas ainda assim... O Jack Estripador é a maior prova de que esse não é o meu lugar.

-aqui está. Ia trazer um café, mas acho que está precisando de alguma coisa menos forte. –ele disse colocando um copo com um chá esverdeado em minha frente e uns pãezinhos.

-obrigada, não precisava, é... –fiz uma oração silenciosa para que aquilo não fosse chá verde, e para a minha sorte, não era mesmo... Hortelã.

-não foi nada... E então, é nova no colégio, não é?! –ele se ajeitou na cadeira e olhou fundo em meus olhos. Tive dificuldade para entender suas palavras nos primeiros segundos.

-ah, sim... Uma semana mais ou menos. –mordi um pãozinho.

 

-acho que é por isso que eu nunca tinha te visto por aí. –ele apoiou a cabeça sobre uma mão e eu sorri fraco.

Dei uma olhada em volta e percebi que algumas pessoas pareciam nos olhar com cuidado. Vi Clara, Justin e Simon em uma mesa afastada, minha amiga praticamente quicava na cadeira nos olhando, enquanto Simon lia o rotulo de um iogurte e Justin revirava os olhos. Olhei para outro lado e lá estavam John e o futuro Jack Estripador morto. John comia um pedaço de bolo gigante enquanto o outro nos olhava com o canto de olhos e, quando percebeu que eu estava olhando para ele, fingiu estar matando um mosquito.

Ignorei completamente e voltei o olhar para o menino em minha frente. Queria poder dar um beliscão em seu braço, apesar para ter certeza de que ele era real, e depois me dar um tapa por ter acreditado em meu sonho idiota. Mas ali estava ele, sorrindo e olhando enquanto eu comia meu pãozinho.

Ele começou a fazer perguntas que eu lutava para responder. Não gostava de perguntas sobre a minha vida e muito menos de ter que explicar cada coisinha que eu digo, mas era assim que eu me encontrava agora, e ele parecia estranhamente entretido.

-mas e você? –perguntei desesperada para mudar de assunto.

-nada de muito interessante, é só que... –e quando ele começou a falar Eric já estava ao meu lado com os olhos azuis cravados nos meus.

-MEGAN! –ele falou parecendo furioso.

-não fui eu. –já fui logo me defendendo. É terrível ter um irmão mais novo que insiste que precisa cuidar de você, já que eu não consigo fazer o trabalho sozinha.

-eu disse para você ficar na barraca até a hora de ir embora. Você tem o que nessa cabeça oca? –ele disse cruzando os braços sobre o peito.

-bem, se ela é oca, você já sabe. –sorri, mas nem sequer a história de um sorriso para contar em seus lábios.

-você vai piorar. –ele falou com os olhos faiscantes.

-eu to bem, e pare de bancar o irmão mais velho. –revirei os olhos, enquanto ele semicerrava os olhos.

-alguém tem que ter juízo, não é? –ouvi uma risada baixa e só então me lembrei de Bryan em minha frente.

-você é o irmão mais novo de Maggie? –ele perguntou lançando seu sorriso encantador para Eric, que não funcionou nem um pouco com o pirralho.

-Eric, e você quem é? –meu irmão erguia uma sobrancelha para o côver do Ashton Kutcher.

-meu nome é Bryan. –ele estendeu a mão, mas Eric apenas a olhou.

-hm... Legal. –Bryan riu diante de meu irmão. Lancei um olhar feio para Eric, que provavelmente significava “diga adeus ao Frog”.

-acho que o chá fez bem à Maggie, ela até parou de espirrar. –Bryan sorriu para mim e voltou o olhar para Eric.

-é... Tem razão. –ele concluiu me olhando.

-não precisa se preocupar, ela está bem. –Eric gargalhou.

-o dia em que não precisar me preocupar com Maggie, mamãe faz uma festa. –ele se afastou murmurando.

Enquanto eu ainda fazia careta para o loirinho xarope, ouvi Bryan rir e então voltamos a conversar “animadamente”.

O resto da tarde passou rápido, joguei (ou tentei) vôlei com Clara e depois ela me levou até um laguinho para que eu contasse toda a conversa que tive com Bryan. Percebi que Eric e seu novo amigo brincavam de pega-pega com algumas meninas e não consegui conter um sorriso.

Quando percebi, já estava na hora de irmos para o ônibus para voltar para casa. Estranhei o fato de que não tinha sido tão ruim quanto eu imaginei e coloquei minha mochila nas costas, depois de travar mais uma batalha com John por causa do repelente.  É claro que eu ganhei depois de pisar em seu pé “acidentalmente” e correr para o banheiro feminino. Não que eu achasse que ele não pularia lá se quisesse, é apenas que Britanny e suas amigas estavam lá fazendo a maquiagem, imaginei que ele teria problemas se entrasse lá.

-passou tão rápido. –Simon reclamou se esticando.

-é verdade, esse ano foi melhor do que os outros. –Clara concordou sorrindo. Justin apenas assentiu.

-é... Foi até que divertido, tirando todos os imprevistos. –dei de ombros me sentando em meu lugar no banco.

-o que aprendemos hoje Maggie? –Simon se apoiou no encosto do banco para nos olhar.

-que John tem medo de meninas? –tentei, recebendo uma careta do menino do outro lado do corredor.

-também, mas eu estava falando sobre outra coisa. –ele sorriu e eu ergui uma sobrancelha.

-então, o que?! –ele começou a rir.

-que ele tem medo de sapos! –todos riram menos John.

-HAHA, muito engraçado. –ele resmungou e se ajeitou em seu banco, fechando os olhos para dormir.

Pensei por um pequeno segundo se eu estava gostando suficientemente daquele lugar. Olhei em volta e Clara conversava com Simon, Justin apenas assistia a tudo com um sorriso, do outro lado John fingia estar dormindo enquanto Jackson ouvia música com fones no ouvido. Lá na frente, Eric conversava com seu amigo e segurava Frog nas mãos. Pensei que ele estava feliz o suficiente para estar ali, pensei também que minha mãe parecia estar animada com o novo trabalho e com as pessoas novas daquele lugar. Olhei pela janela e pensei: “bem, se eles podem talvez eu encontre meu lugar aqui também”, suspirei um pouco mais feliz. Era uma visão otimista do futuro, mas eu não estava completamente segura dela.


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Notas finais do capítulo

esperam que tenham gotado geeente! ++
obrigada por lerem e por favor... Comentem! ++



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