Tapiando o Destino escrita por caroline_03


Capítulo 21
Chega de Bactérias!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, por favor! :S



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Estiquei o corpo todo na cama ouvindo os estalos que minhas costas faziam. Sorri para mim mesma pensando que ainda era domingo e tinha mais um lindo dia pela frente antes que tivesse que acordar cedo no outro dia outra vez e então ir para a aula. Escolas deveriam começar depois das oito, fato.

 Virei para o outro lado e franzi a testa fazendo a retrospectiva da noite passada. Eric tinha ido à festa, minha mãe tinha chego, comemos pizza, Jackson foi embora e eu... Eu dormi?! O que aconteceu com o... ERIC! Peguei o celular e quase morri sufocada quando vi que não tinha nenhuma ligação perdida.

Pulei da cama e corri para o andar de baixo gritando pela minha mãe. Céus, alguém tinha seqüestrado meu irmão!

-MÃE! O ERIC! ELE FALOU QUE IA ME LIGAR E... –dei de cara com o corpo de Eric sentado na cozinha.

-o que estava falando meu bem? –mamãe perguntou lavando louça na pia.

-quem é esse? –perguntei apontando para o suposto meu irmão.

Aquele não era meu irmão. Eric sempre estava falando sobre a cura milagrosa que alguma coisa poderia proporcionar e, no entanto, aquela criatura estava muda olhando para frente sem dizer nada.

-em teoria, o Eric. –minha mãe disse concordando com meus pensamentos.

-ahn... E o que aconteceu com ele? –perguntei erguendo uma sobrancelha.

-ele não fala. Está catatônico desde que chegou ontem à noite. –mamãe riu baixinho.

-e como ele chegou? –perguntei.

-Victor tentou ligar para seu celular, já que você falou que iria buscá-los, mas você apagou no sofá então eu fui buscá-los. –ela deu de ombros sorrindo.

-tudo bem. –murmurei. –vou escovar os dentes.

Subi as escadas novamente e voei para o banheiro tentando não pensar muito em meu irmão e o que poderia ter acontecido para deixá-lo naquele estado deplorável. De uma coisa eu tinha certeza... Se uma jangada o atropelou, é melhor que ele tenha no mínimo anotado a placa.

Quando voltei novamente para o quarto, para colocar uma roupa no mínimo apresentável para que fossemos almoçar, vi que em meu celular tinha cinco ligações perdidas. Todas em menos de cinco minutos e todas vindas de Clara. Franzi a testa e retornei a ligação.

-Maggie?! Ah, Maggie, por deus... –ela falou com a voz esganiçada.

-hm, o que aconteceu? –perguntei tirando uma calça jeans do guarda-roupa e jogando em cima da cama.

-o John... Eu acho que vou matar ele e meu irmão. –ela falou com a voz irritada. Ri baixinho.

-qual é o problema da vez?! Eles confundiram você com uma vassoura?! Ou ele falou para sua mãe que ele é contra a maldita instituição do casamento? –perguntei sorrindo.

-espero sinceramente que você não esteja falando sério com relação a eu ser confundida com uma vassoura, por que caso contrário eu serei obrigada a te matar. –ela disse com a voz controlada de mais. –e que porra é essa de “contra a maldita instituição do casamento”?! Que eu saiba, você é a estranha aqui.

-hm, desculpe se eu penso que apenas “juntas os trapos” é muito maios rápido e pratico do que casar... Sabe como é... Mais barato e se der errado, cada um para seu lado e ponto final. –dei de ombros para o nada, segurando a risada.

-por favor, diga que você não está falando sério. –ela parecia abismada de mais para alguém que me conhecia há algum tempo.

-o que foi? Eu sou uma típica Nova-Iorquina, está em minha genética toda essa coisa de praticidade. –bufei tentando decidir se usava uma blusa azul combinando com sapatilhas ou uma frente-única rosa combinando com uma sandalinha.

-vou acender minhas velinhas para que Jackson consiga tirar todas essas caraminholas de sua cabeça. –ela riu um pouco. –mas de qualquer forma... Preciso fugir aqui de casa essa tarde, posso contar com você?

-claro. Eu vou almoçar com minha mãe e Eric, mas pode vir aqui mais tarde se quiser. –joguei a blusa azul em cima da cama e guardei a rosa no guarda-roupa outra vez.

-tudo bem, não vou conseguir escapar do almoço em família de domingo mesmo. –eu podia praticamente ouvi-la dar de ombros. Sentei na cama e olhei para minhas unhas que estavam mais longas do que nunca.

-nos vemos depois então. –desliguei o telefone e o joguei na cama, entre a bagunça de edredom.

Coloquei a roupa rapidamente, já que minha mãe já tinha me chamado mil vezes para que fossemos de uma vez para o restaurante. Quando cheguei no andar de baixo, Eric já estava no banco de trás do carro, ainda quieto e com o olhar distante.

Credo, vai entender essas crianças.

(...)

Quando chegamos de volta em casa, Clara ainda não estava esperando no portão, tamborilando os dedos no portão daquele jeito impaciente que ela tem. Achei estranho, mas de qualquer forma eu a esperaria dentro de casa. Nunca fui muito boa nessas coisas e ela me conhecia por tempo o suficiente para saber que eu conseguia achar alguma coisa produtiva para fazer em cinco minutos.

Segui Eric até seu quarto, onde ele bateu a porta em minha cara antes que eu pudesse começar a fazer o interrogatório. Bufei uma vez ou outra e corri para meu quarto, onde eu quase caí de costas ao perceber que eu não tropecei em nada no meio do caminho.

Franzi a testa refazendo em minha mente a situação em que meu quarto se encontrava quando sai de casa... Edredom revirado em cima da cama, sapatos espalhados para todos os lados, algumas peças de roupas pelos cantos do quarto e blackout fechado.

Revirei os olhos pelo local me deparando com uma realidade totalmente diferente da qual eu me lembrava.

As roupas estavam dobradas em cima da cadeirinha da penteadeira, enquanto os sapatos estavam separados em pares ao lado do guarda-roupa apenas esperando que eu os colocasse novamente lá dentro. O Blackout estava aberto e... Por falar em aberto, a janela também estava. Engoli em seco e olhei para o lado, vendo minha cama perfeitamente arrumada, contendo um Jackson Bennett deitado e sorridente, brincando com um daqueles cubos mágicos que eu havia pegado emprestado de meu irmão na noite anterior.

-quer me matar do coração? –arfei, colocando uma mão sobre o peito. Jackson sorriu mais ainda, se sentando sobre a cama.

-não foi exatamente essa a minha intenção. –ele sorriu de canto, pegando minha mão e me puxando até a cama. –mas uma coisa eu tenho que admitir... Achava que você fosse no mínimo um pouquinho organizada. –ele estalou a língua em um falso desapontamento.

-bem, a culpa é toda sua. Agora não tem mais devolução. –sorri me deitando na cama ao seu lado.

-ah droga... Além de propaganda enganosa ainda não devolvem o dinheiro? –ele revirou os olhos, tentando reprimir o sorriso. –nesse caso, vou ter que ficar com você do mesmo jeito.

-já pensou em ir ao Procon? Talvez consiga alguma coisa. –sorri, sentindo seus braços envolverem minha cintura com firmeza.

-não, mas quer saber de uma coisa... –ele sussurrou em meu ouvido, me puxando para mais perto e rolando comigo, fazendo com que eu ficasse por cima de seu corpo. –eu aceito do mesmo jeito.

-é bom ouvir isso, Senhor Bennett. –pisquei um olho mordendo sua bochecha, descendo por seu maxilar distribuindo beijos por todo lugar que meus lábios pudessem alcançar.

Jackson riu, pensando o pescoço para o lado e me mando mais espaço para “percorrer” com meus beijinhos e mordidas. Tentei segurar suas mãos, mas ele se jogou para o lado, rolando outra vez e fazendo com que minhas costas tocassem o colchão.

Mamãe sempre me disse: “se você tentar prender, ele vai prender você!”, mas alguém realmente acredita que eu seguia tal conselho?! É claro que não, e é por isso que agora minhas mãos estavam presas no alto de minha cabeça.

-esqueceu que eu tenho a força aqui? –ele piscou um olho, colocando uma perna de cada lado de meu quadril.

-ah, claro... He-Man. –revirei os olhos sorrindo. Jackson riu alto, beijando meus lábios com cuidado enquanto as mãos paravam sobre meu quadril.

Minha vontade era mandar tudo para o inferno, trancar aquela maldita porta, e ficar com ele naquele quarto o resto do dia, mas é claro que minha maldita, ou bendita (depende do ponto de vista), consciência tinha que me atrapalhar.

-hm, você se lembra que Eric está no quarto ao lado, certo? –murmurei tentando não suspirar com o beijo no pescoço.

-droga! Tinha esquecido. –ele fez careta e eu ri.

-e por um acaso, você já tinha se lembrado disso? –pisquei um olho e esperei que ele deitasse ao meu lado, enquanto eu simplesmente me ajeitava em seu peito.

-hm, talvez... –ele fingiu pensar. –tudo bem, confesso que nem tinha me passado pela cabeça que seu irmão poderia estar no quarto ao lado.

-ual, o que aconteceu com aquele Jackson super calculista que eu conheci quando cheguei a BeeVille?! Acho que alguém está perdendo o jeito. –zombei sorrindo de canto.

Jackson fez um movimento rápido e quando percebi estava novamente embaixo de seu corpo, apenas uma de suas mãos seguravam meu braço em cima de minha cabeça, fazendo com que eu arregalasse os olhos se susto. Como ele conseguiu ser tão rápido?

-problemática. –ele sussurrou roçando os lábios sobre os meus.

-insuportável. –murmurei tentando morder seu lábio inferior.

-terrível. –ele sussurrou em meu ouvido, dando uma mordidinha de leve em seguida.

-anormal. –falei imitando o sotaque que todos naquela cidade carregavam e eu quase nem reparava. Jackson riu alto me dando um selinho.

-olha só que bonitinha, praticamente uma nascida em BeeVille. –ele murmurou rindo.

-lindo Jackson! –falei irônica revirando os olhos.

-SHIU! –ele fez sorrindo de canto e me beijando calma e carinhosamente.

Ri baixinho, tentando soltar minhas mãos para que pudesse abraçá-lo. Jackson relutou um pouquinho, mas depois de algum tempo cedeu, segurando minha cintura com as duas mãos enquanto eu segurava seus cabelos com força. Soltei um gemido de indignação quando seus dentes pressionaram meu lábio inferior, o que o fez rir.

Depois de alguns segundos encarando os olhos verdes quase transparentes, ele voltou a me beijar, sem usar os dentes, graças aos céus. Quando estava quase conseguindo colocá-lo novamente em baixo de meu corpo, o barulho estridente da campainha cortou totalmente minha concentração, o que fez com que nós dois fizéssemos caretas.

-o que diabos é isso? –ele murmurou escondendo o rosto no vão de meu pescoço.

-eu não faço ide... CLARA! –falei alto de mais, fazendo com que ele desse um pulo para o lado.

-o que?! A Clara?! Clara do John?! Hoje é domingo, o que diabos ela está fazendo aqui? –ele falou rápido indo para o lado e tentando calçar o tênis enquanto eu tentava, inutilmente, arrumar meu cabelo com as pontas dos dedos.

-ela falou que estava querendo matar o John e o Justin, não tenho certeza do motivo. –tentei explicar me olhando no espelho.

-ah, o John me paga. –ele bufou indo para a janela. –amorzinho, eu agradeceria se você conseguisse enrolar a Clara fora do quarto por alguns minutinhos. –ele sorriu sem graça. –não quero me matar me jogando daqui.

-tudo bem, eu dou um jeito. –assenti e fui até ele, selando nossos lábios uma última vez antes da campainha soar impaciente outra vez. –JÁ VOU! –gritei suspirando.

-vai lá, antes que alguém desconfie de alguma coisa. –ele sussurrou, relando nossos lábios.

-tudo bem. –sorri de canto. –vejo você mais tarde?

-assim que Clara sair. –ele piscou e me deu mais um selinho, indicando que eu fosse atender a porta, já que a campainha voltava a tocar.

-JÁ VOU! –gritei outra vez correndo para a porta. –vou sentir sua falta.

-qual é? Eu vou ficar longe por apenas algumas horas. –ele revirou os olhos, divertido. Fiz bico encostando a cabeça na porta. –HUNF!

Ele pulou da janela, vindo até mim em passos apressados e longos. Quando finalmente chegou até mim, não pensou uma segunda vez antes de colar o corpo no meu e me empurrar até que toda a minha costa estivesse em contado com a porta. Senti um nó se formar na boca do estomago.

-isso vai ser mais meloso do que o necessário, mas... –ele sorriu de canto, tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. –também vou sentir sua falta. –ele me beijou outra vez e a campainha voltou a tocar. –AAH! Talvez eu mate Clara mais tarde também. –ele falou semicerrando os olhos. –é melhor você ir.

-você também. –o lembrei sorrindo.

-até depois. –piscou um olho e correu outra vez para a janela, enquanto eu saia pela porta, a fechando em minhas costas.

Corri escadas a baixo, abrindo a porta com uma pressa desnecessária e encontrei com Clara no portão pronta para apertar outra vez a campainha. Ela sorriu sem graça para mim e tirou rapidamente o dedo do botãozinho.

-achei que ainda não tinham chegado. –ela se explicou enquanto eu abria o portão para que ela entrasse.

-eu estava no banheiro. –menti na cara dura. –Eric está catatônico e minha mãe... Cadê minha mãe?! –perguntei olhando para a casa, como se esperasse que ela me desse uma resposta.

-calma aí... Uma coisa de cada vez. –Clara colocou as mãos para cima rindo. –como assim “Eric está catatônico?” –ela perguntou com um sorriso ligeiro.

-ele tinha uma festinha de aniversário ontem à noite e hoje, quando acordei, ele já não estava falando nada. –dei de ombros. –você pode tentar, se quiser.

-tudo bem, vamos nessa... –ela sorriu jogando uma mão para cima. –adoro irritar seu irmão.

-como se você pudesse realmente irritá-lo. –revirei os olhos colocando a chave da porta no potinho do armário. –ele te adora.

-então, talvez ele fale comigo. –ela sorriu confiante. –qualquer coisa, eu ameaço as temporadas de House.

-você vai conseguir montar a terceira guerra mundial aqui em BeeVille. –ri um pouco dando espaço para que ela fosse na frente nas escadas.

-quem sabe?! –ela riu sacudindo a cabeça para um lado e outro, fazendo que os cabelos claros dançassem com o movimento.

(...)

Clara bateu na porta de meu irmão e esperou pela resposta. O que não aconteceu, já que aparentemente ele ainda estava catatônico. Clara ergueu as sobrancelhas para mim em uma pergunta muda, e eu fiz sinal com a cabeça para que ela entrasse.

-Eric?! –Clara chamou olhando para dentro do quarto escuro.

-iiih, o baixinho morreu. –comentei revirando os olhos.

Entrei no quarto em seguida, fechando a porta quando passei. A única luz que tinha ali dentro era proveniente da televisãozinha, que ele tinha conseguido convencer minha mãe que era extremamente importante para seu crescimento como adolescente, ainda mais nessa fase confusa pela qual ele estava passando.

Sim, eu sei... Idiota, mas se ele conseguiu a TV, é por que minha mãe caiu.

Quase caí de castas quando percebi que o que estava passando na TV era um filme sobre algum jogo de basebol. Vamos deixar claro uma coisa... Eric sempre pensou que esportes são apenas para aumentar o egoísmo entre as pessoas. Sem contar na violência gratuita que tudo aquilo representava. Uma brutalidade banal, segundo Eric, e filmes sobre tal eram mais inúteis ainda na visão do pestinha. Mas o baixinho sempre gostou de jogar futebol e dizia que fazia bem aos músculos treinar um pouco. Isso explica as aparições de Jackson todos os sábados, antes de começarmos a namorar em frente a todos. Antes... Por que agora Jackson praticamente mora em minha casa.

-Ei, Eric... –Clara sorriu indo se sentar ao lado dele na cama. –você está bem?!

Meu irmão apenas assentiu, sem olhá-la, ainda fitava a televisão sem dar atenção nenhuma para aquilo que passava na tela. Bufei e fui até o blackout da janela, o abrindo com um puxão e depois puxei a TV da tomada, esperando que assim ele nos desse atenção total.

-pronto, agora não tem mais onde ele olhar. –expliquei a Clara que me fuzilava com o olhar.

-Eric, está me ouvindo? –Clara chamou olhando nos olhos azuis do baixinho. Eric novamente assentiu. –Eric, se você não falar alguma coisa eu vou te levar a um hospital.

-nossa Clara... Que chantagem. –revirei os olhos, cruzando os braços sobre o peito, divertida.

-então faça melhor, droga. –ela bufou fazendo bico.

-Eric, se você não falar com a gente, eu vou ligar para a tal menina da festa da noite anterior e vou dizer a ela que você está apaixonado. –sorri confiante, vendo os olhos de meu irmão se arregalarem.

-e eu vou quebrar todos os DVDs do Dr. House. –Clara completou sorrindo maquiavelicamente. –e de quebra os do “Pronto-Socorro” e “Greys Anatomy”.

-NÃO! GREYS ANATOMY NÃO! –Eric berrou fazendo um bico gigante. Ri baixinho colocando a mão em frente a boca para disfarçar.

-então, é bom começar a falar... TU-DO! Cada detalhe e dialogo. –Clara sorriu angelicalmente. FALSA! HAHA

Eric suspirou pesadamente olhando em volta, juntando a pontinha dos indicadores em frente ao peito. Ele continuou pensando enquanto eu ia me sentar em um puff verde gigante que normalmente Jackson usava para jogar vídeo-game.

-estamos esperando... –Clara incentivou.

-foi assim... –ele suspirou outra vez. –quando o pai de Victor nos deixou na casa da Mercie, logo vimos que nós estávamos em grandes problemas...

-por quê? –perguntei franzindo a testa.

-bem, tinha mais VINTE PESSOAS! Tem noção! VINTE PESSOAS! –ele arregalou os olhos.

-e...

-e que isso de dez pessoas para mim e dez para Victor. –ele parecia apavorado. Pobrezinho.

-para que?! –ergui uma sobrancelha.

-para cuidar. –ele disse como se fosse obvio. –como poderia prestar atenção no que todas essas pessoas estavam falando de nós se éramos apenas dois?!

-normalmente você não liga para o que os outros estão falando sobre você. –dei de ombros. –simplesmente ignora.

-mas... E se eles estivessem falando mal de nós? –ele fez bico.

-inveja.

-e eles estivessem rindo de nós?

-inveja.

-e se eles falassem de nossas roupas?

-inveja.

-e se...

-inveja. –repeti rindo.

-Maggie eu não sou o centro do mundo, sabia? –ele bufou revirando os olhos.

-Eric deixe eu te explicar uma coisa... –me aproximei dele, ignorando o fato de Clara estar tentando segurar a gargalhada. –quando a pessoa simplesmente não se importa com você, ela simplesmente te ignora. Não fala mal e nem fala bem... Ignora! Entende?

-então, por que o Martin me odeia? –ele perguntou franzindo a testa.

-ele é jogador de futebol?

-sim.

-então é por isso. –sorri. –é a lei da vida Eric, Jogadores de futebol odeiam os inteligentes. E os inteligentes armam uma forma de acabar com a vida “virtual” dos jogadores de futebol. –sorri. –mas, se ele tentar te prender nos armários, me chama que eu arrebento a cara dele.

-bem, isso explica muita coisa. –Eric coçou a cabeça.

-agora, continue... E a tal da Mercie...

-bem, ela se aproximou de mim depois de algum tempo...

“quando eu e Victor estávamos discutindo sobre os malefícios do refrigerante...

-calma aí, calma aí... Vocês ficaram discutindo sobre os malefícios do refrigerante no meio de uma festa?! –praticamente berrei. –você não é meu irmão! VOCÊ É ADOTADO!

-Maggie, deixe o Eric terminar. –Clara falou rindo.

-ah, claro... Mercie. Continue...

-enfim, ela se aproximou e me tirou para dançar...

-OHN! –Clara fez com o olhar sonhador.

-óh céus. –sacudi a cabeça tentando não pensar no fato de uma menina ter tirado meu irmão para dançar. Isso é terrível!

-e então nós começamos a conversar, e, e, e então, é...

-e... –eu e Clara falamos juntas.

-e então ela falou que gostava de mim.

-e...

-e ela tentou me beijar. –paralisei.

-como assim ela tentou te beijar? –arregalei os olhos. –se ela tentou é porque ela não conseguiu. ERIC!

-você sabe como é difícil beijar uma pessoa sabendo de todas as bactérias e riscos que aquilo poderia envolver? –ele arregalou os olhos.

-tudo bem, conte sua versão. –Clara insistiu quando até mesmo eu estava querendo começar a ficar catatônica.

-e que eu a deixei esperando de olhos fechados e fazendo bico no meio do salão. –ele deu de ombros, roxo de vergonha.

Eu e Clara permanecemos em silêncio por um longo tempo. Se existe uma coisa que eu sei bem, é que a tal da Mercie estava em depressão naquele instante, se o que ela havia falado para Eric era verdade. Suspirei pesadamente.

-Eric eu realmente não queria fazer isso, mas você está me obrigando. –avisei me aproximando mais ainda dele.

-o que? –ele ergueu uma sobrancelha.

-isso. –segurei as bochechas dele e dei um selinho rápido.

-EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEECA! QUE NOOOOOOOOOOOOOOJO! –ele fez careta mostrando a língua enquanto Clara começava a gargalhar.

-acho que isso deve acabar com o trauma das bactérias, já que agora você tem bactérias minhas e do Jackson. –sorri cínica ignorando sua careta e saí do quarto, indo para a sala e voltando com o telefone na mão. –liga para ela. –falei jogando o aparelho sobre Eric.

-O QUE?! EU?! –ele arregalou os olhos colocando a mão sobre o peito, ainda tentando se recuperar da careta do beijo. Ah, qual é?! Eu PRECISAVA acabar com aquela palhaçada de bactérias!

-não, o bicho papão. Agora vai...

(...)

Bem, no fim Eric conseguiu se acertar com a menina. O quanto “uhuns” poderiam facilitar na conversa, mas ainda assim estava tudo bem. Clara ainda ria, indo para a porta de casa enquanto enrolava o cabelo no dedo. Já era tarde, mais do que eu tinha imaginado.

-e então, o que você queria dizer? –lembrei, vendo ela ir para o portão.

-nem me lembro mais. –deu de ombros. –acho que eu precisava só de uma tarde de meninas.

-é, acho que isso é bom. –sorri e vi quando ela entrou no carro para ir para casa.

Voltei para as escadas e Eric já estava mais animado, destruindo a sala enquanto brincava de médico (sozinho, eu juro). Ri um pouco, vendo minha mãe falando melosamente com o Seu Madruga pelo telefone. Desejei boa noite a todos e corri para meu quarto.

Suspirei pesadamente, fechando a porta e encostando a testa na madeira fria e fina. Ouvi o barulho de pés tocando o chão e sorri, sentindo em seguida braços fortes segurando minha cintura, me puxando para trás até que minhas costas tivessem tocado seu peito.

-achei que ela nunca mais iria embora. –Jackson sussurrou em meu ouvido.

Quando voltei para olhá-lo, me surpreendi ao ver que ele usava pijama de bolinhas e uma pantufa branca. Ri baixinho, abraçando seu pescoço com força. Não tinha certeza do motivo, mas ultimamente estava mais carente do que o normal.

-sua mãe não vai desconfiar que você fugiu? –perguntei sentindo seu perfume.

-esperei que ela me levasse o leite quentinho antes de sair. –ele riu começando a andar sem soltar meu abraço.

-já é alguma coisa. –ri um pouco, sendo levada para a cama.

-é, se eu não tivesse que acordar bem mais cedo para voltar para casa antes que meus pais acordassem. –ele sorriu. –mas acho que vale o esforço. –ele se deitou ao meu lado, encostando a cabeça em meu travesseiro, fazendo com que os cabelos escuros cacheados caíssem desajeitados.

-tem certeza? –perguntei me ajeitando em seu abraço.

-com certeza. –ele riu beijando meu rosto e começando a fazer carinho em meu cabelo.


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Notas finais do capítulo

Gente, minhas aulas finalmente acabaram!!! *comemora*
espero que tenham gostado do capítulo!!! ++
comentem por favor!!! ++
beeeeeeeeeeeijos



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