Tapiando o Destino escrita por caroline_03


Capítulo 19
Adeus Califórnia...


Notas iniciais do capítulo

Gente, o Capítulo está pronto há quase uma semana, mas com o Nyah fora... :T
espero que gostem! ++



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[Maggie]

Era nossa ultima noite na Califórnia e então tínhamos milhares de eventos no mesmo dia para fazer. Clara e John tinham decidido andar pela cidade e nos chamara para ir junto. Alguns preferiam ir para a “balada da despedida” onde (segundo o guia) era feita toda em clima de nostalgia. Sinceramente, de festas eu queria distancia. Tínhamos ido à apenas duas durante toda a viagem, mas ainda assim fora o suficiente, já que em uma eu fui seqüestradas por seqüestradores amadores e na outra eu quase sai nos tapas com uma coisinha qualquer.

 Mas, uma coisa em especial estava me incomodando... Aquilo que John tinha me dito no dia anterior no parque enquanto Clara e Jackson estavam em algum brinquedo radical de mais para que nós os acompanhássemos. Ele tinha dito que Jack Estripador, aquele mesmo Jack Estripador que fazia de tudo para me irritar no começo, gostava de mim. Digo... Gostava mesmo de mim.

Nunca fui a pessoa mais sensata do mundo e nem buscava ser. Nunca tentei ser um exemplo de perfeição e muito menos um modelo a ser seguido. Mas sabia quando alguma coisa estava errada e sabia que não podia simplesmente deixar aquilo quieto.

Clara falara que iria esperar com John na recepção do hotel e eu disse que quando terminássemos de conversar ligaríamos para ela e então marcaríamos de nos encontrar. Não sabia quando tempo aquilo poderia levar e nem em qual direção iríamos, então não poderia simplesmente minar o passeio de John e Clara também.

Então, tomei banho, coloquei uma roupa digna da melhor viagem da minha vida, fiz uma maquiagem leve, penteei os cabelos, coloquei uma sandália de salto e fui para o elevador, seguindo direto para o quarto de Jackson e John.

Não queria admitir a mim mesma que estava nervosa. Não queria negar a mim mesma que a possibilidade de ele gostar mais de mim do que realmente admitia era praticamente nula. E, com toda a certeza, eu nunca admitiria a ninguém caso aquilo saísse errado, de que eu tive uma pequena esperança de que tudo sairia bem.

Bati uma vez na porta do quarto e olhei em volta, marcando os quadros das paredes e as paredes em tom pastel. Não demorou muito para que eu ouvisse a movimentação lá de dentro do quarto. Poderia jurar que ele estava sozinho.

-Maggie?! –ele perguntou terminando de abotoar a camisa. –está tudo bem? –ele olhou em volta.

-está sim, eu só, hm, queria conversar com você um pouco. –admiti por fim, fitando meus pés.

-tudo bem então. –ele falou com a testa franzida e dando espaço para que eu entrasse.

Olhei em volta e suspirei ao perceber que era o típico quarto masculino que eu sempre imaginei. Tinha camisetas jogas por todos os lados, latinhas de refrigerantes dentro da lixeira e fora dela. Alguns pacotinhos de chips estavam em cima da cama que eu julguei ser de John já que eu reconheci a camiseta e o chapéu do Pluto que ele tinha comprado no parque.

-hm, sente-se?! –a frase de Jackson saiu mais como uma pergunta e eu senti meu corpo estremecer.

Me sentei na cama bagunçada (a mais bagunçada, diga-se de passagem) e fitei minhas mãos juntas. Percebi que Jackson tinha se sentado na outra cama, exatamente em minha frente e que estava apoiado para frente, tentando ver meu rosto.

-Maggie? –ele chamou e eu o olhei por um segundo. –o que está acontecendo?

-é que... Bem... –mordi o lábio inferior. O que eu ia falar?! “E então Jack Estripador, será que você gosta de mim ou está só ‘curtindo’”?! Não me parece muito legal.

-é que... –ele incentivou indo um pouco mais para frente, os olhos verdes cravados nos meus quase desconfiados, como se pudessem ler meus pensamentos.

-eu quero saber se você é sincero quando diz que não gosta de mim. Pronto falei. –bufei e olhei para o outro lado, sentindo toda minha bochecha pegar fogo. Definitivamente, se existe uma fila para ser idiota, eu passei por ela cinco vezes...

Jackson bateu as mãos duas vezes na perna e então e então ouvi seu suspiro. Continuei olhando para o outro lado, tentando ao máximo não pensar em uma desculpa pela minha pergunta sem fundamento. Por que ele gostaria de mim? Eu sou irritante, eu sou insuportável, prepotente, idiota, arrogante, mimada e orgulhosa... Mas quando o assunto é ele... Parece que todos os meus defeitos se intensificam.

Ele se levantou lentamente e eu o foquei com o canto dos olhos, vendo ele coçar a cabeça com a ponta dos dedos olhando para a direção contraria a minha. Não disse? Por que eu sequer fui pensar nisso? Quando eu estava pensando em me levantar e ir embora, Jackson se sentou ao meu lado e fitou seus pés, enquanto eu olhava seu perfil.

-não. –ele falou simplesmente e eu senti meus olhos arderem. Como assim “Não”?! Eu NÃO fui sincero ou eu NÃO gosto de você? Pisquei os olhos e respirei fundo.

-não... –senti minha voz presa na garganta, pois parte do meu corpo já sabia que era uma batalha perdida. Uma coisa que eu poderia lutar pelo resto da minha vida, mas que teria sempre o mesmo resultado.

-não, eu não fui sincero. –ele me olhou por baixo dos longos cílios escuros. Senti meus olhos se arregalares de uma vez e a voz ficou presa na garganta. –achei que tinha deixado claro naquele dia... Que eu gosto mesmo de você. –ele falou baixo de mais.

-mas... Isso é estúpido. –falei sem pensar e ele riu um pouco.

-é, eu sei. –ele deu de ombros ainda olhando seus pés. –você pode se afastar se quiser...

Fiquei olhando seu perfil por mais algum tempo tentando entender o que aquilo queria dizer. Ele gostava de mim, mas ainda assim queria me manter longe? Suspirei pesadamente e franzi a testa.

-por quê?!

-bem, você falou que queria alguém que pudesse curtir, mas acho que não vai dar mais para fazer isso comigo. –ele deu de ombros. –está tudo bem, eu vou entender.

-você é burro?! –juro, saiu sem querer.

-hein?! –ele perguntou incrédulo, mas ainda rindo.

-por que eu ia querer me afastar de você? –ergui uma sobrancelha.

-eu... Eu não sei, por que você não gosta de mim ou... –revirei os olhos e comecei a rir. –do que você está rindo?!

-você... HAHAHAHAHA – e as risadas estavam começando a se tornar um ataque de risos daqueles.

-Maggie, eu estou aqui dizendo que gosto de você e que entendo se você se afastar, EU ESTOU SENDO LEGAL e você ri?! –ele perguntou indignado o que apenas fez com que eu risse mais.

-é que... HAHAHA... Você acha que eu não... HAHAHA. Ai meu deus. –coloquei a mão na barriga e com a outra limpei uma lagrima que escorria pelo canto dos olhos.

-tudo bem, respira e fala de novo. –ele disse obviamente irritado.

Puxei o ar com força e tentei não pensar em quanto aquela situação era ridícula. Olhei para ele e pisquei três vezes, notando a ruguinha que se formava entre suas sobrancelhas e então percebi... Ele não tinha idéia do que eu estava falando (ou tentando).

-Jackson, se eu falasse isso há alguns meses atrás provavelmente minha língua cairia, mas... Não importa muito. –dei de ombros e o olhei nos olhos. –eu... Eu gosto mesmo de você. –dei de ombros.

Ele piscou os olhos varias vezes sem se mexer por algum tempo. Estava começando a ficar tensa outra vez. Fala sério, será que ele não podia simplesmente falar alguma coisa ou então me empurrar janela a baixo ao invés de simplesmente ficar me encarando como se eu fosse... Sei lá... Um marciano.

-você está falando que você, Megan Fuller, está mesmo gostando de mim, Jackson Bennett?! –ele perguntou sorrindo de canto.

-eu sabia, estava demorando. –bufei e coloquei as mãos no rosto ouvindo sua risada.

-a Megan gosta de mim, a Megan gosta de mim. –ele cantarolou batendo o ombro no meu.

-não fala muito isso que eu acabo mudando de idéia. –resmunguei ainda com as mãos no rosto. Ele riu mais uma vez e então senti um par de braços em volta de minha cintura.

Tirei uma mão do rosto e o fitei com apenas um dos olhos. Ele ainda sorria me olhando com aqueles olhos verdes cor de folha, faiscantes. Repuxei um canto dos lábios e tirei a outra mão do rosto, ainda olhando para o chão. Ele de um beijo em meu rosto e eu sorri revirando os olhos.

-para bobo. –ri um pouco.

-Maggie?! –ele chamou dando outro beijo em meu rosto.

-hm?! –resmunguei sorrindo fraco.

-Maggie?! –ele riu mais um pouco e eu o acompanhei.

-o que foi?! –revirei os olhos virando o rosto para ele.

Ele segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou, com uma calma que eu nunca o tinha visto usar. Sorri entre o beijo, passando meus braços em volta de seu pescoço e o puxando para mais perto. Ele foi parando lentamente o beijo, até que por fim apenas me abraçava carinhosamente.

Mantive meus olhos fechados, tentando descobrir se eu estava apenas sonhando ou se a realidade de fato. Estive tanto tempo presa em um mundo que ninguém podia ver, que ninguém podia entrar, que era difícil creditar que era real, que eu era real.

Por tanto tempo acreditei que se eu me apegasse de verdade a alguém novamente eu o teria tirado de mim, que não me permitia gostar mais do que de mim mesma. Era estranho que justo aquele irritante fosse aquele que iria quebrar minha barreira.

-Maggie?! –ele chamou novamente e eu abri os olhos, encontrando apenas o verde de seus olhos.

-sim? –sorri um pouco e ele me puxou para mais perto, deitando na cama e me levando com ele.

-acha que podemos assumir? –ele perguntou mantendo um braço em volta de minha cintura e a outra sobre sua barriga, fitava alguma coisa no teto. –digo, para todos?!

-acho que é o melhor que podemos fazer. –murmurei encostando o queixo em seu peito.

-sério? –ele perguntou abaixando os olhos para me olhar.

-claro. –dei de ombros. –é claro que o pior vai ser contar para Eric, mas com isso eu posso lidar. –revirei os olhos e ele riu alto dando um beijo em minha bochecha.

Enquanto via ele rindo, a luz do quarto bateu diretamente em alguma coisa em seu pescoço que brilhou. Franzi a testa e coloquei a mão sobre seu pescoço, curiosa de mais para perguntar antes.

-ei... –ele resmungou, mas já era tarde... Eu já estava com a plaquinha em minhas mãos.

Olhei para aquela pequena chapinha de metal por alguns segundos e a virei, quase engasgando em seguida. Tudo bem que agora ele era oficialmente meu namorado, mas eu ainda não esperava aquilo. “Megan F.” gravado em letra corrida, com as letras viradas para a parte do corpo.

-Jackson, isso é... –comecei, sentindo os olhos encherem de lágrimas.

-eu não queria que você visse antes, achei que poderia surtar. –ele deu de ombros colocando a correntinha dentro da camisa outra vez.

-mas por que...

-como você tem alguma coisa que é minha... –ele falou pegando minha mão e me mostrando o anel que eu nunca tirara. –queria ter alguma coisa sua comigo, mesmo que fosse apenas seu nome.

Achei que não era o momento apropriado, mas apenas o abracei e deixei que aquelas pequenas lágrimas que teimavam em embaçar meus olhos, finalmente corressem por meu rosto, molhando sua camisa.

-o que foi?! –ele perguntou limpando meu rosto.

-eu to com medo. –confessei escondendo meu rosto na curva de seu pescoço.

-medo? –ele perguntou indignado. –do que?!

-eu... –engasguei e ele apertou o abraço em minha volta. –tenho medo de perder. –funguei.

-perder? Do que você... Ahn, entendo. –ele suspirou uma vez e então se virou de lado, fazendo com que eu o olhasse.

Por algum tempo que eu não cronometrei ficamos apenas nos olhando. Eu sentia meu rosto ainda úmido, mas não me importava com aquilo no momento. Ele já me vira chorando uma vez e, apesar de não ser uma coisa que gostasse de repetir, não deveria ser surpresa.

-Eric estava certo. –ele murmurou. Franzi a testa pensando no que ele estava falando. –você não é a rocha que imagina ser. Sabe disso.

-mas...

-olha só... O que aconteceu com seu pai foi um acidente, não foi culpa de ninguém...

-mas...

-e você sabe disso. Tudo bem você perdeu alguém que você amava, isso não significa que vai perder todas e também não significa que a vida vai lhe da alguém para depois tirar... Nada é tão ruim dessa forma. –ele piscou os olhos uma vez e eu apenas assenti ouvindo suas palavras. –eu vou conseguir fazer você deixar isso para trás. Eu prometo. –ele falou sorrindo um pouco e dando um beijo em cima da ultima lágrima que escorria em meu rosto.

-você promete? –perguntei com a voz ainda embargada por causa do choro.

-prometo. –ele disse sorrindo. –e então? Vamos? –ele piscou um olho e esticou a mão para que eu a pegasse. Sorri abertamente para ele.

-VAMOS! –nós rimos e eu limpei o rosto uma última vez, antes de sairmos do quarto.

(...)

Jackson segurava minha mão enquanto caminhávamos pela orla a procura de Clara, John, Justin e Simon (que naquele dia havia sumido misteriosamente). O fato do treinador ter feito piadinha quando saímos do hotel juntos já era um caso praticamente esquecido. É claro que eu ainda queria matar ele, mas poderia fazer isso mais tarde.

-onde eles falaram que estavam esperando? –Jackson perguntou olhando para frente.

-naquele restaurante beira-mar, lembra? –perguntei olhando seu rosto.

-lembro. –ele sorriu para mim e eu ri um pouco.

A noite já tinha caído e agora toda a beira da praia estava iluminada pelos postes. Algumas tochas no meio da areia faziam o ambiente com um clima de lual, não que eu estivesse particularmente animada para participar de um agora.

 Continuamos caminhando tranquilamente até o tal restaurante, conversando sobre coisas banais, como o que Eric diria quando nos visse juntos ou a cara que ele faria quando contássemos. Não tínhamos nenhum grande problema à vista, tudo estava certo de mais.

Entramos nos restaurante e ninguém pareceu realmente notar nossa presença, a não ser nossos amigos que nos olhavam com cara de entediados. Bem, eles estavam acostumados com a gente andando de mãos dadas por aí sem que isso significasse alguma coisa de verdade.

Me sentei em frente a Clara e Jackson se sentou ao meu lado e a encarei. Ela estava com a cabeça apoiada sobre a mão que agora usava uma coleira, ops... Quer dizer, aliança. Percebi que Justin nos olhava com uma sobrancelha levantada, mas não dei muita bola afinal ele sempre está desconfiado de alguma coisa.

-oi?! –falei olhando para os lados.

-e então?! –John perguntou erguendo as duas sobrancelhas em expectativa.

-“e então” o que? –revirei os olhos. Maldito farejador de fofocas

-como assim “’e então’ o que?”? –ele repetiu me olhando incrédulo.

-do que você está falando afinal?! –ergui um pouco a voz achando que ele era louco ou alguma coisa do tipo.

-É QUE... –Jackson fechou a boca dele com uma mão.

-e então que nós resolvemos assumir. –Jackson falou sorrindo calmamente.

John, ainda sendo sufocado pela sua mão, arregalou os olhos e começou a ficar vermelho. Clara arregalava os olhos e pulava freneticamente em sua cadeira enquanto Justin e Simon continuavam nos olhando sem acreditar.

-AAAAAAH. –Clara gritou e me abraçou por cima da mesa.

-ai, Clara, ar... Socorro. –falei sufocando.

-AHAN ANHAM ALARAM AGAHAM... –John resmungava com a boca tampada.

-Jackson você está sufocando o coitadinho. –Clara avisou e Jack Estripador voltou ao mundo.

-Epa. –limpou a palma da mão na calça fazendo careta.

-COMO ASSIM VOCÊS VÃO ASSUMIR?! FINALMENTE RESOLVERAM CRIAR VERGONHA NESSA CARA E...

-cara, preferia você com a boca fechada. –Jackson falou e nós rimos.

-sabe Jackson, algumas vezes sua sensibilidade me encanta. –John falou cruzando os braços sobre o peito e empinando o nariz para o outro lado, me fazendo rir outra vez.

-eu sei John, eu sei. –Jackson piscou um olho e John bufou derrotado.

(...)

Como comemoração a nossa última noite na Califórnia, resolvemos ir ao cinema. Agora você deve estar pensando: “UAL que super programão!” mas a verdade é que estávamos cansado de praia, areia, sol, protetor solar, parques de diversão, festinhas, comidas diferentes e quartos de hotel... Para ser sincera eu sentia falta até de meu irmão.

Fomos andando todos juntos seguindo as instruções que um garçom tinha nos dado. Não tinha erro... Seguir pela avenida até uma via rápida que corta, virar a direita e ir ao sentido contrário ao litoral e logo veríamos a placa do cinema. Nem mesmo Eric poderia se perder com aquelas instruções.

Andamos, andamos, andamos e nada da maldita placa do cinema. Estava começando a ficar meio desesperada, principalmente por que meus pés estavam começando a doer e nem mesmo quando eu morava em Nova Iorque estava acostumada a andar tanto... Sempre pegava um metro.

-água. –Clara pediu se arrastando.

-sentar. –continuei.

-cama. –Jackson gemeu coçando os olhos.

-comida. –John pediu choroso. O olhei com o canto dos olhos, ele não tinha acabado de comer?

-hm... –Justin fez.

-COMPUTADOR! –Simon gritou desesperado.

É, acho que cada um tinha suas necessidades no fim das contas.

-PARA! PARA TUDO! –Gritei jogando as mãos para o ar.

-o que foi Maggie? –Jackson reclamou erguendo uma sobrancelha.

-nós estamos andando há uma hora e nada de chegar ao maldito cinema, tem alguma coisa errada, ou sou só eu que acho? –falei respirando fundo e reprimindo a vontade de tirar a sandália e jogar no meio do mar.

-bem, pela explicação da mulher deveria ter ficado bem para trás. –Simon pensou coçando a cabeça. –talvez seja melhor voltarmos e então perguntamos...

-se tiver que voltar e começar tudo de novo, eu não vou! –Clara falou nos olhando com os olhos arregalados.

-vamos perguntar a alguém por aqui... –Revirei os olhos.

-olha, naquele salão tem bastante gente, alguém deve saber onde fica o cinema. –John apontou para o outro lado da rua, onde um monte de gente entrava e saia... Algumas até choravam.

-ou talvez seja ali o cinema. –Jackson engoliu em seco.

Clara pegou minha mão e me guinchou até o outro lado da rua, andando furiosamente sem nem ao menos olhar. Tudo bem, confesso que aquelas pessoas chorando estavam começando a me incomodar, afinal... Por que as pessoas choram dessa forma? Será que os Estados Unidos perderam a copa?

Espiamos pela porta e eu tive vontade de gritar, mas fui impedida por Clara, que enfiou a mão na frente de minha boca antes que eu conseguisse emitir qualquer ruído. Ela me puxou para trás de um arbusto alto, que ficava bem em frente a uma janela quebrada que dava ao ambiente um horrível ar de morte.

-cara... –Simon sussurrou aparecendo atrás de nós.

-vamos embora... Por favor? –Jackson pediu colocando o queixo em meu ombro para olhar para dentro do salão.

-VOCÊS NÃO SABEM O QUE TEM ALI NA FRENTE. PARECE QUE O MAIOR IMITADOR DO TIRIRICA MORREU. –John berrou ao nosso lado, fazendo com que todos nós déssemos um pulo para fazer com que ele parasse de falar.

-SHIU! –Fiz colocando o indicador em frente a boca.

-quer fazer com que todos nos vejam é? –Jackson emendou dando uma olhada para fora dos arbustos. –vamos dar o fora daqui. Vem...

-olha, tem o caixão ali no meio. –John notou com a cara enfiada no vidro. Revirei os olhos para Jackson que passava a mão no rosto pedindo por paciência.

-não John. –sacudi a cabeça. –isso é apenas uma tradição californiana para uma festa de criança. –ergui uma sobrancelha e ele piscou os olhos azuis.

-ual... Que tradição mais macabra. –ele fez careta. Bati a palma da mão na testa e ouvi Justin bufar.

-JOHN, QUER DEIXAR DE SER BURRO?! –Jackson explodiu com o rosto vermelho.

-SHIU! –falamos todos juntos.

-parem de brigar com meu namorado. Ele não tem culpa de não entender sarcasmo. –Clara defendeu o “pobre menino indefeso”.

-aaah, mas ele tem sim. –Jackson disse segurando minha mão.

-é claro que não...

-EI, VOCÊS! –arregalei os olhos e engoli seco, percebendo que a voz não vinha de muito longe de nós, exatamente em minhas costas.

-FU-DEU! –Clara sussurrou meio gritado.

-no três a gente corre. –Jackson olhou por cima de minha cabeça. –um, dois, TRÊS!

Ele nem esperou terminar de dizer o dois quando segurou minha mão e começou a correr em direção a sei lá o que, passando no meio de alguns arbustos e arvorezinhas. Eu poderia jurar que teria mais arranhões que o próprio Frankenstein, não que eu tenha ligado muito para isso no momento.

Olhei para trás por um segundo, apenas para ver Clara abraçando John enquanto começava com seu choro fingido e Justin ao seu lado fingia tentar consolá-la. Ah, claro... Por que não pensei nisso antes? Como se eu tivesse tido tempo mesmo...

-Jackson, Jackson... –Chamei, mas ele parecia não ouvir. Tinha que apelar. –JACK ESTRIPADOR!

-oi? –ele perguntou parando de repente. Não disse que assim funcionava?

-está tudo bem, não tem ninguém atrás de nós. –coloquei uma mão sobre o peito tentando voltar a respirar normalmente.

-e quem disse que eu estava fugindo de alguém? –ele ergueu uma sobrancelha daquele jeito malicioso que só ele tinha e se aproximou de mim, ainda segurando minha mão.

-hm, não? –perguntei confusa.

-não. –ele sorriu, fazendo com que eu desse um giro em meu próprio eixo enquanto ele sorria. –o problema é que sempre nos metemos em confusão quando estamos todos juntos, então eu só achei uma maneira de te seqüestrar. –ele piscou um olho, repousando sua mão em minha coluna. Ergui uma sobrancelha sorrindo de canto.

-mau caráter. –murmurei ficando na ponta dos pés para chegar a sua altura. Jackson riu alto, jogando a cabeça para trás.

-desde quando querer ficar um pouco sozinho com minha namorada é pecado? –ele beijou minha bochecha com delicadeza, enquanto sua outra mão deixava a minha e segurava minha cintura possessivamente.

-acho que... –engasguei sentindo seus lábios em meu pescoço. –nunca foi. –engoli em seco e ouvi sua risada rouca.

-vem. –ele falou me dando um selinho e pegando minha mão outra vez, voltando a caminhar lentamente.

(http://www.youtube.com/watch?v=DXvco5wwPNs   Escutem, por favor, eu imploro!!!!)

-vamos onde? –perguntei curiosa olhando em volta.

-vi um lugar enquanto estávamos procurando o cinema... –ele comentou sorrindo.

-se você disser que você viu O cinema, eu juro que te dou uns tapas. –franzi a testa ouvindo sua risada.

-se fosse o cinema que eu tinha visto, tinha dado outro jeito de te seqüestrar, acredite. –ele riu mais um pouco. –é outra coisa.

-o que é? –perguntei curiosa.

-isso... –ele tirou algumas folhas de árvore do meio do caminho e sorriu, enquanto eu piscava os olhos sem acreditar.

Aparentemente, era um daqueles restaurantes ao ar livre que apresenta jantares dançantes durante alguns dias da semana. Sinceramente, eu só tinha visto em filmes e seriados de TV, já que Nova Iorque era meio complicada para fazer alguma coisa ao ar livre e Beeville... Bem, não tenho idéia, eu não entendo aquela cidade.

-cara, isso é... –pisquei os olhos sorrindo.

-é, é sim. –ele riu e me levou para o outro lado do restaurante.

Pensei em protestar primeiramente, mas depois vi outra coisa que me animou. Um pequeno gazebo* branco adentrando o mar, iluminado por algumas tochas, como aquelas que eu tinha visto antes, estava vazio. De onde estávamos, podia se ouvir perfeitamente a música do restaurante e foi impossível controlar o sorriso bobo que nasceu em meu rosto.

*(N/A: Gente, eu não sabia como descrever direito, então achei uma foto no Google, que eu acho que fica mais fácil... Olhem aí...

http://www.gazebo-plans.com/Beachside%20Gazebo.jpg)

-como no baile de mascaras não tivemos muito tempo para dançar, pensei... Por que não? –Jackson explicou enquanto caminhava tranquilamente. Tudo bem, Lady Gaga estava tocando a toda, mas eu ainda tinha uma boa imaginação e poderia muito bem fingir que era uma música lenta e bem romântica. Qual é? O que seria da vida sem um toquezinho de conto de fadas?

-vai me dizer que isso é uma coincidência? –perguntei erguendo uma sobrancelha e vi suas bochechas se tornarem vermelhas. Ri um pouco.

-acredito em destino. –ele confessou rindo (N/A: Oi, meu nome é Caroline e meu apelido é Destino, OI GENTE! HAHAHAAHAHAHAH, ta parei!)

-acreditei. –ironizei dando o primeiro passo dentro do gazebo.

-tudo bem, eu dei uma volta mais cedo. –revirou os olhos, repousando as mãos em minhas costas, me trazendo para mais perto.

-eu já disse que você é a parte mais linda da minha vida? –sussurrei, abraçando seu pescoço e colocando meu rosto ao seu.

-WOW, de insuportável para lindo? Acho que estamos evoluindo. –ele riu um pouco (pouco antes de eu dar um beliscão em suas costelas, é claro). –brincadeirinha, brincadeirinha.

-tudo bem, vai. –dei de ombros, repousando a cabeça em seus ombros, enquanto sentia lentamente a música de Lady Gaga sendo esquecida em minha mente, dando espaço para outra...

Respirei fundo, sentindo seu perfume me invadir como uma brisa calma e marcante. Sinceramente se você me perguntasse hoje como eu consegui passar tanto tempo brigando com essa criatura e não ter percebido tudo o que eu sei antes, eu não vou saber responder. Mas, se existe uma coisa que eu acredito incontestavelmente, é que, mesmo quando tudo parece perdido, as pecinhas do Lego se encaixam e então uma nova figura aparece.

-não. –Jackson disse de repente. Franzi a testa olhando seu rosto.

-não o que? –perguntei curiosa.

-você nunca disse que eu era a parte mais linda da sua vida. –ele sorriu abertamente, aquele mesmo sorriso que eu vi naquele dia dentro da enfermaria, quando descobri que ele era meu fantasma e acabei desmaiando. Um sorriso despreocupado e sincero, quase mostrando outra faceta dele.

-bem, agora você sabe. –dei de ombros sorrindo tímida.

-sei. –ele concordou sorrindo. –e quer saber? Você é mais para mim.

Antes que eu pudesse fazer qualquer tipo de comentário (na verdade, muito antes que meu cérebro começasse a processar a informação), ele me beijou, com calma e sutileza, daquele jeito que apenas ele conseguia fazer.

Algumas vezes, pensei, aquilo que muitos chamam de destino, talvez coincidência, sina, o caminho traçado, carma, em fim... O que quer que seja que reja nossa vida, prega peças. Pensei novamente nas pecinhas de Lego e em como Eric sempre conseguia montar seu projeto com elas, sem que nem ao menos uma sobrasse... Talvez fosse assim com nossas vidas também. Uma comparação estúpida e em escala infinitamente menor, mas se você pensar apenas por um segundo verá que não existe ponto sem nó.

 

(...)

Dessa vez não sei por quanto tempo dormi. Tudo o que sei é que tomei um paracetamol escondida e depois Jackson me pediu por eles também (logo quando Simon e John começaram a cantar Spice Girls) e alguns minutos depois estávamos dormindo.

Bem, aparentemente passaram vinte e algumas horas, já que acordamos com o treinador pedindo para que alguém, pelo amor de Deus, trouxesse algumas garrafinhas de água para jogar em nós, já que não acordávamos por nada. Abri os olhos e olhei pela janela, vendo Eric pulando do lado de fora do ônibus olhando para Jackson dormindo em meu ombro.

-hm, droga. –murmurei coçando a cabeça. –Jack, acorda.

-só mais cinco minutinhos, mãe. –ele resmungou abraçando meu braço. Ri um pouco e cutuquei seu ombro.

-vamos Jackson, chegamos. –murmurei em seu ouvido.

-não... –fez bico encostando a testa em meu ombro.

Suspirei pesadamente, vendo que iria perder aquela briga se não usasse táticas um pouquinho mais drásticas. Vi Clara rindo, segurando a mão de John enquanto saia do ônibus e piscando um olho para mim. Estávamos sozinhos, já que o treinador bufou e saiu do ônibus quando percebeu que eu estava viva e acordada.

-amorzinho. –murmurei em seu ouvido. –amorzinho lindo. –Jackson sorriu um pouco, mas não abriu os olhos. –vamos meu docinho, abre os olhinhos. –e o premio de maior melação do ano vai para: MEGAN FULLER! Obrigada, obrigada pessoal, vocês são ótimos!

Ouvi sua risada rouca e senti seus os braços passeando tranquilamente. Dos meus braços eles foram parar em minha cintura até que eu estivesse completamente presa. Cai direitinho na armadilha e nem percebi!

-bom dia. –ele sussurrou em meu ouvido, finalmente abrindo os olhos e mostrando as pequenas faixinhas do verde de seus olhos.

-finalmente. –disse beijando sua testa. –chegamos vai...

-já? –ele perguntou com a voz rouca.

-aparentemente. –dei de ombros vendo seu sorriso.

-tudo bem, nesse caso. –ele colocou uma mão em meu rosto e me beijou outra vez.

Ri em meio ao beijo, sentindo o peso de seu corpo sobre mim. Ultimamente aquilo era tão fácil que eu até me esquecia das dificuldades do começo... Digo, toda aquela história de tinta e coisa e tal.

-AHA! EU SABIA! –abrimos os olhos com um susto, sem acreditar que aquilo estava acontecendo.

-ERIC?! –falamos juntos, vendo o pentelho do meu irmão sorrindo presunçosamente, em frente a Clara, John, minha mãe, seu madruga e os pais de Jackson (que a essa altura estavam com os olhos arregalados).

-é... UM CISCO! –falei rápido de mais e todos começaram a rir.

-Megan, você já foi uma melhor mentirosa. –Eric sacudiu a cabeça em um falso desapontamento.

-FILHO DE UMA...

-EI! Sem me xingar. –minha mãe falou sorrindo abertamente, olhando para Jackson, é claro.

-vamos lá para fora, temos que pegar as malas de vocês. –o pai de Jackson disse, sorrindo tão abertamente quando minha mãe enquanto pegava minha mala de mão em cima de nossas cabeças.

Eles foram saindo lentamente, conversando animados. Seu Madruga segurava a risada quando piscou o olho para mim, mas acho que era por que eu e Jackson ainda estávamos congelados da mesma forma de antes. Eric nos lançou um sorriso presunçoso e murmurou outra vez “eu sempre soube”, antes de segui-los. Eu e Jackson continuamos em silêncio.

-isso é um bom sinal? –perguntei meio na duvida.

-acho que sim. –ele respondeu me olhando com o canto dos olhos e as sobrancelhas levantadas.

-ahn... Legal. –rimos alto, finalmente nos levantando do banco ônibus. Completamente doloridos, diga-se de passagem.


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Notas finais do capítulo

comentem, comentem comentem! ++
beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeijos



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