Tapiando o Destino escrita por caroline_03


Capítulo 14
missões.


Notas iniciais do capítulo

não demorei para postar hein! HAHAHAHAH



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Véspera do dia de embarcar para a Califórnia. Clara estava comigo o dia inteiro me ajudando a fazer minha mala a tempo, já que só para variar eu tinha deixado tudo para a última hora outra vez. Eric estava sentado no banquinho da minha penteadeira, nos olhando com a testa franzida e os braços cruzados. Era realmente engraçado ver meu irmão com ciúmes, pela primeira vez na vida.

-vestidos? –perguntei olhando minha lista que Clara tinha feito.

-confere. –ela apontou para um canto da mala Rosa.

-camisetas? –fiz um risco no papel.

-confere. –ela falou apontando para a mala verde.

-calças jeans? –Clara parou para pensar, com o indicador ao lado da boca.

-aqui. –apontou novamente para a mala verde.

-saias, biquínis e sapatos. –perguntei riscando os últimos itens “de vestir”.

-aqui, aqui e aqui. –Clara foi apontando para as malas, sendo a ultima a de sapatos que eu tinha feito separada.

-acho que é só isso... Agora só falta maquiagem e acessórios. –falei olhando em volta e vendo meu quarto desfalcado, com Lilly, minha gata, dormindo em meus pés.

-eu tenho uma pergunta. –Clara falou olhando as malas.

-diga... –me sentei na cama colocando o cabelo atrás da orelha.

-John vai carregar minhas malas, mas quem vai carregar as suas? –ela perguntou olhando para todas as três malas.

-bem... Eu estava pensando se você não me emprestava seu irmão e Simon seria muito bem vindo também. –sorri sem graça pensando nos braços extras que eu precisava.

-tudo bem, eu deixo você escravizar meu irmão. –ela respondeu rindo. –mas pensei que você...

-e então Eric... –Clara engoliu em seco se esquecendo do “pequeno” detalhe sentado ali perto ainda nos olhando. –o que você vai fazer esse tempo todo sem mim?

-oras Maggie você é mesmo muito injusta. Eu vou ficar sozinho o dia todo. –ele reclamou aumentando o tamanho do bico. Revirei os olhos.

-quando você estiver no ultimo ano, vai deixar a mamãe sozinha também. –falei piscando um olho para ele. –e depois... Quem iria vigiar a mamãe se não fosse você?

-mamãe não precisa que ninguém cuide dela, mas você... –ele me fuzilou com o olhar. Desde quando meu irmão tinha se tornado tão... Cuidadoso comigo?

-e quem foi que disse que eu preciso de um segurança? –perguntei indignada. Eric tinha cada idéia.

-Eric. –Clara se intrometeu sorrindo. –eu vou estar lá para cuidar de Maggie.

-acho que não vai ser o suficiente. –ele falou com a testa franzida e mordendo o lábio. –vou dar meu jeito.

-na minha mala você não cabe. –avisei... Vai saber o que ele estava pensando.

-não vou tentar ir clandestinamente Maggie. –meu irmão revirou os olhos saindo do meu quarto. Clara me olhou com a sobrancelha levantada.

-UAL! –ela falou rindo.

-essa foi por pouco. –suspirei colocando uma mão no peito.

-achei que ele nunca sairia daqui. –ela falou rindo.

-nem eu... –e voltamos a rir.

[Jackson]

Eu e John relaxávamos na piscina da minha casa. No dia seguinte sairíamos rumo à Santa Barbara na Califórnia e estávamos mais animados do que nunca. Sacudi a cabeça, jogando as gotas de água do meu cabelo para todos os lados e fazendo John reclamar, só para variar.

-cara, qual é a sua com a Maggie? –ele perguntou debruçado sobre a borda.

-digamos que achamos uma maneira de conviver sem danos. –falei sorrindo torto.

-aham... -ele falou erguendo uma sobrancelha por baixo dos óculos de sol.

-o que quer dizer com esse “aham”? –perguntei desconfiado.

-bem, vejamos... Você vai buscá-la em casa sempre que possível, sabe onde ela está o tempo todo, isso com a ajuda de Eric, é claro, e fica um tanto quando possesso quando algum menino se aproxima dela. Até acertar um copo em minha cabeça você fez quando eu falei que a achava bonita... Você não está um pouco paranóico? –ele falou franzindo a testa.

Parei para pensar por um segundo. Era mesmo muito bom o fato de eu ter Eric como meu aliado número um nessa história toda. E eu não tinha ficado possesso com John por causa de Megan, mas sim por causa de Clara que é uma menina legal e realmente gosta dele e será que ele não conhece aquela coisa de cavalheirismo de ir buscar a garota em casa?

-não estou paranóico, apenas... –Vanessa Carton começou a tocar. –um minutinho. –sorri sem graça e corri para fora da piscina para pegar meu celular.

Sabia que poderia ser apenas uma pessoa, já que aquele era o toque exclusivo da casa ou do celular de Megan. John começou a gargalhar e eu joguei meu chinelo nele. É uma pena que o retardado já me conheça bem o suficiente para saber o que eu vou fazer... Ele simplesmente mergulhou escapando do meu “golpe”.

-alô? –atendi tentando passar que eu não fazia idéia de quem era.

-JACK?! –fiz careta. Aquela não era a voz de Maggie.

-ERIC? –perguntei repuxando um canto dos lábios. Novamente John começou a rir e eu joguei o outro pé do chinelo, dessa vez acertando sua cabeça.

-cara, preciso te pedir uma coisa. –ele sussurrou como se estivesse com medo de que alguém pudesse ouvir.

-claro... Algum problema? –perguntei desconfiado. Aí tem...

-estou preocupado. –ele confessou suspirando.

-com o que? –ergui uma sobrancelha, olhando meus pés dentro da água.

-Maggie... Ela está me escondendo alguma coisa. –segurei a risada.

-sério? Você sabe o que é? –revirei os olhos deitando no chão vendo o céu.

-não, mas vou descobrir. –assenti fechando a cara. –mas não é sobre isso que eu liguei.

-hm, então qual é? –perguntei mordendo o canto do dedo.

-está mais do que obvio que minha irmã não sabe dar três passos sem se meter em uma confusão, então eu queria saber se você não poderia dar uma olhadinha nela... Quando eu não estiver por perto e, por favor, não matá-la também. –ele falou de uma vez e eu sorri olhando as nuvens.

-ah cara, não sei... Sua irmã não me suporta. –olhei as unhas e tossi um pouco, vendo que John ria ao meu lado, sentado na borda.

-suporta sim, suporta sim. Ela só faz teatro. –ri com essa. Se ele sequer sonhasse... –e depois, não me venha com essa de que você não consegue ficar ao lado dela por que eu sei o que aconteceu naquele baile de mascaras. –QUEM DEU BIOTONICO FONTORA PARA ESSA CRIATURA QUANDO CRIANÇA?... Mais criança, é claro.

-mas... –comecei respirando fundo. Menininho mais safado.

-por favor Jack, ela realmente não sabe se cuidar. –suspirei pesadamente. Na verdade, ele não sabia, mas estava me fazendo um favor.

-tudo bem, vou fazer o possível. –revirei os olhos rindo.

-tudo bem. Obrigada... Mesmo. –John me olhava sem entender.

-vou fazer esse esforço por você. –tirei os óculos de sol do rosto e pisquei para John.

-você é demais cara, passe aqui mais tarde para pegar o cd do jogo. Tchau. –Eric parecia feliz e eu não pude deixar de rir.

-tudo bem, tchau. –fechei o celular e o joguei para o lado, me levantando em um pulo e me jogando na água.

As coisas davam certo para mim e eu nem sequer precisava pedir. Submergi e John continuava me olhando esperando por alguma explicação. Contei a ele a conversa que tive com Eric e ele sacudiu a cabeça com os olhos semicerrados e um sorriso torto.

-pobre Eric. –ele disse revirando os olhos.

-ah, qual é? –joguei água nele e ri alto. Oh sorte!

[Maggie]

Ainda pegávamos nossas coisas no banheiro quando ouvi a campainha tocar. Como Eric aparentemente estava falando com alguém trancado em seu quarto, nós descemos para atender a porta. Me surpreendi ao perceber que era do correio... E pior, para o Eric.

-obrigada. –o homem falou pegando a ficha que eu tive que assinar.

-o que diabos é isso? –Clara perguntou com a sobrancelha levantada.

Virei o embrulho para o outro lado e achei o símbolo de uma famosa livraria de Nova Iorque. Suspirei pesadamente e quase cai, ao ser atropelada por meu irmão tentando pegar o papel pardo que eu tinha nas mãos.

-meu livro chegou. –ele disse sorrindo rasgando o pacote e tirando de lá um grosso livro sobre doenças raras, depois saiu pulando escadas acima.

-o que seu irmão quer ser quando crescer mesmo? –Clara perguntou horrorizada.

-médico neuro-cientista. –falei suspirando.

-o que diabos isso faz? –ela perguntou se virando para mim com os olhos arregalados.

-quando descobri, eu te conto. –falei dando de ombros.

-ahn... Legal. –nós rimos.

(...)

Clara já tinha ido embora, dizendo que tinha suas próprias coisas para terminar de arrumar agora. Mamãe tinha nos convencido a sair para jantar com ela, mas não antes de me arrastar até uma farmácia para comprar todos aqueles quilos de remédios que mães enfiam em nossas malas quando vamos viajar sozinhos.

Ela ainda me contava como havia sido seu último encontro com o “seu Madruga” como Eric o chamava carinhosamente. Não me pergunte o porquê desse apelido, já que o tal carinha da minha mãe era realmente bonito, com uma barbinha para fazer e cabelos escuros.

-mas ele é tão querido Maggie, ele até falou que se quiser ele poderia te levar até Dallas amanha. –ela sorriu com os olhos brilhantes para mim.

-é, ele é mesmo muito legal. –concordei pegando algumas aspirinas com o farmacêutico.

-ah, você nem acredita, quando ele me...

-EPA! Sem detalhes, por favor. Você é minha mãe, EW! –falei fazendo careta. Qualquer detalhe sobre os “encontros” resultaria vários pesadelos e traumas em mim... É melhor evitar.

 -opa, claro, claro. –ela sacudiu a cabeça enquanto íamos para o caixa. –Acho que Eric está um pouco bravo. –ela comentou dando uma olhada para dentro do carro.

-ele só está bravo por que eu vou deixá-lo sozinho por alguns dias. –comentei rindo. –e acho que ele pode estar com um pouco de ciúmes do “Seu Madruga”. –fiz sinal de aspas com os dedos.

-que ele não o chame dessa forma na frente dele. –Ela murmurou sacudindo a cabeça.

-não se preocupe, já disse que se isso acontecer eu castro ele. –pisquei um olho e ela riu pegando a sacolinha.

Entramos no carro e fomos direto para o restaurante enquanto eu olhava no relógio do carro. Com toda a certeza quando chegasse em casa iria direto para a cama, já que teria que acordar mais cedo do que de costume para ir para Dallas.

(...)

[Jackson]

Fui dirigindo calmamente para a casa de Maggie para ver ninguém mais, ninguém menos que seu adorável irmão. Bufei com a idéia. Ótimo, tudo o que eu queria. Estacionei bem na frente e toquei a campainha, que Eric não demorou a atender.

-Ei, Jack. –ele cumprimentou sorrindo.

-e aí baixinho? –pisquei para ele e entrei. Apesar de ser mesmo baixinho e muito mais novo, Eric era bem legal, apesar de toda aquela esquisitice de ter um sapo como animal de estimação.

-eu vou pegar seu cd, acho que deixei dentro da fruteira. –assenti indo atrás dele, percebendo que uma peça importante da casa estava fora do lugar. –Maggie já foi dormir acredita? –bem, isso explica muita coisa.

-ah é? –perguntei erguendo as sobrancelhas.

-sim, diz que tem que acordar cedo. –ele deu de ombros fazendo careta, tirando tudo de dentro de todos os potinhos da cozinha.

-Ei, vou ao banheiro enquanto você acha ai, tudo bem? –ele assentiu sem me olhar. Adoro esse menino.

Subi as escadas rapidamente, vai saber se eu encontrava com a mãe no meio do caminho. Olhei em volta e nada... Passei reto pelo banheiro e fui para o quarto da plaquinha de “não perturbe, TPM aguda” que provavelmente Eric tinha colocado ali sem que Megan visse. Quanto tempo eu teria antes que ela começasse a gritar?

Abri a porta do quarto e tudo estava muito escuro, apesar de eu conseguir ver a sombra da cama graças a pouca luz que entrava pela janela. Suspirei e fechei a porta em minhas costas devagar, sem querer acordá-la. Fui andando nas pontas dos pés até chegar a sua cama, vendo o vulto do corpo espremidinho lá no canto. 

Me sentei ao seu lado na cama e fui me ajeitando com jeitinho, para que ela não acordasse assustada e fizesse o escândalo que sempre faz quando acontece alguma coisa que ela não esperava.

-Lilly? –ela perguntou erguendo a cabeça. Lilly?!

-o que é Lilly? –sussurrei erguendo uma sobrancelha.

-PUTA QUE PARIU, COMO ENTROU AQUI? –ela gritou/sussurrou.

-hm, pela porta da frente. –disse rindo colocando a mão sobre sua cabeça.

-quer me matar do coração? –ela falou sussurrando voltando a colocar a cabeça sobre o travesseiro. Revirei os olhos, mesmo sabendo que ela não veria no escuro.

-relaxa aí cabeção. –falei rindo um pouco.

-cabeção é o seu... –ela começou entre dentes.

-tudo bem, tudo bem. Estou indo embora. –comecei a me levantar suspirando frustrado. Mas antes que eu pudesse ficar em pé uma mão me segurou.

-Não! –virei a cabeça, apenas para ver que ela estava apoiada sobre um cotovelo. –quer dizer... O que veio fazer aqui?

-dar boa noite? –chutei voltando a me deitar ao seu lado.

-ah ta... –ela falou voltando a deitar a cabeça no travesseiro.

-bem, estou indo... –provoquei fingindo me levantar outra vez, mas novamente ela me segurou.

-não... –ri um pouco e me acomodei novamente a puxando para meus braços.

-você é mesmo terrível, não é? –falei alisando seus cabelos.

-você nem faz idéia. –ela sussurrou abraçando minha cintura.

Sabia que Eric não entraria no quarto da irmã dele, principalmente depois da plaquinha que eu tinha visto colado na porta. Por um segundo ela estava tão quieta e calma que me perguntei se ela estava dormindo... Veja bem, sempre pensei que ela dormia falando e brigando com algum amigo imaginário, mas agora ela parecia tão tranqüila.

-Maggie? –chamei tirando o cabelo de seu rosto.

-sim? –ela respondeu erguendo um pouco a cabeça.

-achei que estivesse dormindo. –comentei sorrindo para mim mesmo.

-estava só pensando. –ela falou séria. Não queria dizer alguma coisa do tipo: “Você?! Pensando?! Ta doendo?!” achei que ela poderia me jogar pela janela, mas ainda assim fiquei preocupado. Ela estava séria de mais.

-no que? –sussurrei, ficando de lado na cama até poder ver o contorno de seu rosto.

-lembra do dia em que você me... Salvou na casa de Bryan? –ela perguntou baixo, com uma mão repousando sobre meu peito.

-sim. –respondi franzindo a testa, ainda não gostava de me lembrar daquilo.

-então... Queria saber quem era a Anna, que você falou. –parei por um segundo tentando me lembrar do que ela estava falando. –você disse a ele que a “Anna” mandou lembranças.

-ah... –falei me lembrando de mais um flash do dia. –quando eu estive em Dallas tentando descobrir alguma coisa sobre ele...

-você esteve em Dallas? –ela perguntou com a voz engraçada.

-sim... Longa história, mas Anna é a menina que eu conheci lá... Foi por causa dela que eu voltei. –dei de ombros prestando atenção em sua respiração.

Ela suspirou pesadamente e não voltou a falar mais nada, soube apenas que ela não tinha dormindo por que podia a ouvir estalando os dedos. Comecei a pensar naquele mesmo dia, que me parecia tanto tempo atrás agora.

-Maggie? –chamei novamente com outra coisa na cabeça.

-uhn? –ela fez respirando pesadamente.

-quando Bryan disse que já tinha conseguido o que queria, o que ele quis dizer? –apertei meu abraço em sua cintura e ouvi enquanto ela respirava devagar.

-eu não sei. Para dizer a verdade fiquei curiosa com isso também, mas tudo o que ele fez naquele dia... –ela se afastou um pouco de mim, tirando o braço do meu redor e ligando uma luminária em cima de sua cama. –foi me dar isso.

Ela se apoiou sobre uma mão passando por cima de mim até alcançar alguma coisa no criado mudo, que ao encostar em uma antiga caixinha de porcelana fez um barulho engraçado. Sobre a luz a coisinha brilhou e quando ela o soltou, deixando apenas o cordão de prata enroscado em um dedo que eu vi que era um pingente.

Era uma coisa meio estranha, com uma estrela bem no meio e em volta um circulo grosso, que quando eu aproximei mais do rosto pude perceber que era uma cobra mordendo o próprio rabo. Ual, ele sabe mesmo como marcar...

-acho que sei o que ele quis dizer agora. –comentei soltando um riso sem humor.

-o que? –ela perguntou curiosa me olhando nos olhos.

-Anna falou que como ele fica por pouco tempo ao lado das pessoas, ele gosta de marcar a vida delas de varias maneiras... –comentei ainda olhando o pingente. –não sei o que isso significa, mas ele conseguiu marcar a sua... Eu acho. –ela me olhou com a testa franzida por algum tempo e depois pegou a corrente de minha mão.

-bem, cada louco com sua mania. –ela deu de ombros jogando novamente a correntinha para o criado mudo. Ri um pouco e a abracei mais, escondendo meu rosto em seu pescoço e sorrindo sozinho por ter tirado um peso das minhas costas... Bryan não tinha feito nada.

-acho que seu irmão está esperando por mim. –comentei desanimado.

-a propósito... O que diabos está fazendo aqui? –ela perguntou erguendo uma sobrancelha.

-tava demorando... –revirei os olhos. –e por falar nisso... O que é Lilly?

-não é “o que” é “quem”, e é a minha gata. –ela sorriu enquanto me olhava presunçosamente.

-ah ta. –disse assentindo e me levantando devagar.

Cocei a cabeça com preguiça e olhei em volta devagar, me dando conta que era a primeira vez que eu estava no quarto de Megan. Paralisei, percebendo três malas grandes no canto do quarto, uma rosa, outra verde e uma um pouco menor de um tom de azul-céu.

-aquelas são suas “coisas essenciais”? –perguntei indignado.

-ahn... É! –ela riu sem graça puxando o edredom.

-isso é tão sua cara. –revirei os olhos e coloquei os pés para fora da cama.

-o que quer dizer? –ela perguntou com as sobrancelhas levantadas e esperando minha resposta. Ri para ela e me aproximei, a girando sobre o colchão até que ela ficasse de barriga para cima e a beijei do jeito que estava.

-insana, é claro. –revirei os olhos mais uma vez e levei uma almofadada na cabeça.

-vai logo de uma vez praga. –ela falou se cobrindo inteira e fechando os olhos.

-olha quem fala. –bufei e fui indo para a porta. –desliga a luz... –falei e corri do quarto, ouvindo o travesseiro bater na porta dessa vez. Ri um pouco e fui em direção as escadas, com minha missão de irritá-la diariamente, cumprida por enquanto.

Eric me esperava na cozinha, agora revirando a geladeira, só esperava que ele não estivesse procurando o cd ainda. Ele me olhou por um segundo e sorriu, pegando um litro de coca-cola e o colocando sobre a mesa.

-quer? –ele ofereceu indo para um armário.

-não, obrigada. –sorri. –e então... Achou?

-sim, está aí em cima da mesa. –dei uma olhada e achei o cd verde perdido em cima de um livro grosso. “Doenças Raras?!”

-o que é isso? –perguntei virando a primeira pagina. Megan resolveu estudar agora?

-ah, só um livro que estou lendo. –Eric deu um sorriso iluminado. Quem diabos lê uma coisa dessas?

-hm, isso não é meio...

-legal? Sim, é muito, sabia que as pessoas que vivem no Hemisfério sul estão mais propícias a ter problemas de visão? –ele falou com os olhos brilhando. Sentei na cadeira e fiquei só ouvindo enquanto ele desandava a falar.

Dez minutos depois...

-...Por que quando da alguma coisa no cérebro é muito mais difícil, por que afinal de contas... –ele continuava falando enquanto eu tentava não dormir. Olhei no relógio e dei um pulo.

-meu deus, já pensou em ler histórias em quadrinhos? –perguntei me levantando.

-hm, não! –ele foi sincero e eu ri.

-deveria. –falei e peguei o cd novamente. –bem, vou indo... Tenho que acordar cedo amanha.

-e é bom estar preparado para a missão. –ele falou piscando um olho.

-missão? –O QUE FOI QUE EU PERDI? Eric franziu a testa e eu arregalei os olhos. –ah, claro... Sua irmã.

-isso mesmo. –a porta da frente foi aberta e quando olhei para trás Nina, mãe de Eric e Megan, guardava a chave no potinho sorrindo.

-olá Jackson, que bom que veio. –ela disse sorrindo. Sorri abertamente e coloquei as mãos no bolso da calça.

-olá Dona Nina, é bom vê-la novamente. –ela riu me dando um abraço.

-só Nina, por favor. –e então ela deu um beijo em Eric que corou e depois foi para as escadas. –vai para a Califórnia também Jackson?

-sim, sim. –ela assentiu sorrindo.

-bem, divirta-se. –agradeci e ela terminou de subir as escadas. Vi a cara de Eric fez e ri alto.

-qual é o problema? –perguntei indo para a porta.

-ela estava com o Seu Madruga. –ele falou carrancudo.

-quem?

-ah, depois te explico. –ele bufou novamente cruzando os braços. Ri mais um pouco e então fui para meu carro, a fim de ir para casa e dormir.

(...)

[Maggie]

O Seu Madruga fez questão de me levar até Dallas, por que eu não tenho idéia, mas esperava que ele não tinha a intenção de ficar sozinho com minha mãe, já que Eric estava junto e com a cara amarrada.

-escove os dentes, tome banho, não esqueça de limpar as orelhas, e passar fio dental todo os dias, seja educada e sempre gentil... –minha mãe continuava com as indicações enquanto parávamos em frente ao ponto de encontro.

 -é Maggie, e tente ser legal também, só para variar. –Eric terminou sorrindo para mim. Fuzilei aquela pulga com os olhos e ele se encolheu.

-Mamãe, olha a Maggie...

-parem vocês dois e Maggie... Ah, não acredito que você está usando calça jeans e tênis. –ela fez careta suspirando.

-mãe, eu vou ficar vinte e cinco horas dentro de um ônibus, qual é? Não dava para vir de outro jeito. –dei de ombros, chateada.

-você está certa, me desculpe. –ela suspirou enquanto descíamos do carro.

Clara e Justin brigavam para tirar uma mala rosa bebê de dentro do carro, enquanto seus pais conversavam animadamente com os pais de algum aluno. Simon carregava apenas uma mochila nas costas (uma mochila enorme, como se ele estivesse indo acampar no Alasca), e correu até nós quando nos viu.

-tudo pronto? –ele perguntou, pegando uma das minhas malas.

-é, acho que sim. –sorri atrás do Seu Madruga.

-acho que vou precisar de um Tylenol mais tarde. –o Sr. Daves falou.

-acho que tenho na bolsa. –mamãe riu e entregando minha frasqueira.

Ri um pouco e olhei em volta tentando achar alguém. Tudo o que vi, foi Britany nervosa arrumando o cabelo compulsivamente em um espelho pequenininho. Sacudi a cabeça e vi que John chegava, com uma mala grande de rodinhas e uma mochila nas costas, indo direto para perto de Clara que já sorria para ele.

Suspirei pesadamente e fui para o ônibus, deixar minhas coisas. Parei na fila de pessoas e logo o professor de educação física chegou até mim, pegando minhas três malas com uma careta e colocando no lugar.

-aqui está Megan. -Ele disse me entregando um papel.

-obrigada. –falei dando mais uma olhada em volta.

Deixei de me preocupar com nada e comecei a conferir os tíquetes das minhas malas com muita paciência. Olhei para meu dedo e percebi que ali ainda tinha um anel de prata e que se ele não tivesse pedido de volta, não seria eu que iria entregar.

-sentiu minha falta? –minha voz irônica e conhecida falou em meus cabelos. Percebi que podia sentir seu corpo perto de mais do meu e ri um pouco.

-nem em meus sonhos. –virei e pisquei um olho.

-muito engraçado Megan. –ele falou abraçando minha cintura.

-olha o Eric, Jack Estripador. –sussurrei olhando para meu irmão, que parecia estar ocupado de mais fazendo careta para o namorado de minha mãe.

Ouvi o suspiro pesado que ele deu, e quando grunhiu quando eu o chamei pelo seu apelido carinhoso. Ele me virou até que eu ficasse cara a cara com ele, os olhos verdes cravados nos meus. Ele sorria torto, os olhos semicerrados como se estivesse pensando em alguma coisa que eu não sabia.

-tudo bem então... Vejo você no ônibus. –ele piscou um olho e então se afastou, indo até onde estavam seus pais, eu imagino, conversando com a família de John. Percebi que Eric também não olhava para nós e me perguntei se alguém tinha percebido alguma coisa. Para dizer a verdade, me importava muito pouco.


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Notas finais do capítulo

comentem comentem comentem por favor! ++



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