Gravity escrita por Ju Dantas


Capítulo 5
Capitulo 4




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Bella

Eu ainda me sentia atordoada quando cheguei na casa dos meus pais naquela madrugada.

Eu não sabia bem porque eu tinha decidido ir para Forks depois de sair da casa de Edward, mas eu simplesmente precisava sair de Seattle.

Eu não pensei que meu pai e minha mãe iriam estranhar minha chegada tão intempestiva no meio da madrugada e com cara inchada de choro. Sim, eu passei a viagem inteira chorando e remoendo a todo instante meu estranho diálogo com Edward, a cara de choque dele e a entrada de Tanya na história. Como se tudo já não fosse o bastante.

Mas estava feito. Pelo menos agora ele sabia. E que fizesse o que bem entendesse com a informação. Quanto a mim, eu não sabia o que pensar. Era totalmente apavorante pensar em todo aquele problema.

Agora eu só queria me esconder em Forks e tentar achar uma saída.

Quando entro em casa, rezo para não encontrar nenhum membro da minha família pela frente. Mas eu não estou com muita sorte, pois assim que entro no quarto, sinto um súbito mal estar e corro para o banheiro vomitando tudo o que havia no estômago.

Quando saio do quarto minha mãe esta ali me encarando desconfiada.

–vomitando ainda?

–pois é...

–Bella, você esta grávida?

Eu respiro fundo. E agora, o que dizer? Eu poderia mentir, claro. Mas do que adiantaria?

–Sim, estou.

–Isto é... Inesperado.

Teria sido engraçado ver a cara da minha mãe se eu não tivesse tão absorta nos meus próprios problemas no momento.

–Eu que e o diga

–Bella... Isto é muito sério, espero que...

–Acha que eu não sei? Ou acha que eu esperava por isto? E inesperado pra mim também!

–E... É de quem? Nós conhecemos?

Eu mordo os lábios desviando o olhar. De maneira alguma eu contaria a verdade.

–Não, não conhece. Então nem me pressione que eu não vou contar. Agora se a senhora puder me deixar sozinha... eu realmente preciso...apenas ficar sozinha – minha voz falha ridiculamente. Eu estou simplesmente cansada de tudo.

–Certo. Vou deixar você sozinha. Por enquanto.

E ela sai do quarto, fechando a porta atrás de si. E eu me arrasto até a cama chorando mais um pouco, lamentando ter sido tão estúpida e transado com Edward sem proteção alguma.

E a ironia é que eu nunca tinha feito isto antes. Nem com Edward.

Na época em que namorávamos sempre usávamos preservativo religiosamente. Edward era muito responsável em relação a isto. Pelo menos naquela época. Embora eu desconfiasse que isto deveria ter a ver com o medo de levar um tiro do me pai se algo desse errado.

Mas agora algo dera errado. E ele nem era mais meu namorado. E quando decido ir atrás dele e contar que estava grávida eu o via com Tanya Denali. Aquela vaca!

Não sei quanto tempo eu passo apenas chorando, mas devo ter adormecido. Pois acordo com uma batida na porta e já é dia.

E ignoro. Mas a batida persiste.

–Vai embora! - grito

–Bella, abre esta porta – é a voz da minha mãe; Com aquele tom que eu conhecia muito bem, que queria dizer que, caso eu não abrisse, estaria em maus lençóis. Irritada, eu me levanto e abro a porta.

–Mas não se pode mais nem dormir em paz nesta casa!

–Quando ia me contar que esta gravida do Edward?

–Como... ?

–Alice ligou avisando que Edward Cullen estava vindo para cá para tratar “daquele assunto urgente”.

–Aquela linguaruda!

De repente ouço uma gritaria no andar de baixo.

–O que esta acontecendo...? Nós duas descemos e damos de cara com meu pai segurando Edward pelo colarinho.

–Você pensa que pode voltar e engravidar minha filha?

–Pai, para com isto! – grito, mas claro que minha mãe tinha que contar ao meu pai! Agora a confusão esta armada.

–Você fica quieta!

–Charlie, solta o garoto – minha mãe pede calmamente e meu pai o solta e minha mãe aproveita para leva-la para longe de Edward.

–Desculpa por isto. Meu pai às vezes é meio sem noção.

–Não, não tem problema. Pelo menos ele não pegou a arma – Edward diz passando a mão pela blusa.

–O que faz aqui? - indago

–Vim conversar com você.

Eu cruzo os braços em frente ao peito, mordendo os lábios.

Sinceramente, agora que ele esta ali, na minha frente, eu não sei ao certo se estou preparada para aquela conversa.

–Certo. - eu digo por fim e então olho em volta. Meus pais ainda estão ali nos encarando.

–Não da pra conversar aqui - lanço um olhar acusador a minha família - Vou apenas... subir e trocar de roupa. Acho melhor me esperar lá fora. - Eu praticamente o empurro pra fora e encaro a plateia – Você – eu aponto para minha mãe – não deveria ter contado ao Charlie - e eu aponto para meu pai – E você não devia ter agredido o Edward!

–Bella... – meu pai e minha mãe falaram ao mesmo tempo.

–Não. Agora não. Eu vou subir e me trocar e depois vou sair com o Edward. Nós temos coisas muitos importantes para resolver no momento. Então eu acho que depois posso tentar conversar com vocês.

Eu subo e me arrumo rapidamente, escovo os dentes e lavo o rosto. Eu estou pálida. Mas pelo menos não tinha passado mal naquela manhã; Já é alguma coisa. Eu desço e encontro Edward parado em frente ao carro. De repente sinto um deja vu. Mas eu jogo para o fundo da mente.

As coisas já são bastante complicadas do jeito que estão.

Nós entramos no carro em silêncio e eu começo a sentir meu estômago dando voltas de nervoso.

A impressão que eu tenho é que nunca mais vou me sentir normal novamente.

Ele me leva para uma praia pouco movimentada em La Push e nós saltamos

–Tudo bem aqui? - indaga

–Qualquer lugar... Não importa.

Eu hesito. Como entrar no assunto?

–Não esperava que você...

–Aparecesse?

–É.

–Eu ainda estou... – ele respira fundo, passando a mão pelos cabelos – ainda é...

–Eu sei. Acredite. Eu sei. - murmuro, olhando as ondas batendo na areia.

–Você tem certeza? - ele pergunta

–É certeza. Quer dizer. Eu fiz aqueles testes... De farmácia sabe?

–E eles são 100%?

–Sim... Eu acho?

–Talvez devesse... Ir a um médico de verdade.

–Eu sei... Acho que... Fiquei com medo. Sei lá... Eu sei que é bem difícil eu... Não estar. Todos os sintomas... Você sabe...

–Talvez devêssemos... Ter certeza mesmo.

–Sim, talvez tenha razão. Seria ridículo... Se fosse um engano. Eu preciso mesmo ir a um médico. Já devia ter ido.

–Nós vamos juntos

–Você não precisa...

–Preciso. Se for mesmo... Tenho tanta responsabilidade quanto você, Bella.

Eu dou de ombros. Quero dizer que não me importo se ele esta ali ou não. Mas seria mentira. Eu estava apavorada. E era bom saber que ele estava apavorado junto comigo.

–Ok... -Talvez devêssemos fazer isto agora.

–Agora?

–Não sei se aguento mais um dia de dúvida

–Está certo.

Nós entremos no carro e permanecemos em silencio até estarmos no hospital.

Tarde demais eu me lembro de que o pai de Edward era medico naquele hospital.

E é justamente ele que nos recebe em sua sala.

–Olá, Bella, como vai? – Carlisle Cullen sorri hesitante ao me ver e eu apenas engulo em seco, nervosa e encaro Edward.

–Me desculpe, mas eu achei que fosse mais fácil se fosse com o meu pai...

–Eu não penso assim não – murmuro mortificada e Carlisle olha de um para o outro preocupado agora.

–O que esta acontecendo, Edward?

–Bella? – ele me encara e eu respiro fundo e começo a falar.

Carlisle mantém a mesma expressão até que eu termino de explicar.

–vamos fazer um exame de sangue. Mas pelo o que esta me falando, acho que esta realmente grávida. - ele diz e eu e Edward nos fitamos, mais assustados do que quando entramos ali.

Acho que eu estava me mantendo otimista desde que ele levantara a hipótese do teste de gravidez de farmácia não ser confiável totalmente.

Eu faço o maldito exame e ficamos esperando o resultado. Edward vai até a máquina de café e traz um pra mim.

–Acha que seu pai esta pensando o que agora? – murmuro.

–Eu não sei. Mas não se preocupe com isto agora. Meu pai é um cara legal, Bella.

–Mas não sei se ele continuará sendo legal se eu estiver gravida.

–Isto é problema nosso.

–É... Problema – repito.

De repente o celular dele toca e ele se afasta para atender.

Eu me lembro de Tanya. E me sinto enjoada. Ele volta alguns minutos depois e senta ao meu lado.

–A Tanya sabe que esta aqui? - quase mordo a língua ao sentir a pergunta descabida sair dos meus lábios.

–Não – ele responde, tomando um gole do café.

Eu me pergunto se ele contou a ela sobre minha gravidez. Ou suposta gravidez, mas Carlisle Cullen nos chama naquele momento e nós voltamos a sua sala.

–E então? - pergunto

–Você esta gravida de seis semanas.

Eu sinto uma vertigem. Talvez eu vomitasse nos papeis bem arrumados em cima da mesa.

Carlisle agora também parece tenso.

–Olha, agora vocês precisam considerar as opções

–Opções - repito atordoada.

–Sim. Vocês precisam conversa, claro, mas precisam se informar sobre procedimentos... de interrupção como uma opção.

Eu demoro alguns instantes para entender o que ele esta dizendo, até que a ficha cai. Meu estômago piora.

–não precisam decidir agora. E se optarem por continuarem a gestação, bem, posso indicar algumas boas clinicas em Seattle para todos os exames.

–Certo. - Eu me levanto. Preciso sair dali.

–Nós entendemos, pai – Edward diz.

–Filho, eu tenho alguns pacientes agora, mas eu acho que deve passar em casa esta noite. – agora Carlisle esta sendo pai e eu acho que Edward terá uma conversa bem difícil mais tarde.

Isto me faz pensar que eu mesma terei que enfrentar minha própria conversa na minha casa.

Saio da sala e praticamente corro para o banheiro, vomitando fortemente. E nem me dou conta quando Edward entra e segura meu cabelo, até que não reste nada no meu estômago.

–esta melhor?

Eu sacudo a cabeça afirmativamente e me levanto, ainda tonta. Ele abre a torneira e pega um lenço de papel molhando e passando no meu rosto.

–Eu sinto muito por isto – murmuro e ele sabe que não me refiro apenas a nojeira que tinha acabado de presenciar.

–Eu também.

Nós saímos do hospital e entramos no carro. Ele dirige em silencio e paramos em frente a minha casa.

–Bella, eu vou respeitar qualquer decisão sua.

–Eu ainda não sei o que fazer. - murmuro sinceramente. E era a mais pura verdade. –Tchau.

Salto do carro e entro em casa. Apenas minha mãe me espera

–esta bem?

–sim

–me desculpe por hoje de manhã.

Eu me aproximo e a abraço

–Eu fui a um médico. Com o Edward. Agora é certeza.

–E o que vai fazer?

–Esta perguntando se eu vou abortar?

–Sabe o que eu penso sobre isto.

–É uma decisão minha mãe – repito o que tinha crescido ouvindo.

–Isto. Por isto não vou me intrometer. Nem eu nem seu pai.

–Ele está muito bravo comigo?

–Por hora sim. Mas ele também sabe que você é uma adulta. E um ser humano que comete erros.

–Acha que isto é um erro muito grande?

–Você acha? – ela devolve minha pergunta perspicazmente.

Eu mordo os lábios, incerta.

–Eu não sei. Estou tão confusa e... com medo. Edward foi meu namorado e eu achei que nunca mais ia ter qualquer relação com ele a não ser uma conversa de vez em quando, e então... A gente se esbarra num hotel, bebe demais e transa!

–Ah, então foi isso que aconteceu?

–Sim, foi isto. Eu simplesmente meio que fugi depois, meio arrependida, confesso. Você sabe como eu sofri quando ele foi embora. Não queria correr o risco de me apaixonar por ele de novo. Eu não quero mais passar por toda aquela dor de novo... Mas eu estou gravida e como é que posso lidar com isto agora? Eu nunca pensei em ter um bebê, meu deus!

–Você tem que pensar muito bem se é isto mesmo que quer. Não precisa ter se não se sentir preparada, querida. O que Edward pensa sobre isto?

–Ele diz que vai respeitar o que eu decidir. Acho que no fundo talvez ele queira que eu acabe com isto... Afinal, ate uma namorada ele tem!

–Tem?

–Sim, ela estava lá quando eu fui contar a ele e foi muito estranho!

–Ah, Bella, e eu que achei que nunca mais fosse ouvir sobre problemas com Edward Cullen nesta casa! Acho que do jeito que eram quando namoravam, eu até tinha medo que algo assim acontecesse, mas agora...

–Eu sei, patético, não é?

Ela me abraça de novo e beija meus cabelos.

–Todos nós erramos, meu bem. O jeito que decidimos lidar com estes erros que é o mais importante.

–Eu vou subir. Estou cansada.

–Tudo bem, descanse.

Passo o resto da tarde dormindo e acordando. Minha mãe me obriga a comer, mas não fala mais nada, me deixando sozinha. No dia seguinte, eu acordo com meu celular tocando e é minha supervisora, Carmem.

–Comemore!

–O que?

–Conseguiu sua transferência para a rota internacional.

Eu me sento.

–Consegui?

–Sim. Europa, como sempre quis.

–Não acredito! - eu grito, feliz.

–Ainda terá que aguardar alguns meses, para conseguir a transferência efetiva. Três meses para ser mais exata, mas a vaga já é sua. Parabéns, Bella. Você merece isto por ser tão competente e esforçada.

Eu desligo, eufórica.

Desde que comecei a trabalhar como comissária eu sonhava em poder trabalhar em voos para a Europa e agora isto ia acontecer!

Mas de repente eu paro, com uma súbita tontura.

Em três meses eu estaria com cinco meses de gravidez.

Eu não poderei mais voar.

O que eu vou fazer?

Na manhã seguinte, eu espero meu pai sair para a delegacia para sair do quarto. Sim, eu sou uma covarde e não quero encará-lo ainda.

Quando eu desço minha mãe me fita de soslaio enquanto eu tomo café.

–O Edward ligou ontem à noite.

–Ah é? - eu tento não sentir nenhuma empolgação.

–Sim, ele queria saber se você estava bem. Me contou que você passou mal no consultório

–É, eu passei

–Isto vai passar... Digo... Este mal estar, não será o tempo inteiro. Ele passa depois de alguns meses.

Eu empurro o prato

–Mãe, não quero falar sobre isto

–não falar não vai fazer o “isto” desaparecer.

–Eu sei. Eu vou subir e me arrumar para voltar a Seattle.

–Já?

–Sim, me esconder aqui não vai adiantar nada.

–Achei que devia conversar com seu pai.

–Eu preciso primeiro decidir o que vou fazer – murmuro

–Sim, tudo bem.

Eu passo a viagem inteira pensando.

Pensando em minhas opções.

Sim. E todas as opções eram assustadoras.

Eu podia seguir com aquilo. Teria que desistir do meu trabalho por um tempo. Os meses passariam, minha barriga cresceria. E então eu teria que passar por aquela coisa.

Aquela coisa que só tinha visto nos vídeos educativos da escola, e que sempre me pareceu bem nojento.

E eu teria um bebê. Só de formular a palavra bebê eu já sinto taquicardia.

Um bebê.

Eu não consigo nem imaginar.

E onde Edward se encaixa naquilo? Ele disse que respeitaria minha decisão. Talvez estivesse torcendo para que eu interrompesse a gravidez. Seria melhor pra todo mundo na verdade. Afinal, ele tinha uma namorada. Que com certeza não ia gostar nada de saber que ele engravidara a ex.

Então se eu continuasse em frente, acho que estaria sozinha.

E a pergunta era: eu queria realmente aquilo? Eu não sei. Realmente não sei.

Sem pensar, eu dirijo até o seu prédio, antes mesmo de ir pra minha própria casa.

Fico ali por um tempo, sem saber o que fazer.

Até que eu vejo Tanya Denali entrando.

Aperto a mão com força no volante; Eu não tenho aquele direito. Realmente não tenho.

Ele tem uma vida agora.

Eu tenho uma vida agora.

Não há nada mais para nós agora.

De repente eu sei o que devo fazer.

Minha decisão esta tomada.


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