Gravity escrita por Ju Dantas


Capítulo 6
Capítulo 5




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Edward

–Edward, que diabos esta acontecendo?

Eu encaro meus pais em sua elegante sala com vista espetacular para o jardim. Tudo ali é do mesmo jeito desde que nós havíamos nos mudado, quando eu tinha 14 anos. Até meus pais pareciam congelados no tempo, bonitos e jovens demais para serem pais de três homens adultos.

Meu pai era de uma família escandalosamente rica e nunca tivera que se preocupar com dinheiro. Conheceu minha mãe quando ambos tinham 18 anos, em Harvard e estavam tão apaixonados que decidiram logo se casar, sem esperar para terminarem a faculdade, afinal, meu pai ainda teria bem uns dez anos até concluir todo o estudo em medicina. Meu irmão mais velho Emmett nascera um ano depois. E eu e Jasper seguimos com um ano de diferença. E devo dizer que eu só não tinha uma irmã porque minha mãe tivera problema na gestação de Jasper e fora desaconselhada a continuar tentando engravidar de uma menina.

Então éramos só três garotos em casa até que fomos embora quando Jasper se formara no high school. Eu me pergunto se minha mãe se arrependia de ter insistido que eu e meus irmãos aprendêssemos piano desde pequeno. Mas ela não tinha como saber que nosso professor, o Senhor Munford, era um inglês viciado em música folk que nos fez aprender não só piano, como violão, banjo e bateria. Logicamente ela ficara meio chocada quando nós três fizemos nossa primeira música quando tínhamos apenas 9, 8 e 7 anos e apresentamos em seu aniversário. Ela ficara orgulhosa e emocionada, mas acho que não esperava que fôssemos levar aquela brincadeira tão a sério a ponto de sairmos de casa dez anos depois em busca de sucesso na nossa musica.

Mas mesmo assim, eles não tentaram nos dissuadir dos nossos sonhos. Claro que eles se preocupavam e acho que até achavam que nossa viagem pelo mundo ia parar um dia nós entraríamos em alguma faculdade como garotos ricos normais.

Acho que agora, cinco anos depois e alguns CDs gravados, eles já sabiam que isto não ia acontecer. Eles ainda se preocupavam com o tipo de vida que levávamos, um tanto selvagem para seus padrões, mas acho que certamente eles não esperavam que eu engravidasse minha ex. namorada.

–Bom, acho que já contou a mamãe – digo

–Claro que sim! - Carlisle responde – e eu estou muito preocupado, Edward.

–Querido, como foi que isto aconteceu? - minha mãe pergunta suavemente – eu nem sabia que ainda se encontrava com a Bella!

Eu conto a eles a versão resumida e com cortes para os acontecimentos que levaram a gravidez não planejada.

–E o que vai acontecer agora? – Carlisle indaga – devo esperar que o pai dela entre aqui segurando uma espingarda?

–Ai Meu Deus, Chefe Swan deve estar furioso! – Esme se preocupa

–Ele tentou me bater hoje de manhã, mas não passou disto. Por enquanto.

–E o que vão fazer? Nem namorados vocês são mais – Esme me encara.

–Eu não sei. Acho que nós dois estamos chocados e sem reação.

–O que Bella pensa sobre isto? – Carlisle pergunta – ela me pareceu muito confusa hoje.

–Sim, ela esta. – eu passo a mão pelos cabelos, me lembrando de nossa breve conversa no carro. Eu tinha falado sério quando disse que a decisão era dela.

Eu não sabia o que pensar e muito menos que decisão tomar.

–Ela também não sabe o que fazer.

–quer dizer que estão cogitando a opção de não levar a gravidez adiante? – Esme pergunta com cuidado.

–O que podemos fazer, mãe? Como disse, nós nem somos mais namorados, eu vivo na estrada, Bella tem uma carreira de comissária... Não sei como pode dar certo se...

–Nós entendemos filho – Meu pai concorda – a decisão é mesmo de vocês.

–Eu só acho que devem pensar bem, Edward – minha mãe diz – as vezes as coisas acontecem sem que panejamos, mas sempre tem uma razão.

Eu decido dormir em Forks naquela noite e subo para meu quarto.

Há tantas lembranças de Bella ali. Ainda me lembro da primeira vez que a trouxera na minha casa, de como ela olhava tudo, curiosa e cheia de perguntas, observando meus livros na estante, meus instrumentos musicais jogados num canto.

E de como eu só pensava em leva-la para a minha cama. Mas naquela época, nós ainda não fazíamos sexo. Eu me sentia culpado por estar namorando uma menina que mal tinha dezesseis anos.

E o engraçado, é que no fim fora ela quem me atraíra até a cama, mas eu parara quando as coisas começaram a esquentar e lhe disse que ela ia permanecer virgem comigo. Ainda podia ouvir sua risada inacreditável perguntando em que século eu vivia.

Felizmente, eu não mantive aquela ideia de namoro platônico por muito tempo.

E na próxima vez que eu a trouxe no meu quarto, o final fora bem diferente.

Mas tudo acabou, seguimos nossas vidas e como uma ironia do destino ela agora estava grávida.

Como numa fração de segundo tudo poderia mudar daquele jeito? Até ontem estava tudo bem, eu estava dando uma festa, uma garota bonita ia dormir comigo. Uma garota de quem eu gostava e que podia ser algo mais. E agora eu não me importo mais com isto. Nada mais importa. A não ser o fato de que eu tinha descoberto que meu pequeno deslize em Nova York tivera uma consequência.

E uma consequência que podia ser pra vida inteira. Ou não.

Óbvio que algumas vezes na minha vida adulta eu pensei nesta possibilidade. De que um dia eu teria um filho, ou dois. Mas aquilo era uma possibilidade muito, muito remota.

E então Bella surgiu em Nova York.

“Uma transa como qualquer outra”, eu disse a Jasper. Embora fosse a mais deslavada mentira.

Bella não era como qualquer outra. Mas eu precisava acreditar que sim, porque não faria a menor diferença mesmo. Nunca mais iríamos ficar juntos. Era passado.

Penso nas palavras da minha mãe. Será que tudo tinha mesmo uma razão de ser? Será que meus últimos encontros com Bella não foram apenas uma coincidência? Que o fato de eu ter transando com ela pela primeira vez sem preservativo não fora apenas uma estupidez inconsequente?

Não sei o que fazer. De repente quero falar com ela, quero dividir minhas dúvidas. Saber se ela esta sentindo o mesmo o que eu.

Mas ao pegar o celular vejo várias mensagens preocupadas de Tanya.

O que eu posso dizer a ela? A verdade? Ou nada? O que eu sei é que definitivamente não há mais clima para continuar. Eu deveria ligar pra ela e marcar de conversarmos. Mas em vez disto, eu me vejo discando o número da casa de Bella.

–Alô - Eu reconheço a voz de Renée

–Oi Renée, é o Edward.

–Olá Edward

–A Bella está?

–Esta dormindo.

–Certo. Ela esta bem?

–Mais ou menos, dada às circunstancias

–Ela passou mal hoje na clínica.

–Isto é normal quando se esta grávida. Quer que eu a acorde?

–Não, não precisa.

–Tudo bem. Edward... Eu estou feliz que tenha sido você em vez de qualquer outro.

Eu ri. A lógica de Renée às vezes era estranha pra mim. Mas não pude negar que gostei daquilo.

–Não teria tanta certeza assim – murmuro, incerto.

–Ah, eu tenho. Até logo, Edward.

Na manhã seguinte, eu volto logo cedo para Seattle. Deixo um recado para Tanya ir me encontrar em casa, porque decido que a primeira coisa que tenho que fazer é ser honesto com ela.

–Oi. - Ela entra se aproximando de mim e me beija.

Mas eu a afasto e ela morde os lábios, magoada

–Edward, o que esta acontecendo?

Passo a mão pelos cabelos, nervoso

–Eu sinto muito, mas acho que não é o momento para nós.

–Esta terminando comigo?

–Nós nem começamos

–Pra mim estava mais que começado.

–Eu sinto muito

–É a Bella não é?

–Não é o que esta pensando

–Como não? Estava tudo bem até ela aparecer aqui naquele dia da festa. Eu nem sabia que vocês ainda se encontravam.

–Nós não...

–Então o que esta acontecendo?

–Bella esta grávida.

–Grávida?

–Sim

–E o bebê é seu?

Eu apenas sacudo a cabeça afirmativamente

–E ainda diz que não estão saindo... Como eu sou idiota!

–Nós realmente não estamos saindo. Foi apenas... Uma vez.

–Ela veio te contar isto naquele dia?

–Sim

–E o que vai acontecer? Vocês estão voltando?

–Não, nós ainda... Não sabemos o que fazer

–Entendi - ela parece chateada e eu me sinto imensamente culpado.

–Tanya, eu realmente não queria magoar você.

–Não esta me magoando. Não tinha como saber que... Isto aconteceria.

–Esta tudo uma bagunça

–Eu imagino. - ela se aproxima – Edward, somos amigos antes de qualquer coisa. E eu queria ser algo mais. Se você permitir. Se você quiser. Independente do que acontecer.

–Mesmo se a Bella resolver ter o bebê?

–Sim. Se você quiser.

Eu encaro seus olhos esperançosos. Obvio que eu não estava apaixonado por ela. Mas eu a achava interessante, e até poucas horas atrás era uma possibilidade.

Mas agora eu sinto que tudo mudou.

Minha vida esta uma bagunça e eu sinto que não posso e nem quero envolver Tanya nisto.

–Não é justo com você. – respondo por fim.

Ela respira fundo se afastando e pegando a bolsa.

–Eu não quero forçar você a tomar nenhuma decisão neste momento. Já deve ter problema o bastante. Vamos fazer assim, vamos continuar amigos. Depois...Bem, depois decidimos se...

–Tudo bem.

–Eu já vou. Me liga se quiser conversar.

–Certo. - Ela se afasta, fechando a porta atrás de si.

Me sinto aliviado e um tanto triste quando ela vai embora. Mas sabia que tinha feito a coisa certa. Independente do que ia acontecer, eu sentia que naquele momento não estava preparado para investir em um relacionamento com Tanya.

Eu ligo para Jasper para conversar, mas ele não atende. Emmett esta viajando com a namorada, aproveitando os dias de folga que temos.

Então eu saio sozinho para tomar café, o tempo inteiro me perguntando se Bella já havia tomado sua decisão.

Eu paro em frente a um café e ao sair na calçada eu reparo que ao lado tem uma loja de bebê.

Era como se a realidade estivesse me chamando.

Fico ali contemplando todas aquelas roupas minúsculas, em tons pastéis. E um ursinho me chama atenção. É pequeno e com uma gravata xadrez. E de repente eu visualizo um bebê o segurando entre os dedos rechonchudos. Um bebê de cabelos castanhos e olhos chocolate. Como os de Bella. Sem pensar no que estava fazendo eu entro na loja e o compro.

Estou ainda da loja quando recebo um recado de Bella. Ela pede que eu vá a sua casa.

Eu dirijo até sua casa. O que eu faria se a decisão estivesse em minhas e não nas dela? O que eu sabia era que naquela loja, com aquele urso na mão, eu tivera um vislumbre de algo assustador e extraordinário. Mas estaríamos prontos para tanto? Eu realmente não faço ideia.

–Oi – ela sorri quando abre a porta para mim. Mas era um sorriso triste. Eu sinto um aperto no peito.

–Oi... – eu entro e ela fecha a porta me encarando.

–Eu tomei uma decisão. - diz desviando o olhar para seus pés. Eu vou... Interromper a gravidez.

Talvez eu já esperasse por aquilo. Talvez eu soubesse que era a decisão mais sensata a tomar.

Mas eu me sinto compelido a dizer a ela que não quero que faça o aborto. Por mais estranho e insensato que seja.

Mas eu apenas me calo, resignado. É a decisão de Bella.

E eu vou apoiá-la, se é o que ela quer.

Ela me fita insegura

–Se é isto que você quer – digo firmemente

–Não é uma questão de... Querer! - passa a mão pelos cabelos nervosamente – eu apenas... Acho que a decisão foi tirada da minha mão... Apenas... É o melhor a fazer. Levando... Tudo em conta.

Eu sacudo a cabeça afirmativamente. Eu sei do qual circunstancias ela esta falando.

Não somos mais namorados. Não tínhamos mais nada a ver um com o outro. Agora somos estranhos fadados a nos reencontrar de vez em quando em aeroportos por aí. E nada mais.

Como podíamos continuar com aquilo? Ter noção da realidade não faz eu me sentir melhor

–Eu disse que ia respeitar o que decidisse, Bella. Eu concordo com você.

Bella

Eu não sei qual foi sua reação quando eu disse que ia interromper a gravidez. Porque eu simplesmente não podia olhar pra ele. Era demais pra mim. Estar ali. Por um momento nenhum dos dois falou nada até que ele se movimentou ao meu lado e eu finalmente o fitei.

Tento reparar se ele esta aliviado, ou irritado.

Mas eu não sei dizer o que se passa na mente dele.

Quando ele concorda comigo, eu tento me sentir melhor, mas não consigo.

–Certo.

–Você esta bem? Parece pálida.

Eu sorrio desanimada.

–Eu acho que preciso comer...

–Eu estava indo tomar café quando me ligou, você quer ir comigo?

Eu penso em dizer não. Mas algo me faz aceitar sua companhia.

Eu coloco o casaco e saímos caminhando pela rua até um café que tem perto de casa.

Sentamos numa mesa e fazemos nosso pedido.

–Você vai ficar aqui em Seattle até quando? - Indago para quebrar o silêncio

–Estarei entrando em turnê em breve.

–A Tanya vai também? – eu me arrependo no mesmo instante da pergunta – oh, me desculpe. Não tenho que ficar sendo enxerida. – eu mudo de assunto. - Eu fui promovida no meu trabalho, daqui três meses eu começo a fazer voos internacionais, que é o que eu sempre quis...

–Hum, meus parabéns – ele diz - e não, a Tanya não vai – completa e o alivio que eu sinto é totalmente inapropriado.

Muito provavelmente depois que eu fizesse o aborto nós não nos veríamos mais e não devia me interessar com qual garota ele saía.

–Sim, eu estou muito feliz – eu olho para minha xícara – eu estou pensando em marcar... para logo... o que tem que ser feito.

Eu levanto a cabeça e o vejo me encarar com um olhar triste.

–Eu realmente não queria que tivesse que passar por isto, Bella.

–Nem eu – eu sorri tristemente e ele sorri também. Mas também não havia humor em seu rosto. E de repente eu sinto uma vontade imensa de que ele me toque. Que apenas segure a minha mão, ou que eu possa encostar minha cabeça em seu ombro e fechar os olhos.

–Vai ficar tudo bem, Bella – ele segura minha mão em cima da mesa, como se adivinhasse meus pensamentos e eu e eu o fito tentando desesperadamente acreditar. Meus dedos apertam os seus por um momento e então eu solto e me levanto. Preciso ir...

Ele me acompanha até meu prédio e eu o encaro.

–Você...irá comigo? – peço – eu simplesmente não quero fazer aquilo sozinha. Sei que posso pedir a Alice, ou até mesmo minha mãe. Mas eu quero que Edward esteja comigo. Se ele quiser.

–Claro que eu vou com você. Sabe que não precisaria nem pedir.

–Certo. Eu te ligo quando marcar.

Eu o vejo entrar no carro e ir embora sentindo uma vontade imensa de chorar.

Então é isto. Ele tinha concordado comigo afinal. Em alguns dias tudo estaria acabado.

Eu devia me sentia aliviada, mas sinto apenas angustia.

Naquele mesmo dia, eu ligo em uma clínica e deixo tudo marcado.

Assim, como deixo um recado para Edward.

Ele responde que me buscará em casa em três dias.

–Você tem mesmo certeza disto?

Eu estou deitada na minha cama, olhando o teto e Alice esta ao meu lado.

–Eu não tenho mais certeza de nada

–E Edward, tipo, concordou assim... Normal?

–Sim, o que eu podia esperar? Ele deve estar aliviado.

–Como você sabe que ele esta aliviado?

–Porque não estaria? Além de tudo que isto implica, ele tem uma namorada. Claro que deve estar bem contente por eu ter decidido interromper.

–Ela sabe?

–Não faço ideia. E nem quero saber. Quero apenas que tudo isto termine.

–Falou com seus pais?

–Não. Só falarei depois

–Eu ainda acho que devia falar, mas não vou me intrometer.

Ela se sentou e olhou o relógio

–Preciso ir. Meu voo sai em três horas. Quer que eu desmarque? Eu posso ir com você amanhã...

–Não. O Edward vai comigo.

Ela me abraça

–Se cuida. Qualquer coisa me liga.

–Pode deixar.

A manhã seguinte amanhece cinza assim como meu humor.

A campainha toca e eu a abro para Edward que me encara com um sorriso contido. E eu sorriu também, apesar da tensão a nossa volta, é bom tê-lo comigo naquilo.

–Pronta?

Nós descemos e entramos no seu carro. Enquanto Edward dirige pelas ruas molhadas de Seattle eu tento acalmar meu coração.

De repente algo chama a minha atenção. Aos meus pés eu vejo uma sacola. Como se ele tivesse a jogado ali e a esquecido. Era bem típico de Edward. Sem pensar eu a pego, apenas para coloca-la no banco de trás, mas paro ao vislumbrar o que há dentro dela e meu coração para.

–Chegamos – Edward estaciona em frente a clínica, mas eu estou longe dali.

–Edward...?

Ele olha e me vê com a sacola. Com as mãos trêmulas eu retiro um pequeno urso marrom de dentro.

–O que é isto? - indago num fio de voz

–Eu... – Edward não consegue responder.

–isto é de... Bebê?

Ele passa a mão pelos cabelos

–Foi sem pensar... Eu estava passando em frente a uma loja e achei... Foi antes de você dizer... Eu comprei sem pensar...

Eu sinto dificuldade de respirar

–Edward, de alguma maneira você... Você chegou a pensar... Em algum momento você quis...

–Eu disse que respeito sua decisão, Bella. E é sério. É o melhor a fazer. Isto foi... Apenas um impulso.

–Ok. Podemos ir? - corto, jogando a sacola no mesmo canto novamente e saindo do carro, respirando fundo enquanto a chuva cobre meu rosto. Não me importo.

Edward esta ao meu lado quando entramos na clínica elegante e discreta.

Eu sinto como se o mundo inteiro girasse a minha volta de um maneira totalmente estranha.

–Você esta bem? - Edward pergunta preocupado.

–Não... - murmuro angustiada

–Bella...

–Eu vou ficar bem, Edward. É apenas... Normal que eu me sinta assim, não é? O importante é que esta acabando.

Tento respirar normalmente, quando a enfermeira me chama

–Acho que preciso ir...

Mas Edward segura meu braço e eu o encaro.

–Bella... Faça o que tem que ser feito. Mas, sinceramente... Eu não gostaria que você fizesse isto.

Um nó fecha minha garganta

–Edward...

–Eu sei. Eu disse que ia respeitar o que decidisse e eu respeito. Apenas... Queria que soubesse.

A enfermeira chama meu nome de novo. Eu me viro e a sigo, sem nada ver na minha frente.

Eu tinha tomado a porra da decisão não tinha? Então porque a imagem daquele urso não sai da minha cabeça?

E as ultimas palavras de Edward “eu não gostaria que fizesse isto” se repetem em minha mente

Como ele podia me dizer isto agora? Como?

A enfermeira pede que eu tire a roupa e me veste com aquele ridícula camisão verde. Eu tremo quando ela me ajuda a deitar na cama gelada. Olho a luz forte acima de mim, tentando esvaziar minha mente de qualquer pensamento. Mas eu não consigo.

Aquele ursinho. Tão pequeno. Tão pequeno que caberia nas mãos de um bebê.

Um bebê.

Meu estômago começa a revirar. Mordo os lábios nervosamente quando o médico e a enfermeira me preparam.

–Não fique nervosa, Bella, vai ser rápido - ele diz

–De que tamanho ele esta? - Indago num fio de voz

–O que?

–De que tamanho... O bebê esta?

O médico para.

–Bella, você tem certeza que quer fazer isto? Ainda a tempo de desistir se não tem certeza.

Eu o fito, sem saber o que dizer.

O mundo para de girar a minha volta, enquanto eu tomo a decisão mais difícil da minha vida.

Algum tempo depois eu saio da sala, totalmente vestida e Edward se levanta, vindo até mim

–Acabou?

Eu sacudi a cabeça, incapaz de falar. E então começo a chorar desesperadamente

–Bella... Esta tudo bem?

–Não... Eu não posso fazer isto... Oh Deus, eu não posso... De repente eu estava lá dentro e só pensava... não posso... Eu não consegui... não consegui... - eu soluço e Edward me traz para junto dele, e eu enterro minha cabeça em seu peito.

–Vai dar tudo certo. - ele diz por fim

–Eu não sei como fazer isto dar certo. - soluço

–Daremos um jeito. Eu estarei com você nisto, prometo. Vamos dar um jeito em tudo...

Eu o encaro e sacudo a cabeça afirmativamente, enquanto ele me leva embora dali.

Estamos juntos rumo ao desconhecido.


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