Gravity escrita por Ju Dantas


Capítulo 4
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596592/chapter/4

Edward

Eu vejo o carro de Bella se afastar e por um momento permaneço ali, totalmente atordoado, prostrado sob o peso da notícia que ela tinha jogado na minha frente.

Grávida.

Bella estava grávida.

E o bebê era meu.

Meu.

Puta. Que. Pariu.

Como é que aquilo tinha acontecido?

Um riso meio histérico escapa de meus lábios, enquanto eu puxo meus cabelos colericamente.

Como tinha acontecido? Como todas as coisas aconteciam em se tratando de Bella Swan.

Perdendo o controle.

Não fora sempre assim?

Eu ainda me lembrava de estar sentado na mesma mesa que dividia com meus irmãos em todo o ensino médio, enquanto Emmett comia feito um glutão e Jasper dedilhava os dedos sobre a mesa, cantarolando alguma melodia que iria certamente combinar com alguma letra minha em algum momento, enquanto eu apenas tentava não me sentir entediado com todos os olhares cobiçosos das garotas e invejosos dos garotos a minha volta, quando algo mudou ao meu redor.

Era quase como se uma energia estranha enchesse o ar, que me fez ficar alerta e olhar em volta a procura do motivo daquela mudança sutil.

E lá estavam eles. Um par de olhos castanhos chocolates me sondava com uma força tão insistente e poderosa que foi impossível desviar meu olhar do rosto pálido, emoldurado por cabelos escuros que o acompanhavam.

Até que ela mordeu os lábios, finalmente desviando o rosto agora muito vermelho para baixo.

E só então eu percebi que eu tinha deixado de respirar por alguns instantes.

Eu devia ter percebido ali que me livrar de Isabella Swan seria impossível.

E eu tentei. Muito.

Mas Bella Swan estava em todos os lugares para onde minha atenção se fixava.

Logo eu descobri que ela era a garota nova na cidade, retornando para morar com o pai, o xerife que não por um acaso odiava a mim e meus irmãos, um tanto arruaceiros, pelos padrões da cidade pequena e provinciana de Forks.

E ela só tinha 15 anos.

E um olhar curioso e inocente que gritava “nunca fiz nada, mas quero fazer tudo com você” que me deixava com um tesão louco e proibido.

Por que eu me sentia um velho de cem anos perto dela.

Eu era errado para Isabella Swan em muitos níveis.

Ela era inocente. Era filha do xerife e curtia Jane Austen e estas bobagens românticas.

Eu era um cara que estava contanto as horas para ir embora de Forks e me dedicar a minha música.

E por isto mesmo, eu não me envolvia a sério com nenhuma garota. Elas se sentiam atraídas por mim, como se eu fosse o herói atormentado de seus sonhos românticos e todas achavam que iam me salvar ou algo assim.

Mas eu não ia me apaixonar por ninguém.

Não que eu não saísse com garotas. Eu saía. Muito. Muito mesmo.

Afinal, eu podia escolher qualquer uma que quisesse. Eu e meus irmãos desde cedo entendemos que a riqueza do nome Cullen, a beleza herdada do meu pai (isto é quase um segredo de família agora, mas Carlisle Cullen antes de se dedicar a medicina, tinha perdido umas horas modelando para algumas revistas. Ele odiava lembrar isto) e o fato de sermos músicos, era uma combinação que nos fazia ser quase como realeza em Forks.

E o que posso dizer, éramos garotos cheios de hormônios e ate onde todos nós concordávamos que iriamos dar o fora dali assim que fosse possível, nós dividíamos nosso tempo em aprimorar nossa música assim como nossas habilidades sexuais com as garotas que estavam disponíveis.

Não éramos canalhas e não enganávamos nenhuma delas. Elas sabiam que era apenas uma diversão. Mas isto não impedia que às vezes isto saísse do controle.

Cedo eu aprendi que garotas eram sempre imprevisíveis. Elas diziam algo, mas depois faziam outra. E elas sempre achavam que podiam mudar você em algum momento.

Algumas experiências mal sucedidas me fizeram ficar mais seletivo com o passar do tempo.

Nomes como Jéssica Stanley e Lauren Mallory me faziam estremecer de horror ao me lembrar do tipo de malucas elas podiam se tornar quando ficavam obcecadas por você.

Então, quando a filha do xerife com doces e insistentes olhos chocolate começou a me seguir por aí, eu fiquei com medo.

Por que, apesar de todos os sinais de alerta que meus instintos captavam, eu também sentia pela primeira vez que eu queria mandar tudo a merda e levar Bella Swan para alguma clareira em Forks e fodê-la até uma canção sobre amor e sexo encher minha mente.

Ela me inspirava. Ela me encantava. Ela me amedrontava.

Eu podia ser meio sacana com as garotas, mas eu tinha limites.

Eu não pegava meninas que mal tinham entrado na high School. Muito menos quando elas eram filhas do xerife. Eu não estava a fim de levar um tiro na bunda, jesus cristo!

E, sobretudo, eu sabia que ela não estava naquela categoria “leve-a para um show, cante uma canção que a encha de tesão e depois a coma no banco de trás do seu volvo, terminando tudo com um beijo de boa noite e um te vejo por aí”.

Bella era o tipo de garota feita para alguém se apaixonar por ela.

Alguém que a colocaria em cima de todas as coisas. Que a amaria a ponto de respeitar sua pouca idade e ter a permissão do seu pai turrão.

Alguém que definitivamente não era eu.

Mas eu não estava preparado para sua obstinada sedução e muito menos para o tamanho do meu crescente interesse, que invés de desaparecer com o passar dos dias, em que eu a evitava e a tratava mal nas aulas de Biologia que fazíamos juntos, apenas tomava proporções assustadoras, com direito a ereções inoportunas nas aulas de literatura, quando ela defendia seu ponto de vista sobre Jane Austen ser feminista. (Ela estava adiantada em algumas aulas. Sim, além de ser linda e ter uma bunda que me dava vontade de apertar, ela também era inteligente. Como é que eu iria resistir, caralho?).

Eu definitivamente não sabia que falar sobre Jane Austen podia ser tão estimulante.

E um dia ela me surpreendeu parando ao lado da minha mesa e perguntando por que eu não gostava dela.

E por um momento eu fiquei ali, olhando para aquela garota tentando entender porque ela se sobressai a todas as outras, me atraindo como se um campo gravitacional nos levasse na mesma direção sem que eu conseguisse escapar. Por mais que eu tentasse. Ela estava se tornando uma obsessão.

–Você é um babaca, Edward Cullen – ela cuspiu seu insulto na minha cara antes que eu pudesse responder a sua pergunta, fazendo meus irmãos explodirem numa gargalhada e saiu do refeitório, batendo a porta, deixando um rastro de cheiro de frézias atrás de si.

Sem pensar, eu me levantei e fui atrás dela.

Eu deixei de ser a caça e virei o caçador.

Eu queria caçar Isabella Swan no campo de mata verde em que ela se embrenhava em sua fuga e come-la no meu café da manhã.

Inferno, eu estava cansado de lutar contra o que eu sentia por ela.

Eu a alcancei sob as arvores e puxei para mim, me perdendo por um momento em seus olhos fantásticos para depois me perder nos lábios que ela mordia nervosamente.

–Estou tão cansado de ficar longe de você – murmurei num lamento rouco e ela sorriu.

Puta que parir. Ela sorriu.

–Então não fique.

Eu estava perdido quando a beijei.

Dali pra frente foi só ladeira abaixo.

A cada momento que passávamos juntos, a cada barreira que quebrávamos tanto física, quanto emocionalmente, ela ia se apossando cada vez mais de pedaços de mim.

Meu pau, minha mente, meu coração.

Era tudo dela.

Até minha musica, que era a coisa que eu mais amava ela se apossou.

Tudo o que eu compunha era pensando nela.

Em como ela ria, quando eu dizia algo engraçado, mesmo eu sabendo que nem era tão engraçado assim.

Em como ela mordia os lábios e seu olhar escurecia num tom de chocolate amargo quando ela ficava com tesão.

Em como ela me dominava em todos os níveis e me deixava cada vez mais angustiado enquanto a hora de ir embora se aproximava.

Amar Bella fora a coisa mais certa e mais errada que eu fizera na vida.

Eu tive dois anos para me preparar para o fim, dizendo a mim mesmo que não seria grande coisa. Que éramos jovens e que ninguém ficava pra sempre com seu namoro de adolescência.

Que eu me despediria e seguiria minha vida, como sempre planejara e Bella ficaria em Forks, como a melhor lembrança.

E ela seguiria sua vida também.

Muita coisa não aconteceu como eu planejei ou esperei. Mas no fim, o desfecho fora o mesmo.

Eu terminei com Bella, fui embora de Forks e lutei pelo sucesso.

Nos esbarramos por aí algumas vezes. Outras coisas aconteceram, mas nada que mudasse o nosso percurso.

Até que eu a vira naquele aeroporto.

Tão adulta, e puta merda, tão gostosa, naquele uniforme de comissária.

Eu disse a mim mesmo que a culpa era do uniforme. Era por isto que eu não conseguia parar de pensar nela nos dias que se seguiram. Não parara de relembrar nossa história, nossos dias juntos, quando o meu dia só começava de verdade na hora em que eu a via saindo de sua caminhonete velha no estacionamento do Forks High School e vindo em minha direção com seu sorriso iluminado.

Ou nas noites em que eu escalava até seu quarto para transarmos, preocupado que o chefe Swan pudesse nos descobrir e cortar meu pau fora. Mas eu encarava o perigo para ter o prazer de ficar com ela. Fazer amor com Bella era diferente de tudo o que eu já tinha experimentado. Antes ou depois.

Claro, eu também podia me lembrar de que nem sempre fora assim. Apesar de morrer de tesão por ela, eu ainda ficara com as bolas roxas por um tempo no começo de nosso relacionamento. Eu sabia que Bella era virgem e me sentia um corruptor de menores a cada base que transpunha com ela. Não que ela facilitasse a minha vida.

Quando eu lhe disse, depois de recuar no nosso segundo encontro, que ela permaneceria virgem comigo, ela riu e perguntou em que século eu vivia.

E eu argumentei que ela era muito nova e que queria ir devagar para que ela tivesse certeza do que estava fazendo. No fundo, eu tinha um senso de proteção quase obsessivo em relação a Bella. Como se ela fosse algo a ser preservado. Algo precioso. Ela era toda preciosa pra mim.

Mas como tudo que envolvia Bella, envolvia falta de controle, não demorou para que minhas convicções cavalheirescas fossem por terra numa tarde em que estávamos estudando numa florida clareira em Forks.

Nós passamos muitos momentos nos dois anos de namoro “estudando” naquela clareira.

E depois de reencontrá-la no aeroporto vestindo seu uniforme que parecia uma fantasia de filme pornô (pelo menos era assim que a mim me parecia) , eu não parava de pensar naqueles momentos.

E o universo estava definitivamente conspirando contra mim, ou a favor, dependendo do ponto de vista, quando a reencontrei naquele saguão e hotel.

E, doce jesus, ela estava de uniforme.

Eu ainda tinha um puta tesão por ela.

O convite para uma bebida surgiu sem eu pensar. Eu queria apenas ter mais um tempo com aquela Bella. Que ainda se parecia tanto com a antiga, aquela que fora minha única namorada de verdade, mas que hoje eu não sabia quase nada, tirando as fofocas aleatórias da minha mãe. Assim, eu sabia que ela estava morando em Seattle, que era comissária e que visitava sempre seus pais em Forks. Minha mãe nunca falava nada sobre nenhum cara que ela saía.

Eu queria saber tudo sobre esta nova Bella.

E enquanto o noite passava e ela ia ficando visivelmente bêbada eu me dava conta de que sentira falta de simplesmente estar com Bella assim, conversando sobre tudo e nada. Apenas passando um tempo juntos, ouvindo sua voz, seu riso.

E eu estava me sentindo quase melancólico, enquanto entrávamos no elevador, ate que ela caiu em cima de mim.

E mais uma vez eu perdi o controle.

Há quanto tempo que eu não a tinha assim tão perto?

Ainda era o mesmo cheiro, a mesma pele branca e macia, a mesma boca perfeita. Eu me inclinei e a beijei.

E daí que estávamos bêbados e que talvez nos arrependêssemos disto depois? Eu apenas lembrava que ela um dia fora a garota mais incrível do mundo pra mim. E que desde que a vira naquele aeroporto eu queria estar exatamente assim, com a língua enroscada na dela. Que se danasse o resto.

E no dia seguinte, ela me encarara com aquela cara de arrependimento que me deixara mais magoado do que eu estava preparado para admitir.

Mas o que eu esperava?

Não era porque ainda conseguíamos nos encher de tesão, que havia algo ali. Era tempo demais, coisas demais. Ainda me lembrava de seu olhar de arrependimento quando entrara no banheiro, me deixando com uma expressão de sono e confusão. Mas nunca arrependimento. Pra que enganar a mim mesmo? Eu adorara cada segundo em que estivera em cima dela. Ou dentro dela. Ri comigo mesmo. Algumas coisas não mudavam mesmo. E aquela não mudaria nunca. Não importa quanto tempo passasse. Ou quantas mulheres passassem pela minha vida. Bella ainda era Bella.

Quando voltei para meu quarto tinha vários recados de Jasper na minha secretária perguntando onde eu tinha me metido. Emmett provavelmente estava com Rosalie, sua namorada há alguns meses, que estava na cidade para acompanhar o show.

Eu desci para encontrar Jasper no restaurante do hotel e nos sentamos num canto afastado para evitarmos sermos incomodados por fãs histéricas ou paparazzis inconveniente.

Jasper assoviou, se inclinando em minha direção e verificando alguma coisa entre meu pescoço e meu tórax.

–Alguém se deu bem ontem a noite...

–O que?

–Este chupão no seu pescoço – ele riu.

Eu tive que rir também

–Eu conheço? - indagou

–Conhece.

Ele levantou a sobrancelha, esperando a resposta enquanto dava mais um gole em seu café.

–Bella - respondi e Jasper engasgou

–Bella? “A” Bella?

Eu sorri com um certo divertimento com o espanto do Jasper. Embora fosse realmente espantoso.

–Sim.

–Como assim cara?

–Ela está na cidade. Te contei que ela é comissária agora? Nos esbarramos no hotel e fomos beber, e uma coisa levou a outra.

–E você transou com ela – Jasper completou – e aí?

–E aí nada. Fim da história – dei de ombros, começando a devorar meus ovos com bacon.

–Fim da história? Não estão voltando nem nada disto?

–Nem nada disto – falei, me sentindo irritado de repente.

Jasper ficou pensativo me encarando

–O que foi?

–Cara, eu te conheço há quanto tempo?

–Desde quando nós nascemos? – levantei a sobrancelha ironicamente.

–Você entendeu. Eu te conheço cara. Então vai falando.

–Não tem o que falar. Foi... Uma transa como qualquer outra.

Jasper riu

–Ok, já que diz. Então depois da “transa como qualquer outra” o que aconteceu?

–Nada. Ela ficou meio arrependida e eu voltei pro meu quarto. Só isto.

–E o que vai acontecer agora?

–Eu a convidei ontem para ir no show. Parece que ela vai passar o dia com uma amiga. Mas sinceramente eu duvido que ela vá – eu me sentia meio ansioso com isto. Queria que ela fosse. Queria que pudesse dizer a ela que nada tinha mudado, que ainda éramos velhos amigos, apesar da transa louca de ontem. E talvez ela bebesse um pouco hoje também e quem sabe eu conseguisse a levar pra cama de novo e então, eu estaria em Seattle por um tempo, quem sabe a gente não pudesse se encontrar por lá e ver o que acontecia?

Claro que tudo isto era uma fantasia insana da minha mente ainda meio entorpecida pelo álcool e do meu pau ainda saudoso da noite de sexo com Bella.

Eu sabia bem no fundo que nada disto ia acontecer.

Eu tinha tomado minha decisão e selado meu destino naquela tarde na clareira quando terminara o namoro com Bella.

E não era a primeira vez que eu tinha fantasias sobre uma volta... E como sempre, eu sabia que não ia dar em nada.

–Não vão mais se ver? – Jasper insistiu

–Provavelmente não, quem sabe? Impossível não nos esbarrarmos por aí. – respondi me perguntando quanto tempo levaria para isto acontecer.

–Certo. E porque eu tenho a impressão que sua mão esta coçando pra não ligar pra ela e perguntar se não quer mesmo ir no show?

Eu comecei a ficar irritado. Jasper me conhecia bem demais.

–E se estiver? Qual o problema?

–Edward, a Bella é o tipo de garota que consegue te derrubar. Nós dois sabemos disto não é?

–Eu não vou ligar pra ela, ok?

–Sabe o que você precisa? - ele sorriu se inclinando pra mim. - Uma garota.

Eu ri. Ele tinha razão. Eu precisava deixá-la ir. Fisicamente eu já tinha deixado. Agora precisava tirá-la do meu pensamento.

Naquela noite, Bella não apareceu.

Segui o conselho de Jasper e quando voltamos a Seattle o que eu fiz? Sai todas as noites e bebi bastante. O que mais podia fazer? O problema era que quase sempre estava muito bêbado para levar alguém pra casa.

Até que eu a reencontrei. Não a Bella, mas Tanya Denali.

Estava numa festa num clube badalado na cidade. Um destes lugares em que eu não via a menor graça, mas que alguns amigos tinham me arrastado.

–Edward? É você mesmo?

Eu me virei para ver a bonita loira sorrindo pra mim.

–Tanya, quanto tempo! – eu a abracei.

A família de Tanya era amiga da minha desde sempre e nós crescemos nos encontrando durante os anos. Na adolescência, ela ficava com Emmett às vezes, mas já fazia algum tempo que não a víamos. Mas sempre a considerei uma boa amiga.

–Você esta sumido, por onde tem andando? Tenho ouvido muito sua música nas rádios.

–Tenho passado bastante tempo na estrada, se não estou gravando.

–Temos que nos encontrar mais quando estiver na cidade!

–É só marcar.

E ela marcou. Não uma, mas várias vezes. E eu estava num bar bebendo com Jasper quando a vi entrando, como se procurasse alguém. Eu me escondi.

Jasper riu

–O que foi isto?

–Tanya.

Ele olhou em sua direção

–Qual o problema?

–Acho que ela esta afim de mim.

Jasper soltou uma gargalhada

–E continuo perguntando “qual o problema?”

–Ela é minha amiga

–E daí?

–Não dá pra dormir com ela e descartar.

–Então fica com ela

–Não quero me envolver com ninguém, sabe muito bem disto.

–Diz isto há cinco anos.

Eu tomei um longo gole de cerveja.

–E tem o Emmett.

–Ah, porque ela ficou com o Em há tipo, 10 anos atrás?

–Não foram 10 anos

–E daí? Acha que o Em se importa?

–Eu não sei

–Arranja outra desculpa se não quer ficar com ela, porque esta não cola. E arranja rápido porque ela te viu aqui.

Jasper se afastou e Tanya se aproximou sorrindo

–Fiquei me perguntando se estaria por aqui

–Eu vim com o Jasper

–E cadê ele?

–Esta por aí...

–Ele se importaria se eu te roubasse um pouquinho? Estou morrendo de fome e quero ir jantar, mas não queria ir sozinha.

Minha mente buscou rápido uma desculpa, mas eu parei. E por que não Tanya? Eu gostava dela. Era bonita. Era sexy. Mas não era... Eu soltei um palavrão na minha mente, cortando o rumo dos meus pensamentos.

–Ok, vou avisá-lo e podemos ir.

Nós jantamos e eu a levei pra casa. No carro eu a beijei. Mas parei, embora soubesse que podia facilmente entrar com ela.

–Tanya, não quero que a gente confunda as coisas.

Ela respirou fundo

–Tem razão.

–Mas eu gosto de você, queria mesmo que a gente... Tentasse.

Eu podia estar cometendo um terrível engano, mas não seria o primeiro então, porque não arriscar? Ela sorriu e me beijou antes de abrir a porta.

–Eu te ligo.

Nós saímos alguns dias depois e de novo eu a beijei. E de novo eu parei

–Acho melhor irmos devagar.

Ele riu

–Tudo bem. O que acha de darmos uma festa na sua casa na semana que vem?

–Festa?

–Sim, eu queria dar na minha casa, mas minha irmã Kate é uma chata para estas coisas.

Tanya dividia o apartamento com as duas irmãs Kate e Irina.

–Certo, contanto que você arrume tudo.

–Não se preocupe com nada.

Porque eu tinha impressão que no dia desta festa, seria "o" dia? Eu tentava não me sentir como um virgem prestes a ser seduzido, por mais ridículo que fosse.

Ela sorria pra mim de longe enquanto circulava no meio dos seus amigos.

–Então resolveu pegar a Tanya – Jasper se aproximou sorrindo maliciosamente.

–Não to pegando ninguém.

Jasper levantou a sobrancelha

–Ah não? Eu acabei de ver você com a língua na garganta dela lá na sua cozinha...

Eu tive que rir

–Estamos... Indo devagar

–Oh Deus, você é muito idiota.

Eu dei de ombros.

–Eu sei. - olhei minha cerveja vazia e a dele também

–Vou buscar mais cerveja.

E eu estava justamente fazendo algo tão trivial como buscar uma cerveja quando Bella apareceu.

Me senti atordoado e empolgado ao vê-la; Era simplesmente estranho ela aparecer ali do nada depois de como nos despedimos há dois meses em Nova York, ou não nos despedimos por assim dizer.

Ela estava pálida e hesitando e eu não pude deixa-la ir. Queria saber o que ela estava fazendo ali.

Mas certamente eu não esperava que ela dissesse que a nossa noite em Nova York tivera uma consequência.

E agora aqui estou eu. Parado no meio do corredor, enquanto dou uma festa com a garota com quem estou saindo, depois de ouvir Bella Swan fugir depois de dizer que esta esperando um bebê meu.

Caminho por entre as pessoas, desejando que todos desaparecessem dali, para que eu pudesse pensar na bomba que tinha sido jogada na minha cabeça, ainda me sentindo totalmente atordoado.

Chocado.

Apavorado.

Jasper me aborda.

–Ei, cara, o que aconteceu? O que a Bella estava fazendo aqui? Estão de rolo de novo? Eu achei que a Tanya...

–Será que a gente pode sair daqui?

–O que? Sair? Edward, você esta dando uma festa

–Dane-se. Preciso sair daqui.

Talvez minha aflição estivesse estampada na minha cara porque Jasper pega algumas cervejas e me segue.

–Não vai avisar a Tanya?

–Ela sabe se virar.

–Ok...

Nós descemos três andares abaixo onde Jasper mora.

Sim, nos três moramos no mesmo prédio.

–E então? - Jasper pergunta não mais rindo agora, que vê meu atordoamento.

–Bella esta grávida

–E o que você tem a ver com isto?

–O que você acha?

Ele cospe a cerveja no tapete

–Cara... Como assim? Você engravidou a Bella? Puta merda! Cara... fudeu tudo

Eu riu de sua objetividade embora seja um riso sem o menor humor.

–Foi isto que ela veio fazer aqui esta tarde? Te contar a novidade?

–Foi... Eu estou... Parece que um rolo compressor passou em cima de mim.

–Não é pra menos! E o que vai fazer?

–Eu não faço ideia.

–Ela tem certeza? Porque estas coisas podem ser alarme falso, pelo menos umas duas namoradas minhas já me apavoraram a toa

–Não sei, nós nem tivemos tempo pra conversar, a Tanya entrou na cozinha e nos interrompeu.

–A Tanya sabe?

–Ainda não.

–Cara, que confusão.

Eu respiro fundo. Agora que tinha dividido aquilo com alguém me sinto mais calmo

–E o que vai fazer?

–Preciso achar a Bella, falar com ela direito , ver se é certeza...

–E se for?

–Eu não sei.

–Olha, acho melhor a gente voltar pra seu apartamento. A Tanya deve estar se perguntando onde diabo nos metemos.

A menção da Tanya eu me sinto culpado. Porque na verdade ela não tem nada a ver com aquela confusão. Mas se a gravidez de Bella se confirmasse...

–Sim, vamos voltar. Amanhã eu vou falar com a Bella

–É, amanha estará com a cabeça no lugar.

–Talvez.

Nós voltamos pra casa, e Tanya nos fita preocupada

–Onde estavam?

–Fomos dar uma volta – respondo evasivo

–Como assim uma volta? No meio de uma festa?

–Eu vou pegar cerveja – Jasper se afasta deixando as explicações na minha mão. Tanya me fita muito séria

–Tem alguma coisa a ver com a Bella?

–Não – minto. Mas eu não sou bom de mentiras. O que com certeza não passou despercebido a Tanya. Porém ela não fala nada.

Alguém a chama e ela se afasta.

Permanecer naquela festa até todo mundo ir embora é uma tortura.

–Acho que a festa acabou. Eu vou embora – Jasper diz quando o último convidado sai

–Fica – peço

–Acho que a Tanya tem outros planos...

–Não são mais os mesmos que os meus.

–Cara...

Tanya se aproxima

–O Jasper vai ficar aqui hoje - Explico - nós temos que fazer alguns arranjos pra umas musicas...

–Oh – é visível seu desapontamento, mas ela sorri - Ok, eu te ligo amanhã então. E não se preocupe, eu virei ajudar você a limpar tudo.

Ela me beija e sai.

–Tem certeza que não era melhor dar uns pega nela? - Jasper pergunta e eu riu sacudindo a cabeça negativamente.

No dia seguinte, eu consigo o endereço de Bella na lista telefônica.

Estou nervoso quando toco sua campainha, mas quem abre a porta não é ela e sim uma moça de cabelos escuros e curtos que sorri pra mim.

–Edward Cullen!

–Hum... Bella está?

–Bella viajou para Forks, Edward. Ela... esta na casa dos pais dela. A propósito, eu sou Alice!

Eu coço os cabelos, me sentindo frustrado.

–Quando ela volta?

–Eu não sei. Ela não estava muito bem – ela me sonda com um olhar cuidadoso – acho que sabe por quê...

–Sim, eu sei. Justamente por isto estou aqui. Eu preciso falar com ela.

–Então vai ter que esperar ela voltar ou... Ir até Forks.

–Certo, obrigada, Alice.

Eu dou meia volta e entro no carro.

E agora?

Esperar Bella aparecer sabe Deus quando e deixa-la acreditando que eu não estava nem aí para sua revelação?

Não eu não podia fazer aquilo.

Eu tinha que ir atrás dela.

Dou partida no carro e alguns minutos depois eu estou na estrada em direção a pequena cidade de Forks.

Enquanto bato a porta da casa dos Swan, eu me dou conta que há muito tempo eu não piso ali. Anos. Quatro anos pra ser mais exato.

Ainda me lembro de estar um tanto bêbado depois da festa que minha nos obrigara a tocar. Eu, Jasper e Em saímos da festa e fomos beber perto em La Push. Fizemos uma fogueira com alguns amigos da época da escola e por um tempo apenas tocamos e bebemos, como nos velhos tempos.

E eu só pensava que queria que Bella estivesse ali.

Que há algum tempo atrás, ela estaria sentada tão perto que eu poderia ficar olhando ela enquanto tocava. E depois ela se ajeitaria entre minhas pernas e eu passaria meus braços a sua volta e embrenharia meu nariz em seus cabelos, sentindo seu cheiro único de frézias.

Eu a queria de volta.

Porra, fazia mais de um ano que eu tinha ido embora. Já tivera outras garotas. Estava começando a lotar alguns shows com minha música e uma gravadora estava interessada em nosso trabalho, mas eu só sentia que estava faltando algo.

Eu queria que Bella estivesse comigo. Que pudesse observá-la em algum lugar da plateia enquanto eu cantava as musicas que eu fizera pra ela.

Então uma ideia louca me tomou e eu peguei meu carro e já amanhecia quando eu parei em frente a sua casa. Charlie Swan abriu a porta com cara de poucos amigos e do jeito que eu estava um tanto bêbado e sem dormir, eu dissera que eu ia levar Bella embora comigo.

–Você esta usando drogas? – foi a resposta de Charlie e eu rira.

–Não, senhor. Quer dizer, as vezes eu dou uns pega, mas eu só tomei algumas cervejas hoje, eu...

–Edward, dá o fora da minha casa.

–Ei, não precisa ser rude! Sei que nunca gostou de mim, que não me acha bom o suficiente para Bella, mas eu a amo. De verdade. Acho que sempre vou amar. Eu sinto falta dela...

–Pois ela não sente falta de você.

–Eu sei, eu sei... Eu não deveria tê-la deixado. Eu deveria tê-la roubado. Isto, a gente podia ter fugido...

–Eu iria mata-lo se fizesse isto. Mas antes iria cortar as suas bolas e dar para os cachorros comerem. E talvez dar dois tiros no seus joelhos...

–Me desculpe, eu só... Eu só a quero de volta. Eu estou fazendo sucesso, estou ganhando dinheiro...

–Acho que dinheiro nunca foi problema na sua família.

–É dinheiro do meu pai. Estou falando de dinheiro ,meu. Eu vou cuidar da Bella, eu prometo...

Charlie respirara fundo e me encarara gravemente.

–Olha filho, sabe que tudo isto é besteira. Você e minha filha nunca tiveram nada a ver. Eu sempre soube que não ia dar em nada. Eu deixei que namorassem, embora fosse contra, porque a Bella estava apaixonada, e eu sei como é ser adolescente. Mas é só isto. Uma paixão de adolescente. Bella sofreu quando foi embora, mas superou. Não vou deixar que volte aqui e a leve embora. Isto é absurdo. E tem razão. Eu não acho que e bom pra mim filha. Ela te superou e assim que tem que ficar.

Eu fui embora e minha mãe me encontrara dormindo no jardim de casa horas depois.

Sóbrio, eu dei razão às palavras de Charlie Swan.

Eu fizera a coisa certa deixando Bella seguir sua vida.

E segui com a minha.

Mas agora nós nos encontramos de novo. E seria impossível seguir em frente porque se eu a deixasse ir, ela não estaria sozinha.

Então eu espero ansioso em frente a sua casa, quando a porta se abre e eu me vejo cara a cara com Charlie Swan

–Ei, Charlie, a Bella está?

–Seu... filho de uma puta! - De repente eu me vejo erguido pelo colarinho e sacudido, por um furioso Charlie - você pensa que pode voltar e engravidar minha filha? Eu vou te matar!

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Gravity" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.