Bella

Eu acordo atordoada ouvindo alguém bater a porta.

–Bella, to entrando – ouço a voz de Alice antes que ela abra a porta e entre no meu canto de visão.

Tiro o cabelo do olho, ouvindo seus passos entrando no quarto, mas ela para de repente, olhando surpresa para algo além de mim.

–Por que esta gritando? - reclamo, sentindo minha cabeça martelando.

–Oh, Desculpa... Não sabia que tinha companhia.

Eu paraliso. Algo se mexe do meu lado. Algo roça em mim.

E então o algo esta emergindo debaixo da coberta e me fitando com os olhos pesados de sono e o cabelo desgrenhado.

Oh. Oh.

As lembranças da noite anterior envolvem minha mente...

O elevador parou. Mas ele não me soltou e eu também não fiz nenhum movimento para me afastar.

–seu andar – Edward sussurrou sobre meus lábios.

–meu andar... - repeti ofegante, capturando sua língua para dentro da minha boca de novo. Nossos quadris se buscando, as mãos dele estavam milagrosamente dentro das várias camadas das minhas roupas, tateando até encontrar meu seio e eu dei graças por não estar usando sutiã quando senti os dedos apertando meus mamilos. E me apertei mais contra ele, escorregando as mãos até seu jeans e o trazendo para mais perto, me excitando ainda mais ao sentir a ereção contra mim.

E de repente estávamos fora do elevador, nos beijando pelo corredor, enquanto seguíamos para meu quarto. Pelo menos eu acho que seguíamos para lá quando ele perguntou no meu ouvido.

–É por aqui?

–ahan – eu meneei a cabeça afirmativamente, tentando ver o caminho, ao mesmo tempo em que tentava respirar e lembrar o numero do meu quarto, o que era uma tarefa bem difícil, com Edward mordiscando meu pescoço. Mas eu consegui parar em frente à porta certa, retirar minhas mãos de cima dele e procurar o cartão do quarto no meu bolso.

Minhas mãos tremiam tanto que não conseguia abrir a porta e Edward tomou o cartão de mim com um palavrão e inseriu, me puxando para dentro e mergulhando a língua entre meus lábios novamente. E eu o recebi com um suspiro, colando o corpo ao dele, enquanto ele me guiava até pelo quarto, as mãos já se encarregando de me livrar das roupas.

Paramos em frente a cama, meus dedos ocupados em abrir sua jaqueta. Mas que merda de roupas que não acabavam mais? Ainda mais com ele parando a todo momento para me beijar, para tocar a pele que ia sendo exposta, enviando uma onda de arrepios de antecipação para todas minhas terminações nervosas.

Finalmente as roupas acabaram e o empurrei na cama, o montando, impaciente. Enfiei os dedos nos seus cabelos, beijando seu queixo de barba por fazer, deslizando os lábios por seu pescoço, seu ombro, até que com um gemido rouco, ele me virou bruscamente se se encaixou no meio das minhas pernas e sem mais demora me penetrou fundo.

Eu gritei.

–Eu te machuquei? - Edward indagou ofegante

–Não, faz de novo – murmurei ser ar.

E ele me beijou, enquanto saía de mim devagar e entrava de novo, e eu perdi totalmente o fôlego, sentindo-o repetir o movimento, os dedos se entrelaçaram nos meus sobre o lençol.

Eu fechei os olhos, perdida num prazer sufocante. Todos os meus sentidos concentrados no ponto onde nossos corpos se encontravam e se encaixavam a perfeição. E movi o quadril de encontro ao dele, obrigando-o a aumentar o ritmo, e foi à vez dele de gemer em meu ouvido, movendo-se mais rápido, até a estocada final, doce, intensa, atordoante.

E eu me desmanchei de prazer ao senti-lo gozar dentro de mim.

Sim, não resta dúvida.

Sinto um gosto amargo na boca que tanto pode ser de ressaca como de arrependimento. Eu tinha transado com Edward.

Oh Deus.

–Eu acho melhor dar uma saidinha... – Alice diz com uma risadinha maliciosa e sai quarto.

E de repente eu me sinto muito constrangida de encarar Edward.

Meu ex namorado. Aquele que eu achava que estava muito superado e esquecido.

Aquele com quem eu tinha transado ontem a noite.

Limpo a garganta ao me sentar na cama novamente.

–acho que isto foi um...Erro – murmuro e para minha consternação Edward ri

–Não faça esta cara de desastre, Bella. Estávamos bêbados. Acho que já fiz coisa pior...

Ok. “coisa pior”?

–Tem razão. Acho melhor ir embora – eu me enrolo no cobertor e me levanto marchando para o banheiro com toda a dignidade que consigo juntar dada a situação.

Entro no banheiro fechando a porta atrás de mim. Aquilo não pode estar acontecendo. Mas esta.

É tão real quanto as marcas vermelhas na minha pele sensível, causada com o atrito de uma barba por fazer.

Mas que diabos eu estava pensando em transar com Edward? Claro, a resposta era: eu não estava pensando. Estava completamente bêbada. E ele também.

Abro o chuveiro e fico bastante tempo lá embaixo. E quando saio, Edward desapareceu.

Sinto-me aliviada. Sinto-me desapontada.

Sinto-me uma bagunça.

Alice entra no quarto enquanto eu começo a me vestir, ainda atordoada.

–Mas que coisa hein? - ela se senta na cama, me observando.

–Cala a boca!

–Quando eu contar pra sua mamãe – ela pega o celular, mas e eu arranco o aparelho de sua mão.

–nem pense nisto

–Ah Bella!

–Estou falando sério. Você vai ter que me prometer que não vai contar nada pra ninguém do que viu aqui.

–Mas...

–Jura.

–Ok, ok. Eu não conto.

Eu jogo o telefone nela

–Espero mesmo. – volto a me vestir

–E o que foi isto? Da onde ele surgiu?

–A banda tem um show hoje à noite e ele esta hospedado aqui neste hotel! Nova York tem milhares de hotel e eu e Edward estamos no mesmo!

–Ah, isto é o destino – Alice cantarola.

–Isto é bizarro!

–E como foi que acabaram na mesma cama? Não tinha camas suficiente no hotel? – ela brinca

–Nos encontramos no saguão e decidimos que seria uma boa ideia tomar uma bebida e conversar. Acho que a bebida foi demais... E voilá!

–Wow! Isto parece divertido! Tem que me contar tudo! Foi como nos velhos tempos? Foi bom? Você gozou quantas vezes?

–Alice, fala sério! – eu coro ridiculamente.

Não é como se eu e Alice nunca tivéssemos trocado confidências sexuais antes. Mas isto é diferente. Edward é muito diferente.

–Ah, você transou com o vocalista do Cullens Brothers, fala sério você! Quero saber todos os detalhes, todos os gemidos!

–Sim, eu transei com ele na noite passada. Mas não é grande coisa porque eu passei dois anos da minha vida transando com ele!

–Ah, que inveja... Eu preciso dizer: ele ainda é mais lindo pessoalmente e todo acordando, com aquele cabelo glorioso, meu deus, como foi que você o deixou escapar? Eu não entendo.

–Ele me deu o fora, esqueceu? – resmungo ironicamente.

–Ah é! Mas você tinha que ter feito algo!

–fazer o que? Como é que eu ia obriga-lo a ficar comigo?

–Ah não sei, podia ter engravidado, por exemplo.

–Você é louca! – eu ri, pegando a escova e desembaraçando o cabelo

–Só estou sendo criativa!

–Acho que nem isto teria prendido Edward a mim – falo amargamente, lembrando de como Edward me deixou para seguir o sonho de fazer sua banda acontecer.

–Mas e aí? Vocês vão voltar?

–Claro que não! Nós estávamos... Bêbados. Foi apenas isto. E chega deste assunto.

De repente Alice arregala os olhos.

–Wow, não me diga que Jasper também esta hospedado neste hotel?

–Não sei, eu só vi Edward.

–Ai Bella, será que ele esta aqui? Acho que vou desmaiar...

–Não seja idiota! - pego minha bolsa – vamos? Estou com fome e quero tomar café em algum lugar incrível.

Enquanto nós passamos pelo saguão do hotel eu me pergunto onde estaria Edward.

Será que devíamos conversar sobre o que tinha acontecido?

Mas eu ia falar o que? Não tinha nada pra falar.

Bebemos demais. Transamos. Não era nada.

Ele seguiria a vida dele e eu a minha.

O que estava feito. Estava feito. Como ele mesmo havia dito. Havia coisas piores na vida.

***

Sim. Havia coisas piores na vida. Bem, mas bem piores.

Eu estaciono meu carro em frente ao endereço que Alice conseguiu pra mim e respiro fundo, olhando para o prédio.

Meu estômago dá um nó.

Tomando coragem, eu saio do carro e enquanto caminho até a portaria, me pergunto se realmente estou fazendo a coisa certa. Mas que outra saída eu tenho?

Um porteiro sorri pra mim

–Oi, eu preciso ir até o apartamento de Edward Cullen - digo hesitante e o porteiro apenas aponta para o elevador.

–Pode subir, senhorita. Décimo quinto andar.

Hum, ele não ia chamar pelo interfone ou algo assim?

Mas ignorando este comportamento liberal do prédio, eu entro no elevador e como os cantos da minhas unhas de nervoso.

Ao sair pelo corredor, eu escuto uma música alta. A porta esta aberta. Há apenas este apartamento no andar.

Eu vejo o mar de gente lá dentro.

Droga. Estava rolando uma festa. Eu dou meia volta para sair dali. Definitivamente não é a hora certa. Mas topo exatamente com quem viera falar.

E de quem agora estou fugindo.

–Bella? O que faz aqui? - Edward me fita surpreso, segurando duas cervejas.

–Oi – eu tento sorrir, mas apenas engasgo – esta dando uma festa! - comento a primeira coisa que me vem a mente

–Sim... Mas... Você veio para a festa?

–Não! Claro que não... Eu apenas... Deixa pra lá. Eu vou embora – eu me viro.

–Ei, Bella – ele segura meu braço com a mão livre – o que veio fazer aqui?

–Eu queria conversar com você, mas vim numa hora péssima. Melhor eu ir.

–Não. Fica. - Ele coloca as garrafas numa mesa e me guia por entre os rostos curiosos até uma cozinha.

–Edward, realmente, não é o momento...

–Não, você veio até aqui, não vai embora por causa de uma droga de festa.

–acho que a festa é sua, já que é a sua casa.

–Mais ou menos... E então, quer beber alguma coisa?

–É... Eu... Sim, pode ser...

–Uma cerveja?

–Você tem água?

–Ok, água.

Ele me dá um copo e abre uma cerveja para ele

–Bella, o que faz aqui? - ele indaga e eu respiro fundo.

–Eu... - Mordo os lábios, sem conseguir prosseguir.

–você...?

–Eu estou...

–Você está...?

–Grávida.

Sim. Eu estou grávida. E há 24 horas que eu tento lidar com aquela novidade.

E pode acreditar, eu ainda estou meio em choque. De maneira alguma eu podia imaginar que a minha “recaída” com Edward fosse resultar... enfim, nisto.

Há alguns dias eu vinha me sentindo mal do estômago e minha mãe chegou a pedir que eu fosse no médico.

–Deve estar com gastrite. Não come direito... - Eu resmunguei pra ela largar do meu pé e ignorei. Então, na tarde do dia anterior eu estava na minha casa em Seattle vendo um filme quando de repente tive que correr para o banheiro e quando voltei Alice estava me fitando com o rosto preocupado.

–Credo, você esta bem?

–Agora estou - murmurei me sentando ao lado dela de novo – estou de saco cheio de vomitar. Acho que é a terceira vez nesta semana, que saco!

Alice riu, enquanto pegava o controle remoto.

–Vai ver esta grávida – ele riu ainda mais da piada. Mas eu não ri. Porque de repente minha mente começou a fazer contas. E meu coração falhou uma batida ao me dar conta que eu estava atrasada. Muito atrasada.

Oh.

–O que foi? Tá branca igual papel... Vai vomitar de novo?

–Eu posso mesmo estar grávida – murmurei, tentando achar uma outra saída para os enjoos e o motivo que não menstruar a dois meses.

Mas só o que eu pensava era naquela noite com Edward, exatamente a dois meses, e o fato que não tínhamos usado nenhum tipo de proteção.

Como podia eu ter sido tão burra?

–Esta falando sério? E pode estar grávida de quem se não sai com ninguém há tempos?

–Edward Cullen, esqueceu?

Ela arregalou os olhos

–Ai meu deus!

–Acho que vou vomitar de novo – comecei a respirar fundo e a me abanar.

–Será que está mesmo grávida?

–Não fala isto.

–Mas...

–Oh inferno, o que eu vou fazer? - choraminguei

–Tem que fazer aqueles testes...

–Sim... Acho que eu devo fazer um e acabar logo com esta dúvida.

Ela se levantou e me puxou

–Vamos comprar um agora mesmo!

E então uma hora depois eu tive a confirmação

–E aí? - Alice perguntou entrando no banheiro

–Positivo.

Ela sentou ao meu lado

–E agora?

–Eu não sei...

–Vai contar ao Edward?

–Contar ao Edward?

–Claro. Ele tem que saber e ajudar a você a … Fazer o que quer que resolvam fazer, não vai lidar com isto sozinha. Fora que, sei-lá... É direito dele.

Sim, Alice tinha razão.

E então, aqui estou eu. O fitando, sentindo meu estômago revirando enquanto a musica toca num som ensurdecedor a nossa volta.

–Acho que não ouvi direito – ele murmura por fim

–Eu estou grávida – grito por cima da musica alta.

Ele me encara por alguns instantes atordoado

–você esta gravida? - repete

–Sim.

–E esta me dizendo isto...

–Acho que não estaria aqui te contando se não fosse... bem... teu – falei rápido

–Jesus – Ele passa a mão pelo cabelo, chocado.

Eu teria pena de sua consternação se não tivesse mais preocupada com a minha. O nó no meu estomago se intensifica.

–Olha, eu não deveria estar aqui despejando isto em você... Até eu ainda estou chocada! Acho melhor eu ir e... Depois conversamos e …

De repente uma moça loira entra na cozinha

–Edward estava te procurando, onde diabos se meteu... - Então ela olha pra mim e eu a reconheço. E ela lembra de mim também.

– Bella? - ela exclama surpresa. - Nossa, não sabia que estava aqui. Edward, não me falou que convidou a Bella...

–Eu não fui convidada – corrijo – quer dizer, eu não vim pra festa eu...

Oh - ela fita Edward que ainda permanece estático - Edward, você esta bem?

Edward pisca, passando a mão pelos cabelos, tenso.

–Sim, eu... Bella, se lembra da Tanya?

–Claro que sim, Tanya Denali não é?

–Sim, que bom rever você... Não sabia que você e Edward ainda eram amigos...

–Não somos. Quer dizer... Também não sabia que vocês ainda eram amigos - tento fazer uma piadinha. Eu nunca fui muito com a cara da amiga linda e exótica dos Cullens. Ela passava alguns feriados com sua família na casa dos Cullens em Forks e segundo Edward me contava, ela e Emmett se pegavam às vezes naquela época.

–Na verdade eu e Edward estamos... Saindo.

Aquilo sim é uma tremenda novidade. Eu sinto como se meu estômago inteiro fosse soltar pela minha boca a qualquer momento. Nós ficamos num silêncio constrangedor até que eu coloco o copo na mesa.

–Acho melhor eu ir embora.

–Bella... - Edward começa a falar

–Fica para a festa – Tanya pede

–Não – falo rápido – não posso. Preciso mesmo ir.

Eu saio quase correndo. As pessoas na festa me fitam meio curiosas , mas eu ignoro. Que diabos eu estava pensando em falar com ele ali, com toda aquela gente? E ele ficou em choque. Claro que ele ficaria em choque. Eu ainda estava em choque!

E ainda havia a tal da Tanya. Eles estavam saindo. Saindo!

–Ei, Bella – eu paro ao ouvir a voz de Edward quando estou entrando no elevador – não pode ir assim...

–Edward, você tem que convir, este não é o melhor momento para conversarmos.

–Você não pode vir aqui e me contar que... contar-me isto e ainda querer que eu finja que nada aconteceu!

–Vai ter que ser assim, ou faça como quiser. Eu preciso ir embora. Apenas queria que você soubesse que, bem... O pior aconteceu!

E entro no elevador antes que ele me impeça.

Ele que lidasse com o “pior” do jeito que bem entendesse. Porque eu não faço a menor ideia de como lidar com aquilo agora.

Continua...