Sabe quando temos um amigo, que conversamos todos os dias, compartilhamos muitas coisas, rimos juntos de bobagens e até dizemos “eu te amo” que parecem de brincadeira. E quando essa brincadeira se torna desejo? ? Uma conversa amiga, um abraço… Duas almas singulares descobrindo da amizade seus pares, formando assim um eterno laço. E de um abraço, um carinho, um elogio singelo e amoroso. Um apelido fofo e manhoso, e depois risadas e beijinho…

Os dois começam a ficar de brincadeira, assim meio escondidinho sem ninguém saber, ou a gente pensa que ninguém sabe. Então vêm as promessas: sem sentimento, tá? Claro que é ótimo... Você não tem que dar explicação pra ninguém, ter relações com teu amigo colorido e mesmo assim ir atrás do amor.

Só que aí vemos o erro quando o amor está do nosso lado, é assim que eu penso com o que me acontece. Se não existisse sentimento, nada disso teria começado então eu me encontro apaixonada por essa pessoa que eu vivia brincando de dizer “eu te amo” que era muito mais verdadeiro do que eu imaginava. Uma amizade colorida é sim boa, é prazerosa, mas pode ter certeza que você vai se apaixonar, ou pelo menos ver que isso mexe muito contigo.

_ Poderia arranjar alguma coisa pra fazer pela tarde, não acha? – a voz da minha mãe me despertou dos devaneios, encarei-a na porta de meu quarto e revirei os olhos me jogando sobre a cama.

_ Tipo, servir como sua empregada?! – ironizei e vi ela ri debochada.

_ A proposito... Sua irmã disse que ficou triste em saber que não se deu bem com o noivo dela. – eu odiava quando minha mãe invadia meu espaço, meu quarto e remexia em minhas coisas, como ela estava fazendo nesse exato momento. Apoiei meu corpo sobre meus cotovelos e a encarei, interrogativa.

_ Não sou obrigada a gostar do mundo inteiro! – respondi me levantando e indo até a mesma, tirando meu porta-joias de sua mão e suspirando irritada.

_ Pensei que queria ver sua irmã feliz. – ela disse indo até a porta e me encarando de sobrancelhas arqueadas.

_ Ela não precisa que eu goste dele para ser feliz. – respondi sem encara-la. Ouvi seus passos indo embora pelo corredor e me aproximei da porta a trancando.

Joguei-me na cama com as mãos no rosto e foquei em pensar como reagiria perto do Jamie ou pior perto da Isa. Suspirei irritada e decepcionada comigo mesma. Quando separamos nossas bocas, eu pude sentir o amargo do pecado, seus olhos pareciam arrependidos e não o culpava. Não falamos mais nada, ele simplesmente foi embora e eu vim para o quarto me lamentar do que já fiz.

***

(06h30min)

Eu queria matar quem criou o despertador e queria matar também quem pôs ele em meu quarto. Levantei cantando felicíssima (ironia) e louca para sorrir para o mundo (deboche). Fui para o banheiro respirando fundo e resistindo á voltar para meus lençóis quentinhos e deliciosos. Tomei um banho gelado para despertar e inspirei o doce cheiro do café de Paris. Era a única coisa que eu amava que minha mãe fazia (café).

_ Será que tem tempo para mim? – encarei Carrie na minha porta enquanto procurava desesperadamente por uma roupa apresentável.

_ Depende. – respondi voltando a encarar o meu armário.

_ Nunca foi tão difícil conversar contigo. – ela disse se sentando em minha cama e encarando a bagunça que eu fazia.

_ Talvez por que os assuntos costumassem ser mais interessantes. – rebati achando uma roupa e a levando junto comigo para o banheiro. Vesti a mesma e voltei para o quarto.

_ Eu sei que você e o Max se conheceram de modo completamente ridículo, mas acredite, ele não é esse idiota que você acha. – ela disse depois de um longo suspiro. Encarava-me no espelho arrumando meus cabelos e fazendo uma maquiagem legal de certo modo.

_ Andou muito somente pra dizer isso? – perguntei a encarando sem expressão. Eu não queria falar sobre o noivinho perfeitinho e riquinho dela.

_ Sim. Por que eu quero você no meu jantar de noivado no sábado e não quero que fique um clima ruim. – respondeu se aproximando de mim e ajeitando minha blusa na parte de trás.

_ Ah. Você simplesmente não quer que eu estrague seu noivado. Entendi! – respondi me afastando e pegando minhas coisas sobre a cama.

_ Não é isso... – ela disse calma.

_ Deixa eu te dizer uma coisa, já tenho bastante problema na minha vida para me preocupar com estragar seu noivado ou discutir com seu noivinho de merda. Minha vida não é um conto de fadas como o seu, Carrie. Então fique tranquila, seu noivado não será uma catástrofe! – falei desengasgando algumas coisas. Ela sempre teve tudo no perfeito estado, para mim as coisas só vêm ou acontecem de mal a pior.

Sai do quarto batendo a porta e a deixando, sozinha. Encarei meus pais conversando sobre algo em sussurro e tossi disfarçadamente. O assunto acabou e minha mãe foi para cozinha:

_ Vamos? – perguntou meu pai ajeitando seu terno e assenti.

***

Eu decidi não perguntar sobre oque eles conversavam. Resumindo o caminho foi um silencio total.

Cheguei muito cedo à universidade, só havia algumas pessoas estudando seus terríveis assuntos. Sentei-me sozinha num banco do campus e escondi o rosto nas mãos. Como eu iria encarar Jamie e Isa?! Como seria vê-los juntos e felizes depois de tudo?!

_ Ei... – uma mão tocou meu ombro. Levantei e encarei o rosto dele. Meu coração disparou no mesmo minuto. Travei.

_ Oi... – respondi desviando o olhar para longe dele. Ele retirou a mão de meu ombro e suspirou.

_ Aconteceu algo? – perguntou baixo.

_ Além de trair uma amiga e me deixar levar pelo desejo... Não! – respondi o encarando totalmente decepcionada. Ele suspirou novamente e depois mordeu os lábios.

_ Só pelo desejo? – perguntou encarando o chão.

Suspirei:

_ Jamie... A questão aqui não é o porquê ou pelo oque, a questão é o que fizemos e com quem. Poxa, você é meu melhor amigo e namora minha amiga. Eu estou me sentindo péssima. Você não? – perguntei preocupada e com algumas lagrimas ameaçando escorrer.

_ Somente pelo fato de ter traído a Isa. Mais não por te beijar. – ele disse num tom como se fosse uma brincadeira e me encarou enquanto mordia seus lábios rosados e deliciosos. Foco, Maggie, foco.

_ Será que conseguimos esquecer isso, continuarmos amigos e seu namoro continuar de pé?! – perguntei desviando meu olhar. Olhar para ele me dava vontade de beija-lo novamente.

_ É o que você quer? – perguntou.

_ É o melhor a fazer. – respondi.

_ Ok. – ele disse depois de segundos em silencio. Suspirei aliviada, mesmo sabendo que aquilo me castigaria para sempre.

Observei Frida e Austin chegarem juntos e se juntar á nós. Logo depois a Isa que se aproximou do namorado e tentou beija-lo, mas ele simplesmente desviou a beijando na testa:

_ Eu perdi algum capitulo? – perguntou Isa nos encarando enquanto observávamos o garoto sumir no corredor.

_ Não sei se você perdeu, mas eu garanto que eu sim... – Frida respondeu confusa e molhei os lábios sem saber oque fazer de melhor.

_ Será que os homens também passam a ter TPM? – perguntou Austin tentando quebrar o clima tenso e conseguiu. Rimos um pouco, mais logo Isa voltou a se interrogar mentalmente.

***

Cada um começou ir para suas respectivas salas e eu me perguntava onde estava o Jamie. Andei pelos corredores procurando pelo mesmo e não o via em canto algum. Adentrei minha sala e observei na mesma mesa e na mesma carteira, ele estava sentado observando algo pela janela. A sala ainda estava vazia, só havia eu e ele, ele e eu.

Caminhei em direção ao mesmo e joguei a bolsa sobre a mesa, me sentando:

_ Por que tratou a Isa daquele modo? – perguntei encarando-o.

_ Foi a melhor maneira que encontrei... – respondeu ainda encarando a janela.

_ Ah sim. Negando um beijo de sua namorada! – disse irônica e seus olhos finalmente encontraram os meus.

_ Deixa que eu cuide do modo como trato minha namorada e você só se preocupa em sorrir e fingir que nada aconteceu. – disse ríspido e minha cara se formou em uma tremenda expressão de “meu deus”.

Assenti sem animo e me afastei um pouco dele. Seus olhos continuaram a me secar e foquei em mirar o professor e os alunos que entravam na sala.

***

As aulas finalmente acabaram por hoje. Os alunos começaram a sair, organizei minhas coisas e me levantei para ir embora:

_ Mag... – era como Jamie me chamava carinhosamente. O encarei nem um pouco a fim de papo.

_ Hum... – sussurrei.

_ Desculpa pela grosseria. – ele disse cabisbaixo e assenti sorrindo falso.

Ele se levantou e se aproximou de mim. Passou seu braço sobre meu pescoço e me puxou para andarmos abraçados:

_ Já está melhor do humor? – perguntou Isa atrás de nós. Sai do abraço do garoto e me virei encarando meus amigos.

_ Nunca estive melhor. – disse o garoto sorrindo para ela.

_ Então podemos ir? – perguntou a mesma enquanto me encarava nem um pouco amigável.

_ Claro. – respondeu o garoto beijando minha testa como um “tchau” e depois falando com os outros.

_ Beijos. – Isa disse para todos e saiu andando com o Jamie.

Suspirei aliviada e agradeci aos deuses por nada ter dado mais errado do que já havia dado.

***

(Sábado: 21h50min)

A semana passou voando. Jamie continuava estranho com a Isa e ela continuava não me suportando muito, Frida insistiu em me ajudar hoje para me arrumar para o jantar de noivado e eu a convidei para participar do jantar e dormir aqui na casa de meu pai. Como todo final de semana eu vinha pra casa dele e às vezes meus amigos vinham juntos, eles já eram íntimos de toda minha família. Austin continuava o louco e engraçado e eu pensava nisso tudo enquanto Frida reclamava das minhas poucas opções de vestido no armário.

_ Eu odeio vestido. – resmunguei.

_ Onde já se viu um jantar de noivado a convidada aparecer de calça surrada e uma blusa bem largada?! – rebateu olhando cada vestido que por milagre eu tinha.

Suspirei cansada de tanta imbecilidade e coloquei os fones de ouvido para não a ouvir reclamar mais.

***

Fui praticamente obrigada a me arrumar de tal modo. Vesti o vestido sugerido por Frida, ela arrumou meus cabelos em um penteado lindo e fez minha maquiagem. Calcei meus saltos e observei a garota se vestir em um vestido lindo, exagerar na maquiagem e caprichar no cabelo.

Suspirei antes de descer as enormes escadas da mansão do meu pai.

Encarei meu pai e o babaca do Max enquanto descia as escadas. O pior é que ele estava realmente muito lindo e seus olhos me encaravam de modo diferente...