O Chefe Da Minha Mãe escrita por Giolopes


Capítulo 17
Mentiras!




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__ Então agora nos cumprimentamos desse jeito? – perguntei sem expressar muito a minha decepção, eu já estava acostumada a ser sempre condenada.

__ Não gosta de carregar o sobrenome de seu pai? – devolveu a pergunta de um modo irônico.

__ Pelo ao contrario, é o único sobrenome que gosto de carregar! – respondi com um nó terrível na garganta, eu já não tinha minha mãe e agora parece que terei que me conformar em ser órfã.

__ Nossas escolhas nos trazem consequências, Maggie. – ela disse ajeitando sua bolsa no ombro.

__ Corajosos são oque enfrentam as consequências ao invés de se esconder! – rebati confrontando-a.

__ Exatamente. Por isso perdemos as pessoas. – respondeu sorrindo sarcástica.

__ O que veio fazer aqui? – perguntei.

__ Avisar a diretora que qualquer despesa que for levantada sobre você, já não é mais de minha conta e nem interesse. – respondeu levando as mãos até meu rosto e acariciando minha bochecha.

__ Você nunca teve despesa alguma comigo em relação à faculdade. Sempre foi o papai que me ajudou e arcou com tudo. – rebati tirando sua mão de meu rosto.

__ Sério?! Havia me esquecido disso. Bem... Melhor ainda, não é?! – ironizou.

__ Vai embora! – pedi quase em sussurro.

__ Eu lamento por você, Maggie! – ela disse passando por mim.

__ Não lamente. Estou com quem realmente me ama! – respondi.

__ Até o bebê nascer e você ser esquecida e jogada para escanteio! – disse por fim e sumiu no corredor, levando consigo toda minha felicidade e minha esperança.

Perdi as palavras, naufraguei as esperanças, estilhacei minha alma, gritei aos quatro cantos um eco surdo. Ecoei solidão, vesti-me exaustão, o chão se abriu perante os meus pés. Eu sou cheia de cicatrizes, mais ninguém vê, pois são cicatrizes invisíveis, que foram feitas interiormente. Elas são demonstradas por lagrimas, olhares distantes e sorrisos falsos. E tudo isso dói, os sorrisos por não serem verdadeiros, que acabaram se tornando uma mascara para esconder tudo. As lagrimas que queimam o meu rosto quando caem acompanhadas de soluços baixinhos em baixo do chuveiro para ninguém ouvir. Os olhares que sempre estão longe; é como se meu corpo estivesse ali, mas meus pensamentos não. É difícil ter que suportar todas essas cicatrizes que doem, doem demais todos os dias. E é pior ainda, pois você não sabe como fechá-las, em vez de sumirem, surgem ainda mais conforme os dias passam, e elas doem ainda mais que as outras. É horrível você querer gritar e não poder, pois os outros não entenderiam a sua dor, não entenderiam o que você sente.

__ Mag? – uma voz masculina soou despertando-me dos devaneios, fitei o loiro ao meu lado e sem segurar mais, agarrei seu pescoço desabando nas lagrimas.

***

__ Está melhor? – perguntou Frida pela segunda vez, estávamos no refeitório, Jamie e Austin haviam ido pegar um café para mim.

__ Estou sim! Não se preocupe. – respondi e funguei.

__ Foi o Max? – perguntou preocupada.

__ Não. Minha mãe... – respondi e contei toda minha conversa com ela no corredor.

__ Meu Deus! Mag vem aqui! – ela disse me puxando para um abraço.

__ Ela voltou a chorar? – perguntou Austin, fitei-o sorrindo e neguei.

__ Toma... Bebi pequena! – disse Jamie entregando-me a embalagem com café.

__ Obrigada! – pedi enquanto pegava a mesma.

***

Finalmente acabaram as aulas, era o momento que eu mais queria desde essa manhã, ir para casa e deitar na cama para não sair mais, Jamie me ofereça uma carona e Frida também aproveitou dela, Austin morava á duas quadras da universidade então preferia ir á pé – Jamie não sabe pilotar, sou novo e gostoso para morrer – eram as palavras dele. Jamie me deixou em casa e logo seguiu para casa da Frida – estranho – era mais caminho ele ter deixado ela em casa e depois ter vindo para o centro me deixar – muito estranho – sorri com os pensamentos maliciosos e adentrei o prédio atrás de mim, senti meu celular vibrar em meu bolso e antes de entrar no elevador, peguei o mesmo e observei a tela.

“Já em casa?” – Max.
“No elevador, por quê?” – Maggie.
“Pode vim ao meu escritório?” – Max.
Jura?! Max, minha mãe e Carrie trabalham ai e sinceramente
não estou a fim de ver nenhuma das duas tão cedo!” – Maggie.
“Eu sei. Mas, é uma coisa de seu interesse!” – Max.
OK.” – Maggie.

Que droga! Ter que encarar minha mãe depois de tudo que aconteceu hoje mais cedo!

Voltei para o lado de fora do prédio e caminhei em passos lentos e descontentados até o prédio ali próximo, a empresa para ser mais exata, atravessei as portas giratórias e segui para o elevador, eu não precisava ser anunciada dessa vez, apertei o botão do decimo andar e esperei as portas se abrirem revelando o espaço, quando elas se abriram eu temi sair do elevador, eu pisei firme na sala que como sempre estava movimentada, papéis passando de mão em mão e pessoas correndo para lá e para cá, caminhei até a porta escura e dupla localizada, no lado esquerdo e bati duas vezes até ouvir um – entre – e foi oque eu fiz.

__ Oi... – sussurrei anunciando minha chegada, ele estava de costas observando alguns papeis em suas mãos, seus olhos voltaram para mim e os papeis foram jogados sobre a mesa.

__ Oi. – respondeu se aproximando e depositando um selinho em meus lábios.

__ O que houve? – perguntei.

__ Seu rosto está inchado, andou chorando? – devolveu uma pergunta enquanto alisava meu rosto de forma carinhosa.

__ Não foi nada! – respondi sorrindo falso.

__ Chegaram os papéis da emancipação! – anunciou se afastando e voltando para mesa, pegando os papéis que antes estavam em sua mão e voltando para perto de mim.

__ Ela já passou pelo Cartório de Registro Civil e só falta seus pais assinarem. – concluiu.

__ Acha mesmo que minha mãe e meu pai farão isso?! – perguntei debochada.

__ Se não fizerem resolveremos no tribunal e eu terei que ser seu novo tutor! – respondeu.

__ E se o tribunal negar? – perguntei.

__ Ai só há um meio de você se emancipar! – respondeu.

__ Como?

__ Se casando comigo! – sua resposta me impressionou e fez um sorriso nascer em meus lábios.

__ Coisa que eu não deixarei acontecer... – a voz da Carrie soou na porta, ambos olhamos e ela estava acompanhada de minha mãe, meu pai e outro cara.

__ Isso não depende de você, Carrie! Sentem-se, por favor... – a voz do Max soou autoritário.

Eles se sentaram e eu me perguntara quem era aquele homem, Max fez um sinal para que eu me sentasse ao seu lado e foi oque eu fiz enquanto era fuzilada pelo olhar da Carrie.

__ Vejo que trouxeram um advogado. – disse o rapaz ao meu lado.

__ Heitor Mendes, prazer! – disse o homem estendendo á mão para o Max.

__ Max Thompson! – apertou a mão do mesmo.

__ Não conseguiu um advogado, Max? – perguntou Carrie.

__ Claro Carrie! Ele acabara de chegar. – respondeu o rapaz assim que ouviu, batidas na porta.

Assim que o homem de cabelos grisalhos e terno cinza lápis adentrou a sala e se apresentou como – Jeferson Guedes – começou oque eu chamo de reunião para decisão da emancipação, minha mãe se negava a assinar...

__ Bom... Se minha filha está feliz com a decisão dela, eu assinarei! – disse meu pai pegando uma caneta, eu o fitei com todo amor que eu tinha e corri para abraça-lo.

__ Obrigada, pai! – sussurrei em seu ouvido.

__ Mais é um irresponsável mesmo... – bufou minha mãe.

__ A assinatura de um único membro da família não é válida, só seria vago se um deles não estivesse mais presente. – informou o advogado engomadinho da minha mãe.

__ É Maggie, acho que ainda não ganhou! – debochou Carrie.

__ Podemos resolver isso no tribunal se preferirem, eu creio que lá a decisão será justa. – disse o meu advogado.

__ E eu poderei alertar que estou esperando um filho dele e que ela é menor de idade! – ironizou Carrie, vitoriosa.

__ Esses não são fatos que possam atrapalhar! – disse o meu advogado arrancando um olhar furioso da mesma.

__ Marisa, por favor, assine logo isso e nos poupe de uma situação pior! – pediu meu pai.

__ Eu lamento, mais não darei meu consentimento! – respondeu minha mãe se levantando e saindo do escritório.

Fitei Max que passava a mão pela testa, aflito. Meu pai se despediu com um rápido beijo em minha testa e jurou que depois conversaríamos e que tentaria me ajudar, Carrie sorriu vitoriosa para mim e saiu acompanhada do advogado idiota...

__ Jeferson, faça o possível e impossível, mas acabe com isso de uma vez! – exigiu Max, o homem assentiu e se retirou.

__ Juro que quero evitar coloca-la em uma sala de tribunal. – disse aflito.

__ E eu juro que não queria te causar tanto trabalho e preocupação! – rebati me aproximando e me ajoelhando em sua frente, tocando em seus joelhos e o observando por baixo.

__ Você não tem culpa. Faço qualquer coisa se o preço for ficar contigo! – respondeu se inclinando e selando nossos lábios em um beijo calmo e apaixonado.

***

Sai do banheiro enrolada em uma toalha e procurei uma roupa no closet, achei um short jeans e uma blusa branca e vesti, calcei minhas havaianas e enrolei os cabelos em um coque frouxo, me joguei na cama cansada de tudo que aconteceu comigo hoje, definitivamente não foi o meu dia.

Fazia mais ou menos umas duas horas que eu estava deitada na cama, somente olhando para o teto e encolhida dentro do lençol, meus olhos fitaram uma sombra que nasceu na porta e assim que ela se abriu revelou os olhos azuis com a expressão preocupada e o corpo vestindo somente a calça e a camisa social sem o blazer e gravata.

__ Vai me falar agora o que você tem ou terei que descobrir?! – ele perguntou num tom meio irritado, eu não queria estressa-lo mais com esse assunto.

__ Não foi nada, Max! – respondi observando ele se aproximar e se sentar na cama.

__ Maggie, desde o escritório que você está com esse rosto inchado e recaído, Julia me disse que você não comeu nada. – ele insistiu.

__ Só estou cansada! – continuei mentindo.

__ É bom que saiba que eu odeio quem mente para mim! – ele disse se levantando e indo para o banheiro, eu só quero preserva-lo.

Fechei os olhos na tentativa de pensar e acabei pegando no sono, quando abri os olhos procurei por meu celular na cama, tudo estava escuro, assim que achei o mesmo, fitei a tela que marcava 02h02min da manhã, Max não estava ao meu lado, toquei os pés no chão gelado e caminhei até as escadas desci a mesma e encarei o corpo deitado totalmente desajeitado no sofá, me aproximei em silencio e vi que ele estava dormindo.

__ Max... – chamei baixinho enquanto me ajoelhava em frente ao sofá e ele abriu os olhos.

__ Hm... – resmungou.

__ Vem para cama! – pedi.

__Vá indo, mais tarde apareço lá. – respondeu me fazendo suspirar.

__ Ok. Minha mãe esteve no colégio e não tivemos um papo nada agradável, ela não me reconhece mais como filha, mas isso não a impedi de lutar para não me deixar ser feliz contigo e isso está me matando. Satisfeito? – eu disse me levantando irritada e passando as mãos pelos cabelos.

__ Caramba, Maggie. Eu disse que odeio mentiras, por que diabos, você ficou escondendo isso de mim, por quê? – perguntou irritado e se levantando também.

__ Você não acha que já chega de problemas para você?! Já não basta tudo que estamos passando e oque iremos passar. Isso chega a ser uma besteira perto de tudo isso. – respondi irritada e ele bufou.

__ A partir do momento que assumimos nosso amor, devemos sempre confiar um no outro e contar um com o outro mesmo que seja na menor besteira do mundo! – ele disse tentando manter a calma.

__ Eu confio em você, eu só não quis te sobrecarregar mais. – respondi.

__ Eu pensei que podíamos contar com o outro e confiar em você, mas se você prefere esconder as coisas de mim para me poupar de uma coisa que eu escolhi me envolver, o que eu tenho a fazer agora é somente dormir! – ele disse pondo um ponto final na nossa discursão.

__ Vai dormir no sofá? – perguntei aflita.

__ Quarto de hospedes! – respondeu sumindo nas escadas.

DROGA! DROGA! DROGA, MAGGIE!

(...)E pela parede de vidro eu vi a chuva cair como se
chorasse junto comigo.


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