Conspiracy escrita por J N Taylor


Capítulo 8
Chapter 8 - Sense of Justice


Notas iniciais do capítulo

A história será dividida em partes. A parte 1 acabará no capítulo 10 e, duas semanas depois, continuarei postando a parte dois.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596485/chapter/8

Edward pegou uma cadeira que estava no canto e colocou de frente para Samuel. Sinalizou para que Gregory saísse, e ele o fez. Elizabeth e Harvey se aproximaram e se apoiaram, um de cada lado, na cadeira de Sam. O garoto levantou e ofereceu o lugar para a namorada, a jovem sentou.

–Não vou enrolar, o que vimos hoje foi sério. - começou Carver, soltando um pigarro – A HWE é um conglomerado, uma união de empresas, lideradas por uma… Mente maior. Algumas sequer percebem que estão sendo controladas, como a Stokes Genetical. Eles costumam financiar ataques bioterroristas. Vocês devem se lembrar do ataque em Washington, que aconteceu ano passado.

–O ataque de 4 de Julho? Com o gás colorido? - perguntou Elizabeth.

–Chamaram aquilo de A Febre do 4 de Julho. Vinte e três mortos na hora, dezessete mortos por envenenamento depois, centenas de feridos. Tirando os que ficaram em choque pelo ataque, ou pela perda da família. Aquilo foi terrível, foi nojento, foi um golpe sujo.

–Do jeito que você fala, parece que conhecia alguém de lá. - deduziu Harvey.

–Meu irmão e um dos meus sobrinhos. O outro ficou dias em estado de choque, no hospital. Não quero falar sobre. Como eu dizia, eles financiaram aquilo. Mas aqueles que apareceram na televisão, matando o senador Carlson, são muito piores. Eles são o mal.

–E a relação entre eles? - disparou Samuel.

–Não tenho ideia. Queria que me ajudasse com isso. - e se levantou – Mas da próxima vez que tentar fugir, eu corto seu amigo na sua frente. Depois sua namoradinha. Depois eu vou te mostrar porque eu me tornei vice-presidente.

–Se você é tão poderoso assim, por que você não é o presidente? Eu não vejo o nome Edward Carver no nome do presidente. Eu vejo Henry Waters. Não é a sua foto que vejo no lugar de presidente. Por que? Você não tem poder para isso?

–Sam, meu jovem. Ninguém se preocupa com o que o vice faz, mas com o que presidente faz. Eu posso agir pelos bastidores de uma forma que nenhuma outra pessoa em cargo público pode. Agora, com licença. Preciso resolver um assunto. Creio que amanhã, você terá uma boa demonstração do que acontece com quem me enfrenta. - e saiu.

–Maldito. - rosnou Harvey, trincando os dentes e dando um soco na parede.

–Calma, Harv. - Elizabeth foi acalmar o amigo – Ande, Sam, venha ajudar ele.

–Não. Já tive o suficiente por hoje, precisamos sair daqui. - sussurrou.

–Sam, não! - o amigo se voltou para ele – Não podemos.

–Você tem ideia do que estamos fazendo aqui? E se aquele filho da mãe fizer parte da HWE? E se ele estiver escondendo o jogo de nós?

–Não temos escolha.

–Claro que temos, El! Podemos tentar.

–E o que ele faria conosco se soubesse?

–Eu não quero ficar preso aqui.

–Não temos muitas opções, morrer fugindo ou trabalharmos para ele.

–Não, morrermos fugindo ou ajudar ele a matar pessoas inocentes. Eu não quero esse peso na minha consciência, sinceramente. Harvey, você ainda está com o meu canivete?

–Eles te devolveram, Sam. - disse Elizabeth.

–Ah sim, verdade. - ele revirou os bolsos e encontrou – Tenho um plano, mas vou esperar um pouco.

–Até quando? - perguntou a jovem.

–Ele disse que amanhã teremos uma prova. Vou esperar até lá. Sinto que isso vai nos dar uma boa chance. Levem o essencial. - e sorriu – Fugindo daqui no segundo dia, interessante.

–Se você realmente tentar, estou com você. - disse Harvey.

–Eu também.

–Ótimo, vocês confiam em mim.

***

Na tarde do dia seguinte, Mikal, Frederick, Luther e Edward Lowery estavam no local marcado para o encontro. Damon Harrison chegou com cinco minutos de atraso. Ele era muito magro e baixo, os olhos eram grandes e castanhos, o cabelo loiro grisalho, mesmo não sendo muito velho. Uma barba bagunçada com um bigode pintado de castanho. Vestia uma camisa cinza com uma jaqueta jeans por cima, usava calça jeans azul-escura e um par de botas militares. Tinha um piercing no nariz e um relógio falsificado no braço.

–Luther, Edward, Frederick e… Qual seu nome? Não te conheço.

–Mikal Harper. - disse, estendendo a mão para um cumprimento. O outro apenas olhou e ignorou.

–Fale, Luther. Para que me enviou um e-mail? - Mikal recolheu a mão, envergonhado.

–Quero que você invada um e-mail para mim.

–De quem?

–Do Edward.

–Por que ele mesmo não permite o acesso?

–Eu deletei a mensagem.

–Ah, conveniente. E se ele nunca recebeu a mensagem, disser que ocasionalmente exclui e eu não achar, irão me chamar de incompetente. Não, obrigado. - e virou-se para sair.

–Não é mentira. Eu exclui. - retrucou.

–Foi no e-mail da empresa?

–Sim, no meu e-mail da empresa.

–Seu sistema executa uma análise mensal, Luther. Exclui tudo depois de um mês.

–Significa que nem você pode recuperar o e-mail?

–Eu não disse isso, Eddy. Claro que posso. Qual o e-mail? Nem precisa me dizer a senha, eu descubro. -e deu de ombros, puxando o celular do bolso.

***

Tyrell estava deitado no leito do hospital. Jake estava lá, ainda de terno, olhando para ele. O médico entrou, segurando uma prancheta.

–Tyrell Watkins? - perguntou o médico. O garoto fez que sim com a cabeça. Ele estendeu a mão para o jovem – Doutor John Benson, estou cuidando do caso do seu irmão.

–Agente especial Jack Bennett. - apertou a mão dele - E ele é meu amigo.

–Ah sim, desculpa. Lamento não ter boas notícias. A cirurgia dele foi um sucesso, retiramos a bala, mas… Creio que ele talvez não ande mais.

–O que? Não, doutor Benson, você pode curá-lo.

–Eu não sei se posso. Eu tentarei, mas não posso garantir.

–O senhor não está entendendo. Ele precisa voltar a andar.

–Não posso fazer muita coisa, desculpa. Farei o que estiver dentro do possível. Posso recomendar fisioterapia, pois o dano não foi tão grande. Mas foi o suficiente para ser irreversível, se ele não for cuidado. Lamento. Ele acordara em instantes. A família?

–Ele não tem.

–Costumamos deixar o acompanhante dar a notícia. Eles normalmente sabem como é melhor dizer.

–Jack? - sussurrou Tyrell.

–Ty, estou aqui. - se ajoelhou ao lado dele – Está tudo bem.

–O que houve?

–Você foi atingido por um tiro. Depois conversamos.

–Onde estou?

–No hospital.

–Ah sim. - e tentou se ajeitar – Jack.

–O que? Não faça esforço, fique assim.

–Eu não sinto minhas pernas. Jack, eu não sinto.

–É um efeito da anestesia, eu acho. Não é, doutor Benson? - e lançou um olhar apelativo.

–Sim, sim, acontece. Alguns não sentem os braços, outros acordam bem. Depende da pessoa.

–E quanto tempo demora para passar? - disse Tyrell, em desespero.

–Minutos, horas. Não sei.

–Jack, diz que é verdade.

–Claro que é verdade. Por que o doutor mentiria?

–Eu não sei. Jack, estou com medo.

–Doutor, pode nos dar uns minutos sozinhos?

–Claro. - e saiu.

–Jack, o que vocês estão escondendo?

–Nada, ainda. Descanse, meu amigo.

***

–Feito! - se gabou Damon – Eu sou muito bom, eu sei. Quanto combinamos, Luther?

–Não combinamos.

–Mil? Eu achei isso justo? Ótimo, mil dólares.

–Ainda bem que ando com um talão de cheques. - suspirou o empresário.

–Tome. - Mikal tirou um cartão de crédito do bolso e entregou para Damon – É falso, crédito de dois mil. Cale-se sobre hoje.

–Você anda com cartões de crédito falsos na roupa? - perguntou o hacker.

–Cartão, carteiras de identidade, todos os documentos de… - pegou o cartão para ver – Thomas Miller. Eu mesmo fiz. - olhou para Damon – Faço minhas, as suas palavras.

–Quais? - perguntou.

–“Eu sou muito bom, eu sei”. - e deu uma piscadela.

–Quem exatamente é você? - retrucou Harrison.

–Mikal Harper, traficante, ex-fuzileiro, filho do coronel Richard Harper, dos Fuzileiros, e sobrinho do piloto Andrew Harper, da Aeronáutica.

–Qual a classe do seu tio?

–Classe V, transporte VIP.

–Qual o lema dos Marines?

Semper Fidelis.

–Qual a sua patente?

–Eu era soldado. Você já foi militar?

–Trabalho para o DepDef.

–DepDef? - perguntou Luther.

–Departamento de Defesa. - explicou Mikal.

–Ah sim, entendo.

–Talvez tenhamos prestados serviços juntos, Mikal? Você me parece familiar.

–Sou um bom fisionomista. Não me lembro de você.

–Pra que tanta hostilidade, Mick?

–Me chame de Mick outra vez, Edward, e eu corto sua língua. Como eu dizia, nunca vi você, Damon. - e se virou para Luther – Já podemos ir?

–Não, desculpe. Você pode rastrear o dono do e-mail que enviou a ameaça?

–Foi um e-mail descartável, dá para descobrir pelo servidor. Mas posso descobrir de onde foi enviado. Te dou essa resposta assim que possível. Rastrear um e-mail não é difícil, mas ele pode ter sido enviado por um sistema de redirecionamento. Entro em contato. Boa tarde. - virou as costas e saiu, assobiando uma música qualquer.

–Mikal? - Frederick se aproximou do amigo, que tinha os punhos cerrados.

–O que?

–Você o conhece?

–Não. - respondeu secamente.

–Não minta para mim.

–Não estou mentindo.

–Depois conversamos, sozinhos.

–Vamos? - perguntou Luther. Todos assentiram silenciosamente.

***

–Boa tarde, rapazes e senhorita. - Carver entrou na sala – Dormiram bem?

–Ótimos. Tirando o fato de que dois homens armados estavam na porta do nosso quarto e com uma possível ordem para nos fuzilarem enquanto dormíamos, dormimos muito bem, obrigado.

–Sarcasmo combina com você, Sammy? Já disse isso?

–Já. - disse, com um sorriso amarelo.

–Não, ele não disse. - interrompeu Harvey – Ele não disse isso nenhuma vez.

–Verdade, Sam. - apoiou Elizabeth. Samuel empalideceu.

–Eu devo ter entendido errado, então. - ele e Edward se olharam.

–Já está enlouquecendo, rapaz? - interrompeu o outro, engolindo em seco – Está aqui faz dois dias e já está entrando em colapso? Achei que era mais forte.

–Cale a boca. O que você quer?

–Tenho trabalho para você. - e entregou um envelope – Abra.

–O que é? - disse, ao pegar.

–Abra! - resmungou, autoritário.

Samuel abriu. Um maço de notas de cem dólares estava lá, junto com alguns papéis.

–Quanto tem?

–Dois mil. É o suficiente ou quer mais?

–Está ótimo, dessa vez. Vejo quanto cobro na próxima.

–Seu preço só aumenta, não?

–Negócios são negócios. - retrucou secamente – O que devo fazer com esses papéis?

–São suas instruções.

–Muitas, não?

–São instruções, como eu disse. Siga-as. - e fez menção de sair – Ah! Quase me esqueci.

–Do que?

–Lembra que disse que te daria uma demonstração do que acontece com quem me enfrenta? - os três fizeram que sim com a cabeça – Então. Tragam ele! - os dois seguranças saíram.

–Ele? - os três se entreolharam.

–Antes de começarmos, permita-me brindar essa cena com uma música. - ele pegou o telefone e escolheu uma música – Se vocês não sabem, além de câmeras, essa sala tem alto-falantes embutidos. - ele apertou o botão para que a música começasse. A música escolhida foi Take us Alive da banda Other Lives.

Dois homens entraram carregando um homem de trinta e poucos anos. Pele bronzeada, os olhos verdes faiscantes e um pequeno topete no cabelo castanho. Tinha o corpo definido, mas não muito. Vestia uma camisa azul com uma calça jeans, tinha um corte na parte de cima da cabeça e um na bochecha. Ele estava, estranhamente, sorrindo.

–Antes de começarmos, permita-me brindar essa cena com uma música. - ele pegou o telefone

–Seu lixo. Nem pra me pegar você mesmo. - riu para Edward.

–Esse homem nos traiu. Ele se chama Ryan. Ryan Marsden. Agora, me responda: Você é casado?

–Sim. - e cuspiu no chão – Não que isso seja da sua conta.

–Qual o nome dela?

–Não te interessa.

–Você já me disse. Eles provavelmente tentarão proteger ela.

–Alice Jordan.

–Tem filhos? Se sim, quantos e qual o nome.

–Dois. Micheal e John.

–Lembro de quando você me explicou a origem do nome deles. Em homenagem a dois amigos?

–Não interessa.

–Responda direito! - e o agarrou pelo cabelo, dando um tapa no rosto dele – Foi ou não?

–Foi, seu cachorro. - mantendo o cabelo dele preso em seus dedos, deu um tapa no rosto dele.

–Se desculpe.

–Não. - e recebeu outro tapa – Seus tapas doem, mas não tenho medo de sentir dor.

–Seu cão sarnento! Seu verme traidor! Soltem ele! - o agarrou com mais força pelo cabelo e o arrastou até o meio da sala, jogando-o no chão.

–Me mate, então! - disse, se ajoelhando.

–Matar? Isso é fácil demais! - e riu, dando um chute no estômago dele, que o fez cair outra vez.

–Seu filho da mãe! - e recebeu um tapa novamente. Outra vez, foi agarrado pelo cabelo e arrastado, dessa vez para um canto. Edward puxou a cabeça dele para trás e bateu com força na parede. Ryan soltou um ganido de dor e o sangue que escorria de seu ferimento o cegou por um tempo. Aquele gosto metálico se aproximava da boca dele – Me mate se você tiver coragem.

–Qualquer homem tem coragem de matar. Tortura é para poucos. - e o chutou na virilha. Ele rosnou de dor e deixou o corpo cair, mas não chegou ao chão. Seu cabelo ainda estava enrolado nos dedos de Edward, que deu um sorriso para os três.

–O que ele fez? - disse Samuel, recuperando a coragem.

–Não serviu bem e me traiu. Erros eu tolero, mas traição é uma escolha, não um erro.

–Solte-o! Isso é para mostrar o quão sádico você é? Pra nos intimidar?

–Você sabe muito bem que eu sou justo. Ele tem o que merece. - e deu uma joelhada no maxilar dele, fazendo com que a cabeça dele fosse para trás.

–Chega! - Harvey interveio – Para com isso.

–Levem ele daqui. - disse após um instante de hesitação - Prendam ele lá embaixo. - e deu um último soco nele – Você vai me dizer, mais tarde, para que você se reporta.

–Nunca! - gritou, enquanto era arrastado para fora, com os dois guardas o segurando pelo pulso.

–Desculpem os métodos medievais, mas é necessário.

–Não é! - gemeu Elizabeth – Você é louco.

–Chame como quiser, querida. Eu chamo de justiça.

–Seu senso de justiça é bem estranho. - disse ela – Você é um psicopata.

–Que seja. - e saiu. Minutos depois, Samuel se aproximou da namorada, a abraçou e chamou Harvey para perto. Teve certeza que não seria ouvido.

–Temos que resgatar ele. Hoje a noite damos o fora daqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Chapter 9 - Escape



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Conspiracy" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.