Conspiracy escrita por J N Taylor


Capítulo 9
Chapter 9 - Escape


Notas iniciais do capítulo

Quase acabando essa parte. Divirtam-se.



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Samuel arrumou o canivete por dentro da calça. Elizabeth se aproximou do único guarda que estava na porta e sussurrou algo para ele. Harvey permaneceu sentado na cadeira.

–Você quer que eu faça o que? - perguntou o segurança.

–Por favor. Precisamos escapar.

–O que eu ganho com isso?

–Aqui. - Sam se manifestou, entregando todo o dinheiro que recebera.

–Dois mil?

–Quanto você ganha? - perguntou Elizabeth.

–Pouco. - disse, secamente.

–Menos do que isso? - questionou Harvey.

–Menos. Sequer ganho mil.

–Você precisa apenas nos mostrar o caminho para a cela do Ryan. Você o levou?

–Sim, fui eu.

–Então, você nos leva até lá. E de lá, você nos mostra o caminho pra saída, volta pra cá e diz que te golpeamos. Estamos em três, você em um. Boa desculpa, não? - Sam deu um tapinha nele.

–Boa. Mas e o meu companheiro? Ele virá me substituir em pouco tempo.

–Damos um jeito nele no caminho. - sugeriu Harvey.

–Vamos precisar de armas. Peguem a de dois seguranças no fim do corredor. - disse, se virando para sair – Venham! - chamou ao ver que eles estavam parados. Os três o seguiram.

Samuel levou a mão até o canivete, achando que seria necessário. O guarda que os acompanhou puxou um deles e acertou uma cotovelada no rosto dele, que desmaiou. Harvey puxou o outro e o derrubou com uma cabeçada.

–Devíamos usar capacetes. - murmurou.

–Sorte que não usam. Qual seu nome? - perguntou Elizabeth.

–White, Eric. - disse, formalmente.

–Não estamos no exército.

–Pronto, pegamos as pistolas. - falou Samuel, mexendo no corpo.

–A munição fica no bolso superior interno da jaqueta. - explicou Eric.

–Obrigado. - os dois rapazes guardaram as munições no bolso com cuidado.

–Acho que isso não será necessário. Já mataram alguém, garotos?

–O que? Não! - se espantou Harvey – Por que da pergunta?

–Talvez precisem. Façam, mas não pensem. Será vocês ou eles. - eles mantiveram a cara de surpresa e Eric respirou fundo – Não sei se o caminho até a saída estará livre. Vocês terão que improvisar.

–Certo. - concordaram, pensativos.

Eles seguiram por vários corredores em silêncio. Do corredor de onde saíram, viraram a esquerda, passaram por algumas salas, novamente a esquerda, passaram por mais dois corredores e viraram a direita, descendo uma escada. Quando chegaram no último degrau, encontraram uma sala com duas portas, uma de cada lado. Eric explicou que a da direita dava para a sala onde ficavam os guardas durante o descanso e a outra, trancada, levava até as salas.

–Eu vou pegar as chaves com eles, me esperem aqui. - ele entrou na sala da direita. E voltou, pouco mais de cinco minutos depois – Não temos muito tempo, disse que vou pegar um dos prisioneiros para levar até o Edward. - destrancou a porta e entrou.

O cheiro era enjoativo.

Andaram pelo corredor com os passos abafados pelos pedidos de ajuda. Estavam todos acostumados com os guardas circulando. Quando viram um grupo chegando, acompanhado de apenas um dos homens de Edward, acharam que era um resgate. Estavam certos, mas não resgatariam todos, apenas um homem, em uma cela no canto, próximo ao fim do corredor.

–Não podemos deixar todos eles aqui. - Elizabeth se sentia incomodada.

–Todos serão mortos antes de chegarmos ao fim daquela escada. Isso se conseguirem chegar na escada. Temos que ser silenciosos e discretos. - Eric destrancou a porta da cela e entrou.

–Você outra vez? Edward me chamou pra outra sessão? - o rosto de Ryan estava coberto de hematomas e um pouco de sangue seco abaixo do nariz.

–Viemos te resgatar. Não faça perguntas. - disse Samuel, enquanto o guarda abria as algemas com as chaves – Temos que ir.

–Rápido, depois vocês conversam! - Eric apressou e parou na porta. Dois dos seguranças estavam entrando – Tenho uma má notícia.

–O que? - eles saíram da sala, mas pararam também. Os seguranças perceberam a movimentação e puxaram as armas. O grupo se jogou para dentro da sala novamente e os homens se prepararam. Elizabeth e Ryan foram para trás do grupo.

–Vou assumir a primeira leva de tiros. Quando eu parar para recarregar, você assume, Sam. Quando ele parar, você assume, Harvey. É Harvey, não?

–Sim. Entendemos.

Eric se aproximou da porta, se inclinando na direção do corredor e atirou. Acertou o primeiro no braço, o segundo passou perto. O terceiro tiro acertou a parede e ricocheteou para o chão. O quarto, quinto e sexto atingiram a parede. A cada tiro, ele desviava. As balas dos seguranças passavam perto, mas sempre atingiam a parede. Ao ficar sem munição, Samuel assumiu. O primeiro tiro, por sorte, atingiu o segundo segurança no ombro. O homem deixou a arma cair. O outro ainda atirava, apesar do ferimento superficial. Quando ele parou para recarregar, Sam atingiu uma bala na barriga dele. Harvey conferiu o território e viu que estava limpo.

–Vamos. - ele disse. Eric assumiu a dianteira.

–Espere, eu sei o caminho daqui. - se manifestou Ryan.

–Ryan, não. Ele conhece esse lugar. - explicou Elizabeth.

–Não vamos discutir. Eles escutaram os tiros, daqui a pouco teremos todos os guardas aqui. Rápido!

–Melhor ouvirmos ele. - confirmou Samuel. Todos se apressaram, sem guardarem suas armas.

–Pegue armas, Ryan. Rápido! - ele pegou e correu atrás do grupo. Todos pegaram mais munição.

–Por que vocês andam com tanta munição?

–Para situações como essa, Sam. - ele parou e ouviu os passos. Subiu a escada e correu por um outro corredor. O grupo o seguiu – Por aqui!

Eles seguiram na direção indicada. Após correrem por alguns corredores, encontraram uma bifurcação. Eric indicou o caminho da direita. Voltar era inviável, pois o grupo se aproximava. O guia respirou fundo e botou as mãos aos bolsos internos do casaco. Assim que entraram no corredor direito, um grupo se aproximou. Pegaram as armas e atiraram contra o grupo em fuga. Eric tirou uma das mãos do casaco e jogou algo, parecido com uma garrafa, que criou uma cortina de fumaça. O corredor de onde vieram, que os levou para a bifurcação, também foi alvo do ataque, se enchendo de fumaça com o uso de outra granada. Eles correram pelo corredor da esquerda até chegarem na saída. Uma enorme porta. Sem pensar muito, Samuel pegou a arma e deu dois tiros na fechadura, que cedeu. Eles empurraram e se depararam com uma floresta. Estavam em um bunker subterrâneo esse tempo inteiro.

–Tem duas saídas. Vão fechar a principal, pela outra. - gritou Ryan. Eric tropeçou e caiu, ficando no chão. O grupo parou para ajudar.

–Não! Podem continuar. Eu seguro eles. - e se arrastou para trás de uma árvore – Continuem!

Ryan os levou para um caminho atrás do bunker, seguiram por uma trilha.

–Vocês podem continuar. Vou voltar para ajudar o Eric.

–Sam! Não! - Elizabeth o segurou pelo pulso.

–Ou vocês continuam e eu volto, ou ficamos aqui, parados.

–Sam, não. - Harvey tentou negociar.

–Agora! Onde estamos, Ryan?

–Próximos de Nova Iorque.

–Me esperem na casa do Benjamin. Agora, vocês devem ir!

–Melhor ouvirmos ele. - opinou Ryan.

–Certo. Vamos… Te amo, Sammy.

–Também, El. - ele a beijou carinhosamente. Ela virou as costas e se afastou correndo, olhando para ele. Samuel respirou fundo e seguiu em frente, voltando pelo mesmo caminho, após ter certeza que eles haviam se afastado. Eric estava de pé, segurando a pistola. Ele apontou para o garoto, mas quando o viu, abaixou a arma.

–Então, conseguiu? - perguntou.

–Eles continuaram, me certifiquei. Te acertaram mesmo?

–Claro que não.

–Achei que tinham.

–Eu sou um bom ator. Vamos voltar?

–Claro. - e fez um positivo com o dedo. Voltaram andando tranquilamente para o bunker. De pé, na porta, estava Edward Carver.

–Eric! Samuel! Foram mais rápidos do que eu esperava. Bom, não importa. Entrem.

–Posso ficar mais um pouco aqui? Enjoei do cinza, um pouco.

–Conversemos aqui fora, então, Sam. Para onde eles estão indo.

–Para a casa do meu amigo, Benjamin Clark, em Nova Iorque. Deixe-os.

–Não vou atrás deles. Você sabe que deve continuar a sua missão, se infiltrando?

–Sim, Carver.

–Já disse diversas vezes para me chamar de Edward.

–Certo, Edward. Você está bem, Eric? Está um pouco pálido.

–Claro. Acho que perdi o costume de fazer essas corridas longas. - Edward e Samuel riram.

***

Ryan guiou os dois pelo resto do caminho. Harvey tropeçou quando estavam próximos da estrada. Elizabeth parou, alguns metros depois. Se aproximou dele, ele levantou e continuou andando até a rodovia, alguns passos mais atrás.

–Estou cansado. - dizia para os que estavam na frente. Podem diminuir? Vou ficar um pouco para trás. - o grupo assentiu e continuou. Ele botou a mão na barriga por dentro do casaco preto, roubado de um dos guardas, e quando a tirou, estava sujo de sangue – Isso estragou meu dia. - sussurrou para si mesmo, mantendo segredo dos outros.

–Vamos. Sei onde arrumar um carro aqui perto. - disse Ryan, com um sorriso.

–Certo. Tudo bem, Harv?

–Sim, El. Vamos. - e continuou. Ainda não sentia nada.

–Por que está com a mão na barriga?

–Está doendo. Por correr.

–Ah sim. Vamos, então. - e chegaram na estrada – Quanto tempo até Nova Iorque?

–Eu diria que precisamos pegar uma carona. Daí pra frente, cinco ou dez minutos.

E ficaram ali de pé, esperando carona.

***

Tyrell estava sentado na maca, esperando sua perna voltar.

–Jack, me ajuda. O que está acontecendo?

–Ty. Me desculpa te dizer isso.

–O que?

–O tiro que você levou. Fez um dano reversível se tratado rapidamente.

–Eu não vou mais andar?

–Ty, eu não disse isso.

–Então o que você disse?

–Que você… Tyrell, desculpa.

–Não se desculpe! O que eles falaram?

–Eles?

–Sim, o que eles falaram? - enfatizou.

–Ainda não entraram em contato. Ty, me desculpa.

–Eu já disse para não se desculpar. Primeiramente, você não tem culpa. Eu nunca mais vou voltar.

–Não seja pessimista!

–É um fato, Jack! Quais as chances de me recuperar?

–Creio que altas, ele não falou. Ele disse que é reversível com fisioterapia.

–Pro inferno com fisioterapia! Eles não podem me ajudar.

–Chega, Ty!

–Chega você, Jack. Acabou. - e virou o rosto para o outro lado, se encostando na almofada e cruzando os braços na frente do peito.

–Você parece uma criança fazendo pirraça! - o telefone dele vibrou – Espere, estão me ligando.

Jack saiu do quarto para o corredor. Viu o número restrito e atendeu, imaginando o que era.

–Jack Bennett.

–Olá, Jack. - disse uma voz feminina, já familiar para ele – Eu soube o que aconteceu com o seu amigo, lamento. Você sabe que nós não podemos arcar com mais esse custo.

–Por favor, estou implorando.

–Não me interrompa novamente! - repreendeu a voz – Como eu dizia, lamento o que aconteceu ao seu amigo, Tyrell. Nós sentimos muito, vocês eram uma das nossas melhores duplas, mas sinto dizer que seu amigo deve ser… - ela fez uma leve pausa, procurando a palavra – Infelizmente, e nós sentimos muito por dizer isso, mas ele deve ser dispensado.

–Sem eufemismos, Ky…

–Não ouse completar. - ela o interrompeu abruptamente - Não podemos arcar com os custos dele, não pela fase que estamos passando. Nós lamentamos muito, mas é o que deve ser feito.

–E se eu não o fizer?

–Nós fazemos na sua frente. E depois, dispensamos você.

–E se eu fizer?

–Te enviaremos um novo parceiro. Você não aprendeu que não se deve misturar a emoção e o trabalho? O que te ensinamos? Sabe onde pode encontrar o necessário para isso. Os bolsos.

–Certo. Sei o que fazer. - tateou os bolsos internos e encontrou um pequeno pacote com um pó branco. Respirou fundo.

–Novamente, lamentamos por ter que fazer isso. - e desligou.

Jack entrou no quarto, trêmulo. Tyrell o olhou, levemente confuso.

–Isso não está acontecendo. Você. Agora meu pai me liga dizendo que minha mãe teve um enfarto. Está internada. - ele se ajoelhou ao lado do amigo.

–O que?

–A ligação era do meu pai. - os olhos vermelhos, cheios de lágrimas.

–Lamento, Jack. - parou por um minuto, segurando a mão do amigo – Ela está bem?

–Agora, sim. Está em observação.

–Vai ver ela.

–Meu pai disse que ela não pode receber visitas ainda. Quando puder, ele me liga. Enquanto isso, fico aqui. Tenho que me controlar. - e deu uma risada nervosa – Acho que preciso de água.

Se aproximou do bebedouro do corredor, pegou um copo plástico no suporte e encheu com água gelada. Voltou para o quarto e ofereceu ao amigo, que aceitou. Voltou ao bebedouro, encheu com água gelada e despejou o pó branco. O pó se desfez na água. Sabia que não deixaria traço, e era utilizado apenas em situações extremas, pois era difícil de se produzir. Entrou no quarto e entregou o copo para o amigo na cama do hospital. Ele sorveu um gole.

–Estou com fome. Você já comeu, eu não. Vou lá embaixo fazer um lanche, já volto. - e sorriu para o amigo. Ele acenou com a cabeça.

–Vai lá. Não demore. Estou pensando em aceitar a fisioterapia. Você me disse uma vez que não podemos desistir dos amigos. Vou tentar, por você. Você sabe que é um irmão pra mim.

–Eu… Eu sei. - os olhos se encheram de lágrimas.

–Está ficando muito emotivo, Jack? É fome?

–N-não s-sei. - gaguejou – Com licença. - e saiu, tentando controlar o choro.

Tyrell ficou lá, encostado no travesseiro. De repente, uma dor intensa no seu peito. Tentou apertar o botão ao lado da cama, mas estava sem forças. A dor foi ficando mais intensa e ele deixou seu corpo amolecer. Se entregou ao vazio. Sentiu a escuridão o cercar e a dor passou. Fechou os olhos e se acalmou.

Enquanto andava até a lanchonete, parou próximo de uma enfermeira.

–Enfermeira, Jack Bennett pediu para que eu a chamasse. Ele disse que tentou apertar o botão, mas ele não funcionava, eu acho. Ele disse que não se sente bem. Estou indo até a lanchonete, já volto.

–Certo, obrigado, vou verificar. - ela checou o número do quarto e foi até lá.

Jack esperou ela se afastar, virou as costas e andou até o térreo. Sentou-se em uma das mesas da lanchonete, que era uma sala anexa ao térreo, próxima da emergência. Abaixou a cabeça e apoiou a testa nos nós dos dedos, com eles entrelaçados. Levantou a cabeça, engoliu o choro e passou a mão no rosto. Finalmente, deixou uma única gota de lágrima escorrer. Olhou para cima. O tempo estava nublado. Se perguntava se, algum dia, poderia se perdoar. Suspirou. Acabara de fazer algo que não tinha volta. Se questionou se o que fazia era justo. Matar pessoas para um “bem maior”. Que sempre tinham uma ligação implícita, algo oculto, negócios errados, eram traidores. Mas matar alguém com quem convivera por quase toda a vida e com quem trabalhara nos últimos três anos era, sem dúvida, muito injusto. Se levantou, tremendo. Seu telefone vibrou.

–Fez? - perguntou a voz feminina.

–Fiz. - seu queixo tremia, assim como sua voz – Eu fiz, sua vadia maldita! - tentou não gritar.

–Jack, eu sei que é difícil para você.

–Eu não vou te perdoar.

–Você fez porque quis, Bennett. Não me culpe. Eu te dei uma escolha.

–Ele morreria de qualquer forma.

–Mas você preferiu sujar sua alma para que ele fosse rápido, não como nós fazemos. Era ele ou vocês. - ela disse, calmamente.

–Como você consegue ser tão fria?

–Você se questionou ao matar alguém, antes disso? Todos os homens e mulheres que você matou, que vocês mataram, eram pais ou mães, filhos ou filhas, maridos ou esposas.

–Foda-se! - ele berrou, com ódio – Sabe o que você faz com essa chantagem emocional, sua desgraçada? Você pega ela e enfia ela no seu…

–Olhe como fala comigo, garoto! - ela ainda estava calma – Relevarei, está emocionado. Mas da próxima vez, mando arrancarem sua língua.

–Vai pro inferno! - e desligou. Respirou fundo e jogou o telefone longe, com toda a força que conseguiu. Deu um grito de ódio, diante do olhar espantado de todos que estavam ao redor, e se jogou de joelhos no chão. Enterrou o rosto nas mãos e chorou.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Chapter 10 - Nothing Ever Dies



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