Conspiracy escrita por J N Taylor


Capítulo 7
Chapter 7 - Karma




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Peter se levantou, tonto. Passou a mão no rosto e ele sangrava pelo nariz, ou pelos golpes que recebera de Lydia ou pela queda, ele não sabia dizer. A visão estava turva. Saiu tropeçando pelo caminho. Bebeu um copo de água na cozinha. Um barulho atrás dele o fez se virar rápido, apenas para ver que não havia nada além do corredor. Ele levantou uma sobrancelha, curioso. Estava tudo vazio. Se aproximou mais da porta. Nada. Começou a escutar um som, distante.

–Peter! - um homem saltou de algum lugar no fim do corredor. Eram exatamente iguais.

–Quem é você?

–Não importa.

–Como não importa? Você está na minha casa. Como entrou?

–Sempre estive aqui. Mas quem é você?

–Você sabe meu nome! Quem é você? E por que se parece tanto comigo?

–Eu sou você, Peter. Mas quem é você?

–Você acabou de dizer que você sou eu, então como pergunta quem eu sou? - ele parou por um momento. Aquela situação o confundiu – Você não existe.

–Você existe, então eu existo.

–Você é uma ilusão.

–Eu sou seu Karma.

–Meu o que?

–Seu Karma. Voltando para você.

–Karma? Como no Hinduísmo?

–Quase isso. - e se sentou na mesa – Digamos que, o que você faz, sempre volta para você. Bom, deixe-me exemplificar. Quando você brigou com seu amigo na faculdade de Direito, ele bebeu e quando chegou em casa, bateu na namorada. Acabou de voltar pra você. Ele nunca mais viu a garota. E você nunca mais verá a Lydia.

–Mas do que você está falando?

–Peter, eu sei que está questionando a sua própria sanidade agora. Mas me permita fazer uma pergunta. Quem é você?

–Peter Harmond. - cuspiu, coçando os olhos, confuso. Seria a droga?

–Isso é o seu nome. Quem é você?

–Sou o vice-diretor da Stokes Genetical.

–Ex, na verdade. Mas isso é o que você faz. Quem é você?

–O que você pretende com essa pergunta?

–Que me diga quem é! - rosnou o clone.

–Eu não sei! - berrou de volta.

–Era o que eu queria ouvir. - e estalou o dedo. A visão de Peter embaçou – Acorde.

A visão escureceu. Sentiu o corpo ser sacudido. Quando conseguiu abrir os olhos, tonto. Viu Lydia, com uma expressão de preocupação.

–Peter, o que houve?

–O que? - ele olhou para o lado. Estava na sala.

–Você e eu estávamos… - e deu um tapa no ar, como se tentasse acertar uma mosca – Você começou a chorar. Disse que estava sem condições de falar, saiu, não voltou até agora. Estava esperando você faz vinte minutos. Você estava gritando, eu vim ver e você estava aqui.

–Me desculpa. - ele encostou a cabeça nos braços dela.

–Pelo o que?

–Temos que conversar.

–Você tem que ir ao médico.

–Lydia, não. Por favor. Temos que conversar.

–Sobre?

–Eu estou me drogando. - e virou o rosto.

–Por que?

–Eu preciso.

–Não, você não precisa, Peter.

–Eu preciso, sim. Isso me muda, Lydia. Deus, eu não posso parar. Eu não consigo.

–Peter, por mim.

–Não, Lydia. Isso me dá uma parte da minha vida de volta.

–Uma parte?

–Você é a outra. - ela sorriu.

–Peter, por favor.

–Não! Eu não quero. Preciso de vocês.

–Ou eu ou ela. O que você usa?

–Você não conhece.

–O que você usa?

Wolf.

–O que é isso?

–Uma droga de melhorias genéticas da Stokes.

–Melhorias genéticas? Do que você está falando?

–Foi uma encomenda de alta importância, certo? É secreto.

–Que tipo de encomenda? Peter, por Deus, me explica isso.

–Waters pediu.

–Waters? - ela perguntou, pensando um pouco.

–Sim. Henry Sebastian Harger Waters.

–O presidente?

–Não. Não quando nos contratou. Ele foi apenas como o rico Henry Waters, não como presidente.

–O que ele pediu?

–Uma droga que cria melhorias genéticas.

–Por que?

–Não sei. A Stokes não fazia drogas sob encomenda, mas ele deu tanto dinheiro que nós… - e parou por um momento. Esquecera que não era mais da empresa - Que eles poderiam manter a empresa por dois anos sem usar os investimentos, ações, lucros…

–Como ele conseguiu esse dinheiro?

–Eu suponho que ele esteja sendo financiado por uma organização.

–Organização? Como a CIA, ou algo assim?

–Algum tempo atrás eu ouvi boatos que os últimos presidentes foram escolhidos por… Por um grupo. Eles o chamavam de Irmãos, não sei muito. Os presidentes foram elegidos muito antes de assumirem. Entende?

–E acha que esses Irmãos estão financiando a Stokes?

–É mais complicado que isso. Creio que eles sejam tão poderosos e influentes que estejam simplesmente pagando para a melhor empresa de genética e biotecnologia para criar uma arma biológica. Ou algo pior. - enfatizou a última frase.

–Pior? O que você tem em mente?

–Eu não sei. Deixa eu levantar. - ele tentou se levantar, mas parou – Ai, minha perna está dormente.

–O que? Ah! Estica a perna. - ele fez. Após alguns minutos, passou. Eles se levantaram e ela a acompanhou até o quarto. Sentaram na cama – Continue.

–O que eu falava? Ah, sim. Eu creio que eles estejam com a ideia de criar um exército de humanos geneticamente modificados. - ela conteve uma risada – Que foi? Qual a graça?

–Peter… - ela estourou de rir, estava ficando vermelha, sem ar.

–Lydia! Para de rir! Não tem graça, é sério.

–Isso é absurdo!

–Não é! Meus sentidos ficaram mais sensíveis depois que comecei a usar isso!

–Apenas um efeito placebo. Já existiram pessoas na história que só viveram o tempo que viveram por causa de um efeito placebo crônico. - ela disse, rindo.

–Não é! Lydia, para de rir! - e ele também perdeu o controle. Ria da risada dela.

–Desculpa. Eu… Você ouviu isso?

–Isso o que?

–Esse barulho. Parece ser na sua porta. - Peter pulou e vestiu a calça. Correu para a sala.

Ele percebeu que a porta estava entreaberta. Alguém teria entrado? Ele não lembrou se havia deixado ela trancada. Fechou e trancou. Até ouvir o grito de Lydia. Voltou para o quarto. Um homem estava ali de pé, segurando uma faca. Ele não sabia como o invasor havia entrado. Estacou no lugar enquanto o homem, com uma máscara, mandava ela entregar o dinheiro.

–Ela não! - Peter gritou.

–O que? Você não chega perto ou eu mato ela. Que gostosa. Melhor matar você, não? E foder ela. - isso fez com que o outro lembrasse de seu sonho.

–Não! - ele correu, por reflexo. Desviou de uma facada e acertou um soco nele, segurou o braço do invasor, virou para trás com toda a força até ouvir um estalo.

A faca caiu.

Ele pegou a arma e apontou para o bandido que, ao tentar escapar, entrou no alcance de Peter que, sem pena ou remorso, o acertou com um corte na barriga. O homem recuou um passo.

–Peter! - Lydia gritou, ao ver o que ele faria. Um sorriso insano no rosto.

–Filho da puta! Nunca mais fale com ela assim! - ele girou a faca nos dedos e atingiu o homem com uma violenta estocada na barriga, quase o jogando para trás. Depois tirou, o empurrou no chão e deu mais facadas, enquanto o homem agonizava por alguns segundos. Terminou com um corte fundo na garganta do bandido.

–Peter… - ela gaguejou.

Ele estava coberto de sangue.

***

Jack checou se a Taurus PT 100 estava bem presa ao coldre. Percebeu, pelo peso, que todas as balas estavam lá. Tyrell fez o mesmo na sua. Ambos estavam vestidos socialmente. Eles entraram no primeiro beco que encontraram e cortaram caminho, atravessando vários becos até chegar em uma rua estreita. Andou um pouco. Metros a frente, no fim da rua, havia uma praça. Um homem, vestindo uma jaqueta de couro por cima de uma camisa branca, e usando uma calça jeans, estava sentado em um banco, vendo o filho. O garoto devia ter oito ou nove anos, e era muito parecido com o pai. Ambos tinham os cabelos pretos, os olhos amendoados e o rosto redondo. O mais velho tinha alguns fios grisalhos, o garoto estava um pouco acima do peso, mas brincava ali com as outras crianças, normalmente.

–Jake Preston? Dono da Preston Dynamic? - disparou Jack, se aproximando.

–Sim. Eu mesmo. Quem são vocês?

–Sou o agente especial Jack Bennett e agente especial Tyrell Watkins. - disse. Os dois mostraram os seus distintivos do FBI – Podemos fazer algumas perguntas? - e guardaram.

–Vocês me parecem novos demais para trabalhar para o FBI.

–Já nos disseram isso. Podemos?

–Claro. O banco é público, não? - e sorriu – Sobre o que querem falar?

–Primeiramente devemos informar os motivos da pergunta. - disse Tyrell, educadamente – O senhor deve saber de uma investigação aberta recentemente sobre a origem do dinheiro da Hybrid Westerling Economic. Temos várias suspeitas sobre a possibilidade de lavagem de dinheiro, tráfico e envolvimento com a máfia. E isso se refere apenas ao dinheiro. Existem vários processos sobre homicídios, tortura e sequestros contra eles na justiça, senhor. E o anonimato dos líderes da organização não colabora muito para a nossa investigação.

–E onde entro nisso?

–Esperamos que o senhor possa nos dar alguma pista sobre eles ou sobre a origem do dinheiro.

–Não quero me envolver.

–Se a Hybrid quebrar, quase todas as subsidiárias quebram junto. Me responda: vocês conseguiriam se manter pelas próprias pernas? - Jake engoliu em seco – Foi o que eu pensei.

–Agente Bennett, eu não sei quem são os líderes, mas sei quantos são. São cinco. Duas mulheres e três homens. Eu não sei o nome deles e nunca os vi. Sempre falam por meio de um representante.

–Representante? - Jack começou a se interessar pela conversa – Sabe quem é?

–Sim. Eu não lembro o nome dele, mas eu tenho um documento, na minha empresa, com a assinatura dele. Ele faz tudo o que os líderes mandam.

–Poderia nos acompanhar? - cortou Tyrell.

–Para? Eu não vou para a empresa essa semana. Posso deixar na sede de vocês na Segunda-feira.

–Venha conosco. Por favor.

–Meu filho está aqui, eu tenho que levar ele pra mãe.

–Sem desculpas. - Jack mostrou a coronha da Taurus, se destacando no coldre – Venha conosco.

–Vocês são do FBI?

–Claro que somos.

–Tenho uma má notícia para vocês, jovens. - disse Jake, com um sorriso sarcástico. Mostrou que, por debaixo da jaqueta, presas por dentro da calça, estavam duas Glock G22, uma de cada lado.

–O que? - Tyrell recuou um passo, levando a mão até a sua arma.

–Não vamos dificultar isso, rapazes. Temos inocentes no parque. Posso matar vocês antes de conseguirem engatilhar. - e sorriu.

–Está blefando.

–Vamos ver. - colocou uma mão sobre cada uma – É assim que fazemos no Texas. Vejam bem. Olhem quantas crianças. Imagina como elas reagiriam ao assistir um assassinato. De fato, ficariam traumatizadas, ou pior. É o que vocês querem?

–É o que você quer. Venha conosco.

–Não. - e se preparou para pegar a arma.

–Chega. Vá embora, Jake. - Jack disse, calmamente.

–Ele não pode.

–Desculpe, rapaz. Eu posso. - virou as costas e saiu.

–Não pode, não! - Tyrell puxou a sua Taurus e disparou nele pelas costas. Preston caiu, de joelhos.

–Ty! - Jack pulou na direção dele. Acertando um soco no rosto dele, derrubando-o. As pessoas no parque saíram correndo, desesperadas. A mãe de um dos amigos do filho de Jake puxou os garotos para longe, sem que pudessem ver aquilo – Qual seu problema?

–Filho da mãe! - Jake levantou. Estava protegido por um colete a prova de balas, feito de Kevlar. Ele puxou a Glock e disparou um único tiro, nas costas do garoto caído. A bala acertou uma das vértebras da coluna dele. Tyrell soltou um grito agudo e desmaiou de dor.

–Tyrell! - Jack sacudiu o amigo, estava inconsciente – Você o matou.

–Não. Seria pouco. Esse desgraçado tentou me matar. Ele vai aprender alguma coisa. Não ouse puxar essa arma, ou eu atiro. Eu estou armado, você ainda não. Me deixe ir e esqueço isso.

–Some daqui. - e Jake se afastou lentamente, tirando a jaqueta – Espere!

–O que? - ele se virou para o jovem.

–Como você sabia? Veio com um colete.

–Eu não saio sem isso. Lamento pelo seu amigo. - e foi embora.

***

Harvey e Elizabeth se entreolharam, espantados. A televisão emitiu as primeiras notas do hino estado-unidense, repetindo várias vezes. A tela cortou para uma cortina, pintada com a bandeira americana, tremulando. Um homem apareceu. Estava encapuzado, usando uma máscara branca. De um lado da máscara estavam três listras vermelhas e do outro, uma imagem tribal pintada em azul. Em torno dos olhos estava uma marca preta delineada e a boca, da máscara, mostrava um sorriso sarcástico.

–Isso é sinistro. - murmurou Samuel para Edward.

–Quieto, acho que ele vai falar.

–O que vocês viram hoje foi uma demonstração do que podemos fazer. - sua voz estava disfarçada, mas parecia confiante – O homem que foi morto hoje nos traiu. Espero que isso sirva de recado para os que tentarem o mesmo. Mas os que não sabem quem somos, permita que nos apresente. Somos uma organização, nós somos a mente e o coração desse mundo. Somos conhecidos por vários nomes, nos confundem com o Iluminatti, mesmo que não tenhamos nenhuma relação, e a veracidade deles é duvidosa. Alguns nos chamam de Sétimos. Outros nos chamam de Construtores, ou Mestres, ou Irmãos. Nosso verdadeiro nome não importa, mas podem nos chamar de The Basic Charge. Nosso anonimato sempre foi muito preservado, mas hoje acreditamos que deveríamos nos mostrar por um simples motivo. Esse país é a alma desse mundo. Quero que vocês se levantem e marchem conosco, no dia 13 de Junho. Queremos justiça, e a teremos. Até lá, irmãos, se preparem. A guerra está próxima. E para os que souberam disso por outras fontes, que não a aleatoriedade de ligar a televisão, entraremos em contato nos próximos dias, da mesma forma pela qual nos conheceram. - e voltou para a cena da reportagem.

–O que dizia a mensagem? - disse Edward, segurando Samuel pela camisa – O que dizia?

–Você os conhece. Eu vi como você reagiu quando ouviu The Basic Charge. Quem são eles?

–O que dizia a mensagem? - ele gritou.

–Me fala! Quem são eles? - e o empurrou.

–Parem os dois. - Elizabeth separou os dois – Parecem crianças.

–O que dizia a mensagem, Faulkner? - Gregory entrou. Os três suspiraram.

–Que teríamos um espetáculo agora. Está lá, com o horário. - eles olharam no computador, estava a mensagem. Voltaram para o garoto – Quem são eles, Carver?

–Lembra que eu disse que te falaria sobre a HWE quando resolvesse isso?

–Sim.

–Vamos ter essa conversa. Sente-se.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Chapter 8 - Sense of Justice



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