Conspiracy escrita por J N Taylor


Capítulo 5
Chapter 5 - Under The Power




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–Você está se drogando, Peter? - a expressão de Lydia era de total incredulidade.

–Estou. - cuspiu, sem nenhum ressentimento.

–Você? Peter, qual seu problema?

–Eu cansei de ser um nada. Isso me prometeu o mundo, eu vou ter o mundo.

–Peter, esse não é você falando. Quanto tempo?

–Quanto tempo o que?

–Você está usando. Quanto tempo está usando?

–Uma semana que a tenho. Mas usar, só dois dias.

–Peter, eu te amo, você não precisa fazer isso. - ela disse, acariciando o rosto dele.

–Eu não preciso do seu amor, Lydia. - desdenhou.

–Peter! Eu quero te ajudar.

–Eu não quero ajuda. Não quero sua ajuda, não quero nenhuma ajuda. Eu posso ter o mundo. - repetiu, arrogante – Eu não preciso de ajuda. Eu não preciso de nada, Lydia.

–Então o que aconteceu hoje?

–Não, o que tivemos hoje foi real. Foi muito bom, na verdade. Você é a ótima, mas é só isso. O que tivemos hoje é o que tivemos hoje. Espero que continuemos tendo. - e fechou a maleta.

–Você me quer só pra transar?

–Exatamente. - falou, com um sorriso no canto da boca e pegando a maleta para guardar. Ela permaneceu parada, olhando enquanto ele guardava a maleta no compartimento secreto.

–Você está insinuando que sou uma prostituta? - ela disse, recuperando-se do choque.

–Oh, não, Lydia. Não, eu nunca sugeri isso. Eu creio que elas cobrariam.

–Seu filho de uma…

–Olha bem o que você vai dizer! - ele cortou, se aproximando dela. Ele passou a mão pela cintura dela e a puxou para perto. Ela tentou se afastar, mas ele a puxou com mais força.

–Me solta. - e deu um tapa nele.

–Olha! A cadela morde.

–Eu vou te mostrar a cadela, seu bastardo! - e deu outro tapa, colocando toda a força. Ele riu.

–Isso, bate. Eu gosto disso.

–Gosta? - ela desviou dos braços dela e acertou outro tapa, com uma força que ela nem sabia que tinha. Ele sorriu. Lydia lembrou-se do que aprendeu nas várias lutas que fez e o acertou com um soco no estômago. Quando ele se curvou, ela preparou um soco, mas ele parou o golpe quando ele estava a menos de um centímetro de seu rosto. Peter girou o pulso dela, derrubando-a.

–Você é uma puta má, Lydia. - essa frase a deixa cega de ódio. Ela desferiu todos os golpes que conseguiu em todas as partes que alcançou. Quando conseguiu ver o que havia feito, ele estava encolhido no chão, com as mãos sobre o nariz, que jorrava sangue – Sua puta maldita!

–Fale assim comigo de novo e eu vou tirar mais sangue de mais lugares. - ela disse, ofegante. Passou e olhou para os olhos dele, que não mostravam nenhuma dor, só raiva.

–Eu vou foder você de tantas formas que… - mas ela acertou outro chute no nariz dele. Ele soltou um rosnado de raiva e disse algo que ela não entendeu.

–Repete isso. - ela soltou, com uma leve ponta de orgulho.

–Eu vou… - e acertou um chute nele.

–Eu não tenho pena de você, Peter. Sinceramente, eu gostava de você, mas hoje? Você me perdeu.

–Eu perdi você?

–Tchau, Peter. - ela ignorou ele.

–Eu não disse que minha puta pode sair. - ela manteve-se firme e foi até a porta. Trancada.

–Peter, abre essa porta, por favor.

–Agora ela pede. Devia ter pensado nisso antes. - e sacudiu a chave, jogando-a no compartimento da maleta, que ainda estava aberto. Ele fechou, bloqueando o acesso dela.

–Peter, vamos ser racionais. Não é necessário… - ele fez um gesto e soltou um estalo com a língua.

–Barganha, Lydia. Com você? Não, não mais.

–Peter, por favor, eu…

–Calada. - ele se levantou com um sorriso sádico no rosto.

–Peter, veja bem. Não vamos estragar a nossa amizade…

–Pro inferno com qualquer coisa que tivemos! Olha pra mim! Estou sangrando. Eu vou fazer você sangrar também. - e acertou um soco nela. Ela caiu de joelhos. Ele deu um sorriso nervoso e contido. Ela olhou para ele e teve certeza do que ele faria quando ele a levantou.

–Peter. Peter? – ele de repente caiu no chão, rindo intensamente. Ela parou e observou aquilo, curiosa. “Variação de humor?”. E tão repentinamente como começou, a crise terminou. Ele ficou sério e olhou para ela, carinhosamente. Depois uma lágrima escorreu e outra, e outra. Ele estava chorando – Peter? O que está acontecendo?

–Sai daqui! – ele abriu o compartimento, pegou a chave e jogou para ela – Sai daqui!

Ela parou, pensativa. Virou as costas e correu pela porta.

***

Desmond entrou no carro. James entrou na frente, dirigindo.

–Senhor Cahill, tenho um pressentimento ruim. Creio que devemos ir para casa.

–Vamos para a empresa, James.

–Senhor, por favor.

–Empresa. - ele foi incisivo. Ele acatou a ordem e foi para a empresa. No meio do caminho, encontrou um pequeno engarrafamento.

–Senhor Cahill, me permite sugerir uma coisa?

–Claro. Por que não?

–Vamos para casa, senhor. Algo me diz para não o levar até a empresa.

–James, por favor.

–Igual o pai. - murmurou. Seguiram o resto do caminho em silêncio. Ao chegarem na empresa, James desceu do carro e abriu a porta para o patrão. Desmond desceu.

–Vamos subir. - disse, para quebrar o silêncio. Aquilo o incomodava.

–Senhor, quem é aquele? - o empregado acenou discretamente com a cabeça na direção de um homem de capuz. O rapaz parou, curioso. Não sabia se o conhecia.

–Boa pergunta. Deixe-me ver. Rapaz! - o garoto virou para ele – Quem é você? Tire o capuz.

–Senhor. - James disse, quase num sussurro.

–Espere. É meu trabalho. Tire o capuz.

–Senhor. - Desmond ignorou.

Es lebe der Führer! Zerstörung zu entehrt!– a pessoa gritou e sacou uma arma, apontando para eles. Os dois pararam.

–Desmond! - James pulou na hora do disparo. Ele rolou com Desmond pelo chão. O homem, vendo que teria falhado em sua missão, apontou a arma para a sua cabeça e disparou, caindo morto instantaneamente.

–James! James! - ele sacudiu o empregado.

–Eu não morro tão fácil, rapaz. - e riu.

–James, fala comigo.

–Eu to bem. - ele se apoiou na perna para levantar. Quando ficou de pé, o sangue na roupa era pouco e o garoto sorriu – Sério. Só acho que não tenho mais idade para isso.

–Te devo minha vida. De novo.

–Garoto, você e seu irmão são como filhos para mim. Me diga que homem não daria a vida por um filho? Pelos filhos? - e andou, com a mão sobre a ferida. A porta do elevador abriu e eles entraram.

–Ele queria me matar? - ele disse, olhando assustado para o corpo – O que eu fiz?

–Legado é uma coisa que se conquista e se dá para a outra geração. Não se constrói um legado sem arrumar inimigos. Seu pai…– e suspirou – Seu pai tinha muitos, senhor Cahill.

–Eu não sou meu pai.

–Você é. Mas do que você imagina.

–O que quer dizer com isso?

–Acho que não sou eu… Não sou eu que devo te explicar.

–O que você está me escondendo, James?

–Nada, senhor.

–Você disse que eu não deveria vir para a empresa, eu vim. Um louco tenta me matar. - eles chegaram no andar – Agora vem com mistério para cima de mim. Eu não sou bobo, James.

–Senhor, me desculpe, mas não posso falar.

–Dia, Atkins. Peça para um enfermeiro ir na minha sala. - Desmond cumprimentou seu secretário e foi para a sala – Transfira as ligações, por favor. - e se voltou para o empregado - James, não minta para mim. Confio em você.

–Apenas confie, senhor Cahill.

–Não posso se não me disser.

–Eu não posso dizer.

–Por que?

–A sua mãe não quer.

–Ela está morta. - James abriu a boca para argumentar, mas ficou quieto – Por favor, eu tenho o direito de saber qualquer coisa.

–Não, não tem.

–Pelo amor de Deus, James! - o enfermeiro entrou – Que rápido. Sim, é ele. Terminamos nossa conversa depois, certo? Você vai me explicar isso. - e ele assentiu com a cabeça.

***

–Esse é seu trabalho. Descriptografe a mensagem nessa imagem. - disse Edward.

–De que forma? - perguntou Samuel. A mensagem era um pequeno texto em branco num fundo preto. Parecia algo bobo.

–Não sei, pra isso que vou te pagar. Para descobrir.

–Mas eu preciso de um ponto de partida!

–Você já tem, Samuel. Essa imagem. Mostre que você é diferente dos outros que eu contratei.

–Você contratou outros?

–E eu matei outros. Matar você seria um desperdício.

–Deixe ele. Eu faço isso. - disse Harvey, que estava sentado num canto perto de Elizabeth.

–Ele aceitou, ele fará.

–Harvey, não se meta, por favor.

–Eu sou seu amigo, Sam. - ele se levantou – É meu trabalho te defender.

–É meu trabalho resolver isso. Ele pode me ajudar?

–Se quiser, mas não pago. Meu acordo foi com você. - e deu de ombros – Pode tirar do seu dinheiro o pagamento dele.

–Eu trabalho de graça. - a voz de Harvey tremia.

–Então trabalhe. Meu dinheiro você não vai ter.

–Que seja. Sam, vamos trabalhar!

–Agradeceria se você saísse e nos deixasse trabalhar. Ela fica.

–Não confia em mim? - retrucou Edward, com um leve sorriso.

–Não.

–Inteligente. - disse, com um sorriso – Ao trabalho. Me chame se precisar de algo.

–Espere! - pediu Harvey, mas ele continuou andando, ignorando o chamado.

–Espero que não precise me chamar, diretamente. Peça para eles. - e indicou os dois homens que estavam na porta – Eles ajudam.

***

Peter continuou ali, olhando para a maleta. Já havia completado alguns minutos que Lydia o deixara. Ele praguejou pelo seu descontrole. Aquela droga estaria o deixando assim? Era improvável, mas já ouvira casos de pessoas que tiveram reações exageradas e desproporcionais em determinadas situações. Riu daquela. Parecia muito idiota para ele alguém não controlar as emoções e culpar alguma substância. Mas agora era algo real, ao menos para ele. Se culpou pelo modo que agiu com Lydia. Não sabia se a teria de volta. Deveria se desculpar, mas resolveu esperar por algum tempo. Até ela se acalmar, ao menos.

Deitou na cama, ainda sem se preocupar com a roupa. Levantou para trancar a entrada, que ela provavelmente deixara aberta, na ânsia de sair. Odiava assumir, mas a amava. Voltou para o quarto e quando se preparou para deitar novamente, lembrou-se que não trancara o compartimento. Ele seguia a regra de apenas uma seringa por dia, mas a ideia de outra era irresistível, como se algo sussurrasse no ouvido dele para que ele tomasse outra dose. Por um momento, ele realmente chegou a ouvir um sussurro. Se perguntava se estava enlouquecendo, mas então viu que não era possível. Mas então uma terrível agonia começou a perturbar ele. Olhou para os lados, nervosamente. Mexia com as mãos, se sentindo inquieto.

–Certo, Peter. Se controle. - ele disse para si próprio. Suspirou, tentando se controlar – Autocontrole.

Ele fez o máximo que pode para afastar a sensação. Mas era inquietante.

Ele se virou.

Ele viu alguém.

Por um segundo, ele viu alguém.

–Quem é? - sua voz falhou, caindo uma oitava.

Sem resposta.

–Quem é? - perguntou novamente, tentando manter a voz firme. Novamente, silêncio – Quem é?

Olhou em volta. Talvez algo tivesse caído, mas não ouviu nenhum barulho. Talvez tenha sido apenas um inseto passando perto de seu olho e ele imaginou ser alguém. Mas parecia algo tão definido que ele duvidou da própria sanidade por alguns instantes. Não tinha ninguém. Permaneceu ali, parado por quase dez minutos, até ter certeza que estava sozinho.

Pegou a maleta e a abriu, tirando uma seringa. Sentou-se na cama e posicionou o travesseiro, se encostando nele. Tirou a pequena quantidade de ar no início e começou. A agulha penetrando a pele. O ardor agradável do líquido entrando na sua corrente sanguínea. A sensação de prazer. A respiração sem ritmo. O espasmo. Então, uma nova sensação. Ele não poderia explicar o que era, mas parecia com um choque. Suave, mas intenso. Alternava entre momentos leves e momentos fortes. Ele sentiu os olhos marejarem de lágrimas, mas era porque se sentia bem, por mais estranho que parecesse. Então, ele olhou para a seringa. Estava no começo ainda. Pressionou mais. Ela quase não se moveu.

Estava sem força.

Pressionou novamente, tentando colocar o máximo que poderia. O choque e o espasmo vieram intensos e sincronizados. Só o choque causou o espasmo, ou o contrário, ele não poderia dizer. Mas seu corpo todo tremeu violentamente. Ainda estava na metade. O líquido entrou mais um pouco e uma dor intensa o atingiu no peito. Ele gritou. Não conseguiu juntar forças para tirar a mão da seringa. Uma queimação terrível se espalhou por todo ele e ele não conseguia mais gritar. Estava fraco até para isso. Juntou o pouco de força que ainda tinha e, soltando um grito abafado e rouco, empurrou o resto do líquido. Quando acabou, foi tomado por um êxtase intenso. Tirou a agulha da pele e colocou sobre a maleta.

Se levantou, trôpego. Se apoiou na cama e tentou se manter de pé. Ele sentiu o corpo escorregar para o lado e caiu de joelhos. Sua visão embaçou e ele caiu com o rosto no chão. Sentiu o suor escorrendo como uma tempestade por ele. O calor aumentou e ele ficou inconsciente.

***

O garoto olhou para a parede no fim da sala, o enorme quadro estava repleto de imagens, páginas rasgadas e notícias, mapas e fotos, todos ligados por uma corda vermelha. Alguns rostos e nomes estavam marcados com uma caneta permanente da mesma cor, alguns com um X, outros circulados e outros com as duas marcas, mas todos ligados. Ele olhou para alguns, que só conhecia pelo que já haviam feito. Uma foto de Desmond, seu irmão, os pais e James estava presa em um dos cantos. Sobre os pais estava um pequeno F. Ele sorriu. Olhou para suas anotações sobre a mesa e as leu. Pegou uma caneta e leu uma lista de nomes.

–Edmund Cahill, certo. Peter Harmond, certo. Joseph Stanlik, certo. Faltam…

–Jack! - ele se virou, curioso. Alguém o chamou. Ele sacudiu a cabeça, mexendo o cabelo castanho-escuro repicado. Seu amigo estava na porta.

–Tyrell? - o que entrou ignorou a menção ao próprio nome. Se aproximou do amigo e se curvou próximo ao rosto dele, em direção a mesa. O que se chamava Jack sentiu o cheiro forte do perfume do amigo. Aquilo era bom. – Ty.

–Sim. - ele disse, se virando para o lado.

–Seu perfume me enjoa. - falou, finalmente, após alguns minutos de hesitação.

–Seu idiota. - riu, e se virou novamente para as anotações. Jack continuou ali, em silêncio, sentindo o perfume de Tyrell. Ele fitou o amigo por alguns instantes – Quem é esse Jake Preston?

–Já ouviu falar da Hybrid Westerling Economic?

HWE?

HWE! A Preston Dynamic é subsidiária deles. Assim como a Stokes Genetical.

–Isso significa? - perguntou Tyrell, animado.

–Trabalho de campo.

–Trabalho de campo! - e seguraram um o antebraço do outro, como se fosse um cumprimento secreto – Estou pronto.

–Então, vamos.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Chapter 6 - The Sins of my Father



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