Conspiracy escrita por J N Taylor


Capítulo 4
Chapter 4 - Bring On The Hunt


Notas iniciais do capítulo

Atrasado, mas saiu. Desculpem.



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–Esse é Edward Carver. Ou como nós o chamamos, O Diretor.

–Olá, Samuel. - e estendeu a mão.

–O que você quer? - disse, ignorando o cumprimento.

–Certo. - e ele puxou a mão de volta, sem nenhum constrangimento.

–O que você quer? - ele repetiu.

–O que eu quero? Bom, você foi testado. O homem que mandamos para te derrubar e te trazer, vivo, para deixar isso claro, falhou. Infelizmente. Mas ele é bom demais para dispensarmos.

–E ele deveria matar os meus amigos?

–Matar? Seu amigo e sua namorada não estão aqui?

–Eles mataram outro amigo meu, que nos deu cobertura para tentarmos fugir.

–Essa eu não sabia. - ele ajeitou o terno e soltou um pigarro, levemente desconcertado. O cabelo preto com mechas brancas, por causa da idade, e os olhos negros calmos o davam uma expressão solene – Me perdoe. Meus pêsames.

–Obrigado. - retrucou, friamente.

–Mas agora, aos negócios. Soube do seu sucesso como hacker para a Benson-Hartley Corporation. Agora, tenho que fazer uma proposta. Você já ouviu falar de alguma organização que lance desafios hackers na internet? Desafios de inteligência, na verdade.

–Sim, por quê?

–Quero que você trabalhe para mim.

–Não.

–Espere eu terminar, Sam.

–Não me chame de Sam, não te dou intimidade para me chamar de Sam.

–Como quiser, senhor Faulkner. Melhor? - Samuel deu de ombros. Edward pigarreou e continuou falando – Eu estou fazendo uma proposta justa. Quanto quer receber? Eu posso pagar.

–Eu não quero trabalhar pra você!

–Não queria chegar nesse ponto, Samuel. Ou você trabalha pra mim ou mato sua namorada e seu amigo na sua frente. Melhor, mato seu amigo e dou sua namorada para meus homens se divertirem.

–Você… - ele tentou pular sobre Edward, mas os homens o seguraram – O seu assunto é comigo. Deixe eles em paz! - ele guinchava, se debatendo para escapar.

–Você é bom demais para perdermos, Samuel. - disse ele, dando a volta pela mesa e se aproximando do jovem, completamente calmo. Ele se inclinou e olhou nos olhos de Sam – Ou você aceita a minha proposta ou sua namorada vai ser…

–Cala a boca! - ele gritou, e cuspiu no rosto de Edward, que tirou um lenço do bolso e limpou.

–Samuel Falkner. Quem diria que você seria tão idiota? - e deu um tapa no rosto dele, com toda a força. O garoto sentiu o rosto formigar com o golpe.

–Negocie comigo! Deixe eles fora disso!

–Não. Você tem algo que eu quero, sua inteligência. E eu tenho algo que você quer, seu amigo e sua namorada. Estou sendo justo. E ainda ganharia muito dinheiro com isso.

–Eu não quero seu dinheiro! Me deixe ir em paz. Por favor.

–Está mudando o tom. Gregory! - ele se virou para o homem que encontrou Samuel na cela – Traga a jovem Elizabeth aqui. Deixe eu demonstrar para ele o que vai acontecer.

Gregory saiu e voltou, minutos depois, segurando a garota pelo cabelo e jogando-a no chão. Edward deu um sorriso cínico.

–Você é mais gostosa do que eu pensava. - ele agarrou ela pelo pulso e a levantou com violência, enrolando os dedos no cabelo dela e puxando para trás. Ele se aproximou e a beijou no pescoço, enquanto a garota se debatia e tentava acertar ele.

–Não! Eu aceito! Eu aceito! - Samuel berrou. Edward parou e soltou a garota.

–Queria me divertir um pouco. - disse, dando um olhar malicioso para ela.

–Não, por favor. Me desculpe. Eu aceito o trabalho. Por favor, não faça nada com ela.

–Foi o que prometi, não foi? - e fez um gesto para que soltassem ele. Os homens o soltaram e ele correu para Elizabeth, que não falava nada, apenas chorava, se ajoelhou ao lado dela e a abraçou de forma protetora.

–Calma, El. Está tudo bem. Está tudo bem. Eu estou aqui, calma. - ele repetia.

–Sam, desculpa. - ela sussurrou, encostando a cabeça no peito dele.

–Desculpa? Pelo que?

–Eu não consegui escapar deles. Eu… - e voltou a chorar – Eu estraguei alguma coisa?

–Não. Posso resolver isso. Quero que você fique aqui, comigo. Eu não vou me afastar, certo? - ela fez que sim com a cabeça. Samuel se levantou, secando uma lágrima do rosto e encarou Edward. Respirou fundo – O que você quer que eu faça?

–Agora estamos negociando.

–Mas tenho mais algumas condições. Eu vou cobrar o preço que quiser por qualquer coisa que me pedir. Você não vai mais ameaçar ninguém que eu disser que não quero que ameace. E quero escolher o equipamento que vou trabalhar. Temos um acordo?

–Temos. Mas seus amigos ficam aqui.

–Num quarto, nos melhores. E comigo. Não confio em você, não confio nos seus homens. Quero ter certeza que eles estarão bem.

–Como quiser. Se é só isso, temos um acordo.

–E não quero que ninguém fique parado atrás de mim ou deles enquanto estivermos fazendo algo. Quero privacidade, para todos.

–Acabou?

–Sim. - e estendeu a mão. Edward apertou.

–Temos um acordo.

***

Peter saiu de cima de Lydia, caindo ofegante ao lado dela.

–Eu não vim preparada pra isso. - ela disse, com um sorriso.

–Eu não estava preparado nem pra você estar aqui. Mas tenho que admitir, foi uma ótima surpresa.

–Acho que gostei tanto quanto você, Peter.

–Espero que eu tenho feito você gostar. - e virou para o lado dela, ficando com os rostos próximos e a beijou suavemente.

–Mas já está pronto pra outra?

–Estou, mas preciso resolver um assunto antes. Já volto. - e se levantou, sem se importar em colocar a roupa. Pegou o celular da calça que estava no chão e digitou um número.

–Peter, vem cá. Esquece esses assuntos por um minuto.

–Espera, Lydia. - e se voltou para o telefone - Peter Harmond. Quero falar com Desmond Cahill. Não, não me interessa se ele está ocupado. Eu quero falar com Desmond Cahill! Não, então me passe para James Larkin. Você não entende? Sua vida pode estar em perigo. - disse, tentando dissuadir a voz do outro lado – Não, senhor. Não, não estou te ameaçando. Não é necessário ligar para a polícia. Não, senhor. Apenas avise que liguei e peça para que James Larkin ou Desmond Cahill me liguem. Não ligue para a polícia, senhor. Não, isso também não é uma ameaça. Só dê o recado. Obrigado. - e desligou o telefone.

–Quem é Desmond Cahill? E James Larkin? São nomes irlandeses, certo?

–Sim. Já trabalhei com os pais do Desmond. E James Larkin é quase um pai para o Desmond.

–Quase um pai?

–Sim. Ele cuida do Desmond e do irmão dele, Liam.

–E os pais?

–Mortos no ano passado em um incêndio na empresa. James era o braço direito deles. Ensinou ao Desmond tudo o que o pai dele havia ensinado. Assumiram o negócio.

–Eles não tentaram fugir, Peter? Os pais.

–Não. Voltaram atrás de uma coisa, mas não conseguiram escapar. Dizem que já haviam pego.

–O que eles voltaram para pegar?

–Não sei. - e deu de ombros, sentando ao lado dela na cama – Mas já resolvi meu assunto. Tem algo para resolver, Lydia?

–Tenho. - ela disse, se descobrindo – Acho que você vai querer me ajudar.

–Está completamente certa. Ainda bem que não nos vestimos.

–Cala a boca. - e ela colocou o indicador sobre os lábios dele – Faça o que deve fazer.

–Eu vou. - ele puxou a coberta de cima dela e jogou no chão, colocando seu corpo sobre o dela.

Peter passou a mão pelos cabelos dela e segurou de forma firme, mas delicada. Ela soltou um leve gemido e ele começou a se movimentar. Quando Lydia olhou para o rosto dele, estava coberto de lágrimas.

–Peter… - o nome saiu abafado pela respiração ofegante – Oh, Peter… Ah… Para.

–Por que? - sua voz tinha um misto de prazer e culpa.

–Para. Só… Para. - juntou as últimas forças para empurrar ele para longe dela.

–O que… O que houve? - ele estava se recuperando ainda.

–Você estava chorando. Você está chorando.

–Eu não… - ele parou por um segundo, secando as lágrimas – Não estou numa boa condição para uma conversa. - e virou as costas, saindo do quarto. Voltou dez minutos depois. Lydia já estava vestida, ele não. Ele pegou as roupas e começou a se vestir.

–Vamos conversar, Peter. Querendo ou não.

–Sobre o que quer falar? - disse, desistindo de colocar a calça, jogando-a na cama.

–Você está estranho. Problemas pra falar, variações de humor. Eu nunca vi você tão… - e parou um pouco, avaliando qual palavra usar - Disposto. O que está acontecendo?

–Eu estou ótimo.

–O que está acontecendo, Peter? Não minta pra mim.

–Eu não posso te falar.

–Por favor. - ela se aproximou e alisou os cabelos dele – Eu quero te ajudar.

–Certo, preciso te mostrar uma coisa. - ele abriu o compartimento sob a cama e tirou a maleta. Abriu e mostrou pra ela. Tirou uma das seringas e entregou – Isso é o novo Peter Harmond.

***

Matthew derrubou dois dos homens e entrou na sala. Elizabeth e Samuel estavam abraçados. Edward se limitou a olhar para ele.

–Matthew Hunter! Meu assassino favorito!

–Seu bastardo maldito! - ele gritou, empunhando a arma. O casal se aproximou da outra parede - O meu problema não é com vocês. Você me fez matar o meu amigo!

–Você o matou porque quis. Eu dei ordens para não matar ninguém.

–Mas você me deu ordem de derrubar quem entrasse no caminho.

–Derrubar, não matar. Não queira reduzir sua culpa colocando-a sobre mim!

–Você também tem parte, Carver.

–Não sei de onde você tirou essa teoria absurda, Hunter, mas eu quero que saia da minha sala agora!

–Você me fez matar um inocente.

–Scott Fleming era inocente. Você não teve uma epifania quando matou ele. É pessoal, porque ele é seu amigo. Quando você aceitou trabalhar pra mim eu avisei que perderíamos pessoas no processo! Isso é uma guerra, Hunter. Agora, recomponha-se, pare de drama, guarde essa arma e vá fazer o seu trabalho! - os dois se encararam por alguns minutos. Matthew abaixou a arma e a guardou – Bom. Muito bom. Já pode sair da minha sala. No seu próximo surto, da próxima vez que apontar uma arma para mim, será a última vez que poderá usar armas, entendeu? Me desafie novamente e seu corpo vai aparecer boiando em algum rio.

–Da próxima vez que tentar me humilhar, Carver, será a última vez que falará qualquer coisa. Se ele convidar vocês, já sabem. - se virou e saiu. Edward engoliu em seco e se voltou para o casal.

–Onde estávamos? - a ameaça surtiu efeito, sua voz estava trêmula.

–Meu trabalho. - gaguejou Samuel após ter certeza que Matthew havia saído.

–Não pense em desistir agora. Seu trabalho começa daqui a pouco.

–Certo. Obrigado. - sua voz voltava a recuperar o tom original.

–E quando cumprir sua parte, poderei te falar sobre a HWE.

***

Ele ajeitou o cabelo castanho, passando a mão cuidadosamente. Ele deu uma piscadela para uma das garotas que passava no grupo na frente dele. A garota retribuiu com um sorriso, encarando os olhos azul-esverdeados dele. Não apenas ela, mas outras duas das cinco outras garotas. E elas começaram uma discussão animada sobre para quem foi a piscada. “É a barba. Só pode ser”, disse para si mesmo, acreditando que a barba rala era parte de seu “charme pessoal”, como gostava de chamar.

–Senhor Cahill! - chamou um homem. Ele aparentava ter por volta dos cinquenta. Os cabelos acinzentados contrastavam com os olhos azuis e davam uma aparência séria, imponente, mas, ao mesmo tempo, um tom jovial para ele. O rapaz se virou para ele.

–James! Sim. - ele disse se levantando rápido e mantendo uma postura.

–Senhor Cahill, você está flertando com estranhas novamente?

–Ela era bonita.

–Qual delas?

–A morena, no meio, com a camisa branca. - disse, acenando com a cabeça.

–É, devo concordar, senhor Cahill. Mas ligaram da empresa. Avisando que o senhor Peter Harmond deixou um recado para que um de nós ligássemos. Devo ligar ou quer fazer isso, senhor Cahill?

–Peter Harmond? Não conheço.

–Trabalhou com seus pais, senhor. - e pigarreou.

–Ah sim. Não lembro dele.

–Acho que o senhor não chegou a conhecê-lo.

–Mudando de assunto, onde está o Liam?

–Não sei, senhor. Ele pediu para que eu ficasse aqui, com o senhor.

–Acho que sei onde ele pode estar. Venha comigo, James. - e saiu. Entrou em uma rua lateral próxima do parque e parou perto de um beco. Escutou gemidos e, pra ter certeza do que pensou, deu uma espiada rápida. Reconheceu seu irmão, com alguma garota, no beco – Achei. - sussurrou.

Desmond e James esperaram tranquilamente encostados no beco. Quando ouviram um barulho, algo como um grito abafado, souberam o que era. A garota saiu, aos tropeços, ajeitando a saia. Deu um grito quando os viu e saiu correndo.

–Não sabe mais se controlar, Liam? - disse o jovem entrando no beco. O irmão ainda tentava fechar o zíper da calça.

–Você é o vice-presidente da empresa, senhor Liam. Deve aprender a controlar-se diante de uma mulher. Se se entregar no primeiro momento, se entregará para sempre. Era o que seu pai dizia sempre, até sua mãe mandar ele se desculpar. - os três riram.

–Como quiser, “Alfred”. - disse, fazendo uma reverência exagerada.

–Algum de vocês pretende virar um vingador que usa um morcego de símbolo? - mais risadas.

–Mas não foi isso que viemos falar. Vem com a gente para casa, Liam?

–Não, Desmond. Vou dar um passeio. Volto antes de anoitecer, pai. Não se preocupem.

–Certo. Oh, senhor Cahill. - murmurou James, após pegar o telefone.

–O que houve? - perguntaram os irmãos, em coro. Eram muito parecidos. Poderiam ter sido confundidos com gêmeos.

–Luther Stokes ligou. E deixou uma mensagem pedindo o contato do senhor Harrison.

–Harrison? - questionou Desmond, achando esse nome familiar, mas não lembrando na hora.

–Damon Harrison. Um hacker. - explicou Liam - Trabalhou para o pai antes do… - e parou, visivelmente agitado. Colocou as mãos nos bolsos da calça e começou a morder os lábios.

–Antes do acidente? - disse o outro irmão, após um minuto de silêncio.

–Sim. - retrucou, tirando as mãos dos bolsos.

–Liam, você não precisa ficar assim. Todos sofremos pela morte deles.

–Parece que é fácil superar.

–Não é, Liam. - e abraçou o irmão – Mas aprendemos a conviver. Não vamos superar, mas todos morrem. Nós sofremos, mas aprendemos a conviver com a dor. Eu sinto falta deles. Da mãe. Você sabe qual foi a última coisa que ela me disse?

–“Cuide do seu irmão. Eu e seu pai amamos vocês.” - disse Liam, carinhosamente.

–Eles preferiam perder a empresa do que perder vocês, senhores. Se eles arriscaram a própria vida para salvar algo da empresa, se vocês estavam em segurança, era algo muito importante. - disse James – Senhores, o seu pai era o melhor homem que já conheci. Era um irmão pra mim. E a mãe de vocês… Foi a melhor mulher que eu conheci na vida. Kyara Cahill era uma deusa entre as mulheres que conheci. E arrisco dizer que entre todas as mulheres.

–Você fala com tanta propriedade. Parece que… Eram bem próximos. - teorizou Desmond.

–Sim, senhor Cahill. Eu e os seus pais tínhamos uma relação profunda. Mas esse assunto não está em questão. Quando tiver uma chance, explico para os senhores. Devo passar o número do senhor Harrison para o senhor Stokes?

–Ah sim, se tiver, pode.

–Espere, senhores. Peter Harmond é o vice-presidente dele. Talvez queiram falar sobre o mesmo assunto. Será necessário ligarmos para ele?

–Ligue depois para ter certeza.

–Bom, acho que vou… Por ali. - disse Liam, apontando para a rua – Com licença. - e saiu, ensaiando uma leve corrida em direção ao parque.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Chapter 5 - Under The Power



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