More torn than autumn leaves escrita por Aeikin


Capítulo 3
Capítulo 3: The maze in your mind


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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More torn than autumn leaves

“Quem é você?” Voltou a ecoar em sua cabeça.

– Ei, garota. Como sabe meu nome? - Ele voltou a lhe perguntar, visto que Katarina não respondera enquanto se lembrava do que vivera com ele.

Mas, ao se tocar da pergunta, ela não sabia o que responder. Confessava seu medo. Medo de perdê-lo. Se ela dissesse que o homem que ele servia havia desaparecido, não teria mais nenhum motivo para eles se verem.

– Você serve o meu pai. - Foi a única coisa que ela conseguiu responder, ainda atordoada com tudo o que acontecia. "Pelo menos ele não morreu... No entanto, é como se eu morresse para ele. Não. É como se eu nunca tivesse existido."

– A última coisa que eu me lembro é de Kavyn. - Talon falou com sua frieza natural, e Katarina sabia que quando ele estava sério não deveria o irritar.

– Então você se lembra de tirar a vida do seu amigo. - Ele a olhou com ira quando ela falou isso.

– Como sabe disso?

– Eu conheço... bem você. - Ela buscou as palavras, tentando não começar uma briga.

Ela sabia que ele não teria piedade de um desconhecido.

– Eu não te conheço, garota. - Ouvir aquilo doeu. Entretanto, Katarina não deixou se abalar e se levantou com dificuldade.

– Eu não me importo se não me conhece ou não. - Mentiu. - Só temos que terminar essa merda de missão logo.

– Não me lembro de servir ninguém. - Ele encarou as pupilas verdes. Aqueles olhos que sempre travavam batalhas entre si, novamente brigavam. Katarina respirou fundo.

– Quantos anos você tem, Talon? - Ela lhe perguntou seriamente.

– Não sei.

– Eu sei, 30. - Ela foi até o lugar onde a wakizashi estava jogada e embainhou, fazendo o mesmo com a kodachi. - Na verdade, você pode até me perguntar os detalhes da morte de Kavyn, porque eu sei também.

– Então diga. - Ele cruzou os braços.

– Não tenho tempo pra isso! - Katarina respondeu com raiva. Aquilo definitivamente estava a irritando. - Eu irei até a tal da enfermaria enquanto você recolhe as shurikens.

Ao dizer isso, ela começou a andar pelos quartos, tentando achar aquilo que eles chamaram de enfermaria e tentando esquecer o que acontecera a pouco. Talon começou a recolher as shurikens, se lembrava que usava uma parecida com aquelas, mas o modelo era um pouco diferente. Não acreditou nas palavras que aquela mulher lhe dissera, mas seguiria as suas ordens por enquanto. Teria que ser cauteloso se quisesse descobrir a verdade por trás das palavras que ela dizia.

Quando Katarina entrou no último cômodo antes do qual estavam, ela viu várias camas. Aquilo arrepiou a sua espinha. Nas camas, havia corpos e mais corpos. Todos que estavam deitados ali tinham o braço esticado, alguns tinham até mesmo agulhas ainda enfiadas.

Pegou uma delas e analisou. Venenos não era sua especialidade, mas ela desconfiava que as próprias pessoas daquele lugar as mataram. "Uma morte sem dor." Riu de seu pensamento. Checou para ver se nenhum deles estavam vivos. Saiu do quarto e foi até onde Talon estava.

– Quem os matou? - Ele lhe perguntou no momento que ela apareceu.

– Nós dois. - Ela andou até si e pegou suas shurikens das mãos dele, guardava algumas nos bolsos e equipava outras no cinto.

– São muitos.

– Você acha que estamos feridos assim à toa? - Ela o olhou, estranhando-o estar sem capuz.

De cinco anos para cá, ele só andava com aquele maldito capuz irritante.

– Acho que lutamos e você apagou a minha mente. - Katarina riu.

– Acha que eu apaguei a sua mente? - Ela voltou a rir. Tentou o pegar pela mão, mas ele a soltou. Katarina respirou fundo e apontou ao corpo de Karem jogado ao chão. - Aquela mulher apagou a sua mente.

– Garota, se você realmente me conhece, sabe que eu não acredito em você.

– Sim, mas eu não tenho tempo pra te contar o que aconteceu nesses últimos quinze anos desde que você matou o Kavyn. - Ela retrucara com raiva. - Temos que ir ao Alto Comando e reportar.

– Eu não vou ao Alto Comando.

– Tá achando que eu vou te entregar? - Talon se surpreendeu. "Como ela sabe?" - Você serve o Alto Comando, Talon. É um cão de caça.

– Eu nunca me tornaria isso. - Ele se recusou a acreditar. Aquela mulher era uma mentirosa.

– Mas, você se tornou. - Ela sorriu cínica. - Um belo dia, estava andando por aí, quando viu o general Du Couteau e ele te desarmou. Você não implorou por sua vida, mas mesmo assim ele te ofereceu a chance de ser um agente. Ou um soldado, tanto faz. Só coloque nessa sua cabeça que você serve a casa Du Couteau.

– Eu nunca ouvi esse nome.

– Mas ouviu falar das guildas noxianas. - Katarina o olhou séria. - Se você já matou o Kavyn... Isso significa que já tem gente atrás de você. Quantos foram os que você se lembra? Uns 12?

– 11, na verdade.

– Você os jogou em um fosso.

– Como sabe disso? - Katarina piscou duas vezes, desviando o olhar.

– Você realmente... não se lembra de mim? - Ela deixou transparecer a sua tristeza com aquela frase. Talon percebeu isso. As pupilas verdes que fitavam os corpos ao lado tinham um brilho decepcionado.

– Sinto muito. - Ela engoliu seco e depois o olhou.

– Vamos atear fogo à essa escola logo. Venha ao Alto Comando comigo, precisamos relatar sua condição ao Swain.

– O general? - Ele falou a ajudando empilhar os corpos no centro do corredor. Katarina pegou um frasco de plástico que estava em seu bolso e jogou neles.

– Dele você se lembra? - Um risco de esperança apareceu em sua mente.

– Já ouvi falar. - Ela suspirou, perdendo a conta de quantas vezes já tinha feito isso.

– Tente se lembrar mais dele... por favor. - Katarina sussurrou essa ultima parte e Talon sentiu um leve incomodo com isso. Ela não parecia ser alguém que geralmente pedia com gentileza. Alguma coisa estava errada. - Você tem uns quatro frascos desse aí também.

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Os dois subiram a ladeira que dava em direção ao palácio do Alto Comando. Talon seguia Katarina, coisa que ele mesmo encarou como um voto de confiança que ela colocara em si.

Não sabia quem ela era. Na verdade, havia uma sensação estranha em seu corpo. Sentia-se como houvesse dormido por muito tempo, mas ele sabia que também não era aquilo. A última coisa que se lembrava com clareza era da morte de Kavyn e aquilo o deixava intrigado.

Quando estavam indo para lá, ele viu seu próprio reflexo em uma poça de água. Ele sentia as suas mãos maiores, seu corpo estava muito mais forte e os cabelos estavam tão compridos que ele nem sequer viu o seu fim. Não conseguia confiar totalmente nas palavras daquela estranha mulher, mas era certo que havia se passado quinze anos.

Ele notou a sua forma de pensar também. Não era o que se lembrava, era simplesmente o jeito de pensar de um assassino implacável. Ele se lembrava de matar, obviamente, no entanto, havia algo mais dentro de seu peito.

Sentia que a sua sede de sangue só aumentara.

Ele matou Kavyn sem dó e sem remorso, se lembrava disso. E em momento algum se arrependera. Aquilo era uma verdade que descobrira naquele momento. Mas porque ele mesmo se tornaria um cão do estado? Apesar de dizer que nunca aceitaria aquilo, ele sentiu orgulho de si. Havia cruzado a linha que separava aqueles mundos, havia largado a sarjeta.

Mas... Não se lembrar dos últimos quinze anos era uma coisa a se arrepiar. Um ótimo exemplo era aquela mulher que seguia. Ela não disse seu nome, mas sabia o seu. Era uma assassina igual à ele, mas sentiu uma energia estranha vindo dela. Não sabia qual era o relacionamento dos dois. A mulher lhe dissera que o conhecia bem, mas por que ela conhecia? Quem era ela?

– Chegamos. - Ela lhe retirou dos pensamentos. Talon encarou o palácio a sua frente. Grupos de soldados marcham de um lado para o outro, e por uma razão que ele desconhecia, nem ao menos se intimidou.

Ah... Os anos que ele esquecera...

Talon segurou Katarina pelo pulso. Ela imediatamente o olhou assustada, esperando que ele tivesse se lembrado de alguma coisa. Porém, em vez de perguntar qualquer coisa para ele, Katarina apenas o olhou. Verde com castanho. Castanho com verde. Como sempre havia sido.

Não importava se sua mente se esquecera, as respostas de seu corpo sempre eram as mesmas.

Ele a soltou segundos depois, entrando em modo automático com o toque. As pupilas verdes brilharam em dúvida, e Talon sentiu o mesmo. Era um estranho choque, sendo igualado à uma pequena colisão.

– Eu não sei o porquê que fiz isso. - Ele retrucou. Os olhos de Katarina abriram um pouco com aquela frase.

– Deve ser o hábito. - Ela lhe deu um fraco sorriso que Talon não correspondeu. Só ficou atordoado com as lembranças daqueles olhos verdes.

Olhos que ele sabia que já havia visto várias vezes.

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Swain os recebera em sua sala principal e Katarina contou o que acontecera na missão, obviamente escondendo as conversas que tivera com aquelas pessoas. No entanto, o Grão-General percebera o comportamento estranho de Talon. Ela também contou o que aconteceu e até mesmo repetiu as frases de Karem Noshtoi, coisa que ela não faria.

E Swain não se surpreendeu com aquilo. Na verdade, ele até disse que era de se esperar, já que aquela mulher era uma maga do tempo. Katarina ficou enfurecida com isso, mas não deixou transparecer. Swain entregou as recompensas da missão e lhe perguntou que tipo de feitiço ela tinha feito. Se Katarina antes estava com raiva, naquele momento ela queria a cabeça de Swain pendurada na sua sala.

Ele tentou ajudá-la.

Ela não queria a ajuda dele, mas de qualquer forma o Grão-General lhe dissera que por a maga ter morrido, o feitiço iria se desfazer com o tempo.

Apesar de odiá-lo com todas as forças que tinha, Katarina pôde respirar tranquila depois.

Ao saírem da sede do Alto Comando, Talon não tinha ideia para onde ir. Lembrava-se das passagens de esgoto que ele se escondia antes, mas ele conseguiria passar pela valeta com todo aquele tamanho? Fechou os olhos, tentando se lembrar de alguma coisa. Sua cabeça apenas doeu, o fazendo desistir de procurar em suas memórias. Katarina percebeu.

– Tentando se lembrar de alguma coisa? - Ela se pôs ao seu lado. - Vamos logo para a mansão, talvez você se lembre de algo.

– Mansão? - Ele a olhou de lado. Katarina revirou os olhos, se esquecendo daquele detalhe.

– Você mora lá.

– O último lugar que eu me lembro é--

– Do esgoto. - Ela o cortou. - Foi inundado em uma época que choveu muito.

– Não lembro disso. - Katarina fechou os olhos.

– Em vez de ficar repetindo essa frase, você deveria se esforçar. - Ela falou ao passar diante de si. - Vamos logo.

"Talvez ela seja a única forma de me lembrar." Ele, por curiosidade, a seguiu.

:

Chegaram à mansão Du Couteau quando sol se punha. Talon foi vendo o modo como as casas mudavam conforme andavam. A mudança foi gradual, uma hora eram os telhados bem mais feitos, outra eram as paredes sendo mais reforçadas. No entanto, houve uma hora - que ele não soube qual era, pois estava tentando se lembrar do passado - que elas praticamente viraram casas grandes e belas.

Entraram e foram recebidos pelos empregados que diziam algo sobre a banheira já estar pronta, e a maleta de curativos já estar na cama. Talon não entendeu, apenas seguiu Katarina. Ela lhe mostrou onde ficava o quarto dela, tentando-o fazer se lembrar de alguma coisa. Surpreendeu-se quando nada veio a mente dele, visto o tanto de coisa que já acontecera naquele quarto.

E seguida ela o levou até o próprio quarto dele.

– Este é seu quarto. - Ela falou ao abrir a porta.

Talon entrou enquanto examinava todo o perímetro daquele quarto. Era bem parecido com o anterior que haviam visitado, mas aquele não tinha cheiro. Já que para ele, o quarto daquela mulher cheirava à um doce perfume que ele conhecia.

E como não tinha cheiro, Talon concluiu que também pudesse realmente ser o seu quarto.

– Eu vou tomar um banho. Você deveria fazer o mesmo. - Ao dizer isso, a mulher desapareceu no corredor. Na verdade ela sequer pôs os pés no quarto.

Talon deitou na cama, observando o lustre. Se lembrando do que acontecera agora pouco.

Quando passaram por uma casa, Katarina o olhou pelo canto do olho. Eles tinham acabado de passar na frente da casa que pertencia à ele, mas ele sequer prestou atenção. Ela voltou sua atenção para as árvores daquela floresta que começava.

Talon nunca pediu nada ao general. Na verdade, ele sempre comprava tudo o que queria com o próprio dinheiro que recebia com as missões, sempre guardando um pouco para aquela vontade que ele sempre tivera. Ter uma casa. Ter um teto seguro sobre sua cabeça e poder desfrutar desse desejo.

Cinco anos atrás, três anos antes do desaparecimento de general, o próprio Marcus lhe fizera uma surpresa. Eles saíram para andar pela região e apontou uma casa para Talon. A localização era boa, muito perto da mansão - eram apenas separadas pela floresta. Não era tão grande, mas Talon também não a considerou pequena.

Com olhos que Talon julgou ser suspeitos, Marcus disse para ambos entraram ali. Talon sorriu, imaginando as coisas que poderia furtar daquela casa. Porém, quando entraram quase não havia movéis ali. E ela peculiarmente tinha a mesma decoração da mansão.

– Sinta-se em casa. - Foi a única coisa que Marcus falara. Ele tinha um fraco sorriso no rosto, mas não deixando de ser sincero. Talon percebeu aquilo.

– Isso é pra mim? - Ele falou analisando a casa. - General, eu entendo que você antes me deu comida e casa, mas isso--

– Eu também peguei as suas economias. - O sorriso ainda estava em seus lábios. Talon respirou fundo, imaginando todo aquele dinheiro indo pelo esgoto.

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Talon piscou ao se lembrar de uma coisa importante. Porém, antes de pensar sobre qualquer coisa, ele sentiu uma presença e olhou para a porta entreaberta, vendo aquela mulher de cabelos vermelhos parada. Ela havia mudado de roupa e estava enfaixada em alguns lugares. Apesar de ele querer se sentir estranho ao entrar naquela mansão, ele não se sentiu. No fundo, Talon estava começando a aceitar que ele vivia naquele lugar.

Entretanto, onde estava o homem que ele servia? Ele queria falar mais com ele. Queria ver seu rosto e confirmar que ele era o mesmo de suas memórias.

Confirmar que ele era o mesmo homem que lhe sorriu de forma tão amigável.

– Onde está o homem que sirvo? - Ele falou se levantando da cama e deixando sua bolsa de lado.

Katarina engoliu seco e abaixou a cabeça. Ela tinha que falar. Ela não podia ser egoísta. Conforme tomava seu banho, pensara em tudo acontecia naquela maldita tarde. Já desconfiava que Swain tinha algo relacionado com o desaparecimento de seu pai, mas ouvir outras pessoas jogarem em sua cara não foi algo que ela apreciou. Ela que deveria saber. Ela que deveria descobrir. Era sua vingança.

E houve o que aconteceu com Talon. Se lembrou das pupilas castanhas congeladas, como se ele tivesse sido morto. Lembrou-se de suas lágrimas e lembrou-se de seu passado. Não saberia o que fazer se Talon estivesse morto, não saberia como reagiria ao saber que ele não estaria ali para ajudá-la.

Então, ela matou aquela mulher e ele saiu daquele atordoamento. Katarina ficara aliviada, ficara muito aliviada. No entanto, ele não se lembrava dela. Ela se permitiu chorar apenas um pouco por aquilo. "Pelo menos, ele estava vivo." Era o que pensava toda hora. Mas de qualquer forma, ele não se lembrava dela! E não era só dela, não se lembrava de seu pai.

Não sabia o que fazer. Talvez conseguiria reverter aquilo, talvez conseguiria fazê-lo lembrar de si. Mas ela teve medo. Nas poucas vezes de ela hesitara em sua vida, hesitou em deixá-lo ir. "Se eu disser que ele desapareceu, ele vai ir embora." E ela não queria que ele fosse embora. Não permitiria que ele se esquecesse de tudo. Não só do que eles passaram juntos, mas também de tudo que ele fizera por seu pai e de tudo que seu pai fizera para ele.

E por mais ela nunca sequer havia falado sobre aquela palavra, ela sabia que sentia aquilo por ele. Era por isso que via naquele esquecimento, uma chance para Talon não ficar preso ao passado.

"Preso da forma que ele já havia feito tantas vezes."

– Ele morreu. - Ela lhe respondeu ainda com a cabeça baixa, com a franja cobrindo a face.

Talon sentiu um aperto no peito quando ouviu aquelas duas palavras. Aquela era a primeira pessoa se lembrar, era para quem ele serviu esses quinze anos que havia se esquecido. Ele era a pessoa que havia lhe dado uma casa. Na verdade, havia lhe dado duas! "Como...?" Ao tentar se lembrar, sua cabeça doeu mais do que das vezes anteriores, e ele encostou-se na parede.

– Talon! - Katarina foi até ele e tocou seu ombro ainda nu pela ferida antes causada. - Ei, você deveria tomar um banho e limpar essas ferid--

– Como ele morreu? - Ele virou para si rapidamente, e Katarina percebeu que a ira estava nos olhos castanhos.

– Você se lembrou de alguma coisa? - Ela piscou duas vezes, tentando não demonstrar sua esperança.

– Eu... - Talon passou a mão em seus próprios cabelos, percebendo o quão próximos estavam. - Me lembrei de quando ele me deu uma casa.

– Ah... sim. - Ela falou com dificuldade com aquela aproximação. "Será que esse imã nunca vai acabar?" Ao pensar nisso, ela se afastou dele. Talon retirou seu manto laminado e o jogou na cama. Katarina se virou, porém continuou o olhando pelo espelho.

– Me diz como ele morreu. - Talon se recompôs. Retirou as botas e as meias e as deixou do lado da cama. Katarina virou para si e viu aquilo. Não conseguiu controlar o sorriso vendo as botas ao lado do suporte de madeira. "Ele não se lembra, mas seus atos ainda são os mesmos."

– Em uma noite, eu voltei de missão e nós nos vimos. Depois no dia seguinte, as empregadas me avisaram que ele não estava no quarto. Procuramos em todos os lugares dessa casa e só depois, a minha irmã me disse que ele havia sido convocado. Procuramos por duas semanas, mas não achamos nem o corpo.

– Então ele não morreu. Só está desaparecido. - Talon a encarou em dúvida. - Convocado para o quê?

– Era atrás disso que estávamos. Cassiopeia me mostrou a carta que ele deixou, mas ir atrás dessa organização sem pistas concretas é suicídio.

– Organização? - Cada vez mais aquela história fazia um nó em sua cabeça. - Que organização?

Katarina suspirou. Era por isso que ela havia dito que seu pai morrera, para que ele não quisesse ir atrás.

– É complicado, Talon. Mesmo se eu te falar agora, você não vai entender. Não entendeu nem mesmo quando sabia de tudo. - Mentiu, tentando não atiçar mais a curiosidade dele.

– Sinto muito. Mesmo que eu tenha me lembrado do rosto dele, ele ainda é um completo estranho. - Ouvir aquelas palavras doeu. Katarina apenas retirou um bolo de chaves do seu bolso e jogou em cima da cama.

– Essa é a chave da sua casa. - Ela falou enquanto se virava para a porta. - Tome um banho e vá para ela. - Ao dizer isso, saiu batendo a porta com força.

:

Alguns minutos depois, Katarina ouviu alguém bater na porta. O modo como ele pressionava os dedos contra a madeira já lhe era familiar demais, porém, não era a mesma pessoa que ela queria que fosse.

Era uma pessoa sem memórias.

– Não sabe onde fica a saída? - Ela falou com raiva ao abrir a porta.

– Claro que eu sei. - Talon lhe respondeu com arrogância habitual. - Mas você não ia me ajudar a me recordar?

Katarina sentiu a saliva raspar em sua garganta.

– Quando eu prometi isso que eu não me lembro? - Talon riu.

– Você ficou com tanto mimimi ao sairmos daquela escola que achei que aquela era uma promessa.

– Mas não é. - Talon a entregou as chaves da casa. - Você não vai ir? - Katarina controlou a sua voz para não sair esperançosa. - Você deveria passar um tempo lá.

– Vou. - Ele retirou outra chave do bolo e a mostrou. - Essa aí é a sua, eu tenho a minha própria.

Novamente, ela engoliu seco.

– Eu vou indo, preciso me lembrar logo do porquê de você ter as chaves da minha casa. - Talon disse com um sorriso. Katarina sentiu o sangue ferver. Mesmo sem se lembrar, ele a irritava da mesma forma.

Dessa vez, foi a sua própria porta que foi batida.


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Notas finais do capítulo

Confesso nesse final que no próximo eu não explorarei a morte/desaparecimento do general. É algo muito complexo ao meu ver. Caso queiram ter uma ideia, procurem o Julgamento da Cassiopeia e da LeBlanc que vocês terão uma ideia. ;)



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