More torn than autumn leaves escrita por Aeikin


Capítulo 4
Capítulo 4: The Future is the Past


Notas iniciais do capítulo

Acabou, hehe. Último capítulo e o mais curto.
Boa leitura.



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More torn than autumn leaves

Se passaram dois dias desde que Talon perdera sua memória. Os empregados que agora eram de Katarina Du Couteau estavam querendo morrer durante aquele curto período de tempo. Ela nunca havia sido vista com tanta raiva. Passava horas e horas treinando no jardim, comia sua comida com raiva e quando bebia, quebrava os copos ou as garrafas.

Sem dúvida, foram dois dias conturbados. Sentia-se presa as últimas palavras de Talon. E além de se ser presa, sentia raiva dele e de si mesma.

Dele por Talon ter percebido que aquelas eram as chaves que ele mesmo havia lhe dado. Sentiu raiva como ainda fosse o antigo ele, porque certamente ele a provocaria ao saber que ela havia guardado a chave dele por dois anos.

Dois anos que eles não tinham tido nada a mais.

E sentiu raiva de si mesma porque não estava sendo egoísta no momento que queria ser. Queria dizer para aquele desgraçado ficar. Queria contar toda a verdade para ele, e o sacudir até que ele se lembrasse de tudo. Mas, a sua vontade de não o querer ver preso novamente falou mais alto.

Falou só um pouquinho mais alto.

No entanto, Katarina treinava mais do que o comum.

Primeiramente porque não conseguia ficar dentro daquela mansão gigante sozinha. E em segundo, porque quando acabava aquele jardim, aquela pequena floresta começara. E quantas vezes ela já o viu saindo daquela mata?

Mas não era isso que acontecia. Os dois dias que passaram, ela ansiava que ele viesse até o seu encontro. Poderia ser para dizer que se lembrou de alguma coisa, ou para dizer que estava se sentindo estranho, ou até mesmo dizer para ela lhe acompanhar até o subterrâneo.

Porém, ela apenas via o farfalhar suave daquelas folhas secas de outono. E se sentia com tanta raiva disso.

O mesmo poderia se dizer de Talon. Ele andava impaciente por aquela casa. Ficava encarando um mesmo lugar por vários minutos. As vezes até mesmo andava em círculos ao redor de um mesmo móvel, apenas tentando se recordar de alguma coisa.

Uma vez que funcionara, por que não haveria de ser duas?

Ele se lembrou do general Darius e do irmão carrasco, Draven. Foram poucos flashbacks, mas de alguma forma, eles haviam bebido ali naquela casa. Aquela mulher de cabelos vermelhos também estava, mas ela não parecia muito feliz em suas memórias.

De qualquer jeito, ele também se lembrou de outra mulher: uma de cabelos platinados curtos. Essa ele sabia o nome, Riven. Não havia tido uma recordação total dela, apenas se lembrou de luzes piscando e ela com uma fantasia de coelho.

Ah, aquela mulher de cabelos vermelhos também estava lá. E o que ele lembrou a seguir o fez rir. A mulher estava fantasiada de gato. Ela tinha uma cara feia enquanto ele falava com a tal da Riven. Encostada no batente de uma porta, ela concluiu que ela queimava de raiva.

Também se lembrou de Ionia. Foram curtas lembranças também, mas se lembrou da matança que fizera lá. Porém, só percebeu que era Ionia quando viu uma árvore no topo de uma colina distante de si. As pétalas rosas eram levadas com força pelo vento que vinha do leste. E Talon poderia jurar que viu uma cabeleira vermelha encostada no tronco da cerejeira.

O que o deixava com a curiosidade e a frustração a mil. Sem dúvidas, aquela mulher era importante na sua vida. Mas ele não conseguia se lembrar dela, e nem mesmo ela o ajudava a se recordar. Ela não queria ser recordada ou ela simplesmente queria que ele desaparecesse?

Apesar de negar, sua impaciência vinha daquilo. Ele queria pedir ajuda dela. Queria saber quem ela era, o que ela fazia em todos os lugares, porque ela tinha a chave da sua casa e porque ela chorara. No fundo, ele chutava a sua resposta. Mas, ele precisava se lembrar dela.

Foi nesse momento que ele saiu da casa e começou a cruzar a floresta. Porém, ao passar por uma árvore grande cheia de musgo, ele parou. "Já estive nesse lugar." Ao se tocar disso, ele tentou se lembrar do que representava aquela árvore.

No entanto, a sua cabeça doeu mais dessa vez. Não foi nada comparado há dois dias em seu quarto na mansão. Doeu tanto que ele fechou seus olhos, se encostando no tronco da árvore e sentando no chão, tentou se recuperar.

Katarina parou de atacar as suas shurikens freneticamente nas estacas de madeira e palha. Olhou novamente para o início da floresta e viu de novo o maldito farfalhar. Era injusto aquelas árvores estarem tão calmas enquanto dentro de seu corpo pegava fogo. Sentia raiva só de vê-las.

Mas talvez, aquilo realmente já fosse acontecer. Ou talvez fosse novamente o destino dos dois sendo cruzados. O que importava era que de alguma forma aquela mata chamava Katarina de uma forma que ela não conseguia resistir. Havia resistido dois dias sem a companhia dele. Na verdade, havia até resisto um ano e meio. Mas porque ela andava em direção à floresta?

Era porque, bem escondido lá dentro, ela queria que ele precisasse dela. Não que ela nunca tinha sido útil para Talon, mas ambos sempre brigavam pela posse. Antes ele queria proteger ela, e ela queria proteger ele. Mas aquele campo de batalha nunca teve vencedor, já que ambos sabiam se defender sozinhos. E quando Talon perdeu a memória, Katarina percebeu que poderia o protegê-lo dele mesmo.

Mas nada disso importava mais. Foi estúpida em deixar que ele ficasse sozinho por dois dias. Foi estúpida por não contar que ele gostava dela. Foi estúpida em achar que aquilo era melhor. "Como se ele fosse ficar melhor sem suas memórias." Katarina riu de si mesma.

Ao chegar a casa, ela viu que estava vazia. Tentou olhar pelas frestas das janelas, mas não conseguia ver nada. "Onde diabos ele poderia ter ido?" Essa frase ecoava em sua memória. A única coisa que ela pensava era o subterrâneo, mas ela não estava vestida apropriadamente para ir lá no momento. Suspirou fundo, tentando pensar igual ele. Se ele queria tanto recuperar as memórias, para que fora no subterrâneo? Era mais fácil ir para a mansão. "Katarina sua estúpida."

Correu em direção da mansão, mas enquanto via as árvores em movimento ao seu lado, um pé lhe chamou a atenção.

Chegou perto da árvore e viu se surpreendeu com o que viu. Ela não sabia se Talon estava desmaiado ou se estava só cochilando. Olhou para cima e não viu se nada o atacara, mas o que percebeu não era o que ela esperava.

Ah... Aquela maldita árvore onde ela o beijara.

Se permitiu sorrir ao perceber que ele ainda tinha os olhos fechados. Sentou sobre seus pés que nem aquele dia e o olhou. A face serena que ela tanto conhecia enquanto dormia. Em um momento de fraqueza, ela o quis tocar. Mas sua mão parou a centímetros de distância quando Talon abriu os olhos.

Sua visão estava embaçada, mas ele conseguia enxergar. A primeira coisa que ele viu foram os cabelos vermelhos que sempre chamavam a atenção, e depois ele viu os olhos verdes. Aquela sensação estranha invadiu seu corpo novamente, igual acontecia quando ia se lembrar de alguma coisa.

Ele tinha que se lembrar dela.

Sabia que ao lembrar dela, tudo voltaria. Afinal, ela estava em todas as memórias.

– Qual é o seu nome? - Ele sussurrou baixo, esperando que ela dissesse logo para se lembrar.

– Katarina. - Ela sussurrou no mesmo tom.

E lentamente, ele foi se lembrando do que acontecera de baixo daquela árvore grande onde as folhas caíam suavemente.

Ficou encarando por longos minutos aqueles olhos verdes sem piscar, se esforçando para lembrar tudo sobre Katarina. Sua cabeça não doía, e as lembranças vinham uma por uma, com Talon sentindo se bem e sentindo mal com elas.

Foram longos minutos de apreensão para Katarina, mas quando viu os olhos castanhos congelados de novo, ela colocou toda a sua esperança lá, naqueles mesmo olhos que lhe mostraram o desespero. Se ele não se lembrasse dela agora, ela o deixaria livre.

Talon fechou os olhos e ficou com uma expressão carrancuda em seu rosto. Katarina não soube o que aquilo queria dizer. Mas a sua esperança estava ali na sua pele, queimando o seu ser. Sem se importar se ele era o Talon que ela conhecia ou não, ela juntou seus lábios.

Aquele mesmo leve e inocente rosar de lábios de anos atrás.

Ele a empurrou com certa delicadeza e Katarina sentiu a face queimar lentamente ao perceber o que tinha feito.

– A-Ah, foi mal, e-eu-- Ela falou constrangida enquanto olhava pro lado, sem saber o que dizer.

– Não é só porque eu me lembrei de tudo que você tem que sair me beijando, Katarina. - Ele falou com arrogância enquanto cruzava as mãos sobre o peito.

– Você se lembrou? - Ela arregalou os olhos enquanto o via se levantar. Ele estendeu a mão para a ajudar e ela a segurou, sendo levantada imediatamente.

– Sim. - Talon a jogou contra o tronco com rapidez e agressividade. - Sabe o que isso significa? - Ele falou sem desviar os olhos dos dela. Castanho com verde. Verde com castanho.

Como sempre tinha que ser.

– Não... - Ela quase sussurrou, não se permitindo ficar tão diminuída na presença dele.

– Que eu perdi essa guerra. - Ao dizer isso, ele a beijou sedento.

Afinal, era um beijo com gosto de primeira vez misturado com saudade. Sedento enquanto tentavam juntar as folhas caídas daquele outono.


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Notas finais do capítulo

Fim!



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