A neve caia leve. Lá fora estava muito frio, e nos dias normais 6:30 da manhã já está claro, mas hoje estava tudo escuro e muito frio.

- Então nos vemos logo... – Sakura se despedia de Naruto dando-lhe um selinho demorado.

- Logo... Já ne.

A garota anda alguns passos e vira acenando mais uma vez. Naruto faz o mesmo e ambos voltam a andar. Cada um para um caminho diferente. Sakura andava lentamente segurando uma maleta branca nas mãos, o hospital era bem próximo dali. Uma garoa fina começa a cair, o clima parecia ter ficado ainda mais frio. Ela coloca o capuz do casaco na cabeça e acelera os passos.
Ela escuta algumas vozes. Vozes masculinas. Pareciam homens discutindo, ela olha para o bar onde dois homens saiam carregando um terceiro. Eles atiram o homem que a pouco carregavam sobre a neve fria. Sakura aperta os olhos para ver quem era o coitado caído ali, mas a garoa deixava sua vista embaçada. O homem no caído tenta levantar mais volta a cair. Sakura se aproxima lentamente do garoto que ainda estava caído, ele levanta a cabeça encarando Sakura. Ele estava num estado horrível, suas pálpebras estavam pálidas e inchadas. Seus lábios ressecados e finos estavam trêmulos devido ao frio e mechas de seus cabelos caiam molhados sobre seu rosto pálido. Ela arregala os olhos ao ver quem era e o estado que estava.

- Sa.Sasuke... – Ela sussurra o nome do garoto, ainda assustada. – Você está bem?

Ele não respondeu. Parecia estar muito fraco.

- Você o conhece? – Perguntou um homem alto e gordo, com um pano branco nas mãos. Parecia o dono do bar.

- Sim, ele é... Um amigo. – Responde Sakura, ainda em duvida na palavra que deveria usar. Noivo não seria a melhor.

- Ele passou a noite aqui bebendo.

- Tudo bem. Eu vou levá-lo embora.

Sakura ajuda o garoto a se levantar e passa seu braço na cintura dele, o ajudando a andar. Com dificuldade chegaram ao apartamento de Sakura. Ela não podia levá-lo para a casa dele. Não naquele estado.
Sakura o coloca sentado no chão do banheiro e tira seu casaco. Depois começa a despir o garoto. Ela engolia a vergonha enquanto tirava cada peça de roupa do garoto. Depois o ajudou a entrar na banheira, ela ligou o chuveiro e deixou que a água morna caísse sobre ele.

- Por que está fazendo isso? – Perguntou Sasuke sem olhar para sakura. Sua voz estava arrastada e rouca – Por que não me deixou caído lá?

- Porque me preocupo com você... – Responde Sakura se levantando e deixando a toalha em cima do gabinete.

- Se preocupa comigo? – Ele solta um riso baixo – Você passou a noite com o Naruto, enquanto eu apodrecia naquele bar.

Sakura fecha os olhos por alguns segundos, respirando fundo.

- Fique ai pelo tempo que quiser. Tenho que ir.

Ela se levanta pegando seu casaco e sai dali. Sasuke fica por algum tempo com os olhos fechados, certamente não conseguia andar. Depois de algum tempo ele já estava um pouco melhor, pelo menos podia andar. Ele sai da banheira e desliga o chuveiro. Coloca suas roupas e vai para a cozinha, em cima da mesa havia uma folha dobrada ao meio e um bule. Ele pega a folha desdobrando, lá estava um pequeno texto escrito em uma caligrafia elegante.

“ Bom dia Sasuke,

Acho que se lembra do que aconteceu, se não se lembrar te encontrei bêbado e te trouxe para o meu apartamento. Achei melhor do que levá-lo para sua casa, acho que seus pais não iriam gostar. Beba o café que preparei para você, tenho certeza que vai se sentir bem melhor.
Haruno Sakura. “

Sasuke solta um longo suspiro voltando a dobrar a carta e a colocando no bolso da calça. Ele despeja um pouco de café numa xícara branca que tinha desenhos de corações e algumas palavras misturadas. Ele vira a bebida garganta abaixo fazendo uma careta ao sentir o gosto amargo. Ele coloca a xícara dentro da pia e sai trancando a porta e deixando a chave embaixo do tapete de entrada. Ele sabia a maioria das manias e costumes de Sakura, e deixar a chave embaixo do tapete é uma delas.

- Preciso voltar e agradecer a ela. – Diz ele a si mesmo enquanto saia dali.

(...)

- A Sakura não apareceu mais no colégio... – Dizia a loira saindo do colégio junto de Hinata.

- Ah, mais também as aulas praticamente já acabaram. Só estou vindo ainda porque estourei nas faltas e não posso faltar mais. – Explica ela colocando o capuz na cabeça, tentando se proteger da garoa.

- Ela ta passando por tantos problemas. Ela deve estar precisando da gente Hinata.

- Vamos ao apartamento dela hoje? Eu ligo e combino com ela...

- Otima idéia.

- Então está combinado. Vou avisar o Neji.

- Ah é. Vocês estão morando juntos... – Ino puxa a amiga a abraçando. Ela sussurra no ouvido da garota. – E ai? Já rolou algo entre vocês gata?

- Ino! – Hinata a repreendeu rindo.

- O que foi fofa?

- Para. – Ela para de rir fazendo biquinho. – Ele sempre me evita.

- Sério? Acho que ele é gay Hina, sai dessa amiga...

- Claro que não. Ele só acha que não pode rolar porque somos primos.

- Nossa. Heloow. Estamos no século 21, não tem essa de primos não poderem dar uns pegas. Já basta a Sakura que o pai está obrigando a casar, agora você gata?

- Eu sei, mas ele não pensa assim.

- Tenta conversar com ele... Quem sabe né?

- Você tem razão, vou tentar...

Elas continuam andando em silencio.

- Ainda acho que ele é gay...

- Ino! – Hinata cai na risada dando um tapa fraco no braço da garota.

- Ai, que foi? Tô abrindo seus olhos, Hina. Sai dessa amiga...

(...)

Tintlon.

- Já vai. – Sakura grita da cozinha. Estava bancando a cozinheira e tentando preparar uma macarronada. Ela deixa o livro de receitas em cima da mesa e vai atender a porta.

- Er... Olá Sasuke. – Ela o cumprimenta com um pequeno sorriso de canto.

- Oi Sakura.

- Entre...

Ele entra esfregando os cabelos com as mãos, fazendo com que vários pingos de água caíssem sobre o chão de madeira.

- Sente-se... – Pediu ela, educada. – Já está melhor? – Pergunta ela enquanto mexia o molho fervendo.

- Sim... Graças a você. Obrigado Sakura.

- Só fiz o que qualquer um faria no meu lugar. Você estava lá... Caído e num estado lamentável. – Ela falava séria, encarando o garoto. Ele desviou o olhar por alguns segundos.

- Eu... Eu estava me sentindo horrível. Achei que beber ia pelo menos me distrair.

- Eu não te entendo Sasuke... – Ela apaga o fogo da panela e volta a olhar para o garoto.

- Entende o que? - Pergunta ele confuso.

- Você é o garoto mais desejado do colégio. É super popular... E está se acabando em um bar. – Ela o encarava com firmeza. – Por quê?

- Porque a garota que eu amo está com outro cara. Porque a garota que eu desejo ao meu lado não se importa comigo... – Diz ele dando uma breve pausa. – Ontem eu bebi demais, admito. Mais foi pra te esquecer, pra ao menos tentar tirar da minha mente o seu sorriso, sua face... Tentar esquecer o quanto fui idiota esse tempo todo, o quanto fui imbecil de não dar valor a você. Eu queria esquecer o quanto a amo, pelo menos por alguns minutos ou horas... Eu sempre fui muito forte Sakura, muito mesmo. Mais a única coisa que pode acabar comigo é você. Só você consegue isso...

Sakura sentia um nó se formando em sua garganta. Ela dá um passo em direção do garoto mais recua de imediato. Queria abraçá-lo e confortá-lo, mas não podia, ela sabia que só daria mais esperanças ao garoto. Ele soltou um suspiro alto passando as mãos pelos cabelos lisos e negros. Ela sentou-se na cadeira ao lado dele.

- Eu não queria que fosse assim... – Disse ela com a voz de choro. – Não mesmo, Sasuke.

Sasuke não respondeu, apenas ficou de cabeça baixa escutando a voz da garota.

- Eu sempre o amei acima de tudo... – Disse ela em voz baixa. – Fiz de tudo por você. Mas você me humilhou diversas vezes. Pisou em mim e me falou coisas horríveis. – Sakura passa os dedos sobre as figuras estampadas na toalha de mesa. – Mas resolvi gostar de quem gosta de mim.

Sakura levanta a cabeça encarando o garoto, ela encarava os olhos cor de ônix com dificuldade. Sentia que a qualquer momento as lagrimas podiam sair, mesmo contra sua vontade. Ele levanta uma das mãos até a face da garota, acariciando suas bochechas coradas. Sakura fecha os olhos ao sentir o toque do garoto... Ela queria recuar, mas já tinha baixado a guarda, e isso não podia acontecer. Ela abre os olhos novamente e Sasuke já estava muito próximo, ele olhava fixamente nos olhos dela, chegando a cada segundo mais perto. Era inevitável...