Eragon: Wyrda un Moi escrita por Arduna


Capítulo 19
Conversas


Notas iniciais do capítulo

Hum... Olá? Tem alguém aí ainda? Olha quem teve a cara de pau de voltar a postar depois de tanto tempo?
Sério, sinto muito pela demora gigantesca. Eu tive muita coisa acontecendo esse ano e meio que havia perdido a criatividade para escrever essa história. Até que eu a li novamente há algum tempo e quis continuar. Levei até um caderninho para a escola para escrever o capítulo e fui passando para o Word no meu celular - que eu uso muito mais do que o computador kkkk.
Esse não é um capítulo cheio de ação ou algo assim. Como o próprio título diz é um conjunto de conversas para juntar algumas pontas soltas que eu deixei nos capítulos anteriores. É uma transição para o que vem por aí. Então espero que eu tenha conseguido deixar o menos monótono possível e que agrade vocês.
Se houver alguém aí, comentem o que acharam, ok?
Também gostaria de agradecer à leitora que me mandou uma mensagem para continuar a fic há muito tempo atrás. Eu não lembro o nome do usuário porque faz tempo mesmo kkkk mas eu escutei! Demorou mas voltei.

Espero que gostem e boa leitura!



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Eragon observava pensativo os estragos na proa do Talíta e o mastro perdido. O ataque do qual os elfos falaram era claramente um aviso para ficarem longe. Não tentaram matá-los, mas o aviso ameaçador expôs aos viajantes que as Terras Além eram muito mais ocupadas do que pensavam previamente.

É curioso. Eragon sussurrou à Saphira, que deitava-se na areia ao lado do barco, encarando a floresta com olhos atentos.

O quê é?

Quem quer que viva aqui não procura esconder sua presença. O cavaleiro voltou a olhar para Caëlin, que acariciava levemente a cabeça de uma das criaturas Gador. Os três estranhos estavam mais afastados da embarcação, e o jovem elfo dava a impressão de estar extremamente desconfortável com sua atual situação, olhando nervosamente para o barco e seus tripulantes. Fomos ameaçados e atacados, mas ao mesmo tempo esse elfo apareceu completamente sozinho e com medo de nós, como se não oferecesse ameaça alguma.

O que está sugerindo, Pequenino?

Que devíamos ficar de olho nele. Pode ser uma boa pessoa, como você mesma disse, mas não podemos baixar a guarda perante ninguém agora.

Olha se não é você ficando precavido. O que aconteceu? Ela perguntou divertida, olhando para seu cavaleiro com um sorriso de dragão no rosto escamoso.

Quando você fica preso dentro de uma espada por dias com um espírito rabugento algumas coisas mudam. Ele riu de volta.

Ainda não consegui assimilar tudo o que você me mostrou. A história de Svider e Deloi é no mínimo inusitada... E pensar que o dragão marrom ainda vive em algum lugar lá fora...

Eragon olhou para a Floresta de Pinheiros com o cenho franzido.

Sabe que teremos que encontrá-lo eventualmente, não é?, ele perguntou em um tom hesitante.

Saphira não respondeu, mas voltou o olhar para a mata adiante num silêncio pensativo. Eragon a deixou pensar em paz, afinal era mais do que compreensível que ela tivesse sentimentos conflitantes sobre o assunto. Deloi era um renegado, mas ao mesmo tempo era um dos últimos de sua raça, além de ter sido aluno de Mestre Glaedr, assim como ela.

Enquanto Saphira estava perdida em seus pensamentos, ele iniciou a concentração para concertar o barco e oferecer um ambiente mais seguro para os ovos ficarem caso tivessem que deixar o Talíta em sua exploração nas Terras Além ao buscarem um local favorável para a reconstrução da Ordem.

Ele se agachou perante a madeira pálida e danificada, observando os estragos causados pela colisão do barco contra as paredes da Passagem de Prata e visualizando quais peças deveria combinar para realizar o concerto. Depois de alguns minutos regulando a respiração e projetando a reconstrução, ele posicionou a mão direita sobre o dano e começo a sussurrar as palavras necessárias na Língua Antiga para realizar o feitiço.

Sob seus dedos o barco começou a ranger e estalar, com as peças de madeira se juntando ordenadamente até que nada pudesse relatar que ali madeira havia sido partida.

E, quando Eragon abriu os olhos, estacou em espanto.

A região que sofrera os efeitos do feitiço e havia sido reconstruída agora brilhava levemente com uma luz azul celeste.

Na realidade o brilho azulado fluía em faixas longas que partiam de sua mão estendida e iam diminuindo de intensidade aos poucos conforme a magia se desconectava de quem a lançou e se acostumava a sua nova forma.

Saphira?

Estou vendo. Ela respondeu rapidamente, soando surpresa. Mas só consigo ver isso através de seus olhos. Quando uso os meus nada parece novo.

Já havia visto algo assim antes?

Não. Não desse jeito. É como se estivéssemos vendo todo o fluxo de energia utilizado na realização do feitiço.

Eragon ficou em silêncio, observando a luz desaparecer lentamente diante de seus olhos, deixando a situação com uma atmosfera ilusória, como se ele estivesse tendo alucinações. Talvez fosse um efeito colateral do feitiço em Mirovir lançado por...

Svider. Saphira sussurrou em sua cabeça. Será que era disso que ele falava sobre camadas menores da magia?

Acho que sim. Só pode ser isso.

O jovem cavaleiro relembrou mentalmente do momento que o Cavaleiro Castanho lhe contou sobre tal conhecimento e de como transferira algo a ele pouco antes de todo o mundo dentro de Mirovir colapsar. Aquela energia estranha o envolvera, como se o mundo não fosse mais o mesmo e ao mesmo tempo fosse verdadeiramente real pela primeira vez.

Melhor transmitirmos nossas dúvidas aos velhos dragões mais tarde. Talvez eles tenham uma compreensão maior sobre o conhecimento que Svider nos confiou.

— Matador de Espectros!

O jovem levantou-se ao som de seu nome e viu Lifaen chamá-lo com um aceno de mão.

Saphira, fique de olho no Caëlin por mim. Quero conversar com ele depois.

Claro, mas Eragon, seja cuidadoso, tem alguma coisa acontecendo que ele não está nos cobrando.

O cavaleiro olhou para sua parceira com o cenho franzido e assentiu devagar, reconhecendo a verdade em suas palavras.

Tantas perguntas sem resposta e a única coisa que poderiam ter certeza naquele momento é que andavam em uma estrada desconhecida e no escuro.

Uma estrada construída com espadas.

~~~~~~~~~~**~~~~~~~~~~

— Então... O que faremos com essa espada?

A pergunta ressoou no ar como se dita diante de uma enorme gruta.

Um círculo se formaram ao redor da arma amarronzada de Svider, com os elfos e Eragon olhando para o objeto com emoções mistas.

— Talvez devêssemos colocá-la com as outras espadas? – sugeriu Lifaen antes de se encolher com a súbita rodada de exclamações indignadas com sua infeliz sugestão.

— Está louco? E se a espada lançar o mesmo feitiço com o qual atingiu Matador de Espectros em qualquer um de nós?

— É a arma de um renegado, trará azar a quem a portar!

— Não sabemos que espécie de magia negra esta espada carrega. É perigoso uni-la às outras.

— Talvez seja melhor jogarmos de volta no mar. A sorte dela já nos prejudicou o suficiente!

Isso não podemos permitir. Umaroth se pronunciou, embora fosse possível discernir a abundância de opiniões discordantes entre os próprios Eldunarí, principalmente entre aqueles que haviam passado mais de um século sob o domínio de Galbatorix e temiam a espada com a mesma intensidade que temiam o antigo rei e seus lacaios loucos.

Mestre Glaedr parecia extremamente em conflito, pois mesmo que Svider tivesse se transformado em um dos mais temidos renegados, ele também fora um de seus melhores alunos, continuando mesmo através de suas dúvidas, assim como Umaroth, a defender que deveriam manter a posse da arma amaldiçoada.

Saphira permanecia em silêncio, embora fosse possível discernir seu desconforto com o assunto, pois apesar de a espada ter sido fonte de grande aflição durante os últimos dias, não podia negar que ela também poderia ter respostas que tanto desejavam sobre as terras nas quais se encontravam. Talvez fosse útil no futuro. Além disso, Svider, em seu feitiço louco, havia devolvido seu cavaleiro de volta para ela, isso era algo que deveria ser considerado.

Com tais pensamentos em mente, não ficou surpresa quando viu Eragon avançar em direção ao centro do círculo de pessoas discutindo e pegar a espada castanha em mãos, olhando para os ocupantes do Talíta com expressão calma, mesmo que ela soubesse o quanto ele estava nervoso.

— Assumo total responsabilidade pela guarda da espada. Ela ficará sob minha proteção e guarda enquanto investigamos quais outros segredos ela pode conter, isso se aprovarem essa decisão.

Silêncio total seguiu-se à declaração do jovem cavaleiro, no qual somente o barulho das ondas onde o mar encontrava as colinas e colidiu com a areia fina.

Eu apoio a decisão de meu cavaleiro. Saphira disse ao observar as expressões confusas dos orelhas-pontudas e o silêncio chocado dos velhos mestres.

— Sei que estão chocados com essa decisão, mas o que vi graças ao feitiço lançado em Mirovir não pode ser ignorado e, se me permitirem, gostaria de mostrar um pouco do que vi nos últimos dois dias a vocês. Talvez assim entendam meu ponto de vista.

Os elfos se encaram e, em decisão muda, assentiram, escondendo suas apreensões em relação ao assunto tratado em favor de oferecer um voto de confiança ao jovem cavaleiro.

Glaedr, que havia ouvido tudo até ali em silêncio, finalmente se pronunciou, sua foz grave ecoando como vários trovões nas mentes presentes.

Tem certeza de que não foi manipulado durante esses dias e dobrado à vontade de Svider? Conheço o aluno que tive, não seria surpresa se ele o enganasse.

— Com todo o respeito mestre, apesar de Svider ter cometido muitos delitos ele não é Galbatorix. Confesso que você tem um pouco de razão ao se preocupar com a manipulação, afinal o primeiro sonho que relatei a vocês antes de decidir entrar em contato com a espada foi montada por Svider para me atrair e atiçar minha curiosidade.

Uma enorme comoção seguiu-se à explicação, e Saphira resolveu ir em Socorro de seu cavaleiro, trazendo um pouco de luz a toda aquela história.

Mesmo eu mesma não gostando do Cavaleiro Castanho estou disposta a confiar no julgamento de meu pequenino novamente, afinal, não esqueçam que Eragon só esta entre nós porque Svider o devolveu. Os conhecimentos que esta espada guarda são importantes, ver como a Antiga Ordem terminou na visão de um Renegado pode nos ajudar a prevenir que tal coisa aconteça novamente.

— Por isso peço que confiem em mim, e se mesmo depois de verem minhas lembranças não aceitarem que a espada fique conosco, então sua vontade será realizada. – Eragon terminou, agradecido pelo apoio de sua parceira.

Depois de um silêncio tenso uma voz se elevou quando um dos elfos se pronunciou.

— Aceito ao menos tentar entender o que diz, Matador de Espectros. – Blödhgarm anuiu com um pequeno sorriso de presas afiadas.

Aos poucos, cada integrante do Talíta confirmou a ideia, e Eragon sentiu que finalmente conseguia respirar de novo. Por um momento temeu que sua ideia não fosse aceita. Se isso acontecesse perderiam qualquer chance de ligação com as Terras Além, laços que Svider estabelecerá anos antes. Mas para que os outros entendessem isso precisavam ver o que ele viu.

Pouco antes de abrir sua mente e revelar as lembranças enviou uma mensagem a Saphira.

Acha que deveríamos mostrar a espada a Caëlin?

Por enquanto não. Ela respondeu após uma breve hesitação. Ele não parece reagir muito bem a qualquer coisa relacionada a bípedes. Talvez isso o assuste.

Tem razão. Talvez seja melhor tentar formar um laço com ele antes. Pode ficar de olho nele enquanto estou ocupado?

Claro, Pequenino. Ela respondeu com uma ternura estranha na voz. Eragon não pôde deixar de olhar para ela e sorrir, sentindo-se irremediavelmente sortido por tê-la ao seu lado.

Finalmente o cavaleiro baixou suas barreiras mentais e sentiu o costumeiro incômodo de ter tudo o que ele era invadido por centenas de mentes diferentes misturando-se a sua e vasculhando suas memórias como pequenas formigas mordendo sua pele.

Ele restringiu o alcance delas e começou a mostrar flashes do que se lembrava assim que o estranho feitiço entrará em ação: como conhecera o Cavaleiro Castanho, seus sofrimentos desde a infância até sua felicidade sem tamanho quando Deloi o escolheu e ele entrou para a Ordem dos Cavaleiros.

Mostrou de forma rápida e precisa toda a vida que Svider lhe mostrara, incluindo algumas partes de seu treinamento. Nesse momento Mestre Glaedr interferiu por alguns momentos e mostrou suas próprias lembranças sobre o cavaleiro loiro e seu dragão marrom.

Todos viram o jovem Svider na grande floresta élfica treinando com Oromis algumas técnicas básicas de magia enquanto Glaedr ensinava um prodigioso Deloi manobras complicadas de voo que o jovem dragão parecia pegar com aparente facilidade. Eragon ficou surpreso ao perceber que, ao contrário de seu dragão, Svider parecia ter grande dificuldade em dominar os feitiços, mesmo que aprendesse com rapidez palavras e expressões na Língua Antiga, tornando-se fluente em tempo muito menor que qualquer outro aluno de sua geração.

Depois disso Eragon voltou a assumir e mostrou como Galbatorix, depois de perder seu dragão, convencera Svider a ajudá-lo em seu plano de genocídio à Ordem dos Cavaleiros.

Nesse momento a música que sempre permeia as mentes élficas tornou-se sombria quando seus donos eram tomados por sentimentos sombrios e de repulsa, mas Eragon não se importou e continuou a vagar por suas lembranças.

Passou pela queda da Ordem de uma forma rápida, pois nenhum deles queria ver aquela chacina em detalhes, era doloroso demais. E talvez rever a morte de Miwin quebrasse ainda mais a mente já fragilizada de Aiedail.

Por isso, passou para o decaimento do Renegado e o contato de Oromis, sua viagem com Angela para Ellesméra, coisa que algum deles lembravam embora parecessem um tanto surpresos pelo modo como tudo ocorreu.

Seguindo, Eragon mostrou a união entre Svider e Brom para a criação dos Varden e as manobras do cavaleiro castanho para enganar a visão de Galbatorix, o início da construção da Passagem de Prata e seus crescentes estudos para fazer o feitiço funcionar.

Escondeu naquele momento o segredo dos círculos de pedra na Espinha e a consequente conclusão de Svider e Deloi sobre o funcionamento da magia. Queria conversar a sós com os dragões primeiro para que chegassem a uma conclusão concreta de como aquele conhecimento funcionava antes de revelá-lo, afinal ele não tinha ideia de como usar esse novo “poder” ou mesmo como chamá-lo. Havia muita coisa que não compreendia.

As últimas memórias que mostrou foram a descoberta de sua traição por parte de Galbatorix e a consequente batalha entre ambos e Morzan, a morte do cavaleiro e a loucura de Deloi, que amaldiçoou o Rei Louco e seu fanático seguidor antes de desaparecer nas habitadas e desconhecidas Terras Além.

Assim que a última memória se dissipou Eragon retirou-se, erguendo as muralhas ao redor de suas lembranças e oferecendo aos outros um tempo para absorverem o que haviam visto.

— Então... Por causa dessa maldição que Galbatorix nunca expandiu as fronteiras do Império para o Deserto Hadarac. – Lifaen murmurou pensativo.

— E as Terras Além são povoadas por vários povos diferentes. – Lira continuou, olhando para Caëlin, que conversava animadamente com Saphira enquanto os tais Gador dormiam enrolados um no outro. – O que será que ele sabe?

— Quero perguntar a ele pessoalmente depois de resolvermos as coisas sobre a espada. Além de todo o conhecimento que acabei de mostrar a vocês acredito que possa ser nossa passagem de entrada para nós comunicarmos com os povos daqui, já que Svider parece ter estabelecido laços com eles. E ainda há outro assunto.

Deloi vive. Glaedr murmurou, a tempestade em sua voz soando um tanto atordoada.

Aiedail permanecia em absoluto silêncio.

— Ele vive – Eragon concordou, observando as reações controvérsias dos Eldunarí, que variavam desde agradável surpresa até a vontade assassina. – Svider pediu que o encontrássemos. Acho que devo isso a ele depois do presente que me foi dado.

— Presente? – Blödhgarm perguntou, inclinando a cabeça peluda para um lado de maneira pensativa.

— Svider me ofereceu um tipo de conhecimento sobre o mundo que pode vir a ser útil se usado da forma correta, mas – ele continuou antes que pudesse ser interrompido. – acho melhor conversarmos sobre esse assunto com mais calma e segurança. Não sabemos se estamos em um lugar seguro e se podemos confiar no chão em que pisamos.

Todos observaram atentamente Caëlin, pensando nos tipos de perigo que ele poderia trazer.

Penso que nos deu argumentos suficientes para que a posse da espada seja mantida sob sua guarda. Se todos concordarem confiarem os a Eragon tal responsabilidade.

E foi com a aprovação dos Eldunarí e elfos que o jovem cavaleiro impediu uma perda catastrófica para a Nova Ordem, algo que definiria seu futuro como cavaleiro e o futuro do mundo como um todo, coisa que também dependeria da conversa que teria com o jovem Caëlin, morador das desconhecidas Terras Além.

~~~~~~~~~~**~~~~~~~~~~

A noite caíra há pouco quando acabaram de preparam um acampamento em terra firme e Caëlin ajudou a ascender a fogueira para preparar o jantar, alegando que estavam seguros o suficiente para ascender uma fogueira, seguros mesmo do guardião da passagem, como ficou conhecido o monstro e o bípede que o montava.

O jovem elfo ofereceu timidamente alguns de seus alimentos, dentre eles legumes e verduras que foram usados para fazer um ensopado, preenchendo o acampamento com o cheiro de comida fresca, fazendo a boca dos presentes começar a salivar enquanto a refeição não ficava pronta.

Caëlin estava sentado com as pernas cruzadas ao lado das chamas enquanto observava o elfo coberto de pelos conversar com o cavaleiro de Saphira ao longe, além das luzes tremulantes da fogueira. Naya e Quedum haviam ido caçar juntos pela primeira vez desde que ela fora ferida na batalha contra os escravos do Escuro.

Ele estava feliz por eles, mas ficar sozinho entre outros bípedes o deixava nervosos um tanto trêmulo. Não estava acostumado a andar em meio a seres de sua própria espécie, então não se lembrava ao certo de como eles agiam, ainda mais esses estranhos elfos que vinham de além-mar, com seus segredos e dragões iguais aos das histórias que seu irmão contava...

— Caëlin? Esse é seu nome, não é?

O jovem saltou, abandonando seus pensamentos ao olhar para o lado e ver um dos elfos, Lifaen talvez, sentir-se ao seu lado com o rosto cuidadosamente educado mostrando somente curiosidade.

Ele era bom em mentir, mas mesmo assim era melhor ficar atento, o intruso provavelmente queria extrair informações dele. Sendo assim, Caëlin montou sua própria fachada e assumiu uma expressão meio surpresa e envergonhada.

— Sim, senhor. E você é Lifaen, pelo que sei.

O outro sorriu simpático.

Definitivamente suspeito.

— Você sabia que havia pessoas vivendo Além mar? – o tal Lifaen começou a conversa.

Surpreendente direto. Estranho, eles nunca fazem perguntas diretas quando querem receber as respostas reais, portanto essa não deveria ser a pergunta chave, só uma forma estranha de iniciar uma conversa.

—... Sim. – respondeu de modo hesitante, não fingindo sua relutância em revelar informações sobre sua própria terra.

— Então quem quer que viva aqui sabe sobre a existência de outras terras além de onde os olhos veem. – não foi uma pergunta.

— Todos viemos de algum lugar.

Lifaen permaneceu em silêncio por um tempo enquanto observava uma das elfas mexerem a sopa de forma lenta e praticada.

— Eu queria ter esse conhecimento, mas tudo o que possuíamos na Alagaësia foi destruído ou está incompleto. Passamos por tempos difíceis enquanto um humano chamado Galbatorix reinou sobre o mundo dos homens, trazendo terror aos povos livres. Ele destruiu tudo em seu caminho. – ergueu os olhos para Saphira. – Incluindo os dragões.

Caëlin acompanhou seu olhar, acolhendo as informações recém adquiridas. Pelo visto o outro queria mais desabafar com alguém do que extrair informações, então talvez, se a conversa caminhasse em caminho mais seguro, quem sairia no lucro seria ele. Além disso ele estava curioso.

— Então Saphira é a última? – Não conseguiu manter a leve tristeza que surgiu em seu tom. Era terrível pensar que ela fosse a última integrante de uma espécie lendária, quase mitológica.

— Não a última. – sussurrou Lifaen, com os olhos distantes, vendo o mundo do qual viera brilhar através de suas memórias. Será que ele sentia falta de casa? – Saphira é nossa esperança, assim como seu cavaleiro.

Caëlin moveu desvio o olhar da forma magnífica de Saphira para observar, um tanto desconfiado, o jovem cavaleiro que sorria enquanto conversava com o tal elfo peludo. De alguma forma ele parecia um pouco diferente dos outros, talvez pela constituição física, um pouco mais larga que a dos elfos que já conhecera. Mas não era só isso. Ele parecia saber de algo sobre as Terras Além, isso se mostrava na forma como ele observava a floresta de pinheiros, como se já tivesse visto tais árvores antes.

Enquanto o observava, Eragon encontrou seu olhar, observando-o em troca, com várias perguntas em seu olhar.

Uma expressão ansiosa por conhecimento de uma forma tão pura que fez com que Caëlin desviasse os olhos.

Das lembranças que tinha de sua própria raça poucas eram boas, e ainda mais raras eram aquelas que continham a expressão traduzida nos olhos daquele cavaleiro estranho. Geralmente, quando as pessoas buscam conhecimento, o fazem com um objetivo egoísta em mente.

Poder, riquezas, segurança, sucesso, reconhecimento, supremacia, família...

Todos agem seguindo seus próprios princípios para alcançar o que o coração almeja, vivendo por tais coisas mesmo tendo que passar por cima das pessoas para conseguir o que querem.

Conhecimento pelo conhecimento nunca existiu.

Pelo menos é o que ele achava.

— Você percebeu, não é? – a voz suave e compreensiva de Lifaen retirou-o de seus pensamentos confusos.

— Percebi o quê?

O outro deu um leve sorriso, um simples movimento de lábios que revelava o saber por trás da afirmação. Foi a resposta mais irritante que ele poderia receber, porém o outro continuou sua resposta enigmática, aparentemente indiferente à raiva que começava a crescer no semblante de Caëlin.

— Durante nossa vinda para cá, algo... aconteceu. – sua expressão não mudou muito, mas assumiu um ar pensativo e distante. – Desde então o olhar de Eragon-elda tornou-se assim. É um tanto desconcertante, não acha? Ver alguém com olhos ansiosos por conhecimento, mas ao mesmo tempo com uma certa calma difícil de compreender.

— Então ele não era assim?

Uma risada curta e divertida balançou o corpo de Lifaen enquanto ele se lembrava de momentos passados, e isso, por algum motivo, fez Caëlin querer sorrir

— Não. Não mesmo. – um certo carinho banhou sua expressão. – Ele sempre foi curioso, mas antes era muito infantil e ansioso demais. Agora não sei ao certo. Quando o conheci ele não passava de um jovem perdido e inseguro. Eu não conseguia ver nele o futuro da Alagaësia. Por que Saphira o havia escolhido, afinal? Como podíamos nos apoiar nele para enfrentar o Rei Tirano? Muitos de nós ficamos desiludidos com a visão dele. Esperávamos mais.

Ele ficou em silêncio por um momento, e Caëlin não queria nada mais do que ouvi-lo continuar falando.

— Mesmo com toda essa desconfiança da nossa parte, ele nos guiou através de várias batalhas e cresceu aos nossos olhos. Graças aos esforços incessantes dele e de Saphira é que derrotamos Galbatorix. Então eu decidi que o seguiria. Deixaria meu lar e descobriria um novo mundo junto com ele. Um mundo mais habitado do que esperávamos. – ele sorriu um pouco.

Caëlin olhou para o chão, subitamente desconfortável novamente. Lá iriam vir às desconfianças, os olhares curiosos. Ele não queria mais conversar.

— Sabe que ele vira até você, não sabe? Estamos todos curiosos para saber mais sobre você e sobre seu mundo. – ele observou o rosto de Caëlin contorcer-se à luz das chamas. – Então, por favor, nos ajude a entender.

O mais jovem engoliu em seco.

— Não posso prometer nada.

Lifaen suspirou, observando o sol sumir no horizonte narrado, deixando a lua assumir o controle dos céus.

— Suponho que não posso te exigir isso.

~~~~~~~~~~**~~~~~~~~~~

Assim que o ensopado ficou pronto eles se revezaram entre comer e vigiar o entorno, observando as árvores e o mar em busca de qualquer ameaça, incluindo a criatura desconhecida que atacará antes. Os vigias misturavam-se ao ambiente, somente seus olhos brilhantes a vista em meio à vegetação estrangeira.

Eragon terminou sua comida no exato no exato momento em que os dois Gador voltaram de sua caçada e acomodaram-se felizmente ao lado Caëlin, que ofereceu a eles um grande e aliviado sorriso.

O cavaleiro ofereceu um olhar comunicativo à Saphira antes de se levantar e andar até Caëlin, que imediatamente ficou tenso ao ver sua aproximação.

— Posso me sentar? – o cavaleiro perguntou, indicando o espaço arenoso vazio entro o jovem elfo e os Gador.

Caëlin parecia um pouco inclinado a recusar a proposta, mas não teve chance de argumentar, pois Eragon já havia se sentado, oferecendo uma maçã ao jovem desconfortável enquanto segurava outra na mão direita para acompanhar o elfo na alimentação.

Depois de alguma hesitação, Caëlin estendeu as mãos e segurou a fruta, agradecendo com um murmúrio antes de começar a comer com mordidas leves e medidas.

Eragon acompanhou-o em silêncio antes de se virar e observar as duas criaturas desconhecidas com curiosidade.

Ele estava prestes a se apresentar verbalmente, não querendo invadir a privacidade deles quando sentiu duas fortes presenças tocando com leveza sua mente, pedindo permissão.

O cavaleiro arregalou os olhos com surpresa, mas baixou lentamente suas barreiras mentais, permitindo que a comunicação fosse possível.

Imediatamente uma enxurrada de informações o atingiu, fazendo-o ofegar com a múltipla exposição. Seus olhos se fecharam em instinto, mas mesmo assim cores de diferentes tons continuaram a atingi-lo, até que sua mente doesse.

Ele suspirou, concentrando-se para não permitir que a novidade do todo o enlouquecesse com tão pouco. Tentou ver além das cores brilhantes, e começou a discernir a sensação de estar flutuando, voando em um mar de nuvens fofas de tempestade. Vários sentimentos o atingiram numa cacofonia tão grande que era impossível diferenciá-los.

E então veio a música, e com ela o vento tornou-se brisa, acariciando-o de forma suave.

E mais uma vez o mundo mudou.

É um prazer conhecê-lo, cavaleiro de Saphira. Disse uma voz distintamente feminina, soprando em seus ouvidos como uma leve corrente de ar por entre as folhas de uma floresta.

Foi só então que Eragon conseguiu respirar novamente, ele abriu os olhos e se deparou com os olhos verdes e inteligentes de Naya, que o observava atentamente.

O prazer é todo meu, Naya-elda. Achou melhor acrescentar o sufixo respeitoso mesmo que talvez ela não o compreendesse.

A fêmea soltou um rosnado contente assemelhado ronronar de um gato. Um gato grande e cheio de escamas.

O macho aproximou-se um pouco e Eragon estendeu uma mão, levantando-a até estar sobre o rosto grande e quadrado de Quedum. Este fungou, absorvendo o cheiro e as emoções do jovem cavaleiro, antes de parecer se decidir e se aproximar ainda mais, iniciando o contato real entre ambos.

Eragon surpreendeu-se ao perceber o quão macias eram suas escamas no focinho protuberante, quase como se ficasse um bolo fofo recém assado.

A conexão estabeleceu-se novamente e desta vez a música era mais grave e os sentidos um pouco mais próximos, tornando ainda mais difícil a distinção, como se tudo possuísse uma recepção e reação totalmente diferentes daquelas consideradas comuns para os seres da Alagaësia.

Cavaleiro. A voz era como um trovão ressoando em seus pensamentos de forma tão chocante quanto a queda de um raio, arrepiando Eragon até os ossos. Tenha cuidado. Esta não é sua Alagaësia, não está sob o seu controle.

Está sob o controle de quem então? Eragon engoliu em seco e retirou a mão, chocado tanto pela afirmação sombria quanto pelo fato de o Gador conhecer o nome de sua terra natal.

Do passado. Naya interferiu, as duas melodias se juntaram e formaram uma orquestra impressionante. Você deve protegê-lo.

Uma imagem de um Caëlin sorridente piscou atrás dos olhos do cavaleiro, enviada a ele por Quedum.

Caëlin observava a troca com curiosidade, e apesar de o cavaleiro parecer em choque com algo – provavelmente com o choque de ter uma conexão pela primeira vez – os Gador pareciam gostar dele, o que fez o jovem elfo relaxar um pouco. O julgamento de seus amigos raramente se enganava.

Eragon mudou sua posição na areia, desconfortável. Parte de seu rosto estava oculto pelas compras da noite enquanto a outra metade era iluminada pelas chamas dançantes da fogueira, simbolizando a dualidade de seus pensamentos naquele momento. Os Gador retiraram-se, dando a ele a privacidade necessária para organizar seus pensamentos.

De acordo com o que haviam dito, havia uma grande ameaça rondando as Terras Além, algo a ver com a história local, talvez relacionada às criaturas acorrentadas que atacaram Saphira e ao vigia na Passagem. E ainda havia algo que ameaçava Caëlin, algo que preocupava profundamente Naya e Quedum a ponto de pedirem a ajuda de um completo estranho.

Este era um lugar muito conturbado para recriar a Ordem e permitir um local para o crescimento dos dragões.

Ele suspirou antes de se voltar para Caëlin.

— Eles têm uma mente estranha, não? – preferiu esconder aquelas poucas informações por enquanto e perguntou algo mais comum.

— Não é estranho, só... diferente.

Eragon assentiu antes de observar Saphira do outro lado da fogueira. Ela encarava-o com olhos grandes e brilhantes. Não estavam com suas mentes conectadas para que assim ele pudesse passar pela experiência de conexão com os Gador por confiar própria, por isso ela soltou um grunhido baixo, incentivando-o a continuar.

— Concordo com você. É só que estou acostumado a entrar em contato com as mentes de Saphira e dos outros elfos. Comparando assim, as mentes de Naya e Quedum são diferentes de tudo o que eu já senti. Como você lida com isso? É muita informação junta.

Caëlin baixou os olhos e abraçou os joelhos, apoiando a cabeça neles antes de observar a fogueira, vendo as chamas sendo refletidas no semblante dos elfos que conversavam em frente a ela.

— Eu... já me acostumei, eu acho. Faz um tempo que converso somente com eles.

— Espera, você vive sozinho nessa floresta só com eles como companhia?

O elfo mudou rapidamente de expressão. Os olhos tornaram-se frios, os lábios crisparam, as sobrancelhas franziram e toda a sua postura ficou defensiva.

— Olha, desculpe. – Eragon recuou, sentindo que o clima havia mudado. – Sinto muito se é um assunto delicado, mas têm algumas coisas que precisamos saber. – apontou para o Talíta— Nós trouxemos conosco os últimos remanescentes da raça de Saphira. Há centenas de ovos ali esperando para nascer, mas para isso temos que encontrar um lugar seguro para criá-los. Temos que saber se aqui é seguro.

As sobrancelhas de Caëlin se contraíram levemente. Aparentemente ele não sabia sobre os ovos.

— Por que não criam os dragões na sua terra? – Perguntou lentamente.

— Lá não há mais espaço para os dragões. Essa raça foi quase extinta cem anos atrás em uma grande guerra. Desde então as outras raças de nossa terra, a Alagaësia, cresceram em número e passaram a ocupar os locais que antes pertenciam aos dragões. – Eragon observou o Talíta com uma súbita tristeza se apoderando dele. – Eles precisam de um novo lar.

Ambos ficaram em silêncio.

Caëlin sentou-se mais perto de Naya e começou a acariciar suas escamas, completamente perdido em pensamentos pelo que pareceu uma eternidade, até que ele olhou para o barco com a cabeça levemente inclinada em dúvida.

— Então essa pressão que sinto na cabeça é o resultado das mentes de todos esses dragões por nascer?

Eragon assentiu, simulando naturalidade. Para esconder a presença dos Eldunarí Eragon usara o feitiço que dobrava o espaço, tornando os corações invisíveis, mas ainda restava esconder qualquer outro resquício de sua existência. Tentaram mascará-los com a energia das colinas de prata, mas não deu certo. Então resolveram esconder a presença deles unindo-a a dos ovos, mas para que isso funcionasse era preciso que cada Eldunarí permanecesse em um estado de próximo ao coma, ainda conscientes do mundo ao seu redor, mas sem poderem se manifestar.

Caëlin suspirou.

— Não acho que esse seja um lugar seguro para criá-los.

— Por quê? Por favor, precisamos saber aonde estamos indo ao ficar aqui. Pela segurança deles.

Caëlin ficou em silêncio por um tempo antes de responder num sussurro. Tanto estrangulado.

— Existem três grandes raças aqui além dos Gador e da criatura que vocês viram no Mar Oculto, que chamamos de Tillium. Ambas são raças primas dos dragões pelo que sabemos. Vieram para esta terra antes de qualquer outro e a eles se seguiram os elfos, os anões e por último os humanos, que povoaram as florestas e desertos e aprenderam a viver em harmonia com eles.

Eragon ouvia atentamente, tentando juntar as peças em sua cabeça. A informação batia com o que virá nas lembranças de Svider, a anã, o humano de pele escura e o elfo loiro.

— No entanto, recentemente um necromante surgiu e tem aterrorizado nosso mundo. – Caëlin continuou e mexeu em algumas mechas desarrumadas do cabelo ruivo.

— Um necromante? – Essa informação era nova.

— Não sei muito sobre isso. – Caëlin respondeu rapidamente, nervoso. – Jávivia na floresta quando ele surgiu. Tudo o que sei é que ele acorrenta os Gador e os força a submissão. Consegui proteger somente Naya e Quedum.

— Sinto muito. – Eragon achou por bem dizer, parecia que aquela situação estranha era dolorosa para o jovem elfo ruivo.

— Isso não tem relação com você. – Caëlin murmurou acidamente, depois pareceu se arrepender do que disse. – Desculpe. É só graças a Saphira e vocês que Naya está bem agora. Mas não é seguro ficarem aqui. Os dragões merecem um lugar melhor para crescer, não de uma terra em guerra.

Eragon baixou os olhos, tentando entender o problema e encontrar uma solução. Ao mesmo tempo que Caëlin estava certo quanto a segurança dos dragões, se os ovos permanecessem mais tempo sem chocar, danos graves poderiam atingir os bebês ainda por nascer. Eles não tinham muito mais tempo.

— Obrigado por me contar isso. Vamos pensar uma solução.

Caëlin assentiu, um pouco aliviado que nenhuma pergunta pessoal havia surgido durante a conversa.

Eragon levantou-se e com um aceno de cabeça para o jovem elfo e as duas criaturas andou para longe ignorando os olhares dos elfos e indo em direção à Saphira.

Ela abaixou a cabeça quando seu cavaleiro se aproximou, permitindo que ele acariciasse as escamas macias de seu focinho, grunhindo satisfeita com a atenção desejada.

E então, Pequenino. O que ele disse?

Que está é uma terra perigosa. Ele parou e observou os Gador, e o encaravam de volta com olhos verdes pensativos e penetrantes. Uma terra que precisa de nossa ajuda.

~~~~~~~~~~**~~~~~~~~~~

Atrás do arco de pedra as sombras moveram-se em círculos contínuos, subindo e descendo. Primeiro devagar, depois mais rápido, tornando-se correntes opacas de névoa que embaçavam o mundo.

Lentamente uma fortaleza decrépita revelou-se. Estava parcialmente destruída, com grandes blocos de pedra amontoados uns sobre os outros. Antigos pátios jaziam repletos de escombros. Torres estavam desmoronadas, janelas e vitrais coloridos estavam quebrados e empoeirados. Ervas daninhas cresciam nas fendas entre as pedras. O cheiro lembrava podridão, e espalhava-se à medida que a neblina avançava.

O corvo voou em direção ao pátio principal – ou o que restava dele – e adentrou em uma das muitas passagens ainda intactas. Quanto mais ele voava, mais as paredes se mostravam preservadas, lisas e completamente livres de ervas daninhas ou umidade.

A passagem descia lentamente até acabar em uma escada, que descia em espiral até as catacumbas. A partir dali tochas estavam fixadas nas paredes para iluminar o caminho. E iam se ascendendo a partir do momento que o corvo passava por elas.

Ele bateu as asas uma última vez e pousou em um pedestal de pedra ao lado de um altar religioso.

Esse altar era iluminado por um único feixe de luz originado por um feitiço. E ali, iluminado esparsamente, sentava-se uma entidade no mínimo intrigante.

Suas feições transmutavam entre delicadas e selvagens, femininas, mas ao mesmo tempo masculinas. Os cabelos eram de um vermelho fogoso, assim como os olhos, que brilhavam como dois archotes em um cômodo escuro.

No todo, dava-se a impressão de que a entidade não podia escolher quem ou o que deveria ser.

— E então? – perguntou. A voz soou como se um coro interio falasse ao mesmo tempo. – Descobriu algo?

O corvo voou para o ombro da entidade, que agora se apresentava em forma feminina, e baixou a cabeça. A mossa encarou-o com os olhos vermelhos cintilantes e depois sorriu.

— Entendi. – sua forma mudou para ade um homem forte de pele negra, os cabelos crespos, entretanto, continuaram rubros. – Que cavaleiro tolo. Não sabe o que desencadeou.

Tornou-se um velho de olhos puxados e corcunda, mas a cada transformação, a cor de seus olhos e cabelos permanecia a mesma.

O velho levantou-se e caminhou para fora do altar, suspirando satisfeito. Seu corpo mudou para o de uma mulher pálida de nariz arrebitado, e ela andou para fora das catacumbas de forma elegante. O corvo a seguiu.

Ao sair para o pátio, transformou-se em uma criança pequena de cabeos vermelhos cortados na altura dos ombros.

O menino sorriu e ergueu os braços aos céus, o corvo grasnou e voou em círculos acima do castelo.

— Vamos começar. – as vozes soaram, repletas de maldade.

A negritude se adensou, e depois tudo sumiu.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? O que esperam para os próximos capítulos?
Se acharem algum erro de escrita me avisem, por favor.
o Próximo capítulo está meio escrito, só tenho que melhorá-lo antes de postar.
É isso por enquanto.
Até mais^^



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