Carol, mãe de Sophia, uma mulher magra, descuidada, que sofria abusos frequentes, tanto físicos como psicológicos do marido, caminhava agora até Marie e Daryl.

– Ergue mais - ele diz batendo o martelo pela ultima vez no prego da árvore para prender a corda em volta em seguida.

Marie levanta os braços, fazendo a linha ficar reta de uma ponta à outra. Daryl repara nas curvas dela enquanto ela se estica, a camisa sobe um pouco e mostra a barriga retinha dela, há algumas pintas espalhadas por ali. “Sexy” ele pensa, para ao lado dela e enfia o prego na árvore.

– Vimos o que estão fazendo e agradecemos, e ontem ainda caçaram aquele cervo, então, se tiverem roupas que queiram lavar, não nos importamos de fazer - diz Carol ao chegar lá.

Daryl e Marie trocam um olhar incrédulo - Tá querendo lavar nossas roupas? - ele pergunta

– Um agradecimento.

– Não!

Carol olha Marie - Eu lavo minhas roupas, não tem problema - ela diz.

Carol dá um sorriso meio triste e sai. Daryl olha para Marie e roda o dedo indicador em volta da orelha - Que louca.

– “E ontem ainda caçaram aquele cervo” - repete Marie - Acho que ela me confundiu com a July.

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July entrou na mata com Drake pra pegar mais troncos e levar para o acampamento todo. Graças ao trailer de Dale eles tinham mesa, guarda sol e algumas cadeiras, juntamente com o chuveiro, porém a agua era mais fria que gelo, ninguém tomava banho lá. Shane deixou seu rádio ali no meio e deu a Glenn um portátil, para ele usar quando fosse até a cidade buscar o que fosse necessário.

– Achei meio suicida - diz Ana tirando as varas de pescar do carro e entregando a ele.

– Não. Eu sou rápido, conheço cada canto daquela cidade. Sei me virar.

Glenn leva as varas ao centro do acampamento, Amy dá um sorriso muito grande - Da onde isso? - Amy se levanta para pega-lás do coreano

– Do grupo da Ana.

– Ótimo! Andrea, você vem comigo, né?

– Claro.

Shane se aproxima - Ainda não é preciso. Mas é bom saber que eles tem essas coisas. Aquele grupo parecia muito bem preparado… - ele olha meio desconfiado para Marie enquanto ela servia uma xícara de café para ela, Ana e Daryl.

– Então… Que pancadaria ontem - diz Ana olhando-o por cima da caneca.

– Normal - murmura Daryl olhando os grandes olhos azuis dela por cima da caneca também - Se não se importam, vou levar uma pro meu irmão - ele vira as costas antes de receber uma resposta.

– Espera - diz Marie servindo outra e entregando pra ele - Leva. Não precisa se desfazer da sua.

Quando Daryl já está a uma certa distância, Ana olha brava para Marie - O cara quase morreu por causa do irmão ontem e você dá café?

– Não achei justo Daryl ficar sem. Olha, eu e a July brigávamos até pior e não perdíamos a amizade… Com irmão, o laço deve ser bem maior né.

Daryl para na frente do trailer e estica o café pra cima - Ô vagabundo!

Merle caminha até a beirada e apanha a caneca - Aposto que foi minha cunhadinha que mandou, você não se importa comigo.

– Cunhadinha? Cala a boca.

– Não vem tentar discordar do seu irmão, não! Tá… Vou te dar um desconto… Vamos supor que você goste dela, mas você ainda não sabe… Eu já sei!

– Tá - Daryl resmunga se virando

– É sério! Eu sei! Acredite em mim!

Enquanto Daryl ia em direção ao seu acampamento, Sophia se levantou e correu atrás dele, “Ele não vai ser grosso”, torcia. Quando ela começou a acompanhar ele, e ele percebeu, diminuiu o ritmo.

– Oi - ela diz

– Oi - ele murmura confuso, parando para olha-la de cima.

– Quer uma dessas? - ela estica uma barrinha de cereal sabor aveia e mel pra ele - É tipo um agradecimento.

“Fala sério, primeiro a mãe, agora a filha”, ele bufa - Ah, que isso, não precisa! - diz em seu tom mais convincente.

– Pega. A Marie disse que você ia gostar.

– Disse é?

Sophia balança a cabeça, ainda com a barrinha pra cima, ele pega da mão dela, mesmo sabendo que não vai comer porque odeia aquele sabor, mas pra fazer o bom samaritano - Eu nem sei seu nome, qual é?

– Sophia. Se quiser mais, pode me pedir.

Ele lhe dirige seu melhor sorriso - Obrigado, Sophia.

– De nada, Daryl - ela baixa a cabeça e cospe as palavras pra fora, rápido e baixinho - Você é legal e gosto de ver você com a Marie - depois sai em disparada para a mãe.

Daryl se vira para Marie, ela e Ana ajudam Drake e July com os troncos, ele nem percebe, mas gasta um tempo olhando ela, os cabelos cacheados caem pelos ombros e cobrem seu rosto, ela fica em pé para enrola-los num coque e percebe que ele a olha, ela se vira e dá um sorriso, ele nem disfarça, só ergue e mão e depois vira de costas.

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– Amiga, eu vou deitar um pouco tá - diz Marie tocando o braço dela

– Antes, você pode me ajudar com uma coisa?

– O que?

Ana chega bem perto dela e diz baixinho - Tenho que fazer xixi.

Marie ri - Ai, meu Deus. Tá, vamos lá.

As duas entram na mata, seguidas pelos olhos de Drake - Prestem atenção, hein?

Ana o fuzila com os olhos e diz entredentes - Por que não grita pro mundo todo de uma vez?

Drake dá risada, enquanto ele e July seguem para o carro, para separar o que ela havia pego de higiene no dia anterior. Marie vigiava enquanto a amiga se abaixava numa moita, com as bochechas vermelhas de vergonha, o rosto queimando.