Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 7
6


Notas iniciais do capítulo

Queria saber se alguem esta com dificuldade de comentar nos caps, ja que apaguei os antigos para repostar as vezes dá como : vc ja comentou nesse cap... Quem tiver poderia me falar pfv. Desde ja obg, assim saberei se esse é o motivo ou se a fic esta sem leitores mesmo.



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BELLA

Uma semana, esse era o tempo desde que tudo aconteceu. Minha voz voltou, mas me limitei a dialogar com qualquer um da casa, das vezes que desci do meu pequeno quarto onde levei todas as minhas coisas -, eu havia sido obrigada. Jasper apenas me encarava e abria um meio sorriso como um oi silencioso. Ele não se importava com minha cara sem expressão, sabia que eu estava devolvendo sua gentileza. Felix passou a me estudar como se eu fosse uma louca e Edward estava mais bravo. Ele falou mais palavrões do que eu estava acostumada a ouvir.
Então eu voltava ao meu quarto e ficava sentada na cama esperando algo acontecer, mas como sempre, nada acontecia. Ouvi duas conversas sem querer, mas nenhuma parecia me colocar no assunto. Em uma delas, Edward estava planejando uma visita a James e eu não sabia o que ele pretendia com isso. Eu já estava presa droga! Tentei manter a calma esperando que ele me questionasse, mas ele não o fez, em nenhum momento.
–Que dia é hoje? -Perguntei a Jasper, quase como num sussurro.
Estávamos na cozinha e ele estava tentando me fazer comer. Encarei meu prato por um tempo dando apenas uma colherada para ver se ele me ajudava.
–Quarta.
Quarta. Edward iria atrás de James hoje. Deixei minha comida de lado e encarei Jasper por um tempo.
–O que foi?
–Eu preciso da sua ajuda.
–Depende.
–Preciso que me coloque no carro que vai sair à noite.
–Nem pensar. -Se afastou pegando uma cerveja na geladeira. -Edward me mata.
–Ele vai matar alguém que eu amo e que não tem nada a ver com isso e depois vai me matar.
–Ele não vai te matar.
–A semana passada não foi o suficiente para você? -Falei.
Seu olhar sustentou o meu por um tempo antes de se aproximar. Pela primeira vez Jasper teve um contato realmente afetuoso comigo beijando o alto da minha cabeça e afagando minhas costas.
–Fica longe de confusão, Bella. É sério.
–Você não vai me ajudar.
–Lá fora é perigoso para você.
–Aqui dentro é mais. -Falei depois que passou pelas portas duplas.
Voltei ao meu quarto onde passei boa parte do tempo, mas já havia me decidido: tentaria sair de alguma maneira, nesta noite. Comecei a circular pela casa, Rose estava livre para ir aonde quisesse e se eu a tocasse, as coisas ficariam feias para mim, era um aviso. A única saída era pela garagem, mas eu precisaria ficar ali por um bom tempo esperando alguém entrar ou sair. Encarei a picape por algum tempo antes de criar coragem e entrar nela, Felix já havia ido até meu quarto então ninguém voltaria lá, me encolhi ali e esperei pelo que pareceu uma eternidade até ouvir as vozes.
Edward ordenou que alguém o acompanhasse, logo depois ouvi a porta se batendo e o carro começando a andar, eu poderia gritar de alegria. O carro parou um tempo depois, pensei ter sido descoberta, mas voltamos a andar e acho que toda a viagem durou uma hora até ouvir os primeiros barulhos de carros que não fossem o que estavam nos acompanhando. Estendi a mão levantando levemente o forro que cobria a traseira da picape encarando a pista e as luzes da cidade.
Cidade! O carro parou mais uma vez estacionando na frente de uma moto e logo atrás da moto uma van. Esperei que alguém deixasse o carro, mas isso não aconteceu. Me arrastei para fora até estar no chão, rezando para que ninguém percebesse. Contei até três ainda me arrastando e odiando a moto na minha frente, rastejei até estar embaixo da van, o que levou alguns segundos para o carro voltar a andar. Meus olhos focados na picape seguindo a avenida. Meu coração estava batendo rápido a ponto de sair pela boca ou rasgar meu peito.
Sai debaixo da van e corri para o outro lado da rua esbarrando nas pessoas que estavam no meu caminho. Alguns me encaravam, me avaliando até eu entrar em uma cabine telefone e desabar. Tudo estava girando e todo o meu corpo tremia, tentei lembrar algum número de telefone, mas havia sumido da minha cabeça.
–Vamos Bella, pense. -Segurei o telefone com as mãos tremulas. Todos correriam perigo ficando comigo e a polícia não era confiável. Alice. Disquei seu número e esperei tocar três vezes até ouvir sua voz.
–Alô?
–Alice?
–Bella? Bella, é você? Ah meu Deus.
–Por favor, me ouça. -Solucei.-Eu preciso da sua ajuda.
–Onde você está?
–Eu não sei. -Menti. -Eu fui sequestrada e eles estão indo atrás do James, por favor, alguém precisa avisar a polícia. Alguém precisa protegê-lo.
–Bella, não desliga, fica na linha. Ah meu Deus estão todos preocupados. Tenta dizer onde está. Você está bem? Eles te machucaram?
–Eu só quero voltar para casa.
–Você fugiu?
–Sim, mas não sei onde estou. Você não pode vir aqui. Eu tenho que ir para casa sozinha.
–A polícia vai rastrear seu número, então fique calma que eles vão te salvar. Só preciso que me dê certeza de que está bem, por favor.
–Eu estou... eu...
–Eu deixei uma mensagem para James. -Avisou. -Ele está seguro, ele está no apartamento que vocês iam morar. Ele vai ficar bem.
–Eu... eu preciso desligar.
–Bella...!
Recoloquei o telefone no lugar e parei um taxi, tentei não tremer a voz ou dar um branco quando dei meu antigo/futuro endereço. James estava bem, ele ia ficar bem. Menos de vinte minutos depois, eu estava saltando para fora do carro sem pagar e correndo para entrada do prédio. Ninguém poderia me parar agora e agradeci ao porteiro dormindo, minha cabeça estava a um passo de ir pelos ares quando entrei no elevador apertando todos os botões. Eu estou fora, ninguém vai me pegar.
O corredor estava silencioso quando as portas se abriram e corri até a porta que eu me lembrava sendo a nossa. Bati algumas vezes e ela estava aberta, isso é um péssimo sinal, pensei dando alguns passos atrás.
–Bella. -Ouvi sua voz e meu coração voltou a bater.
–James! -Empurrei a porta. Ele vinha em minha direção e era como se todo o ar voltasse a mim.
Três semanas, eu não o via por três semanas. Seus braços me envolveram e me perdi neles.
–Você precisa sair daqui. Agora! Você... você precisa... eles vão te matar. -As lágrimas voltaram.
–Está tudo bem. -Falou me abraçando. -Está tudo bem, querida.
–Não está! -O puxei comigo para saída. -Precisamos sair daqui agora. Você precisa sair.
–Não. -Seus olhos estavam fundos.
–James, você está me escutando? -Perguntei soltando sua mão.
Assentiu.
–Nós precisamos ir.
–Me desculpe.
–O que? -As palavras escaparam.
–Eu te amei de verdade.
Eu pisquei, então senti o impacto me jogar para trás e James começou a desaparecer em minha mente desfocada. Alguma parte de mim parecia ter um buraco fundo e queimava.
–O.. que você fez?-As palavras soaram baixas.
Ouvi o baque na porta e os tiros surgindo de todos os lados, sapatos passavam o tempo todo a minha frente e era tudo o que eu via. James atirou em mim. A possibilidade de querer continuar a respirar havia zerado, porque não havia mais ninguém em que eu pudesse confiar.
–Droga, Bella! -Ouvi sua voz. Edward. -Como você fugiu, droga!?
Minha cabeça tombou para trás quando senti seu braço passar por meu pescoço. Era como se meu corpo fosse gelatina. Os tiros cessaram por hora, eu não sentia mais nada, nem conseguia ver para onde estava indo.
–Não podemos ir pelo elevador! -Ele gritou. -Ela vai sufocar.
–Me.. deixe aqui.-Pedi.
–Cala a droga da boca, minha vontade é de te estrangular aqui. Você é uma maldita rebelde. -Eu acho que ele estava gritando, mesmo baixo, eu podia ouvir isso.
Eu comecei a sufocar, era como se eu quisesse tossir, mas não conseguia. Então meu corpo travava e isso doía o ponto onde estava queimando. Parecia nunca querer passar. Meus braços estavam se batendo.
–Aguente firme, vamos tirar isso de você.
–Não vai dar tempo. -Alguém falou.
–Vai ter que dar.
O ar não entrava e nem saia. Eu queria dizer alguma coisa, mas não conseguia e isso era agonizante.
–Abra as janelas! -Edward mandou. Senti meu corpo sendo posto em alguma coisa plana e minha cabeça tombou.
O carro voltou a andar, estávamos no carro.
–Abra os olhos. -Mandou. -Eu preciso que fique acordada e aperte minha mão. -Sua mão se fechou na minha.
Eu conseguia senti-la, meu corpo estava ficando frio.
–Bella, não é hora para ser egoísta, aperte a porcaria da minha mão. -Mandou.
Mas eu não conseguia.
–Ela não vai aguentar.
–Se disser isso mais uma vez eu estouro sua cabeça! -Gritou.
–Temos que voltar para casa. -Era Felix e eu sorri.-Edward, ela não vai aguentar. Precisamos levá-la a um médico agora mesmo.
–Não podemos.
–E vai deixá-la morrer?
–Apenas dirija. -Mandou.
–Vai levar essa culpa também?
Não ouvi mais nada por um longo tempo, nem senti o balanço do carro. Deixei minha mente vagar a três anos.
Há três anos eu conheci o homem que jurei amar para sempre, o mesmo que havia me sequestrado e me odiado a ponto de me torturar. Então, ele não me quis mais, simplesmente não me queria. Me dei a chance de conhecer outra pessoa que prometi a mim mesma deixar me fazer feliz, sem saber que como o primeiro, ele também queria me matar. E conseguiu. Duas vezes me levou a crer que era para ser assim.
–Bella? -Edward sussurrou em meu ouvido. Eu quase podia sentir seus lábios tocando minha orelha. -Abra os olhos, segure a minha mão.
Dentro de mim, eu estava me debatendo. Eu não parecia nada por fora.
–Estanque o sangramento. -Alguém falou. -Ela perdeu muito sangue.
–Ligue para casa e peça a Peter para arrumar tudo.
–Edward...
–Vai dar tempo. Apenas dirija.
Era como se houvesse uma contagem regressiva dentro de mim e eu sentia os segundos indo embora. Eu já não sentia mais nada, apenas deixei minha mente trabalhando tudo o que ela conseguia se lembrar, porque ela não existiria mais. Era como se uma bola de pelos tivesse subindo por minha garganta, mas dessa vez eu não consegui me debater para achar algum conforto, apenas meus olhos se abriram enquanto ninguém sabia o que estava acontecendo por dentro e encarei seus olhos. Edward parecia assustado, sua camisa estava cheirando a ferro.
–Bella. -Segurou meu rosto. -Isabella, não precisa ser assim.
Estava me afogando em minhas próprias lagrimas.
–Por favor, respire!
Meu corpo balançou quando o carro fez uma manobra, eu acho. O incomodo foi passando aos poucos e mesmo de olhos abertos, eu já não enxergava mais nada. Não sentia, nem pensava. Eu já não me importava mais. Morrer não me parecia tão assustador assim, pelo menos agora.

EDWARD

–Felix! – Gritei. – Abrem as portas, agora!
Ela estava sangrando, demais. Seu corpo estava começando a ficar gelado, pequenas gostas de suor brilhavam em sua testa e ela parou de responder.
–Você não morreu, você está viva.-Falei mecanicamente.
Peter e Jasper seguraram a porta.
–Eu preciso de tesoura, agulhas e tudo o que tiver naquela maleta.-Apontei ao armário. –Agora!
–Edward, vamos chamar alguém...
–Agora, Felix!
Meu sangue estava sendo drenado rápido demais em meu corpo. Minha cabeça estava doendo, eu me sentia um fraco. Não queria acreditar que falhei de maneira absurda a vendo morrer na minha frente. Ajeitei seu corpo na maca, apenas ouvia o barulho dos objetos. Jasper tentou me parar uma segunda vez, mas não havia tempo de chamar a porcaria de um médico.
–Saiam!
–Não.-O vi se afastar, mas nunca deixar o quarto.
Cortei sua roupa, estava ensopado com seu sangue, cada segundo que se passava, parecia um grito de desista. Mas eu não desisti, calmamente eu tirei a bala de seu peito e era como se tivesse aberto uma torneira. Estava pior do que antes, não conseguia enxergar pelas lagrimas e me amaldiçoei por isso.
Ela não estava reagindo a nada, ela estava fria e pálida enquanto eu lutava para controlar o fluxo de sangue e fechar o ferimento. Ela não reagia a nada.
–Edward...-Jasper segurou minha mão quando peguei a morfina. –Não.
–Ela está viva, Jasper! Ela.Esta.Viva!
Os vi deixar o quarto, o cheiro de sangue estava me enjoado pela primeira vez. A dor que tanto reprimi, por todos os anos estava vindo à tona.
–Eu o matei, por você.-Murmurei em seu ouvido.-Você pode voltar agora e eu juro que as coisas serão diferentes. Eu confio em você, mas sei que vocês têm um plano contra mim. Sei que te dei motivos para isso, mas Deus, eu prefiro que me mate a vê-la morrer. Deixa-la viva é a decisão mais suicida que tive na vida, mas eu não vou deixa-la morrer. Mesmo sabendo o que vai acontecer no fim, eu prefiro que fique. Que me entregue, mas não morra. Você é minha, Isabella.
Cinco horas havia se passado, eu não conseguia escutar seu coração, nem sentir seu pulso. Bella era uma pedra de gelo esculpida em uma cama. O pouco de coragem que possuía, consegui chamar Jasper. Eles a levaram para o meu quarto, então eu cuidei dela. A limpei e a troquei. Estava sendo egoísta, mas não conseguiria entrega-la nem mesmo morta.
A levei ao porão, e passei a maior parte dos meus dias lá. Tentando e esperando. Mas havia acabado e eu não disse nada do que gostaria de dizer. Não era o nosso adeus.


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