Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 6
5




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BELLA

Senti sua mão se fechar em meu cabelo e me virei o socando na costela o suficiente para sentir. Pulei para o outro lado da cama novamente e vi seus olhos em chamas respirando algumas vezes para recuperar o fôlego em meio a leve dor.
–Você me paga por isso.
Mostrei o dedo do meio respirando pelo nariz. Sentia uma linha fina de suor descer por minhas costas. Edward soltou a corda e arregaçou as mangas da camisa, ele não ia parar enquanto não me pegasse. Quando começou a se aproximar sai detrás da cama e me preparei para um corpo a corpo. Eu também não estava a fim de perder essa briga. Quando pensei em dar um passo contrário, ele me puxou pelo cabelo mais uma vez e senti a pressão em minha cabeça. Consegui me virar e mordê-lo no peito e seu grunhido escapou. Sua mão soltou meu cabelo e desceu para o meu pescoço, mas cravei minhas unhas em sua costela e o soquei até perder as forças. Quando se abaixou, senti suas mãos se fechando em minhas coxas e me puxando para baixo, consegui prender seu pescoço nas mesmas quando ele vacilou e o puxei pelo cabelo.
–Sua desgraçada! -Resmungou ofegante.
Ele conseguiu se levantar me fazendo perder o chão. Minhas costas bateram contra a parede me fazendo perder o ar por alguns segundos. Me senti como um peixe fora d’água enquanto meus pulmões procuravam por oxigênio. Minhas mãos largaram seu cabelo e apertaram sua clavícula. Percebendo minha breve distração, tentou uma reação, mas antes que ele pudesse fazer algo, consegui recuperar minhas forças e o ar me invadiu. Voltei a chutá-lo e ele a me agarrou usando seu peso novamente, esmagando meu corpo contra parede.
Ainda era difícil para respirar, mas não impossível. Soquei seu rosto e sua cabeça pendeu para trás. Consegui me afastar ofegante de volta a única coisa que poderia nos manter afastado, a cama. Segurei a parede e inspirei o máximo de ar que consegui. Edward se levantou segurando a costela e me encarando.
Seus olhos fundos pareciam gostar disso, ele via isso como diversão e quase deixei um choramingo escapar. Minha pressão estava quente, como se todo meu corpo tivesse sido mergulhado em água fervendo. Nossos movimentos se tornaram sincronizados, como em uma dança. Quase o acertei em sua primeira investida, mas errei por pouco minha mão socando o ar.
–Eu não vou pegar leve com você... -Ofegou.
–Quando foi que você pegou? -Gritei.
Foi um breve momento de distração, quando percebi, já puxava meu top, tentei me soltar e ele agarrou minha mão, me prendendo de costas contra a parede. Minhas bochechas sentindo o gelo se chocar contra ela.
–Podemos tornar as coisas fáceis.
–Não podemos. -Gritei tentando chutá-lo, mas sua perna me bloqueou. Eu senti sua respiração em minha nuca e a força que ele estava usando quebraria meu braço.
Senti as lágrimas se apossando nos cantos dos meus olhos, mas mantive a respiração controlada. Vamos lá Bella, você fez aquela maldita aula de defesa pessoal para se defender. Contei mentalmente até cinco, sentindo meu braço esquerdo livre e acertei seu rosto com o cotovelo. Edward se inclinou e me preparei para saltar para o outro lado, mas sua mão se fechou em minha canela e cai. Minhas costas se chocaram contra o chão frio e gritei de dor.
Meus pulmões protestaram quando Edward subiu em cima de mim prendendo meus pulsos em cima da minha cabeça, sua respiração ofegante e o canto de seus lábios estavam inchados e sagrando pela cotovelada. Tentei fazê-lo sair de cima de mim.
–Você não está ajudando. -Me encarou a centímetros de meu rosto. Mordi seu braço, mas ele não me soltou, pelo contrário, abaixou a cabeça e mordeu meu pescoço. Meu grito se libertou e me balançou de um lado a outro até ele se afastar. – Isso é tudo o que você sabe fazer? -Gritou. -Você já foi melhor do que isso.
–Eu te odeio! -Gritei. -Seu bastardo!
–Devia medir suas palavras. -Sentou em cima de mim. Seus olhos estavam fechados e seu peito subia e descia buscando ar. Estávamos suados.
–Você sabe como vai me parar. Porque um de nós irá morrer! Você pode fazer isso agora... ou assistir o pior em breve.
Ele sorriu cansado me encarando.
–Você irá acabar sem as mãos se fizer isso.
–Quer arrancá-las agora? -Tentei me mexer, mas seu peso não ajudava. Fechei os olhos respirando fundo algumas vezes.
–Eu acredito que teremos a nossa vez, nosso próprio acerto de contas. Mas agora, você não esta nesse direito.
Eu não conseguia mais lutar, nem tentar. De repente, senti seu peso me deixando pouco tempo depois e suas mãos me puxando. Edward pegou a corda sem me soltar a me sentou na cama, segurei as lágrimas com todas as minhas forças enquanto sentia a corda passar por meus braços e serem presas na cama. Eu sabia que isso tudo doeria em mim tanto quanto nele depois que os ânimos se acalmassem. Sua mão tirou o cabelo do meu rosto e então Edward me encarou por alguns segundos, ajeitou minha roupa no lugar e se levantou.
–Eu odeio você. -Deixei as palavras no ar.
–Você sabe que não. -Falou se afastando. Ouvi a porta sendo destrancada e ele estava fora de novo.
Ele ganhou de novo!
Pisquei algumas vezes, meus braços estavam dormentes e meu corpo dolorido. Eu não sabia se já havia amanhecido, não ouvi nenhum barulho vindo do primeiro andar nem dos corredores. Minha cabeça estava doendo a ponto de não conseguir abrir os olhos direito além de inchados de tanto chorar. Tentei apenas manter minha respiração, meus pulmões não estavam trabalhando muito bem.
Minha garganta estava seca, e estava frio. Podia ouvir a chuva do lado de fora bater contra o telhado. Apesar de ter medo de chuva, dessa vez ela me acalmou porque não me sentia sozinha. Eu estive com medo por muito tempo, mas era um medo estranho. Era como ver seu inimigo diante de você e querer abraçá-lo com força para ver se desse jeito ele entenderia que você não quer nada além dele. Que ele entenda de uma vez por todas que você não quer ter medo dele. Eu pensei nisso por um longo tempo até perceber que meu medo não se importava com isso. E como a única saída me levava em uma única direção, não havia mais nada com o que lutar.
Ia acontecer de qualquer forma uma hora.
Eu devo ter dormido de novo, já que não sentia mais meus braços esticados. Quando acordei não estava chovendo e minha garganta estava arranhando, seca. Continuei piscando encarando as paredes agora tão familiares para mim. Estava tentando não chorar de novo porque meus olhos já estavam inchados o suficiente para um dia e meio. Eu já não tinha mais voz, não sabia se era pela garganta seca ou pelos gritos durante a madrugada.
Meu cérebro estava se desligando com muita facilidade agora e, de certo modo, isso era bom. A terceira vez em que acordei depois de alguns desligamentos, a porta estava se abrindo. Primeiro, escutei a voz de Felix e o choro explodiu me fazendo implorar com a voz falhando para que me soltasse e só então perceber o quanto a corda havia machucado meus pulsos. Então eu vi Jasper fazendo uma careta ao me ver, ambos me encaravam enquanto davam voltas na cama e tentavam me soltar.
–Não tente falar. -Jasper pediu. -Guarde o que você ainda tem de voz.
Assenti, mas antes disso pedi água. Minha cabeça ainda estava doendo e encarei meus pulsos machucados. Jasper voltou com minha água e nem esperei que me entregasse, não era hora para calma. Isso doeu, quaisquer movimentos me causavam dores em lugares que eu não imaginava existir em meu corpo, e como uma onda forte em noites de mar revolto, as lágrimas me atingiram. Na verdade, comecei a gritar, diante de dois homens que mais pareciam não ter sentimentos. Mas eles tinham, porque me olhavam com pena e eu odiava isso. Depois de alguns segundos em silêncio, respirei fundo.
–Podemos ir agora? -Jasper falou.
–Para onde? -Minha voz soou baixa.
–Seu quarto. O castigo acabou e por favor, apenas obedeça. Todos querem acreditar em você.
Levantei-me em silêncio sentindo a dor se alastrar por meu corpo, Felix me encarou por alguns segundos antes de me pegar no colo enquanto eu reprimia o grito. Parecia que meus pulmões estavam esmagados dentro de mim, era como ter estado na academia por dez horas seguidas e minhas pernas, terem passado por uma corrida de dias. E quanto mais sentia dor, mais queria chorar.
–Vocês tiveram uma boa luta. -Murmurou. Mantive meus olhos fechados aproveitando o momento porque sabia que teria de me virar sozinha depois.
Assim que entramos no meu quarto, Felix me deitou na cama pedindo a Jasper alguma coisa que veio mais tarde. Remédio.
–A porta não vai estar trancada. -Avisou.
Eu não me importava.
Depois que fiquei sozinha, apenas me dei mais alguns minutos para descansar sentindo a leveza em meus braços. Então me levantei e segui para o banheiro me arrastando. O chão frio me incomodava, tudo me incomodava. Empurrei a porta e encarei a banheira por um tempo antes de enchê-la, achei uma tesoura em uma das gavetas e cortei a alça do top incapaz de conseguir passá-lo pela cabeça. Era capaz de meus braços não voltarem para baixo de tanta dor após horas presas acima da cabeça.
Então entrei sem me preocupar com a banheira meio cheia. Fiquei sentada esperando a água subir até meus cabelos começarem a boiar. Fechei os olhos, era tão bom que eu poderia morrer ali dentro e não me preocupar. Meus braços começaram a relaxar, assim como todo o meu corpo e comecei a me perder silenciosamente...
–Eu não vou entregá-la, mas preciso que me diga que quer ficar.
–Não vou a lugar nenhum que não seja com você, eu devia temê-lo, mas tudo o que sinto é uma necessidade de ficar aqui para sempre. É como se eu pertencesse a você a muito tempo...
–Porque você pertence. - Tocou meus lábios. - E sempre irá pertencer. E quando achar que não, se lembre que levei um tiro por você. -Sorriu
–Isso é uma prova?
–Mantê-la viva é.
–E se você desistir de mim?
–Eu raramente desisto de algo, mas quando isso acontecer, você irá saber.
Eu sei agora. Então eu não tenho que poupá-lo.
–Você está ficando louca! -Segurei as bordas da banheira despertando.
Edward me encarava de olhos arregalados segurando meus ombros. Era como despertar, meu cérebro havia se desligado novamente.
–Estava tentando se matar? – Gritou.
Neguei ainda pega de surpresa.
–Não? Você estava mergulhada aí embaixo e o banheiro transbordando. Por Deus, Bella!
Me afastei.
–Eu não estou tentando me matar. -Minha voz saiu rouca e falhada.
–O que aconteceu com a sua voz?
Eu queria socá-lo, mas era inútil. Eu não tinha forças nem para me levantar quanto mais para socá-lo. Me virei de costas esperando que ele saísse, mas suas mãos me viraram.
–Me diz o que fez?
–Você fez. -Deixei as lágrimas se misturarem com a água. -Gritar por horas e ficar com sede, talvez isso responda.
Me levantei sem me importar com o que ele já havia visto um dia. Tentei não cair, pedindo silenciosamente para que minhas pernas colaborassem pelo menos agora e entrei no box o fechando. Edward entendeu que eu apenas queria ficar sozinha porque tudo o que fiz foi ficar parada encostada na parede durante longos minutos até ele sair. Eu jurei que não iria mais chorar, simplesmente não conseguia mais chorar. Meu corpo acabou secando sozinho e quando meus dentes começaram a bater, deixei o banheiro frio. Estava sozinha mais uma vez.
Coloquei o primeiro conjunto de dormir que achei e me deitei na cama, mesmo odiando estar deitada ali, eu não aguentaria me agachar no chão e não seria uma maldita agora. Era tão bom e quente. A porta se abriu e vi Edward dar a volta na cama me estendendo uma bandeja, dessa vez eu seria egoísta, então simplesmente fechei os olhos. Eu sabia que ele estava ali e quando senti a bandeja sendo posta perto dos meus pés, eu a chutei ouvindo o baque no chão. Abri meus olhos e estava lá descrente do que eu havia feito, agora seria dente por dente!

EDWARD

Estou quebrando minhas próprias regras. Todos ali tinham um pouco de razão que somado a tudo, me deixava em desvantagem. Felix cobria o sol com a peneira, tentava não pensar que ela poderia estar blefando a maior parte do tempo. Porque ele gostava dela e não queria esconder isso, e eu me rasgava por dentro por não conseguir a mesma coisa. Não posso dizer que nossa briga foi uma diversão para mim, mas Deus, ela me confrontou e a levei a seu limite. Ela estava muito melhor, desde a última vez que a vi brigar assim. Eles a ensinou muito bem, pelo menos isso.
–Temos mais alguma informçao sobre ela?
–Eles montaram uma investigação pesada. Algo que poucos dentro da corporação sabe, pelo que me foi informado.
Jasper me encarou por alguns segundos.
–Ela não me parece tão ruim. Eu sei, não podemos confiar em nenhum deles. Mas, olhe para ela. Se houve alguma coisa entre vocês que ela preze, eu não acho que ela estaria esperando um ataque. Você a trouxe aqui para livra-la de Phill, mas nem sabia se ela iria se juntar a ele caso ele pedisse por isso. Ela não te entregou em três anos, eu não acho que entregaria agora.
–Ela talvez não, mas as mentes que trabalham com ela. Depois da morte de Garrett tudo voltou a circular. Vocês todos acham que isso é fácil para mim? Eu coloquei uma rocha na vida dela e a deixei viver com isso. Jasper, eu sei o quanto a feri e sei o que um sentimento pode causar em uma pessoa se ele não for canalizado. Ela não me suporta, ela pode não ter dito nada para a mídia, mas pode ter dito para qualquer outra pessoa. E no fim disso, a cabeça que estará rolando será a minha. Eu não estou reclamando, mas temos assuntos pendentes.
–Você não consegue deixa-la ir de qualquer forma.
Não, eu não conseguia.


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