BELLA

–O que estamos fazendo aqui? –Jacob sussurrou. –Alguém especial?

–Talvez. – Desci da moto. –Me espere aqui.

–Bella...

–Se quiser ficar, terá de ser assim. Eu vou ate lá e volto. Apenas me espere. –Entreguei o capacete ajeitando minha jaqueta.

Estava escuro e as poucas motos estacionadas na frente do bar era a prova de que a casa ainda não estava totalmente cheia. Jacob estava no mesmo lugar quando me virei para ver se não vinha atrás de mim. Tomei uma longa respiração empurrando as portas duplas e ouvindo o sino tocar.

–Boa noite, princesa. – Me virei para a voz. –Alguma coisa para beber?

Inofensivo, pensei.

–Talvez, se me der uma informação importante.

Ele sorriu, era jovem demais para estar trabalhando ali – muito provavelmente. Ajeitou os cabelos loiros de lado e se abaixou para passar para o outro lado do balcão. Observei as mesas postas aleatoriamente pelo salão, mulheres sozinhas, homens gritando sobre o resultado de algum jogo, casais.

–E então, como posso ajuda-la?

Tamborilei os dedos no balcão depois de minha vistoria me virando a ele, ainda com o mesmo sorriso de antes.

–Sabe se John Hogan esta por aqui hoje?

–O que quer com ele? –Perguntou Se afastando.

–Conversar. –Tentei ser a mais sedutora possível, roubando novamente um pouco da sua atenção.

Ele suspirou passando as mãos pelo cabelo.

–Você não é encrenca não, é?

–Pareço ser? –Me apoiei no balcão.

–Um pouco.

Sorri.

–Não sou, mas ele ficou de me ligar e não retornou. Apenas disse que... gostava de estar aqui.

–Sim, ele gosta ... quer dizer, as vezes aparece aqui.

–Por que é tão difícil responder a minha pergunta? –Choraminguei.

–Eu só não quero confusão, sabe?

–Não serei uma.

Suspirou.

–Ele esta do outro lado, jogando. –Apontou para o outro lado do bar. –Já deve ter chegado a essa hora.

–Obrigada. Agora vou te ajuda. –Pisquei. –Cerveja, a mais gelada que tiver.

Sorriu.

Esperei pacientemente pelo seu serviço piscando e seguindo para o outro lado do salão. Tudo era fumaça e álcool. Gritos e apostas, três mesas postas lado a lado rodeada de homens e mulheres afim de ganhar algum dinheiro com isso.

Não foi difícil encontra-lo, passei muito tempo gravando seu rosto para encontra-lo no meio de clones. Terminei minha garrafa antes de me aproximar de sua mesa, pegando um taco perdido. Esperei que tomasse sentido da minha presença, mas isso não aconteceu, foi aos poucos, juntando uma peça na outra para saber que eu estava ali.

Me aproximei quando fez menção em deixar o jogo.

–Tenho certeza que não irá querer sair agora.

–Você...

–Sim, o brinquedinho favorito da sua adorável, filhinha. –Me abaixei acertando uma bola. –Estava procurando você.

–Eu não tenho nada a ver com isso. –Murmurou.

Deixei uma risada escapar.

–Será? –O fitei. Seus olhos estavam assustados.

John não parecia alguém que estava na melhor, parecia bem mais magro do que nas fotos, barba por fazer, cheirando a álcool. E assustado, literalmente.

–Foi tudo ideia deles. –Murmurou.

–Vamos para os fundos. –Chamei.

Não havia muito movimento nos fundos do salão, todos haviam encontrado um grupo para se juntar. John estava em silencio agora sempre olhando para os lados, não era como se esperasse alguém chegar, era mais um medo de alguém atirar em sua cabeça.

–Você devia estar morta.

–É o que eles acham. Agora que saber, cada detalhe de tudo do que planejaram.

–Eu não planejei nada! –Gritou.

–Shhh! - O empurrei contra cadeira. –Se esta tentando chamar atenção, esquece.

–Heidi está louca! Se ela disse que estou nessa...

–Não, ela não disse.

–Então por que está atrás de mim?!

–Você esteve com Phill. Eu sei que esteve.

John segurou a cabeça.

–Ele foi me procurar, mas a polícia está atrás de mim e tudo está um inferno!

–Eu sei, minha vida esta exatamente igual.

–Eu não estive nessa, não contra você.

–Contra ele, não é?

Negou.

–Nem contra ele. Então me deixe ir!

Me encostei na mesa puxando a arma.

–Não. Estamos tendo uma conversa.

Seus olhos cresceram.

–Tudo bem, Phill foi me procurar eu já não estava mais na polícia e nem atrás de confusão. –Começou. –Minha vida virou um inferno quando deixei a corporação, não havia mais nada o que fazer. Eu não estava atrás de problemas, mas ele chegou na hora errada. –Respirou fundo me encarando. –Heidi estava lá, ela esteve inclinada a ir atrás dele a anos, mas não tinha certeza se seria recebida. Quando Phill apareceu, ela me fez pensar que ficando com Edward novamente tudo voltaria ao lugar. Estaríamos bem de todas as formas e estávamos na lama. Eu ainda estou pelo menos. –Cuspiu.

–Então mudou de ideia.

–Não! –Choramingou. –Eu disse que estava decidido, mas ela o mandou voltar e tivemos a nossa conversa. Heidi disse que Edward nos daria conforto, dinheiro e ninguém estaria no nosso pé porque ele tinha influencias. Tudo o que eu precisava fazer era ajudar Phill. Eu disse que era perigoso, mas ela não me ouviu. Ela foi o que me restou.

–Que bela porcaria de resto.

Fungou.

–Phill voltou, ele falou sobre você. Heidi ficou furiosa e eu sabia que não voltaria mais atrás depois disso. Eu consegui influencias para Phill e mantemos em segredo a identidade de Edward, foi tudo o que ela me pediu. Era a minha filha e eu não podia deixa-la sozinha, Heidi sempre foi impulsiva.

–Eu descobri isso.

–Eles me deram algum dinheiro e me mandaram ficar fora por um tempo, a minha parte ei já tinha feito. Tudo o que sabia dentro da policia foi dado a eles. O plano seguinte era Phill cuidar de você e Heidi afasta-la. Ela me daria notícias, mas ela não deu desde então.

–Ela está viva, por enquanto.

–Por favor...

–Não me peça para ter piedade dela. –Sussurrei. –Ela me tirou mais do que uma vida.

–Foi por minha culpa que ela está nessa vida!

–Não, ela estava antes de tudo isso. Não se culpe. Eu preciso que me diga onde eles ficam, eu sei que sabe.

John fechou os olhos.

–Por favor...

–Apenas me diga e suma, estou acreditando quando poderia já ter atirado em sua cabeça desde que entrei aqui.

–Eles falaram sobre um galpão. Eu não faço a mínima de onde isso fica, Heidi me deixou fora dos planos a partir daí.

–Tem certeza?

John sorriu sem humor.

–Eu mal sabia que você estava viva, eu mal sei onde aquela ingrata estar! Eu já falei que não quero isso para mim porque sei que vou morrer! –Gritou. –Só sei que é um galpão, eu ouvi alguma coisa sobre pedreira. Eu não tenho certeza. Agora me deixe ir.-Pediu.

A sala estava começando a ficar movimentada.

–Não fuja, se eu perceber algo errado. Eu volto para você.

–Eu nunca te vi antes.-Murmurou.

–Estamos bem assim.

Nunca precisei acreditar tanto em uma pessoa como precisei acreditar em John, levando em conta a filha que tem.

–Hei!

–Olá, de novo. –Sorri. –Nada quebrado ou destruído, ninguém em pânico. John está vivo...

–Mike.

–Mike. John está ótimo.

–Conversaram?

–Sim, ele soube me dar as respostas que eu precisava. Mas chegou a minha hora agora.

–Tudo bem. Nós veremos de novo?

–Um dia, muito provavelmente. –Acenei.

Jacob estava dando uma volta na moto quando me viu. Eu podia ver o medo em seu rosto quando me passou o capacete.

–Eu pensei que nunca sairia de lá.

–Foi fácil.

–Sim, agora sobe. Não podemos ficar dando mole.

Sorri.

–Que foi? –Perguntou.

–Obrigada por se preocupar.

–Disponha.

EDWARD

Fiquei dentro do carro pelo que pareceu uma eternidade, uma parte de mim queria ficar aonde eu estava, a outra estava confusa. Jasper tentou me ligar algumas vezes mas ignorei todas elas, nem os próprios sons dos meus sapatos eu conseguia escutar quando avancei pelo corredor.

Ela sorriu.

–Você voltou. –Heidi choramingou. –Olha o que o Jasper fez comigo.

–Eu quero a verdade, Heidi. Onde Bella esta?

Sorriu.

–Morta.

–Quero que me diga como foi, cada detalhe.

–Me tire daqui, vamos embora eu e você.

–Me diga! –Mandei.

Seus olhos focaram na parede por um longo tempo, virei sua cadeira para mim.

–Heidi.

–Ela estava atrapalhando meus planos. Você disse que me amava, amava apenas a mim! E quando cheguei ela estava lá. –Me encarou. –Eu queria faze-lo odiá-la, acusa-la e desconfiar dela. Eu escutava tudo o que falavam e usava isso o tempo todo. Cada dia uma parte sua gritava para não acreditar que aquilo era possível, então eu precisava ser melhor. Eles começaram a se juntar com ela e isso estava me deixando pra baixo...

Fechou os olhos por longos segundos.

–Eu te amava, mas você amava a ela! Você nem me tocou enquanto ela estava lá!

–Eu a amava.

–Eu fiz você não mostrar isso. –Sorriu. Precisei reunir todas as minhas forças para não faze-la se calar. –A fiz odiá-lo por não acreditar nela e ela te odiou até seu último suspiro.

Me afastei.

–Você a deixou e estavam todos mortos.-Gargalhou. –Ela estava tão assustada. Seus olhos eram de uma criança e aquilo era o meu momento. Foi como combinado, meu amor. Phill não o mataria, mas eu a tiraria do caminho. Nunca nada pareceu tão certo. –Suspirou. –Eu me aproximei, ela estava presa como você ordenou. –Me fitou. –Eu a chutei tantas vezes e ela não podia se mover. Phill até achou um exagero, mas ela estava pagando pelo que me fez.

Me mantive afastado, de olhos fechados. Precisava deixa-la falar.

–Phill me parou quando começou a sangrar. –Gargalhou. –Você devia ver a cara dela. Ela estava sangrando, mas eu não a machuquei.

Me virei.

–Amor, eu te salvei dela. –Sorriu. Heidi estava louca. –Eu te salvei dela e do que ela carregava.

Minha respiração acelerou.

–O que está falando?

–Não era o nosso bebe, então eu não podia deixar ele viver. Ela ficou sangrando e eu bati nela até ela desmaiar. Ela não podia fazer isso com você, você não a queria. Ela nos traiu... –A cadeira virou com o peso do seu corpo.

Estava tudo girando.

–Você matou o meu filho!?

–Não era seu, ele ia atrapalhar tudo. –Choramingou. –Você era só meu. Ela está morta agora! Ela não vai voltar, você está comigo. Edward! Edward não me deixe aqui!

Eu queria atirar nela, mas isso não ia apagar nada, muito menos diminuir.

–Eu quero que você morra, lentamente.

–Edward. –Jasper chamou. –Onde passou a noite?

A voz estava presa em minha garganta.

–O que aconteceu?

Explodi novamente. Chorando como um idiota.

–Edward?

–Ela matou meu filho.

–O que?

–Heidi matou meu filho... Bella estava gravida, Jasper. Eu os matei.

Jasper estava calado, deixou os joelhos cederem se sentando a minha frente, parecia inerte.

–Acabou de chegar a informação, a polícia encerrou as buscas pelo corpo da Bella... –Felix entrou na sala. –O que eu perdi dessa vez?

–Preciso que me diga onde John Hogan, mora. –Me levantei.

–Pensei que tivesse ido atrás dele ontem...

–Eu fui, mas precisei tirar uma dúvida e ela não está clara ainda.

–O que aconteceu, Edward?

–Heidi matou... o meu filho. Jasper pode tentar te explicar isso, preciso saber onde encontro John agora.

–No bar...

–Eu não tenho tempo!

–Edward.-Felix me parou. –O que você está tentando fazer?

–Estou tentando descobrir se não estou louco. Ou vou ficar. Nas próximas horas, nós somos as buscas. Eu quero todos trabalhando, eles mexeram com a pessoa errada.

–Edward...

–EU QUERO TODOS, AO TRABALHO AGORA!

Isso não era o fim.