Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 26
25




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595831/chapter/26

Isabella

Esperei por noticias depois que acordei pela tarde, esperava que meu presente tivesse chegado em segurança. Nunca havia dormido tanto na vida como havia dormido. Meu corpo me agradeceu, mas bastou alguns segundos para o medo me consumir mais uma vez e meus olhos varrerem cada canto do quarto. As horas seguintes foram de falatórios nos corredores e carros na rua, eu precisava sair e comer alguma coisa. Mas parecia algo arriscado ainda, então tentei me enganar o máximo de tempo possível até a tarde cair.
Encarei a arma que Teresa havia me dado antes de guarda-la no casaco e deixar o apartamento. Não havia ninguém nos corredores e para o meu alivio, nenhum drogado atrapalhando a passagem quando cheguei na saída. Eu sabia que estava ficando neurótica, mas parecia que todos os olhares estavam direcionados a mim e a qualquer momento eu poderia atirar em uma mosca se me representasse perigo.
Entrei em um minimercado depois de três quadras, mantive meu capuz na cabeça o máximo de tempo possível, consegui pegar tudo o que precisava antes de parar no caixa. Sabia que estavam me encarando, mas me mantive de cabeça baixa e controlando minhas mãos tremulas enquanto ouvia o bip dos produtos sendo passado na máquina do caixa. Não esperei a senhora contar o dinheiro e sabia que havia dado a mais do que realmente valia minha compra, mas deixei o lugar o mais rápido que pude. Não sem antes pegar o jornal perdido na mesa no lado de fora.
Assim que entrei novamente no apartamento, deixei as sacolas no chão e revirei o jornal, três páginas relacionadas ao meu sumiço. Meus pais deram depoimentos, Aro. Eles ainda estavam procurando por mim, fontes desconhecidas mentindo sobre minha localização, polícia e mais mentiras. Não chegaram nem perto de saber onde eu estava porquê de alguma maneira Edward não queria deixá-los saber para todo caso.
Já não havia mais a vontade de chorar, uma noite toda valeu a pena. Depois de cruzar a fronteira da minha vida normal para algo totalmente conturbado, eu sabia que não poderia mais voltar para casa. Não poderia ter meus pais por perto, nem uma vida meramente normal. Estava abrindo mão de tudo depois que colocasse em pratica tudo o que aprendi, depois de me manchar eu não poderia simplesmente fingir na sociedade. Eu sempre soube disso, só demorei demais para aceitar.

Já era bem tarde, quase manhã quando peguei o pequeno computador de minha mochila. O pen drive estava conectado tão pequeno que não havia me dado conta dele, eu sabia que teria muitas coisas ali que eu não gostaria realmente de ver e muito menos saber, mas relaxei e esperei tudo se iniciar até conectar. Haviam mais de dez pastas com códigos, escolhi uma aleatória. Era da polícia federal, por um segundo tudo o que consegui fazer foi encarar as dezenas de fotos de rostos conhecidos. Todos mortos, os motivos eram dos mais sérios ao mais fúteis.
Eu estava em uma das fotos, eram de um ano e meio atrás. Mas era eu. Registros secretos da polícia, arquivos de monitoramento. Arquivos das salas de controle. Eram muitas informações. Em outras pastas eram assuntos relacionados a drogas e armas. Uma lista de nomes, muitos policiais envolvidos. Tinha nomes que eu comecei a reconhecer... Felix.
Era manhã quando terminei o primeiro processo, me esquivei o máximo possível de tudo que falava sobre Edward mesmo indiretamente. Era a parte delicada de mim, apaguei qualquer coisa que colocasse Felix ou qualquer um dos caras na lista da polícia. Estava entre a cruz e a espada, eu sabia que podia confiar neles, e eles ficariam bem. Mas depois de tudo... você não precisa poupa-lo, pensei. Mas eu estava o poupando para alimentar meu próprio confronto.

00

Consegui um carro, precisei dormir nele por pelo menos dois dias até voltar ao meu apartamento. Minha neurose estava começando a ficar pior. Não havia saído nenhuma notícia sobre mim além da ajuda financeira citada em um espaço minúsculo de um jornal de quinta sobre Edward. Estava tudo como havia deixado, e minha decisão sobre o primeiro confronto estava tomada. Era hora de fazer contatos, e eu não iria parar.
Observei a pequena movimentação em frente a uma loja antes de diminuir, recoloquei o capuz e desci do carro atravessando sem olhar para os lados. Ninguém pareceu me enxergar ali e eu esperava que isso fosse por um longo tempo. Respirei fundo e segui para a cessão que precisava, rosa e azul cada um de lado. Bom, eu não sabia o que era então desfilei por todo o corredor procurando algo memorável.
–Precisa de ajuda?
Me assustei com a voz deixando algumas coisas cair ao me virar.
–Oh me desculpe, me desculpe assusta-la.-Sorriu.
–Sem problemas... eu ...
Era uma garota jovem, devia estar desesperada por uma venda. Não parecia alguém que fica ligada em notícias, então eu poderia arriscar ser gentil.
–Eu não queria assusta-la, de verdade.
–Tudo bem. Eu só estava me decidindo aqui.
–Eu posso ajuda-la... se ainda quiser.
Respirei fundo e assenti.
–Menina ou menino?
–Os dois.
–Presente?
Assenti.
–Preciso de algo memorável.
–Sapatinhos de bebê. Sempre parece ser a coisa mais comovente.
–Certo, então eu quero os melhores.
–Pauline. –Estendeu a mão.
–É um prazer, Pauline. –Apertei sua mão lhe dando as costas em seguida. Ela não pediu para saber o meu nome, então nos daríamos bem.
Fizemos três voltas no corredor antes de me decidir. Era um par de sapatinhos rosa e azul, delicados. Eu parei de prestar atenção em seu tagarelar enquanto os embalava em uma caixa dourada. A caneta parou de tremer em minha mão enquanto escrevia delicadamente meus votos para a nova família.
Uns vão, outros vem. Espero estar presente para a construção da nova família Cullen.
São os meus mais verdadeiros votos.
–Aqui esta.-Entreguei o cartão.
–Eles irão gostar.
–Tenho certeza que sim.
Sorriu.
–Não quer ver nada para você?
Neguei pegando a sacola.
–Muito obrigada. Pode ficar com o troco.
–Mas...
–Até mais, Pauline.
Atravessei a rua sem ver o carro freando em cima de mim, ignorei os protestos e entrei trancando as portas e respirando fundo algumas vezes. O espaço virou uma caixa de som onde podia escutar meu coração alto e forte, minha cabeça doer e minhas mãos suarem. Quase meia hora depois estava ligando o motor e deixando o lugar, tracei alguns horários de movimentação no prédio de Edward então ele não estava em casa ou não teria tempo de descer todos os seus andares para me receber. Não tinha certeza se haviam sido avisados sobre entregas desde meu último presente, então estacionei e esperei a troca de porteiros três horas depois.
Desci a caminhei até a portaria deixando a caixa do outro lado do vidro e passando o endereço do apartamento. O porteiro nem se quer olhou para mim, apenas pegou a caixa e voltou a sua pequena TV em algum lugar do pequeno espaço da cabine. Voltei o mais rápido possível para o carro e sai dali.
Cinco horas depois estava lutando para pegar o computador e voltar ao trabalho. Havia coisas demais ali para derrubar Edward, mas além dele havia pessoas que eu não poderia deixar cair. Criei um novo dossiê, tudo o que entregava Phill ia parar lá, Senna, Eliezer e mais muitos. Criei outro para Edward e mais uma vez vi o dia terminar sem sair do lugar. O relógio apitou e despertei. Hora do segundo presente.

Para: Edward
De: A
Assunto: Olá Ghost

Baixar anexo

Enviado.
Fechei o computador e deixei meu corpo ceder. Vamos lá, Bella. Vamos derrubar a torre, mas o deixe por último. Torture-o. Em anonimato é sempre melhor.

EDWARD

Heidi estava em silencio a caixa dourada estava destruída em seus pés. Felix me encarava, não havia nada nos sapatinhos de bebê. E eu não conhecia letra.
–Heidi, você está ou esteve gravida? –Felix perguntou.
–Não.-Murmurou.
–Por que alguém te atacaria dessa forma?
–EU.NAO.SEI! - Gritou. – Eu não sei quem está fazendo isso, mas está vindo atrás de mim.
–Phill não perderia seu precioso tempo brincando de construir famílias imaginarias.- Jasper entrou na sala. –Você tem algo que está escondendo?
Heidi lhe atirou um vaso.
–Cale a boca seu verme.
–Se tentar outra gracinha dessa eu lhe faço engolir cada pedaço de vidro que houver nesse chão. –Jasper tentou se aproximar, mas Felix o empurrou. –Eu não confio e você. Não sou meu irmão.
–Edward...
–Vamos ver isso. –Peguei os sapatinhos. –Você precisa dizer tudo o que sabe depois de que fugiu para o casarão.
–Eles apenas queriam você... eu não sei.
–Heidi!
–Edward, você não percebe que eles querem me matar?
–Eles quem?
–Os caras de Phill? As pessoas que ele está se unindo? Ninguém pensou nisso ainda, eu estou com você. Eles vão querer a mim para feri-lo.
–Devemos avisa-los que você não faz muita diferença.
–Jasper. –Felix chamou sua atenção. Ele estava sorrindo.
–Eu não aguento mais isso. Eu só queria estar em paz com você.
–Você pode, se começar a falar sobre o que realmente aconteceu na noite em que fugiu. Falar sobre seu pai.
–Eu não devo nada a você, Jasper.
–Você está na minha máfia, então você me deve.
–Sua? Isso aqui não é seu.
–É dele, Heidi. Disso eu tenho que descordar de você, então se você deve algo, você deve a todos.
–A todos.-Jasper repetiu.
–Eu preciso me deitar. Espero que sofra minha morte tanto quanto finge sofrer por alguém que ia mata-lo.
Felix me encarava depois que ela deixou a sala. Jasper não se importava de descontar toda sua raiva sobre ela e decidi não me opor mais. Eu não me importava, não iria perde-lo.
–O que acha que é isso tudo? –Felix perguntou.
–Ela pode ter razão em algumas coisas, mas acho que para mandar coroa de flores e agora sapatinhos de bebes, isso é mais pessoal. E não estou falando isso porque a odeio. Mas eu não confio nela, nem de olhos abertos, nem de olhos fechados.
–Jasper tem razão, isso é pessoal, Edward. E ela sabe disso e está com medo.
–Milícias que sabe que ela se envolveu comigo?
–Pode ser, mas eu não vou apontar apenas um tópico. Temos muito o que descobri ainda. Vai ser interessante.
Passei a noite em claro, há muito tempo que não conseguia dormir direito e precisava fingir ter uma vida normal. Jasper bateu em minha porta algumas vezes até eu estar diante a ele. Seus olhos estavam arregalados para mim.
–O que foi?
–Você precisa ver uma coisa. –Chamou.
–Me dê alguns minutos....
–Agora, Edward! –Mandou sumindo no corredor.
Felix estava em minha sala com todas as suas aparelhagens conectadas ao meu computador. Me aproximei para ver minha caixa de e-mail aberta.

Para: Edward
De: A
Assunto: Olá Ghost

Baixando arquivo
Concluído.

Seja bem-vindo a queda de Edward Cullen, ou Ghost

–Isso não é nada bom. Isso é péssimo. –Felix sussurrou.
–Quem mandou isso?
–Não consigo localizar. Mas acredite, isso não é coisa de Phill. Edward, isso é a sua queda.
Droga!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!