Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 27
26




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EDWARD

–Viu isso? – Felix entrou em minha sala.
–Acabou de dar nos noticiários. Isso é uma operação? Eles citaram as fronteiras. –Praguejei.
–Ninguém sabe ainda, eu sei que usamos o nosso método, mas acho que seria uma boa ideia tentar algum contato agora.
–Não podemos, os telefones devem estar grampeados. Foi esse anônimo, ele sabe que estamos nessa.
–Ele sabe demais. Vamos esperar pelo pior, porque muita agua vai rolar.
–Preciso das câmeras de monitoramento. Preciso saber quem foi preso, alguém que nos coloque em risco.
–Mesmo que seja, eles não sabem que você é e a polícia está tentando descobrir isso.
–E vão se seguir todo o roteiro que fazemos.
Deus, isso parecia um buraco negro.
–Mais alguma coisa que a polícia tenha citado?
–Mandei que mudassem o trajeto das cargas apara o Sul. Eles vão bloquear as estradas a partir de hoje.
–Nenhuma informação de como chegaram até ali? Alguém?
–Apenas investigações. Eles nunca falar, Edward.
–Perdemos muito com isso.
–Eu sei. Estamos indo para baixo lentamente.
Jasper entrou na sala segundos depois.
–Eu estou pronto. –Anunciou. – Heidi está aqui, eu vou leva-la para sala comigo, nas próximas horas eu os quero longe. Estamos entendidos?
Assenti.
–Não podemos fazer isso aqui. –Felix avisou.
–Por que não?
–Porque não sabemos que coelho vamos tirar dessa cartola. Edward, a leve para o abrigo. Ela não virá comigo caso eu a chame, Jasper cuida do resto.
Não interferir, apenas isso.
–Tudo bem, eu a deixo e vou resolver alguns problemas.
Jasper sorriu.
Heidi foi fazer as malas assim que disse que a levaria para o abrigo, eu não poderia intervir ou Jasper provavelmente me mataria. Era apenas uma parte de mim com medo de ferrar tudo novamente – em menor intensidade agora. Jasper não estava mais quando chegamos na sala, Felix acenou.
–O que vamos fazer?
–Eu vou resolver todas as incógnitas.
–Está falando da polícia?
Abri a porta.
–Também.
–Confie em mim, vai ficar tudo bem.
–É o que esperamos.
Afagou minha mão.
–Podemos ir embora depois, não precisamos ficar aqui.
–Enquanto eu não resolver tudo isso, eu não posso ir.
–Mas me prometo que vamos tentar. –Me fitou.
–Eu não posso prometer.
Uma hora depois estávamos entrando no prédio na saída da cidade, era uma construção mal-acabada que nos serviu muitas vezes. Heidi o encarou por um tempo antes de aceitar me seguir, estávamos no subsolo as chaves brincaram em meu bolso quando abri a porta e a deixei passar.
–Vamos ficar aqui? –Perguntou encarando o espaço. Havia apenas uma cama e um conjunto com mesa e cadeira em um canto.
–Por enquanto. –Falei.
–Mas isso...
–Vamos dar um jeito. Eu volto já.
–Vai me deixar aqui?
–Você está segura, só preciso resolver algumas coisas.
–Edward. –Segurou minha camisa. –Não estou gostando disso.
–Eu quero confiar em você, então preciso que confie em mim.
–Eu confio. Eu confio em você, mas não quero ficar sozinha aqui.
–Isso é um abrigo seguro, eu volto em breve. –Lhe entreguei um molho de chaves. Nenhuma abria a porta, mas era o que tinha que fazer.
–Tudo bem, não demore.
–Não vou.
Respirei fundo saindo do quarto. Jasper estava encostado na porta.
–Aonde vai? –Murmurou.
–Resolver algumas coisas.
–Eu quero que fique e veja. –Apontou para a porta ao lado. Era a sala que dava para ouvir tudo o que eles falariam no quarto.
–Eu preciso ir, Jasper.

BELLA

Uma semana e meia, uma moto estava circulando pelo prédio por quase três dias seguidos, consegui algumas informações sobre o apartamento vazio no andar de cima então me mudei levando apenas minhas roupas. Eu não confiava continuar em meu apartamento.
Não pude sair durante esse tempo então toda a notícia que recebia vinha dos jornais. Eles ainda estavam procurando por mim, até quando eu não sabia. Voltei ao computador, voltei aos arquivos e tentei algum contato com Teresa, ela não me atendia. Esperei respostas de Edward, e elas chegaram com quatro dias de atraso.

Quem é você.

Era tudo o que poderia perguntar? Gastando sua única chance de diálogo com uma pergunta sem resposta. Não o respondi, precisava de Leah agora. Conferi meu primeiro dossiê, nele constava ex policiais, chefes de milícia, pequenos pontos estratégicos na cidade para discutir drogas, furtos e descargos de mercadorias. Nunca poderia imaginar o quão grande isso era até ter tudo em mãos. Sem pensar duas vezes, enviei a primeira amostra do que estava por vir.

*A polícia montou um cerco essa manhã para pegar um dos maiores descarregamentos de mercadorias ilegais vindo das fronteiras do México. Ainda não se sabe como começou as operações, houve troca de tiros e congestionamento durante toda a manhã, três pessoas foram presas. *

Foi a primeira coisa que ouvi assim que abri os olhos pela manhã, o som vinha da TV e saltei da cama pegando o computador. Havia uma mensagem e dessa vez não era de Edward. Leah!

Não vou perguntar quem é você isso é inútil. Mas preciso de respostas, apostei tudo essa manhã e vejo que você tinha razão nas informações. O que está querendo em troca com isso?

Clearwater.

Era esse jeito desconfiado que me passava confiança. Mas não a respondi, faria isso na segunda amostra. Edward não tentou outro contato – ainda. Eu precisava sair, comprar comida. Precisava saber como as coisas estavam do lado de fora.
As quatro deixei o prédio, ninguém estranho no local, dirigi até o centro da cidade. Estacionei em um posto de gasolina, deixei o carro e segui para a loja de conveniência. A mulher do caixa me encarou por alguns segundos antes de voltar sua atenção para suas compras, peguei tudo o que precisava enfiando em uma cesta e me arrastando até o balcão – não havia uma forma de ser menos suspeita, eu era para todos os efeitos.
–Mais alguma coisa? – Perguntou.
Neguei jogando o dinheiro no balcão e puxando minhas sacolas. Ela está me olhando, ela está me olhando, ela está me olhando.
–Tanque cheio?
–Não obrigada. –Joguei as sacolas no banco de trás e me tranquei. Ela estava me olhando.
Droga.
Voltei a dirigir, encarei a farmácia por um longo tempo antes de me arriscar a sair novamente do carro. Haviam dois homens no caixa, então peguei a cesta e entrei no primeiro corredor. Peguei um kit de tesouras, mais remédios para dor de cabeça. Tinta de cabelo, precisei me esticar para pega-la. O garoto no caixa me deu boa noite sem tirar os olhos do computador – eu acharia isso uma falta de educação no passado, hoje não. Passei a cesta e o esperei passar os produtos antes de anunciar o valor, o deixei com o troco voltando ao carro e dando partida.
Uma viatura passou a meu lado minutos depois, parecia que tudo estava dando errado desde que sai de casa. Esperei que se afastasse pacientemente antes de correr de volta. Não havia ninguém estranho quando cheguei, deixei o carro no lugar de sempre e entrei no prédio passando por algumas crianças correndo para fora.
Não havia mensagens novas, deixei tudo em cima da mesa pegando o kit de tesouras e a tinta de cabelo. Me tranquei no banheiro me encarando por um tempo, minhas olheiras estavam enormes e um morto estava mais vivo do que eu. Joguei o cabelo para frente escolhendo uma das tesouras do kit – esperava não piorar a situação. Assim que passei a tesoura, senti os fios caindo em meus pés e na pia, lentamente metade do meu cabelo não me possuía mais.
–Vamos lá, Bella. Está muito fácil como esta.
Abri a caixa de tinta, era dois tons mais escuros que meu cabelo isso eu sabia que iria acertar. Limpei todo o banheiro depois de terminar com a tinta, marquei o horário e fiquei ali esperando passar. Meu celular vibrou e enfiei a cabeça no chibeiuro gelado. A tinta estava manchando meus pés e quando a agua voltou a sua cor, desliguei o chuveiro e me encarei no espelho. Dois tons mais escuros, um pouco abaixo do ombro, ninguém vai me reconhecer tão facilmente assim, pensei.
Ouvi um estalo vindo da sala e encarei a porta. Puxei a arma em minha cintura esperando alguém entrar, minhas mãos estavam tremendo – todo meu corpo estava. Ninguém se mexeu, mais nenhum brilho. Segurei a maçaneta a girando lentamente até a luz da TV brilhar contra parede, um passo de cada vez e estava fora ainda com a arma em punho.
Clic!
Me virei em direção a porta, meus olhos estavam saltando para fora e todo o ar se perdeu de meus pulmões.
–Bella!


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