Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 21
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vEDWARD

–Você a amava, não é? –Heidi perguntou. De alguma maneira ela não se importava mais de passar horas no escritório.

–Você sabe que sim.

–Por que esteve comigo então? –Perguntou.

A encarei.

–Mantê-la segura. Não foi isso que te tirei? Segurança?

–Você sabe que te amo e nunca te esqueci.-Tocou meu cabelo.-Ela te traiu, ela não se importava como eu me importei. Se não fosse por mim, você estaria morto agora. Jasper, Felix, todos nós.

–Ela foi usada.

–Não seja ingênuo. Ela sabia o que estava fazendo querido, ela te colocou nessa. Desde o começo.

Me afastei, eu não conseguia mais toca-la nem deixa-la me tocar. Era errado, de alguma forma era errado. Heidi sempre foi linda, foi a razão da minha existência, mas isso era como um preço por ter estado comigo desde o começo. Mas droga! Ela me deixou, ela me deixou uma vez. Isso já foi demais para ela para estar se ajustando agora.

–Vou manda-la para um lugar seguro. –Me afastei.

–O que esta acontecendo, Edward?

–Estou fazendo as coisas certas.

–O que você chama de certo? Me mandar embora de novo?

–Eu nunca te mandei embora, você quis ir. Você quis me deixar.

Seus olhos cresceram e as lagrimas desceram por seu rosto.

–Às vezes eu sinto que você gostaria de ter sido eu a morta.

–Não seja absurda.

–Mas é isso, Edward. Você a amou tanto que esta surtando. Olhe para você, olhe para sua família eles estão perdidos e você não faz nada só fica se lamentando pela morte de uma maldita traidora...

Segurei seu queixo: - Nunca mais fale dessa assim, eu te proíbo. Entendeu? Te proíbo como proíbo qualquer um aqui dentro a menciona-la.

Heidi me empurrou.

–Você está me machucando... por culpa dela! -Gritou.-Isso está me machucando, Edward.

Droga! Droga! Droga!

–Eu preciso ficar sozinho.

–Me deixe cuidar de você? -Seus braços me envolveram.-Me deixe voltar lá no começo quando éramos apenas nós dois. Confie em mim.

–Nada retrocede, Heidi, isso não é possível.

–Vamos tornar possível.-Me beijou.-Apenas confie em mim.

Isso não importo, nosso começo deixou de valer a pena. Há muito tempo.

##

BELLA

Meus olhos já conseguiam se abrir, isso era uma grande conquista. Desde que acordei e descobri que a morte não me queria mais uma vez, estar vivo nunca me pareceu tão forçado quando eu já não tinha mais nada pelo que lutar. Já não me importava com as dores em meu corpo, tive dor pior do que a que sentia agora. Doeu bem mais quando mataram meu bebe, não a dor pior do que essa nem se eu vivesse três vidas.

–Bom dia, Bella.-Encarei a porta. Durante todo esse sempre ouvi uma voz harmoniosa falar comigo.

Qualquer um estranharia gentileza depois de passar pelo inferno. Ela era gentil.

–Seus olhos se abriram.-Sorriu.-Eu tinha certeza que se abririam.

–Quem é você? - Essa era a primeira vez que falava com ela.

–Teresa.

–O que faz aqui?

–Cuido de você.

Fechei meus olhos quando a vi se aproximar com algumas coisas em mãos. Ela sempre limpava meus olhos, então ela deveria fazer isso. Segundos depois senti o algodão gelado passar por eles.

–Como se sente?

–Morta.

Pensei que diria algo, me repreenderia.

–Phill parece gostar de você.

–Eu o odeio.

–Eu também odiaria.-Sorriu.

–Ele te paga para estar aqui?

–Não.

Abri um olho.

–Eu quis ficar para cuidar de você.-Afagou meu rosto. Era difícil vê-la com perfeição, mas Teresa não me parecia um alguém velho.-Você estava bem machucada quando chegou.

–Deviam ter me matado.

–Deus não quis assim, então agradeça. E não seja hipócrita, não se questione de volta aonde estava Deus nos momentos difíceis.-Colocou o algodão em meus olhos.-Ele sempre esteve lá.

–Você é muito religiosa?

Se afastou deixando o prato e o algodão sobre a cômoda. Forcei um pouco mais meus olhos e a vi melhor. Teresa era uma mulher bonita, alta, magra e seus cabelos ruivos estavam presos no alto da cabeça. Seu rosto devia ser coberto de sardas, ela sorria com o olhar.

–Se você chama de religioso estar todos os dias na igreja, eu digo que não. Eu não sou religiosa, mas posso te dizer que já vi a morte mais vezes do que gostaria. E olhe eu aqui. Não acredite em super-herói, eles não passam de passatempo de Hollywood.-Sorriu.

–O que você é daqui?

–Ninguém importante. Apenas tenho passe livre.

–Ninguém tem passe livre em uma máfia, a não ser que pertença a ela.-Falei.

–Acredite, eu tenho. Ou não estaria aqui. Mas sem mas delongas, eu vou buscar alguma coisa para você comer.

Respirei fundo.

–Não direi a ele que acordou.

–Obrigada.-Sussurrei depois que saiu.

Meu corpo não estava tão dolorido mais, me levantei da cama sentindo uma leve dormência em minhas pernas. Eu sei que nunca houve nada ali, mas automaticamente meus pensamentos loucos me levava a encarar minha barriga lisa. Não houve tempo de qualquer mudança, mesmo assim. Isso deixava um gosto amargo em minha boca, me fazia querer vomitar.
Tinha certeza que precisava de um banho, o quarto em que estava era grande e nada se parecia com meu antigo quarto frio. Me encarei no espelho um pouco maior que eu, meu corpo estava esquelético. Feio e morto, manchas roxas marcavam meus braços e minha barriga, fechei os olhos para não encarar esse detalhe. A porta se abriu e Teresa entrou com um sorriso radiante deixando uma bandeja cheia em cima de uma mesa e se aproximando.

–Que bom que consegue ficar de pé.

–Estamos sozinhas aqui?

–Nunca estamos sós.-Segurei a barra da minha camiseta.-Vou te ajudar a tomar um banho e ver se tem algum osso quebrado.

Teresa era estranha, de um jeito bom.

–Escolhi um bom quarto para você, dá para passar um tempo escondida aqui.

–Você escolheu meu quarto?

–Sim. Sabia que quando acordasse teria necessidades e andar pela casa com um bando de homens e Phill não seria legal.

–O que quer com tudo isso?

–Fazer algo que preste.

–Ajudaria me tirando daqui.

Não me envergonhei de ficar nua em sua frente, Teresa me guiou até o banheiro, era espaçoso com paredes marrons e um chuveiro que indicava agua quente. Eu precisava disso com urgência.

–Eu vou.-Falou ligando o chuveiro a agua bateu em minhas costas.

–Vai o que?

–Te ajudar a sair.-Falou com naturalidade. A encarei.-Mas ainda é cedo, você precisa estar forte para ir sozinha. Você ainda não está, um pássaro não levanta voo com uma asa só.

–Isso quer dizer que só vou sair quando você achar que sou forte o bastante?

Negou afundando os dedos em meus cabelos e massageando.

–Não. Você vai sair quando achar que pode sair, isso depende de você e não de mim.

–Por que está fazendo isso?

–Porque temos que dar um fim em um tudo um dia.

–Você sabe que posso voltar e acabar com ele?

Teresa abriu um sorriso cansado.

–Você sabe quantas pessoas já me disseram isso até eu aceitar que é a única forma de pará-lo?

O que ela e Phill, tinham?

–Alguns sacrifícios são precisos. Faz parte da vida, quando ela te entrega chances e você não aceita.

Teresa me arrumou roupas, trocou os forros de cama e me deixou comer. Meu estomago doía de forma inimaginável, mas comi tudo sem deixar uma migalha na bandeja. Algo dentro de mim ganhou vida e era como acordar novamente.

–A quanto tempo estou aqui?

–Um mês amanhã. Você não esteve em coma mas delirou a maior parte do tempo, então não digo que estava acordada. Você acordou realmente hoje.

–Você tem acesso a um jornal? Televisão ou qualquer informação?

–Você está desaparecida. Precisa de muito para te dar como morta, ninguém disse nada ainda pelo menos.

–Meus pais...-sussurrei só para mim. Eu não fazia a mínima de como eles estavam.

Eu sentia falta de casa.

–Você tem acesso a todas as informações?

–Você está querendo saber sobre, Edward?

Não tive tempo de negar.

–Eu não sei ler as pessoas, mas ele parece um belo ator.

A encarei.

–Edward saiu em uma foto obrigatória para uma matéria da Universidade Estadual ao lado de dois alunos de publicidade. Foi apenas uma foto proibida a circulação.

–Edward se deixando fotografar?

–Um belo ator como eu disse. Ele não pode ser atacado de qualquer maneira.

–Eu não me importo com que mascara ele estará usando quando eu acabar com ele.

Teresa abriu um sorriso enrolando os lençóis nos braços.

–Não acredita em mim?

–Será um confronto interessante.-Soou com toque de zombaria, mas abafei isso.

Depois que fiquei sozinha, eu não sabia bem o que fazer. Sentia que meu desespero estava na margem e uma hora eu teria de deixa-lo escapar ou morreria afogada nele. Contei mentalmente até mil, acho que fiz isso pelo menos cinco vezes até Teresa voltar com meu jantar que mais uma vez foi devorado.

–Phill volta em três dias, já me viram subir com bandejas aqui pelo longo do dia. espero que esteja preparada para quando ele voltar.

–O que você é dele?

–Já fui alguém, hoje apenas seguro as pontas.

–Mulher?

Teresa pegou minha bandeja.

‘-Qualquer coisa. Agora descanse, deixei os remédios no banheiro, limpe seus olhos antes de se deitar isso ajuda a diminuir o inchaço. Volto pela manhã.

Eu voltei a contar depois do processo de limpeza em meus olhos, era possível eu ter ficado cega se ela não tivesse parado. Em algum momento meu corpo se cansou das pancadas e eu simplesmente me deixei levar. Teríamos um novo encontro um dia, Heidi despertou o pior de mim.

“ – Ela é linda, não é? ”

“-É sim, ela é linda e pequena. Pequena demais. ”

“-Eu vou leva-la para um passeio. – Edward a balançava se afastando de mim. Eu estava no chão frio e um liquido descia por minhas pernas me molhando. ”

“-Me leve com vocês, eu também quero ir. – Falei tentando me levantar, mas algo me deixava dolorida. ”

Edward parou a alguns metros virando o embrulho protetoramente contra ele. Seus olhos eram fundos e raivosos.

“-Você vai me levar, não vai? Com você? ”

“-Por que? – Sua voz era fria. ”

“-Porque você disse. ”

Negou estalando a língua.

“-Vou levar essa bonequinha do papai, para a mamãe conhecer. ”

“-Eu sou a mãe dela, Edward.-Tentei me rastejar. ”

“-Não! - Gritou.- Você não é. Você não é nada dela, não toque nela! ”

“-Edward! Traga ela aqui agora! ”

Ouvi seus passos abafados, um, dois, três... Edward parou a alguns metros sussurrando uma música de Bella quando ela começou a chorar. Então parou se virando para mim.

“-Eu preciso coloca-la na cama agora.-Um brilho surgiu em sua mão e apenas pisquei quando percebi o que ele estava fazendo. Edward atirou em mim e meu grito cortou o silencio em mil pedaços. ”

–Tudo bem.-Senti duas mãos me segurando.-Foi só um pesadelo.-Teresa me sacudia levemente.

Toquei minha cabeça encarando minhas mãos procurando qualquer sinal diferente.

–Ele atirou em mim, meu Deus, ele atirou.

–Não, você sonhou. Foi só um pesadelo.

–Eu estou enlouquecendo, Teresa. Deus! Eu estou enlouquecendo. Eu não posso amar quem me deixou para morrer. – Seus braços me envolveram.

–Coloque tudo para fora, chore o que tem de chorar porque você precisa se reerguer.

–Como vou me reerguer se o homem que amei me deixou para morrer, não confiou em mim e estar com uma mulher louca que matou nosso filho? – Teresa apertou seu abraço como se sentisse o que eu estava sentindo.

–Há vários caminhos para seguir, você não precisa pegar o mais difícil.

–Eu não vou poupa-los.

–Não digo para não fazer o que quer fazer, digo para pensar se vale a pena ser como eles. Eu poderia ser como eles, e estou aqui com você.

–É como dormir e acordar sendo outra pessoa. Eu não me lembro de quem eu era desde que entrei nessa vida.

–Você não precisa ser quem você era. É seguir em frente, apenas sabendo aonde pisa. Isso mantem os pés no chão.

Bufei.

–Eu queria ter a sua calma.

Sorriu.

–Quem disse que eu tenho? Agora vá tomar um banho e depois volte para comer alguma coisa. Se quiser circular pela casa, tem apenas dois homens no lado de fora.

Respirei fundo.

–Obrigada Teresa.

–Não precisa agradecer. Apenas faça o que tenha que fazer daqui para a frente.

Isso era, acabar com todos que me mataram um pouco.


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