Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 20
19




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BELLA


–Bella...-Abri meus olhos, meu estomago estava doendo. Rose estava se arrastando pelo chão do galpão ate mim.

Tentei segurar meu choro, mas eu não consegui. Eu estava feliz por vê-la, Deus eu estava feliz por tê-la ali. Rose me abraçou afastando meu cabelo de meu rosto.

–Eu te achei, eu preciso encontrar o Emmett, mas preciso te tirar daqui. Suas mãos tentavam debilmente me soltar.

–Não! Vai embora, ache ele e sai daqui.-Mandei.

–Não! -Me encarou.-Eu não posso te deixar aqui, Bella. Heidi vai te matar. Ela disse que vai e eu juro que acredito nisso agora. Então me deixe te tirar daqui. Ela enganou o Edward, o pai dela está com ela. Eles vão acabar com a gente.

–Eu não me importo.

–Você se importa sim! Eu só preciso achar as chaves disso.-Socou a parede.-Eu vou voltar e procurar alguma coisa.

–Onde você estava? –Perguntei.

–Eu não sei, tem uma cabana aqui perto. Eu estava lá, Edward estava louco, ele está desesperado, ele acha que você avisou a polícia. Precisamos sair daqui antes que a polícia chegue, certo? Vou achar as chaves e vou voltar.

Assenti.

–Já é manhã?

–Sim, algumas horas. Agora eu vou, mas volto rápido.

Ouvi seus passos se afastando rápidos, meu coração pareceu voltar a bater e mesmo que eu quisesse, eu não conseguiria ir muito longe depois que ela me soltasse. Meus olhos se fecharam pelo que pareceu um segundo, quando vi Emmett entrar no galpão, ele estava mancando e tinha sangue em sua camisa.

–Emmett!

–Graças a Deus eu te achei.-Mancou em minha direção. -Preciso te tirar daqui e achar Rose.-Caiu a minha frente.-Droga! -Gritou quando percebeu as algemas.

–Rose foi atrás de alguma coisa para solta-las.-Falei.

–Eu vou atrás dela, mas eu não posso te deixar aqui.-Seus olhos vagaram pelo espaço.

–O que está acontecendo? –Tentei entender o que se passava no lado de fora.

–Laurent está morto.

–Como?

–Ele está morto, alguém o matou. Tem alguém aqui, Bella e não é nada bom.

Meu corpo estava tremendo, cada parte de mim estava tremendo e as lagrimas vieram com mais força. Um grito estava me engasgando a um ponto de ganhar sua liberdade.

–Depois que eu solta-las, quero que corram até o lago a um quilometro, eu sei que conseguem. Tem um barco lá, eu ouvi um dos novos homens de Edward falar, eu sei que Rose não vai muito longe sem sua ajuda, então a tire daqui certo? E não parem por nada.

–Você vai vir...

–Shhh, eu vou tira-las daqui. Mas eu preciso manter seja lá quem for, longe por um tempo e eu vou logo em seguida.

–Promete?

–Eu prometo.-Emmett beijou minha testa.-Você sabe que consegue, não sabe?

Neguei.

–Sim, você sabe e vai conseguir. Eu não vou demorar. –O vi se afastar mancando apressadamente para saída.

Minha cabeça estava doendo, os primeiros sons abafados vieram e Emmett não voltou, isso me assustava, fazia minha cabeça dar voltas e voltas. Rose não voltou. Os sons ficaram mais próximos e tentei me soltar, sentindo as correntes machucar meus pulsos. Ardendo. Ouvi passos apressados e meus olhos se arregalaram de medo até vê-la surgir novamente. Rose vinha pelo mesmo caminho que havia ido. Ofegante.

–O que está acontecendo? -Minha voz saiu abafada em meus ouvidos.

–Estão atirando... mataram ele.-Suas mãos estavam tremulas.-Emmett... Emmett está morto.-Gritou.

Era como se todo o peso do meu corpo tivesse caído para um único lugar. Rose não conseguia falar, suas mãos não paravam de tremer, estavam sujas de sangue e eu podia sentir o cheiro forte de onde ela estava. Meu estomago se revirando. Eu ia vomitar.

–Você precisa sair daqui agora. Precisa achar um barco a um quilometro daqui, você precisa sair daqui.-Minha voz era carregada.

–Eu não vou te deixar.-Me encarou.

–Isso não é uma decisão sua! -Gritei.

Rose se afastou de mim com um meio sorriso, eu sabia que ela estava fora de si, ela estava com medo.

–Você está presa, então é uma decisão minha. Eu vou achar alguma coisa por aqui.-Encarou o espaço.-Qualquer coisa.

A vi se afastar lentamente de mim de repente, tentei enxergar pelo caminho de caixas até vê-lo. Phill?

–Aonde pensa que vai?

Rose estava tremendo, seus olhos estavam nadando em lagrimas e seus ombros balançavam em um soluço silencioso. Meu corpo todo se balançava, eu precisava tira-la dali.

–Sinto muito pelo seu namoradinho.- Phill fingiu comoção.-Ele era um problema e essa segurança bem falha.

–Deixe ela! -Gritei.

–Isabella? -Fingiu surpresa.-Minha preciosa.

–Deixa ela ir, Phill.-Supliquei.

–Não, você me deixou irritado e está me devendo muito por ter me enganado. Mas me surpreende seu querido Edward ter caído na própria armadilha.

–Deixa ela. Ela não tem nada a ver com isso.

–Está defendendo ela? Pelo que saiba vocês eram inimigas, resolveram se unir? –Zombou.

–Apenas a deixe ir. – Rose se mexeu e tentei alerta-la para não fazer isso.

–Isso não é uma boa ideia querida.

–Você venceu, ela não é nada.

Phill a avaliou por alguns segundos. Um alivio passou por seu rosto e eu estava começando a respirar melhor.

Rose me encarou com um meio sorriso e Phill atirou. Ele atirou! Ela pensou que estava tudo bem, mas ele atirou. Senti minha cabeça girar e girar enquanto seu corpo tombava a poucos metros de mim. Seus lábios se mexeram, mas nada saiu, eu não conseguia desviar meu olhar e eu a vi partir lentamente.

–Rose! –Gritei.

–Ela não valia meu esforço.

–Seu desgraçado.

O ar não entrava em meus pulmões, mesmo que eu puxasse, era como se fosse em vão. Meus olhos se voltaram a voz que entrou logo em seguida. Eu queria matá-la, esmagar a cabeça dela. Heidi chutou Rose no caminho quando viu seu corpo e Phill a repreendeu como se fosse importante para ele.

–Você precisa ser rápido, Edward está voltando logo, logo. Faça o que ele vai fazer quando voltar. Mate-a como fez com essa aqui.

–Eu vou acabar com você. –Avisei.

–Você? -Zombou.-Não me leve a mal, só estou cuidando do que é meu. Edward estava perdido porque eu estava longe, mas ele não precisa de você. Ele me ama e já provou isso, se eu pedisse para ele te matar ele teria feito. Só que os sentimentos dele é algo inexplicável, ele ficou com pena até a queridinha traí-lo.

–Foi você! O tempo todo!

–Prova. Ah é, você vai morrer e não vai conseguir provar nada. Ele não se importa com traidores, então vou fazer um favor a ele e a você.

Phill sorriu acedendo um cigarro. A vi se aproximar de mim, lentamente. Quando meus olhos se fecharam senti seu punho contra meu rosto. Era um som abafado dentro de mim, não deu tempo de gritar, outro soco seguiu. Seus dedos se fecharam em meu cabelo e ela sorriu antes de afundar um soco em meu estomago. Um, dois, três até o ar parar definitivamente de circular dentro de mim. Uma dor se apossou da minha cabeça enquanto ela seguia com sua diversão.

–Me mata logo! -Gritei. E ela gargalhou.

–Não, lentamente é melhor. Bem lentamente.-Seu punho se fechou em meu estomago mais uma vez. Depois de perder as contas e minha cabeça se curvou.

Pensei que estava urinando ali, poderia dizer que era medo mesmo sem senti-lo realmente, mesmo com as vistas começando a embaçar eu vi que não era. Tinha sangue entre minhas pernas manchando meu moletom cinza. Sangue? Meu olhar subiu para encara-la e havia surpresa e confusão em seus olhos. Ela me furou?

–Você a furou? -Phill se aproximou alguns passos. Heidi não disse nada.-Pessoas não sangram assim, Heidi.

–A não ser que...-Ela ficou com os seus pensamentos. E não precisava de muito para saber.-Vamos acabar com isso, dois a menos agora.

O grito escapou e a dor em meus pulsos já não me incomodava mais, nenhuma dor me incomodava mais, senti um forte impacto em minha barriga e tudo começou a escurecer. Eu me entreguei a escuridão. Eu não me importava de estar nela. Não importava de partir também. Ele se foi, todos se foram.

Edward

O galpão estava vazio quando chegamos, era possível sentir a tensão de cada um. E mesmo não conseguindo isso com sucesso eu precisava me manter ali. Precisava esquecer por um segundo toda a dor que estava sentindo, me rasgando por dentro. Eu não queria acreditar, mas eu tinha motivos para acreditar. Antes disso tudo, ela era apenas a jornalista que trabalhava contra mim, que me expos e que os fizerem me perseguir.

Isso me dava um credito, me fazia me sentir melhor por tudo o que estava acontecendo. Mas a quem eu estava tentando enganar? Eu a amava e ela poderia me matar, que eu atravessaria vidas com o mesmo sentimento. Porque eu simplesmente a amo. Mesmo sabendo que a polícia a moldou para não cair no mesmo erro novamente. Para não sentir mais nada por mim. Pater entrou no galpão minutos depois ouvimos os tiros, Jasper correu para o carro e todos se posicionaram para deixar o lugar.

–O que aconteceu? -Perguntei.

–Uma armadilha. Tem viaturas circulando pelo local e homens de Phill atirando por todos os lados. –Peter gritou.

Droga!

–Eles foram mais espertos do que nós.-Jasper atirou pela janela.-Você precisa dar a volta ou eles vão nos pegar.

–O que acha que aconteceu? -Perguntei a Peter.

–Eles devem ter ido até o galpão. –Atirou.

Carros deslizavam a nossa frente, tiros vindos de todos os lados.

–Nosso galpão?

–Provavelmente, chefe.

Pisei fundo no acelerador, os tiros batiam no vidro fazendo cicatrizes deslizar por ele. Jasper parecia nervoso a meu lado assim que as palavras do nosso galpão foram pronunciadas. Tentei comunicação com Laurent ou qualquer outro, mas nada e isso estava pirando a minha cabeça. Eu não estava acreditando que fomos tão idiotas assim, mudamos o percurso, ele deveria ter seguido.

–Isso está errado.-Jasper me encarou.-Você sabe que está errado.

Continuei dirigindo, deslizando na estrada de terra e ignorando os tiros.

–Não foi ela, Edward. –Gritou. Jasper parecia estar fazendo cálculos mentalmente.

–Cala a boca, Jasper. –Pedi.

–Não foi ela!

Tentei mais uma vez contato e tudo o que se ouviu do outro lado foi o silencio, consegui despistar dois carros e meus homens ficaram para trás fazendo o resto do serviço. Parecia que os segundos não passavam todas as vezes que encarava o relógio, minha cabeça deu um tranco quando avistei o galpão. Dois carros haviam chegado primeiro que nós, deviam estar mais pertos quando perceberam que era uma armadilha. Estacionei e saltei para fora.

–O que aconteceu? -Perguntei os empurrando.

Ouvi os passos atrás de mim enquanto corria em direção ao pátio. Felix estava parado, de costas para nós a alguns metros. Era um maldito silencio, nem as botas faziam barulho.

–Laurent e Emmett estão mortos, perto da cabana.-A voz de Marcus soou atrás de mim.

Meus olhos passavam pelo local, pelas manchas e pelo sangue grosso que deslizava até perder a força e secar perto de nós. Rose!

–A garota morreu.-Marcus voltou a falar.

–Onde ela está? -Minha voz saiu estrangulada.

–A outra garota...morreu também.

O encarei.

–Tem sangue no local onde ela estava e tiros na parede. Ela foi arrastada para fora daqui.-Paul apontou para a parede onde ela esteve. –Phill deixou um aviso, seus homens mataram todos.

Eu evitei olhar para lá. Seu casaco estava sujo de sangue, muito sangue. Phill a matou! Ele a matou e levou seu corpo. Não! Ela não morreu. Ela não pode ter morrido, ela está bem e eu vou acha-la. Ela não morreu droga!

–Eu quero que vasculhem cada canto desse lugar agora! -Mandei.

–Já olhamos, tudo, cada canto.-Felix falou sem se virar.-Você sabe como funciona, Edward. Você sabe o que ele fez.

–Não! -Gritei.

Ele não a levou, ele não podia fazer isso com ela. Ela era minha! Revirei cada canto, cada metro quadrado, cada arvore no lado de fora. Tudo, cavei a terra com minhas próprias mãos e ela não estava lá. Era como se eu estivesse deixado de existir, eu não queria mais existir. Eu a matei. Droga! Eu a matei.

–Edward, nós precisamos sair daqui.-Marcus chamou.

–Me deixe em paz droga! Somem das minhas vistas.

–A polícia está se aproximando.

–Eu não me importo, se está com medo foge. Eu não me importo.

Passei muito tempo ali, sentado no chão molhado tentando esquecer Rose morta, Emmett, Laurent. Deus! Eles estão mortos por minha culpa, eu não sei o que está acontecendo mais. Perdi meu chão quando a perdi, quando meu castigo foi não a ter nunca mais. Eu não podia tê-la deixado!

–Era esse o seu plano? -Jack me empurrou assim que entrei no galpão. Todos nos encaravam.-Era esse o seu plano, matá-la?

–Jack.-Felix se aproximou como um velho.

–Não, Felix. Não me toque, ele a matou.

–Eu não a matei!

–Você a matou. Você a matou quando a tratou como um nada, você a matou quando a prendeu. Quando não acreditou nela! Você a deixou para morrer seu maldito. Você matou a mulher que eu amava.-Seus olhos estavam ardendo.

Senti a fúria crescer dentro de mim quando o acertei.

–Nunca mais diga isso! Ela é minha, sempre foi e sempre será!

–Ela nunca foi sua. Você nunca a mereceu, seu maldito covarde. Ela era boa demais para você e olha o fim que você deu a ela. A essa hora jogada em qualquer lugar, ela pode estar no fundo desse maldito rio agora por sua causa porque você sabe que é assim que funciona. Você deixou suas duas propriedades morrer, Rose, ela só queria ir embora e você a trouxe para cá. Você deixou que matassem seu melhor amigo e a garota que esteve do seu lado quando ninguém esteve. Você deixou que matassem a pessoa que você diz mais amar na vida como um ato de vingança contra você. Eu não acredito no seu amor por ela Edward, e nunca vou acreditar. Você a matou, você a deixou aqui ela poderia estar bem agora se tivesse ido comigo. Ela estaria viva.

Senti a pressão aumentar em minha cabeça.

–Eu estou fora.

–Jack.-Felix tentou pará-lo, mas ele prosseguiu.

Ficamos no mais pleno silencio, e eu precisava ficar sozinho.

Duas semanas depois

–Não adianta mais chorar, Heidi precisa de você e ficar aqui não vai adiantar nada.-Felix estava falando comigo diretamente pela primeira vez.

Nas últimas semanas, das vezes que ele parou para conversar era para falar sobre os corpos entregues as famílias, o que me causava náuseas. Estava no apartamento de Bella, onde ela se manteve escondida a primeira vez que realmente havia fugido, eu achei que naquele tempo havia tido o ápice do meu desespero. Eu gostaria que fosse.

–Jasper? -Perguntei.

–Não consegue lidar com tudo sozinho, Phill não fez contato. Saiu no jornal a fuga, ninguém fotografado. Eles estão tratando de passe de drogas, menos mal.

Bufei.

–Se está tudo bem, eu não preciso voltar agora.

–Encher a cara e chorar não traz ninguém de volta.

–O que você quer Felix? O que veio fazer aqui, se você não se importa?

–Reveja tudo e se pergunte se você se importou.

–Eu a amava.- Arremessei o copo contra parede.-Você sabe disse malditamente bem, você sempre soube o quão difícil era mantê-la comigo. Você sabia! Então não fale que não me importava. Ela trabalhava para eles, eu avisei o tempo todo como era difícil confiar...

–Quando a gente ama alguém, mesmo errado, não os deixamos. E você a deixou quando ela suplicou. Aquilo me feriu e me arrependo, em parte me sinto culpado. Eu devia tê-lo parado.

Senti a dor voltar de novo.

–Você acha que não me arrependo? Minha vida acabou. Isso não está tão obvio assim?

–Não importa se sua vida acabou.-Falou frio.-Temos um trabalho a fazer, pelos que sobraram. Sua secretaria ligou, antes que eu me esqueça.-Felix acendeu um cigarro e saiu do apartamento batendo a porta.

Eu os odiava todas as vezes que abriam minhas feridas e simplesmente me deixava sangrar. Ninguém sabia das coisas que se passavam pela minha cabeça. Eles ficariam assustados, mas quem se importa? Eu não me importo mais.


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