My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 3
Minho, babá?


Notas iniciais do capítulo

Hello everybody! *o* Bom, eu queria agradecer a Patinhas que favoritou a fic, e as que comentaram; realmente eu amo cada comentário de vocês, são uns amores!



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A manhã veio mais cedo para os encarregados naquele dia; os demais clareanos ainda dormiam quando se levantaram e seguiram para a reunião do Conclave. Após todos se acomodarem no aposento, alguns ainda com cara de sono, Newt se levantou.

–Estamos aqui para decidir o que fazer com a garota, Camille. A reunião do Conclave está aberta a partir de agora.- Disse e fez um sinal com um movimento de cabeça para Alby prosseguir.

–Nós vamos falar e o Newt irá anotando tudo. Cada um de vocês terá direito a sua vez. Vamos respeitar todas as opiniões e considerar tudo o que cada um disser e chegaremos a uma conclusão.

–Para começar.- Newt pegou um bloquinho e um lápis preto- quero saber quem acredita no relato dela de ontem a noite, e suas opiniões sobre o que deve ser feito em relação à ela. Gally ainda está desaparecido, então deixaremos sua opinião como nula. Se em alguns dias ele não reaparecer vamos ter de eleger outro encarregado dos construtores.

Fez uma pausa e continuou.

–Zart, você primeiro.

–Hm.. É difícil dizer se o que ela fala é verdade ou não, mas ela me pareceu tão confusa quanto nós. E vocês todos viram como ficou tão surpresa ao notar que aqui não era a clareira que ela costumava estar.

–Então..- Newt batia o lápis no bloquinho, esperando.

–Então acho que devíamos soltá-la.

–Certo.- Anotou.- Próximo, Winston.

O garoto cheio de acne se endireitou um pouco na cadeira antes de começar.

–A princípio eu realmente pensei que ela podia ser algum tipo de espiã, e ainda não descartei essa ideia. -Olhou para todos como se quisesse se certificar de que haviam entendido.

–Então o que sugere, que a deixemos apodrecer no amansador? -um dos outros encarregados perguntou. Era um garoto corpulento, porém baixinho.

–Sinceramente? Não sei. Acho que poderíamos soltá-la, mas não vamos tirar o olho dela.

Newt assentiu e anotou.

–Não acho que seja uma espiã.- Minho comentou casualmente, estava esparramado em uma das cadeiras.

–Ok, aproveite a deixa e dê logo a sua opinião.

–Claro, Newt. Deixe-me ver.. Ela poderia muito bem aparecer na caixa fingindo perder a memória, como todos nós; poderia se fazer de coitadinha, mas não o fez. Se ela fosse mesmo uma espiã dos criadores, era só mandarem-na assim que poderíamos acreditar, como aconteceu com qualquer outro clareano antes. Sem contar que eles tem aqueles malditos besouros mecânicos pra nos vigiar, para quê uma garota? Se fosse assim mandassem um garoto que seria menos óbvio. Quanto a ela ser uma corredora, eu acredito. Sou o único corredor dessa sala e sei como reconhecer outro. Quando a encontrei, ela pareceu se guiar por lá tão bem como qualquer outro aqui que ousa encarar o labirinto todos os dias. Eu concordo com o Winston de soltá-la e a manter sob supervisão.

–Mais alguma coisa?

Minho fez que não coma cabeça e Newt anotou. Caçarola era o próximo.

–Tive tempo suficiente para pensar sobre isso ontem a noite, então cheguei a uma conclusão: Acho que se o que ela diz sobre a outra clareira for verdade então a garota é tão vítima dos criadores quanto qualquer um de nós. Com certeza acordou na clareira há dois anos, como ela mesma disse, sem se lembrar de nada com exceção apenas do próprio nome. Foi mandada pra cá e ainda por cima não se lembra de todos com nitidez da outra clareira, apenas os que eram mais próximos. Pra completar a situação, a gente ainda joga a coitada no amansador?- Ele levou os braços pra cima em sinal de indignação- Na minha opinião, essa Camille não tem culpa. Então concordo com os outros de soltá-la.

Todos pareceram refletir sobre o que Caçarola dissera. E se ela fosse mesmo uma vítima? Deixá-la presa só ia fazer as coisas piorarem.

E assim, cada um deu sua opinião. Todos com suas dúvidas quanto a ela, mas no fim a maioria optava por soltá-la.

Por fim, Alby que estivera calado durante toda a reunião, apenas pensando, se pronunciou:

–Me parece que não temos escolha; já que a maioria concorda em soltá-la. É isso que vamos fazer, mas eu quero saber de tudo que ela disser. Até se respirar de uma maneira suspeita. Tudo, entenderam?

Todos presentes concordaram, alguns com movimentos de cabeça, outros dizendo um "Sim" ou "Claro, tanto faz."

–Vamos pegar os suprimentos semanais que chegam hoje na caixa e depois voltar ao trabalho normal. Nada de moleza só por causa da novidade, e nada de ficar por ai babando na trolha enquanto ela estiver solta só por que é bonita.

Alguns tiveram de conter risinhos.

–A reunião acabou, estão liberados. -Newt anunciou.

Todos foram saindo pouco a pouco da sala.

–Ei, Minho espere.- Alby chamou antes que ele saísse.

–Hm?

–Você vai ficar responsável por ela.

O corredor engasgou. -Eu? - ele o olhou como se Alby tivesse algum tipo de germe- Por quê? Vai me rebaixar de encarregado para babá agora, é? Daqui a pouco vou começar a lavar o banheiro com o Chuck.- revirou os olhos- Que mértila tem na sua cabeça para pensar que eu sou bom para essa tarefa?

Newt, que também não havia saído, riu.

–É exatamente por isso.- Alby continuou, se divertindo com a revolta do amigo- Você ficará de olho nela e cuidará para que não se meta em problemas. Afinal, foi você que a trouxe e terá que ver se ela tem mesmo potencial para ser uma corredora.

Minho suspirou. -Por que essas coisas sempre sobram pra mim?

–Quem mandou ser o melhor corredor.- Alby rebateu, dando de ombros.

–E sem contar. -Newt começou, com um sorrisinho suspeito no rosto.- Me parece que vocês dois se deram muito bem ontem à noite. A parede sem cérebro e a baixinha bonita. O casal do ano.

–Vou chutar esse seu traseiro do penhasco qualquer dia desses Newt.

O mesmo riu. -É claro, é claro. Você é louco por mim.

–Deixem de ladainha trolhos. -Alby interveio- vamos logo pra caixa.

–Será que vão mandar a TV dessa vez? - Minho perguntou, recebendo olhares zombeteiros de Alby e Newt.- Que foi? Depois de uma garota surgir no labirinto eu não duvido de mais nada.

–Só cala a boca e continua andando.- Newt murmurou.

***

Camille não teria percebido que amanheceu se não fossem pelos poucos feixes de luz que vinham pela minúscula janelinha. Bocejou e olhou no relógio, marcando 6:30 da manhã. Sem poder se levantar- se tentasse, corria o risco de bater a cabeça no teto, e isso seria a gota d'água naquele momento. Esticou as pernas para tirar a dormência, e depois as encolheu junto ao corpo novamente. Ficou brincando com o próprio cabelo, não tinha nada melhor para fazer afinal.

Foi quando ouviu o trinco da porta que a mantinha lá dentro ser aberto.

Esperou.

E de repente foi tomada pela luz da manhã. Colocou a mão na frente do rosto e piscou algumas vezes para se acostumar com a claridade.

–E ai princesa, dormiu bem? -Minho perguntou, os braços cruzados e um sorriso irônico no rosto.

Ela revirou os olhos. -A melhor noite da minha vida.

–Ah que bom saber. -fez uma mesura zombeteira, indicando para ela sair.

A garota suspirou e saiu do cubículo.

–Estou esperando um agradecimento.

–Hm?

–Eu fui um dos que votei para você sair dai, então.. me deve uma. -Ela o olhou com uma sobrancelha arqueada. -E acredite, quando chegar a hora, vou cobrar.

–Tenho até medo de saber o que vai ser.

Um pigarro os interrompeu. Era Newt.

–Pois é Cammie, você está solta. - Ela nem tentou protestar para não a chamarem daquele jeito, sabia que não ia adiantar de nada. E por um lado até gostava, fazia pensar na antiga clareira, onde todas a chamavam assim.- Mas, tem algumas coisas que precisa saber.

–Sim?

–Não pode sair por ai fazendo tudo o que bem quiser, terá que colaborar.

–Eu quero correr, é o que eu faço.

–Ainda não.- Minho disse.

–Desculpe, não estava pedindo permissão de ninguém aqui.

–Pode ser uma corredora lá na outra clareira mas não é uma aqui. Estaria infligindo as regras.- Newt explicou.

–Ótimo, então me faça ser uma corredora.

–Calma ai, tem mais duas coisas. -Newt disse e jogou uma mochila pra ela.- Isso é seu.

–O que é?

–Chegou hoje cedo junto com os suprimentos na caixa. Me parece que você veio para ficar, pois quando abrimos tinha roupas e mais algumas coisinhas an.. femininas.- Newt coçou a cabeça, meio envergonhado. Ela não precisou perguntar de que "coisinhas femininas" ele falava.

Então assentiu.

–Última coisa: O Minho ficará responsável por você.

Ela olhou para os dois, um de cada vez, como se esperasse que um deles desse uma risada e anunciasse a pegadinha; mas tudo o que aconteceu foi ver Minho colocar os braços atrás a cabeça, em uma postura relaxada e dizer:

–Acredite, também não gostei da ideia.

–E eu achando que a coisa não podia ficar pior.- murmurou.

–Pois é, vai ter uma babá. Ele vai impedir que fique perto de problemas ou coisa parecida. Então, eu tenho que ir, divirtam-se.

E saiu sem dizer mais nenhuma palavra. Camille ficou ali, boquiaberta, olhando para onde o garoto antes estivera.

Minho suspirou. -Ta legal Cammie. Odeio ter que bancar a babá, já era pra eu estar me alongando para a corrida.

–Ah, me desculpa se estou atrasando sua vida Sr. Minho, ou será que devo te chamar de O grande Minho? Ou Capitão Minho quem sabe.

Ele gargalhou. -Não seria uma má ideia.

Ela revirou os olhos.

–Os chuveiros ficam pra lá.- apontou- Tome um banho e venha comer a gororoba do Caçarola. Tenho que treinar um trolho para ser corredor então seja rápida, ou eu mesmo vou buscá-la, quer tenha saído do chuveiro ou não. Não me responsabilizo se ver algo que não deveria. -deu de ombros e ela ficou vermelha.

Meu Deus, o garoto está me tarando assim com a maior cara lavada. Pensou.

Ele riu. .Mas mesmo com a risada, ela ainda tinha dúvidas, do jeito que achou esse garoto maluco, não ficaria surpresa se ele resolvesse buscá-la de verdade. Prometeu a si mesma que seria rápida como um raio.

–Não tem ideia de como fica adorável assim vermelhinha. - disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. Tipo: "Bom dia, como vai?"

Ela ficou ali parada, só olhando pra ele.

–Ande logo trolha, não tenho o dia todo.

E assim o fez, ela saiu apressada até os chuveiros. Encabulada com o garoto.

Uma hora ele faz esses comentários dizendo que estou adorável e na outra me chama de trolha, seja lá o que isso signifique, e me manda sair. Pensou, e balançou a cabeça negativamente. Garoto estranho.

***

Minho já estava na mesa com Newt e Thomas quando a viu, olhando para os lados a procura deles. Já estava com um prato na mão que um dos ajudantes de Caçarola lhe servira. Ovos com bacon, esse era o prato do dia. Não que eles variassem muito o café.. Mas isso não vem ao caso.

As roupas lhe couberam bem. Ela usava uma Calça e camisa jeans sem mangas e coturnos. Os cabelos ainda molhados lhe caiam perfeitamente pelos ombros.

Ele se pegou admirando-a. Não tinha como negar que ela era linda.

Mas em que droga eu to pensando? Repreendeu a si mesmo. Ela é só uma garota idiota.

Vai ficar ai babando o dia inteiro?- Thomas disse, tirando-o de seus devaneios.

–Acho que a corredora pegou ele de jeito, ein.

Os dois amigos o olhavam com sorrisinhos suspeitos. Minho bufou.

–O que preferem, que eu vá ai arrebentar as suas caras? Faço vocês dois saírem chorando pedindo pela mamãe rapidinho.

Newt riu. -É, com certeza faria.

–Não duvide.

Thomas levantou as mãos em sinal de paz.

–Não duvidamos.- e voltaram a rir.

Nesse momento, Camille apareceu de frente a eles, de braços cruzados e um sorriso triunfante no rosto.

–Viu? Rápida como um raio.

–É... Eu admito. Não tive de cumprir minha ameaça.

–Que ameaça?-Newt interveio.

Minho abriu a boca para responder mas Camille foi mais rápida.

–Nada! Nada não, deixa pra lá...

O asiático riu e fez sinal para ela se sentar.

–Lembra-se do que eu falei sobre o trolho que ia ser corredor?- ela assentiu.- Pois bem Cammie, esse é o Thomas.

–Prazer.- ele lhe estendeu a mão com um sorriso simpático.

–Idem.- ela retribuiu o gesto, ele pareceu bem amigável na opinião dela.- Está aguentando o ritmo das corridas?

–Ah, eu tento.- riu- Um dia o Minho ainda me mata, mas devo dizer que estou me saindo bem até demais.

–Vamos ver se hoje vai tão bem assim, bonitão. Vou te fazer correr uns quilômetros a mais.

–Eu imaginei. -Thomas deu de ombros.- E sei que sou bonitão.

–Acho que ele quis dizer o contrário. -Newt disse entre uma garfada e outra.- Você é horrível.

–Agradeça a Deus por ter nascido homem. -Minho comentou.- Pois você seria uma trolha horrorosa.

Camille teve de rir. -Eu acho que estão sendo exagerados demais.

–Viu? Pelo menos ela tem bom gosto.- Thomas fez sinal de positivo com a mão.

–Hm..- ela terminou de mastigar- e se quer uma dica Tommie, quando for correr, não use respiração pelo peito. Para ter mais oxigênio no nosso sistema, temos que aprender a respirar “com a barriga”, ou de outra forma, aprender a fazer respiração abdominal.

Os três a olharam, encabulados.

–Por que nunca me da conselhos legais assim Minho?

–Eu tenho cara de conselheiro? Queria deixar você descobrir sozinho o que te favorecia.

–Hum..- Newt refletiu.- Gostei mais dela. Te lançaremos do penhasco e a Camille será nossa nova encarregada.

–Essa é uma ideia maravilhosa- a garota sorriu brincalhona.

–Já disse como vou chutar os seus traseiros, trolhos?- eles riram e Minho olho a hora no relógio de pulso.- Ta legal Cammie, deixa eu esclarecer algumas coisas. Eu vou correr com o Thomas e você fica aqui hoje. Converse, faça amizade, conheça o pessoal, sei lá; arranje alguma coisa para fazer. Amanhã eu decido se você vai para o labirinto ou não. Tem uns trolhos legais por aqui, mas também tem uns valentões que só tem plong no lugar do cérebro. Eu deixo todos os idiotas no chão em um minuto mas você é.. an.. como vou dizer isso? Pequena? -ela arqueou as sobrancelhas- É, mais ou menos isso. Enfim, apenas fique longe de encrencas enquanto eu estiver fora. Uma gracinha sequer e você volta para o amansador.

–Ah, sim senhor.- disse irônica.

–Você ta levando essa de babá a sério mesmo ein.- Newt riu.

–Se a vida me da um limão, eu faço uma limonada.- deu de ombros.- Sem contar que se ela se meter em encrencas vai sobrar pra mim; já que vocês tiveram a ideia genial de me deixar responsável por essa trolha, mas fazer o quê né.

–Eu devo pensar que sou o limão da sua história?

–Basicamente. Levanta o seu traseiro daí Thomas, estamos atrasados.

Camille ficou olhando os dois indo em direção ao labirinto. Olhou ao redor imaginando o que faria em seguida.

Suspirou.

–Esse vai ser um longo dia...


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Notas finais do capítulo

Pois é gente, eu queria fazer um capítulo bem maior mas fiquei com medo de vocês se cansarem de ler... ;-; É isso, até o próximo!